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Biomecânica do Shoulder-core

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BIOMECÂNICA DO ESPORTE E 
DO EXERCÍCIO 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Renata Wolf 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 O shoulder-core, também chamado de complexo do ombro, possui várias 
articulações e é responsável pela maior parte dos movimentos do braço e para 
que estes sejam realizados, é necessária a ação de vários músculos 
estabilizadores, tanto estáticos, quanto dinâmicos. Entre essas articulações, há 
a glenoumeral, a mais móvel do corpo humano, por isso está sujeita a maior risco 
de lesão. Portanto, o objetivo desta aula é discorrer sobre o shoulder-core, ou 
complexo do ombro, e suas articulações subjacentes: cotovelo e punho. E, ainda, 
apresentar as funções e as características anatômicas dos movimentos que 
podem predispor a lesões nessas estruturas. 
TEMA 1 – CONCEITO E ANATOMIA DO SHOULDER-CORE 
O shoulder-core permite que haja estabilização das articulações durante 
os movimentos, além da interação entre as diversas articulações para que os 
movimentos do membro superior sejam eficientes e suaves. 
1.1 Conceito 
O shoulder-core envolve a cintura escapular e a articulação do ombro. A 
primeira liga o tórax aos membros superiores e, além disso, apresenta certo grau 
de rotação em relação ao eixo da coluna vertebral, atuando na ampliação dos 
movimentos dos membros superiores. Por sua vez, o ombro é uma articulação 
bastante complexa e a mais móvel de todo o corpo humano, por isso necessita 
de proteção estrutural e de controle funcional. São essas articulações que 
permitem os movimentos de lançar, realizar as braçadas da natação, fazer as 
ações da ginástica, como o crucifixo nas argolas, e os movimentos não 
relacionados ao esporte, como costurar e carregar uma mala. 
1.2 Anatomia da cintura escapular 
 A cintura escapular está situada na altura entre a segunda e a sétima 
costela, articulando-se com dois outros ossos, o úmero e a clavícula, e também 
ao tronco por intermédio da última costela (12ª costela). A cintura escapular é 
constituída em si pelas duas escápulas e pelas duas clavículas. As escápulas 
são ossos grandes, lisos e triangulares, nas quais muitos músculos se inserem, 
 
 
3 
fazendo com que elas facilitem uma maior alavanca para estes. Elas envolvem 
quatro articulações (Hall, 2018): esternoclavicular, acromioclavicular, 
escapulotorácica e glenoumeral (articulação do ombro). 
1. Esternoclavicular: os ossos envolvidos nesta articulação são o esterno e 
a clavícula. Esta liga-se ao manúbrio do esterno, o único ponto de fixação 
do membro superior com o tronco, proporcionando o eixo principal de 
rotação para os movimentos da clavícula e da escápula. Esta articulação 
possui um disco fibrocartilaginoso e é reforçada por ligamentos, sendo o 
principal deles o costoclavicular. Os músculos também proporcionam 
reforço e apoio para a articulação e, ainda, essa articulação possui uma 
forte cápsula articular com a função principal de poder de recuperação em 
casos de lesões de luxação ou ruptura. 
2. Acromioclavicular: os ossos envolvidos nesta articulação são a escápula 
e a clavícula, sendo que a extremidade distal da clavícula liga-se ao 
acrômio da escápula. Ela está situada acima da cabeça do úmero e é nela 
que ocorre a maioria dos movimentos da escápula com relação à 
clavícula, além de ser nela o recebimento de grandes tensões de contato, 
como resultado de grandes cargas axiais, as quais são transmitidas pela 
articulação. Além disso, possui um disco fibrocartilaginoso e a 
estabilidade desta articulação é feita pelos ligamentos coracoclaviculares. 
3. Escapulotorácica: estrutura considerada uma articulação funcional por 
não apresentar as características anatômicas comuns às demais 
articulações, como união por tecidos cartilaginosos ou sinoviais. É a 
região entre a superfície anterior da escápula e a parede torácica (Hall, 
2018). É uma articulação fisiológica, ou seja, os músculos e as bursas 
permitem o movimento da escápula no tórax e é esta articulação que 
possibilita vários movimentos da escápula e do ombro. 
4. Glenoumeral: os ossos envolvidos nesta são a cabeça do úmero com a 
cavidade glenoidal rasa da escápula. Esta é a articulação do ombro que 
representa os movimentos do braço e permite maior amplitude de 
movimento e mobilidade entre todas as articulações do corpo humano. A 
cavidade glenoidal da escápula tem um quarto do tamanho da cabeça do 
úmero e essa diferença de tamanho permite a mobilidade extrema da 
articulação. Em qualquer momento, somente 25% a 30% da cabeça do 
úmero estará em contato com a cavidade glenoidal. O que mantém a 
 
