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Resumo Direito Penal

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DIREITO PENAL 
Função tutela dos bens jurídicos
O Direito Penal só pode tutelar um bem jurídico se ele estiver amparado na Constituição Federal. O bem jurídico tutelado pelo Direito Penal é um bem jurídico penal. 
Infração Penal: A infração penal possui duas espécies: crime/delito e contravenção penal. O Brasil adota esse sistema binário. 
A Lei de Introdução ao Código Penal dispõe que a pena privativa de liberdade para os crimes pode ser de reclusão ou detenção. Já a pena privativa de liberdade para a contravenção penal é prisão simples ou multa. (Lei de Introdução ao Código Penal, art. 1º)
PRINCÍPIOS
1. Princípio da reserva legal ou da legalidade: esse princípio é o núcleo de qualquer sistema penal que tenha como fim a racionalidade e a justiça, ou seja, que aspire à segurança jurídica. Encontra-se previsto no art. 1°, do CP, e no art 5°, inciso XXXIX, da CF, que assim prevê: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. No latim “nullum crimen nulla poena sine lege”. 
2. Princípio da anterioridade da lei penal: não há crime nem pena sem lei prévia (art. 2° do CP). 
3. Princípio da taxatividade: o crime deve ser definido de forma clara e precisa, pois a norma penal deve ser estrita e certa. A incriminação não pode ser genérica, vaga, imprecisa ou indeterminada, sob pena de afronta ao princípio da reserva legal. 
4. Princípio da intervenção mínima: o Direito Penal, enquanto sistema formal de controle social do delito, deve ser reservado para os casos de grave ofensa ou ataque aos bens jurídicos considerados mais relevantes. Ou seja, o Direito Penal deve ser a última medida adotada pelo Estado para coibir a prática de atos delituosos e proteger os bens jurídicos (ultima ratio). Apenas na impossibilidade de os demais ramos do Direito protegerem o bem é que o Direito Penal deverá ser acionado. Por sua vez, as perturbações leves da ordem jurídica devem ser objeto de outros ramos do direito, pois a pena é o meio mais extremo de intervenção na liberdade do indivíduo. Portanto, decorre deste princípio a subsidiariedade e fragmentariedade do Direito Penal. 
5. Princípio da lesividade ou ofensividade: Este princípio impõe que para a punição de uma conduta deve esta ser efetivamente gravosa, ou seja, ela deve ofender e provocar uma lesão real e concreta ao bem jurídico tutelado. Sua previsão no ordenamento jurídico é implícita. Ademais, somente poderá ser objeto de punição o comportamento que afronte o direito de outros indivíduos. Não cabe ao direito penal ou muito menos está ele legitimado para a educação moral dos indivíduos. Condutas internas ou individuais, embora sejam pecaminosas, imorais, escandalosas ou diferentes do senso comum, estão destituídas de lesividade e, portanto, não estão aptas a legitimar a intervenção penal. 
6. Princípio da humanidade: decorre do mesmo processo histórico que originou os princípios da legalidade e da intervenção mínima, e tem como fim a racionalidade e a proporcionalidade da pena aplicada, devendo ser observado tanto na fase de cominação e aplicação da pena quanto na fase de execução. Dispõe a Constituição Federal, em seu art. 5°, inciso XLVII, que não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, inciso XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis.

7. Princípio da Culpabilidade: De modo simples, pode-se dizer que o princípio da culpabilidade impõe uma análise subjetiva da responsabilidade penal, isto é, se o resultado advém de dolo ou culpa. Tal princípio consiste numa vedação à responsabilidade penal objetiva. 
8. Princípio da Insignificância ou Bagatela: Trata-se de uma construção jurisprudencial, ou seja, não está previsto no ordenamento jurídico pátrio e decorre de reiteradas decisões dos Tribunais. Ademais, tal princípio só pode ser aplicado de acordo com as características do caso concreto. Está sedimentado no pressuposto da tipicidade penal material, isto é, será insignificante aquela conduta que não lesionar um bem jurídico penalmente protegido. Portanto, a natureza jurídica do princípio da insignificância é de causa supralegal de exclusão da tipicidade material. 
9. Princípio da proporcionalidade: segundo esse princípio, a pena não pode ser maior que o grau de responsabilidade previsto na norma penal para a prática do fato criminoso. Implica dizer que para cada tipo de crime há um tratamento previsto e que, ao aplicar a pena, o juiz deve considerar todas as peculiaridades do caso concreto. É reflexo da intervenção mínima e da fragmentariedade, que exigem que todos os instrumentos do direito penal sejam dotados de proporcionalidade (adequação + necessidade + proporcionalidade em sentido estrito). Portanto, a proporcionalidade pode ser entendida como um sinônimo de justa retribuição. Dessa forma, a pena não pode ser excessiva, mas também não pode ser insuficiente. 
10. Princípio da igualdade: previsto no caput, do art. 5°, da CF, determina que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”. 
11. Princípio do estado de inocência: também oriundo da Constituição (art. 5°, inciso LVII), prevê que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Tal princípio também é conhecido como princípio da presunção de não culpa. 
12. Princípio do in dubio pro reo: em caso de dúvida do aplicador diante do caso concreto, opta-se pela absolvição a fim de evitar que um abuso seja praticado contra um inocente. 
13. Princípio do ne bis in idem: impõe a proibição de dupla condenação e acusação. Isso significa que uma pessoa não pode ser acusada por fato que já foi julgado em definitivo por sentença absolutória. E também não poderá ser perseguida criminalmente em dois processos distintos baseados na mesma imputação. 
14. Princípio da aplicação da lei penal mais favorável: encontra-se previsto no art. 5°, inciso XL, da CF, e no art. 2° do CP, e possui dois desdobramentos: 
a) Irretroatividade da lei mais grave;
b) Retroatividade da lei mais benéfica. 
EXPRESSÕES EM LATIM
Novatio legis incriminadora: se surgir uma nova lei tornando típico fato anteriormente não punível, será aplicável somente aos fatos praticados posteriormente à sua entrada em vigor.
 
Abolitio criminis: caso a nova lei deixe de incriminar fato anteriormente considerado como crime, retroagirá beneficiando todos os fatos praticados antes de sua vigência, pois não há mais, por parte do Estado, interesse na punição daquela conduta. Portanto, a nova lei mais benéfica alcança inclusive os casos em que já houve julgamento e afasta os efeitos da condenação.
Novatio legis in pejus: na hipótese de nova lei mais severa que a anterior, por exemplo, que aumente a punição para determinado crime, não retroagirá aos fatos praticados antes de sua vigência, sendo aplicável apenas aos fatos futuros.
Novatio legis in mellius: configura-se no caso de surgimento de lei nova mais benéfica, por exemplo, que diminua a pena para determinado crime, retroagindo para beneficiar o acusado, mesmo que o fato tenha sido praticado antes de sua vigência. 
TEMPO DO CRIME 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
INFRAÇÃO PENAL 
 A infração penal divide-se em crime (delito) e contravenção penal. A infração penal, ou seja, o descumprimento por ação ou omissão de uma norma penal pode caracterizar a prática tanto de um crime ou delito quanto de uma contravenção penal. 
A contravenção, pode ser conceituada como uma violação de menor gravidade à norma penal, definida a critériodo legislador. 
SUJEITO ATIVO X SUJEITO PASSIVO 
Será o sujeito ativo aquele que pratica o fato criminoso. Em regra, é a pessoa física. 
Sujeito passivo: titular do bem jurídico ofendido. 
Objeto material: coisa sobre recai o crime. 
Objeto formal: bem jurídico protegido.

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