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LC | Página 55 As 336 + | ENEM 2014 LINGUAGEM, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 169 a 252 QUESTÃO 169 Observe os dois trechos que seguem: I. Nada pior para uma boa causa do que maus defenso- res: é o que se dá com a ecologia. II. Há muitas reivindicações sociais inteiramente justas que, apesar disso, têm como os piores inimigos os seus próprios defensores, que, por não serem competentes, acabam prejudicando-as. É o que se dá com a ecolo- gia, que, por incrível que pareça, vê-se mais prejudi- cada exatamente pelos seus defensores, por causa da inépcia deles. Assinale a alternativa correta sobre os dois trechos. A Trata-se de duas maneiras distintas de formular uma mesma opinião, e ambas desfrutam do mesmo pres- tígio social. B A maneira de estruturar o texto prejudica muito o trecho II, sobretudo por causa de graves erros gramaticais. C Não há dúvida de que o trecho I, por ser mais conciso e claro, inspira mais respeito que o II, confirmando a afir- mação de que “o modo de dizer qualifica a coisa dita”. D O trecho I é típico de uma variante culta do português; o II, de uma variante típica de falantes desprovidos de escolaridade. E Por uma questão de preconceito social, valoriza-se me- nos o texto I do que o texto II, porque este mostra uma forma de linguagem muito pretensiosa e cheia de im- precisões por causa do excesso de palavras eruditas. QUESTÃO 170 Pensar é transgredir Lya Luft Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade, embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido. Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Fonte: http://pensador.uol.com.br/cronicas_de_lya_luft/ em 20/01/2014 A progressão é garantida nos textos por determinados recursos linguísticos, e pela conexão entre esses recursos e as ideias que eles expressam. Na crônica, a continuidade textual é construída, predominantemente, por meio A do emprego de vocabulário rebuscado, possibilitando a elegância do raciocínio. B da repetição de estruturas simples que garantam a co- esão e a coerência. C da apresentação de argumentos ilógicos, constituindo blocos textuais independentes. D da ordenação de orações justapostas, dispondo as in- formações de modo incoerente. E da estruturação de frases denotativas ambíguas, cons- truindo efeitos de sentido opostos. QUESTÃO 171 O mundo muda Os ideais de esquerda nasceram em meados do século XIX e ganharam corpo no começo do século XX, com a Revolução de 1917. Com o nascimento da União Soviética, o ideal comunista ganhou corpo, deixou de ser mera utopia para se tornar realidade. O sonho de uma sociedade igualitária, em que os trabalhadores seriam os dirigentes da nação e em que a mais-valia reverteria em benefício da sociedade e não de alguns burgueses ricos, parecia enfim concretizar-se. É verdade que as primeiras décadas do socialismo soviético não apresentaram resultados muito positivos, mas para quem acreditava na sociedade igualitária, os problemas seriam em breve resolvidos. O fato é que a simples existência da URSS já provocara importantes mudanças nos países capitalistas que trataram de atender a algumas reivindicações do trabalhadores. A deflagração da Segunda Guerra Mundial, provocada pela Alemanha nazista, tumultuou o processo e provocou uma inesperada aliança entre os países capitalistas avançados e a União Soviética, o que adiou o conflito entre socialismo e capitalismo que, finda a guerra, levaria um mundo à chamada Guerra Fria e à beira de um conflito nuclear, o que felizmente não aconteceu. Ferreira Gullar http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2013/09/1334849-o-mundo-muda. shtml Levando em consideração o caráter histórico-analílico do escritor Ferreira Gullar, nota-se que a definição que melhor resume a principal intenção do autor quanto ao estudo que promove acerca da sociedade é A crítica sobre as relações internacionais. B ironia acerca das falhas ditas burocráticas C análise puramente técnica sobre o mundo. D leitura isenta de argumentação prática. E definição unilateralista sobre política. LC | Página 56 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 172 Leia com atenção: “Depois de um ano de desvalorização do real, vemos que o valor da produção do Brasil, em dólares, diminuiu sensivelmente. Com a nova taxa de câmbio, o PIB brasileiro caiu de US$ 775 bilhões, em 1998, para US$ 555 bilhões no final de 1999. Houve aí um encolhimento de quase 30%. A renda ‘per capita’ baixou de US$ 4.700 para cerca de US$ 3.400, e o Brasil desceu de 8a maior economia do mundo para a 15a posição.” (MORAES, Antonio Ermírio, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 10 abr. 2000.) Utilize as informações do texto e seus conhecimentos sobre