 
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estabilidade da articulação são os músculos e seus tendões e os 
ligamentos, na cápsula articular. 
 
Créditos: Blamb/Shutterstock. 
 
 Os principais músculos envolvidos na cintura escapular são: 
1. Trapézio: tem sua origem na base do crânio e nos processos espinhosos 
da 7ª vértebra cervical até a 12ª vértebra torácica. Sua inserção ocorre no 
terço lateral da clavícula, no acrômio e na espinha escapular, possui 
quatro unidades funcionais, sendo que as fibras superiores realizam a 
elevação da escápula; as fibras intermediárias, a retração (adução); e as 
fibras inferiores, a depressão. Quando agem juntas, a porção superior e 
inferior, fazem a rotação da escápula. 
2. Romboide: tem sua origem nos processos espinhosos da 7ª vértebra 
cervical até a 5ª vértebra torácica, sua inserção ocorre na borda medial 
da escápula, da espinha até o ângulo inferior e faz a rotação inferior e 
adução da escápula. 
3. Peitoral menor: tem sua origem nas 3ª, 4ª e 5ª costelas, sua inserção é 
na extremidade do processo coracoide e é responsável pela abdução e 
rotação para baixo da escápula, além de ter papel na respiração profunda 
e forçada. 
4. Subclávio: originado na superfície superior da 1ª costela, com sua 
inserção ao longo da superfície inferior da clavícula e estabelece a tração 
medial da clavícula, fixando-a ao esterno. 
 
 
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5. Serrátil anterior: com origem na superfície externa e lateral das oito 
primeiras costelas, sua inserção é na superfície anterior da borda medial 
da escápula, do ângulo superior ao inferior e é responsável pela abdução, 
rotação da escápula, além de ter papel na respiração. 
6. Elevador da escápula: tem sua origem no processo transverso das quatro 
primeiras vértebras cervicais, sua inserção ocorre na borda medial da 
escápula até o ângulo superior e realiza a elevação da escápula, além de 
manter sua postura natural. 
 Em relação à articulação do ombro, os principais músculos são: 
1. Deltoide: tem três porções, sendo que cada uma possui uma origem 
própria: a anterior é originada no terço lateral da clavícula; a medial, no 
acrômio; e a posterior, na espinha da escápula. A inserção do deltoide é 
única, ocorrendo na tuberosidade deltoidea. Como mencionado 
anteriormente, possui três unidades funcionais, sendo que as fibras 
anteriores realizam flexão, abdução e adução horizontal, as mediais 
fazem abdução e adução horizontal e as posteriores operam na 
hiperextensão e na abdução horizontal. 
2. Peitoral maior: tem origem na metade medial da clavícula, no esterno, nas 
seis primeiras cartilagens costais e na aponeurose do músculo oblíquo 
externo do abdômen. Sua inserção ocorre na crista do tubérculo maior do 
úmero e realiza os movimentos de flexão, extensão, adução e adução 
horizontal. 
3. Redondo maior: tem origem a partir do processo espinhoso da 7ª vértebra 
cervical até os processos espinhosos das cinco primeiras vértebras 
torácicas. Sua inserção ocorre da espinha ao ângulo inferior da escápula 
e realiza os movimentos de extensão, adução e rotação interna. 
4. Redondo menor: tem origem a partir do processo espinhoso da 7ª 
vértebra cervical até os processos espinhosos das cinco primeiras 
vértebras torácicas. Sua inserção é da espinha ao ângulo inferior da 
escápula e realiza os movimentos de rotação externa.
5. Latíssimo do dorso: originado nos processos espinhosos das vértebras 
torácicas, na crista ilíaca e na fáscia toracolombar, sua inserção ocorre na 
crista do tubérculo menor e sulco intertubercular do úmero e realiza os 
movimentos de extensão, hiperextensão e adução do ombro. 
 
 
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6. Supraespinhoso: tem origem na fossa supraespinhal da escápula. Sua 
inserção ocorre no tubérculo maior do úmero e realiza os movimentos de 
abdução e rotação interna. 
7. Subescapular: tem origem na face costal da escápula, sua inserção 
ocorre no tubérculo menor do úmero e realiza o movimento de rotação 
interna. 
8. Infraespinhoso: tem origem na fossa infraespinhal da escápula, sua 
inserção ocorre no tubérculo maior do úmero e realiza os movimentos de 
rotação externa e abdução horizontal. 
TEMA 2 – ESTRUTURA FUNCIONAL DO SHOULDER-CORE 
 O shoulder-core envolve a cintura escapular e a articulação do ombro, 
sendo que cada parte realiza movimentos próprios e, portanto, estudaremos a 
cinesiologia da cintura escapular e do ombro. 
2.1 Cintura escapular 
 A cintura escapular envolve a escápula, a clavícula, o manúbrio do esterno 
e o tórax. A escápula é capaz de realizar os movimentos de elevação e 
depressão, adução e abdução, e rotação para cima e para baixo. 
1. Elevação: é o movimento de elevar a escápula, como quando os ombros 
são elevados. Este movimento ocorre no plano sagital e no eixo 
transversal. 
2. Depressão: é o movimento de abaixar as escápulas, como quando os 
ombros são abaixados. Este movimento ocorre no plano sagital e no eixo 
transversal. 
3. Adução: também chamado de retração, é quando a borda medial da 
escápula se aproxima da linha média. Este movimento ocorre no plano 
transversal e no eixo longitudinal. 
4. Abdução: também chamado de protração, é quando a borda medial da 
escápula se afasta da linha média, movimento que ocorre no plano 
transversal e no eixo longitudinal. 
5. Rotação para cima: é quando a base da escápula oscila no sentido lateral. 
Este movimento é feito no plano frontal e no eixo sagital. 
6. Rotação para baixo: é quando a base da escápula oscila no sentido 
medial, movimento no plano frontal e no eixo sagital. 
 
 
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2.2 Ombro 
 O ombro envolve a cabeça do úmero e a cavidade glenoidal da escápula. 
É uma articulação triaxial, ou seja, realiza movimentos nos três planos de 
movimento, com maior amplitude de movimento e maior mobilidade do corpo 
humano. Os movimentos realizados pelo ombro são: flexão, extensão e 
hiperextensão, abdução e adução, rotação interna e externa, abdução horizontal 
e adução horizontal. 
1. Flexão: é o movimento de deslizamento na direção posterior da cabeça 
do úmero. É quando se leva o braço mais próximo à cabeça, movimento 
no plano sagital e no eixo transversal. 
2. Extensão: representa o retorno do segmento do braço em flexão para a 
posição anatômica. Se o movimento de extensão passar a posição 
anatômica, passa a ser chamado de hiperextensão, o qual ocorre no plano 
sagital e no eixo transversal. 
3. Abdução: é o deslizamento na direção inferior da cabeça do úmero, 
quando ocorre o afastamento do braço da linha média e este movimento 
ocorre no plano frontal e no eixo sagital. 
4. Adução: é o deslizamento na direção superior da cabeça do úmero, 
quando ocorre a aproximação do braço da linha média, movimento no 
plano frontal e no eixo sagital. 
5. Rotação interna: rotação do membro superior em direção à linha média 
do corpo, o qual acontece no plano transversal e no eixo longitudinal. 
6. Rotação externa: rotação do membro superior em direção contrária da 
linha média do corpo e este movimento acontece no plano transversal e 
no eixo longitudinal. 
7. Abdução horizontal: também chamado de extensão horizontal, é o 
movimento de afastamento do segmento do braço da linha média, quando 
o ombro se encontra em 90º de abdução. Ocorre no plano transversal e 
no eixo longitudinal. 
8. Adução horizontal: também chamado de flexão horizontal, é de 
aproximação do segmento do braço da linha média quando o ombro se 
 
 
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encontra em 90º de abdução. Este movimento ocorre no plano transversal 
e no eixo longitudinal. 
 
TEMA 3 – FUNÇÕES DO SHOULDER-CORE 
Neste tema será discutida a união dos sistemas muscular e esquelético 
da cintura escapular e do ombro. 
3.1 Ritmo escapuloumeral 
 O movimento da cintura escapular e do ombro como um todo é chamado 
de ritmo escapuloumeral. Para que os movimentos do complexo do ombro sejam 
realizados, é necessário que as quatro articulações tenham ação coordenada e 
trabalhem em conjunto. 
 Se os movimentos de elevação do braço, seja ele pela flexão ou abdução 
do ombro, dependessem apenas da articulação glenoumeral, a amplitude de 
movimento seria muito baixa. As articulações esternoclavicular e 
acromioclavicular precisam movimentar-se para aumentar essa amplitude. Para 
que o ombro realize uma abdução ou uma flexão completa, a escápula necessita 
rotacionar para cima, enquanto a clavícula tem que realizar elevação e rotação 
para cima, a fim de permitir o movimento escapular. 
 Portanto, o ritmo escapuloumeral é importante por três fatores: 
1. A distribuição de movimento entre duas ou mais articulações permite 
maior amplitude de movimento com menor comprometimento da 
estabilidade que ocorreria se apenas uma articulação realizasse o 
movimento. 
2. O ritmo escapuloumeral mantém a fosse glenoide em uma posição ótima 
para acomodar a cabeça do úmero, permitindo maior harmonia articular 
durante o movimento e reduzindo forças que agem sobre a articulação do 
ombro. 
3. Permite que os músculos que agem no ombro mantenham uma boa 
relação comprimento-tensão, o que aumenta a produção de força e 
minimiza, ou até impede, a insuficiência ativa. 
3.2 Manguito rotador 
 
 
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 O manguito rotador é a forma como é chamado o grupo de músculos: 
redondo menor, subescapular, infraespinhoso e supraespinhoso. O manguito 
rotador como um todo é capaz de gerar flexão ou abdução com cerca de 50% 
da força normalmente gerada nesses movimentos. 
 Os músculos do manguito rotador se contraem juntos para comprimir a 
cabeça do úmero e manter sua posição na cavidade glenoide. No entanto, a 90° 
de flexão do ombro, o manguito rotador diminui a capacidade de gerar força, o 
que deixa a articulação do ombro mais vulnerável a lesões. 
3.3 Importância do shoulder-core para o esporte e o exercício 
 A cintura escapular tem uma forte relação com a postura e a abdução da 
escápula é um dos defeitos mais comuns encontrados na postura da cintura 
escapular. As escápulas habitualmente abduzidas estão relacionadas com o 
aumento da distância das bordas escapulares e, com frequência, com a posição 
da cabeça para frente e com a cifose da coluna dorsal (Rash, 1991). É importante 
ressaltar que os padrões de postura assumidos na infância formam o padrão de 
postura na vida adulta. 
 A escápula desempenha um papel fundamental em relação à cadeia 
cinética do membro superior, a qual é uma série de segmentos ativados 
sequencialmente de forma coordenada para gerar e transmitir forças de acordo 
com uma função específica. Na maioria das atividades esportivas, esta 
sequência de ativação inicia a partir dos movimentos das pernas, os quais criam 
uma força de reação ao solo, que transmite esta força aos joelhos, ao quadril e 
ao tronco e este passa ao ombro, o qual transmite ao braço e à mão. 
 Os músculos dos membros superiores contribuem de maneira importante 
em várias práticas esportivas. Na natação, por exemplo, os membros superiores 
geram forças propulsivas pelos movimentos dos braços na água, principalmente 
no estilo livre. Para realizar a propulsão, o braço necessita fazer os movimentos 
de rotação medial e adução, ativando os músculos latíssimo do dorso, redondo 
maior e peitoral maior. Ainda, os membros superiores são importantes em 
esportes que realizam movimentos de arremesso
por cima da cabeça, uma vez 
que geram controle do movimento e a força do arremesso. 
 Os músculos dos membros superiores também são importantes para as 
atividades do cotidiano. Quando um indivíduo precisa levantar-se de uma 
cadeira, ele dá um impulso para cima e precisa sustentar todo o peso do corpo 
 
 
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durante a transferência da posição sentada para a posição em pé, o que gera 
uma grande sobrecarga para os músculos do membro superior (Hamill; Knutzen; 
Derrick, 2016). 
 Como a articulação do ombro tem maior amplitude e menor estabilidade 
articulares, além da força da cintura escapular ser imprescindível para uma boa 
postura, tanto na infância, quanto na fase adulta e na senescência, os músculos 
dessa região devem ser fortalecidos, independentemente do exercício ou 
esporte realizado. 
TEMA 4 – LESÕES COMUNS NO OMBRO 
 As regiões articulares do ombro e da cintura escapular estão 
frequentemente envolvidas em lesões decorrentes da prática de esportes que 
implicam no uso técnico do membro superior. No entanto, também podem 
ocorrer devido a algum traumatismo ou por ações articulares repetidas. 
4.1 Lesões comuns no ombro 
 As lesões mais comuns que ocorrem na articulação do ombro são 
relacionadas a duas causas: traumatismo e ações articulares repetidas. As 
lesões relacionadas a traumatismos podem ser devido a um impacto com um 
objeto externo, como o solo ou então outro indivíduo. Já as lesões devido a 
ações musculares repetidas geram inflamações dentro e ao entorno da 
articulação ou nas inserções musculares. 
 As lesões mais comuns no ombro são: 
1. Luxação ou subluxação: ocorrem devido a um trauma na articulação. O 
ombro é uma articulação que não tem limitação óssea e depende dos 
tecidos moles, como ligamentos e músculos, para a limitação e 
sustentação da articulação. A causa habitual da luxação é um contato ou 
uma força aplicada no braço quando o ombro está em posição de abdução 
e rotação externa acima da cabeça. Essa força impulsiona a cabeça do 
úmero no sentido anterior, possivelmente rompendo a cápsula ou o lábio 
glenoidal e a direção mais comum da luxação é a anterior. A incidência 
da luxação muda de acordo com a idade e da magnitude da força aplicada 
na articulação. Indivíduos abaixo dos 20 anos de idade têm maior chance 
de ter luxações quando comparados à população em geral. As raras 
 
 
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luxações posteriores ocorrem normalmente quando uma força é aplicada 
no braço em posição de adução e rotação interior. 
2. Compressão: é um dos principais motivos de lesões nos tecidos moles. É 
resultado de movimentos em que o braço está acima da cabeça, como 
arremessos, braçada de natação e esportes de raquete, os quais podem 
gerar lesões de compressão, devido à extrema amplitude e às altas 
velocidades de movimento. Os músculos do manguito rotador controlam 
a cabeça do úmero e nestes tipos de movimentos estão em alto risco de 
lesão. O mecanismo de lesão do manguito rotador ocorre quando o 
tubérculo maior empurra contra o lado inferior do acrômio. Além disso, a 
bolsa subacromial e o tendão do bíceps também são comprimidos contra 
o acrômio e o ligamento coracoacromial. 
3. Bursite: a bursite ocorre em decorrência da compressão, sendo que a 
mais comum na articulação do ombro é a bursite subacromial, que corre 
pela irritação das bolsas acima do músculo supraespinal e por baixo do 
acrômio. Ela é comum em cadeirantes durante a propulsão da cadeira de 
rodas. 
4. Tendinite: a mais comum é a do tendão da cabeça longa do bíceps, o qual 
pode ficar irritado ou ser subluxado no interior do sulco intertubercular 
durante uma mobilização em abdução e rotação. 
TEMA 5 – LESÕES COMUNS NO COTOVELO E PUNHO 
As articulações do cotovelo e do punho fazem parte dos membros 
superiores e também podem sofrer lesões devido às cargas dos exercícios. Para 
entender melhor as lesões nas articulações do cotovelo e do punho, é necessário 
descrever brevemente cada articulação e explicar quais são suas principais 
funções. 
5.1 Articulação do cotovelo 
 A articulação do cotovelo tem papel importante em ajudar o ombro na 
aplicação de força e no controle e posicionamento da mão no espaço. Essa 
combinação de movimentos entre as articulações permite versatilidade para as 
posições da mão. A articulação do cotovelo também funciona como ponto de 
 
 
12 
apoio para o antebraço, que permite ações potentes de preensão, como os 
movimentos finos da mão. 
 Os ossos que compõem a articulação do cotovelo são o úmero e a ulna, 
chamada de articulação umeroulnar, a principal articulação que permite os 
movimentos de flexão e extensão do cotovelo. O úmero tem duas estruturas 
importantes para a articulação do cotovelo: os epicôndilos medial e lateral e são 
pontos de referência para a inserção de ligamentos e músculos. Os ligamentos 
laterais e os músculos responsáveis pela extensão e supinação se inserem no 
epicôndilo lateral, enquanto os ligamentos laterais e os músculos que realizam a 
flexão e a pronação se inserem no epicôndilo medial. Outra articulação do 
antebraço é a radioulnar proximal, que permite os movimentos de pronação e 
supinação. 
 O cotovelo é considerado uma articulação estável, com integridade 
estrutural, boa sustentação ligamentar e muscular. A articulação do cotovelo é 
sustentada nas partes medial e lateral pelos ligamentos colaterais. O ligamento 
colateral ulnar conecta a ulna ao úmero e oferece sustentação e resistências às 
cargas impostas ao cotovelo quando este encontra-se em valgo. Os músculos 
responsáveis pela flexão e pronação, cuja origem é no epicôndilo medial, 
também proporcionam estabilização dinâmica à parte lateral do cotovelo. 
 5.2 Lesões comuns no cotovelo 
 Como a articulação do ombro, a articulação do cotovelo também sofre 
mais lesões devido a traumatismos e por ações repetidas ou de uso excessivo. 
As lesões traumáticas são causadas pela absorção de uma força com grande 
magnitude, como apoio do peso do corpo em uma queda. No entanto, as lesões 
mais comuns nesta articulação são devido ao uso excessivo, como em 
atividades que envolvem movimentos de arremesso. 
 As lesões mais comuns no cotovelo são: 
1. Luxação: o cotovelo é a segunda articulação que mais sofre luxação do 
corpo humano, a qual normalmente ocorre quando um indivíduo ou atleta 
cai sobre o braço estendido, o que, normalmente, acontece em esportes, 
como ginástica artística e luta greco-romana. No entanto, pode ser 
também após um escorregão em indivíduos não-atletas. 
 
 
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2. Fraturas: podem ocorrer após uma luxação ou mesmo um trauma que 
gera uma luxação. Fraturas no epicôndilo medial são comuns após uma 
queda com o braço estendido, enquanto outras áreas dos ossos do 
antebraço que também sofrem fratura com maior frequência são: o 
olécrano, a cabeça do rádio e a ulna e o úmero também podem sofrer 
fratura em espiral como resultado de uma queda. 
3. Bursite: a queda sobre o braço estendido também pode gerar bursite, ou 
seja, irritação da bursa do olécrano. 
4. Ruptura: os movimentos de hiperextensão do braço, extensão do 
antebraço e pronação do antebraço, se realizados com grande 
magnitude de força, podem gerar ruptura na cabeça longa do bíceps 
braquial. 
5. Tendinite: a tendinite no cotovelo é chamada de epicondilite. Ela pode 
ser medial ou lateral, é causada por forças em valgo se repetidas vezes 
e geralmente está relacionada a movimentos de arremesso ou a algum 
padrão de movimento executado acima da cabeça, como o serviço do 
tênis. A epicondilite medial é uma irritação do local em que os músculos 
flexores do punho se inserem. É usualmente relacionada a movimentos 
do golfe, de arremesso e de ataque no voleibol. A tendinite lateral 
comumente ocorre pelo uso excessivo dos extensores de punho em seu 
local de inserção, músculos que retardam excentricamente ou opõem a 
resistência a qualquer movimento de extensão do punho.
É também 
conhecida como cotovelo de tenista, pois está associada à sobrecarga 
de forças resultantes de uma técnica inadequada ou ao uso de uma 
raquete muito pesada. Em indivíduos não-atletas, a lesão é comum em 
atividades que envolvem muita supinação e pronação combinadas com 
movimentos de preensão. A epicondilite lateral é de sete a dez vezes 
mais comum que a epicondilite medial. 
5.3 Articulação do punho 
 A articulação do punho é formada pelos ossos rádio, ulna e os do carpo, 
chamados de articulação radioulnar distal e articulação radiocarpal, os quais 
ligam a mão ao antebraço. A articulação radioulnar não participa de nenhum 
movimento do punho e a ulna não faz contato com nenhum osso do carpo, 
 
 
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estando separada por um disco fibrocartilaginoso. Essa disposição é necessária 
para que o antebraço consiga realizar os movimentos de supinação e pronação. 
 Já a articulação radiocarpal é responsável pelos movimentos do punho. 
Ela envolve a extremidade distal mais larga do rádio e dois ossos do carpo, o 
escafoide e o semilunar. Os movimentos feitos por essa articulação do punho 
são flexão e extensão, e desvio ulnar e desvio radial, movimentos de adução e 
abdução, respectivamente. 
5.3 Lesões mais comuns no punho 
 Como a articulação do ombro e a articulação do cotovelo, as lesões na 
articulação do punho também ocorrem, principalmente, devido a traumatismos 
ou a ações repetidas. 
 Muitas lesões no punho ocorrem pela absorção de um impacto brusco 
muito grande, como o de uma bola ou o chão. Estas lesões na articulação do 
punho são associadas a alguma queda que force o punho em flexão ou extensão 
extrema. 
 As lesões mais comuns no punho são: 
1. Fratura: a extremidade distal do rádio é uma das áreas do corpo mais 
fraturadas, uma vez que esse osso não é denso e a força de uma queda 
é absorvida pelo rádio. As fraturas na porção distal do rádio estão 
associadas a esportes que tenham maior chance de sofrer macrotraumas 
bruscos, ou seja, contusões, como futebol, futebol americano, ciclismo, 
esqui. 
2. Outras lesões comuns por hiperextensão extrema do punho: entorse dos 
ligamentos do punho, distensão dos músculos do punho, fratura do 
escafoide ou de outros ossos do carpo, luxação entre os ossos do carpo 
e o punho. 
3. Tenossinovite: esta é uma lesão decorrente de ações repetidas da mão 
em esportes ou no trabalho, qual ocorre nos flexores radiais e nos 
músculos do polegar, em decorrência de atividades como canoagem, 
remo, tênis e esgrima. 
4. Tendinite: a tendinite dos músculos do punho que se inserem nos 
epicôndilos medial e lateral do cotovelo pode ocorrer, uma vez que os 
flexores e extensores do punho são utilizados para estabilização do 
 
 
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punho. A epicondilite medial acontece pelo uso excessivo dos músculos 
flexores do punho, enquanto a epicondilite lateral é pelo uso excessivo 
dos músculos extensores do punho. 
5. Síndrome do túnel do carpo: é uma lesão devido ao uso excessivo dos 
músculos do punho. Após as lesões lombares, a síndrome do túnel do 
carpo é uma das lesões de trabalho mais frequentes. Os ossos do carpo 
formam o assoalho e as laterais do túnel do carpo, enquanto o ligamento 
transverso forma o teto do túnel do carpo, no qual todos os tendões do 
punho são encontrados. Usualmente, após ações repetidas de flexão do 
punho, os tendões flexores do punho podem ficar inflamados, até o ponto 
em que possa haver pressão e constrição do nervo mediano. A 
compressão deste nervo causa dor, atrofia dos músculos tenares e 
sensações de formigamento. 
NA PRÁTICA 
 Você, professor de educação física, dá aulas de natação em um clube 
para uma equipe esportiva. Além do treinamento de natação, você também 
prescreve exercícios de fortalecimento muscular, principalmente para a 
musculatura dos membros superiores, uma vez que, na maioria dos estilos de 
nado, os movimentos dos membros inferiores dão propulsão ao nado. Quais 
exercícios para a cintura escapular e ombro você prescreveria? 
FINALIZANDO 
 O shoulder-core envolve a estrutura anatômica e muscular da cintura 
escapular e do complexo do ombro. O ombro é a articulação com maior 
mobilidade do corpo humano, por isso precisa ser muito estável. No entanto, a 
cavidade glenoide é menor do que a cabeça do úmero, o que não diminui a 
estabilidade articular. Assim, ligamentos e músculos realizam o papel de 
estabilizar esta articulação. Os movimentos da cintura escapular e do ombro são 
importantes tanto em atividades do dia-a-dia, como a postura e o movimento de 
levantar de uma cadeira com o apoio dos membros superiores, quanto em 
práticas esportivas, como em movimentos de braçada da natação, swing do golf 
e movimentos de arremesso. 
 
 
16 
 Ao realizar um movimento com os membros superiores, tanto os músculos 
da cintura escapular, quanto os do ombro são ativados. Esta ativação precisa 
ser coordenada e muito bem controlada para que o movimento seja forte, preciso 
e estável. Esta coordenação é chamada de ritmo escapuloumeral. 
 O manguito rotador é um grupo muscular que realiza os movimentos de 
flexão e abdução do ombro, os quais são muito utilizados em práticas esportivas. 
Assim, o fortalecimento desse grupo muscular é essencial para evitar lesões. 
 As principais lesões no ombro podem ocorrer devido a traumatismos ou a 
ações repetidas, gerando lesões de luxação, compressão, bursite e tendinite. 
Portanto, o fortalecimento dos músculos da cintura escapular e do complexo do 
ombro são essenciais para a manutenção da postura, a coordenação e a 
precisão dos movimentos gerados pelo shoulder-core. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
HALL, S. J. Biomecânica básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2018. 
HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M.; DERRICK, T. R. Bases biomecânicas do 
movimento humano. 4. ed. Barueri: Manole, 2016. 
RASH, P. J. Cinesiologia e anatomia aplicada: a ciência do movimento 
humano. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.

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