a realidade brasileira e mundial dos últimos anos para assinalar a alternativa correta. A O rápido crescimento da economia internacional nos últimos anos, particularmente no caso do Japão e dos “tigres asiáticos”, fez com que o Brasil caísse da 8ª para a 15ª posição entre as maiores economias mundiais. B A desvalorização do real fez com que a média dos bra- sileiros ficasse, em 1999, 30% mais pobre do que em 1998. C O PIB e a renda per capita, em dólares, que o Brasil apresentava em 1998, eram artificialmente elevados, pois o real estava sobrevalorizado em relação ao dólar. D De 1998 para 1999, a produção de mercadorias e ser- viços, no Brasil, sofreu uma queda de 30%. E A desvalorização da moeda de um país é sempre inde- sejável, pois causa uma imediata redução da produção econômica. QUESTÃO 173 O juízo final (1536-41), por Michelangelo. Acerca da obra “O juízo final” (1536-1541), é correto afirmar que A utiliza modelos inspirados nos padrões da Igreja Cató- lica Medieval, sobretudo pela valorização do divino em detrimento do humano. B as formas retas e simétricas são as mesmas utilizadas na pintura greco-romana. C valoriza as formas humanas em uma clara manifesta- ção antropocêntrica, mas sem deixar de representar a onipotência do elemento divino. D ao buscar temas bíblicos, o autor adere às visões teo- cêntricas do medievo. E o excesso de detalhes e a valorização do sagrado fa- zem de seu autor um legítimo representante da corren- te barroca. QUESTÃO 174 Ata Acredito que o mau tempo haja concorrido para que os sabadoyleanos* hoje não estivessem na casa de José Mindlin, em São Paulo, gozando das delícias do cuscuz paulista aqui amavelmente prometido. Depois do almoço, visita aos livros dialogantes, na expressão de Drummond, não sabemos se no rigoroso sistema de vigilância de Plínio Doyle, mas de qualquer forma com as gentilezas das reuniões cariocas. Para o amigo de São Paulo, as saudações afetuosas dos ausentes presentes, que, neste instante, todos nos voltamos para o seu palácio, aquele que se iria desvestir dos ares aristocráticos para receber, camaradescamente, os descamisados da Rua Barão de Jaguaribe. Guarde, amigo Mindlin, para breve o cuscuz da tradição bandeirante, que hoje nos conformamos com os biscoitos à la Plínio Doyle. Rio, 20-11-1976. Signatários: Carlos Drummond de Andrade, Gilberto de Mendonça Teles, Plínio Doyle e outros. Cartas da biblioteca Guita e José Mindlin. Adaptado. * sabadoyleanos: frequentadores do sabadoyle, nome dado ao encontro de intelectuais, especialmente escritores, realizado habitualmente aos sábados, na casa do bibliófilo Plínio Doyle, situada no Rio de Janeiro. As expressões “ares aristocráticos” e “descamisados” relacionam-se, respectivamente, A aos “sabadoyleanos” e a Plínio Doyle. B aJosé Mindlin e a seus amigos cariocas. C a “gentilezas” e a “camaradescamente”. D aos signatários do documento e aos amigos de São Paulo. E a “reuniões cariocas” e a “tradição bandeirante”. LC | Página 57 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 175 Texto I (...) No lampejo de seus grandes olhos pardos brilhavam irradiações da inteligência. (...) O princípio vital da mulher abandonava seu foco natural, o coração, para concentrar-se no cérebro, onde residem as faculdades especulativas do homem. (...) Era realmente para causar pasmo aos estranhos e susto a um tutor, a perspicácia com que essa moça de dezoito anos apreciava as questões mais complicadas; o perfeito conhecimento que mostrava dos negócios, a facilidade com que fazia, muitas vezes de memória, qualquer operação aritmética por muito difícil e intrincada que fosse. Não havia porém em Aurélia nem sombra do ridículo pedantismo de certas moças, que tendo colhido em leituras superficiais algumas noções vagas, se metem a tagarelar de tudo. (ALENCAR, José de. Senhora. SP: Editora Ática, 1980.) Texto II Aquela pobre flor de cortiço, escapando à estupidez do meio em que desabotoou, tinha de ser fatalmente vítima da própria inteligência. À míngua de educação, seu espírito trabalhou à revelia, e atraiçoou-a, obrigando-a a tirar da substância caprichosa da sua fantasia de moça ignorante e viva a explicação de tudo que lhe não ensinaram a ver e sentir. (...) Pombinha, só com três meses de cama franca, fizera- se tão perita no ofício como a outra; a sua infeliz inteligência nascida e criada no modesto lodo da estalagem, medrou admiravelmente na lama forte dos vícios de largo fôlego; fez maravilhas na arte; parecia adivinhar todos os segredos daquela vida; seus lábios não tocavam em ninguém sem tirar sangue; sabia beber, gota a gota, pela boca do homem mais avarento, todo dinheiro que a vítima pudesse dar de si. (AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. SP: Editora Ática, 1997.) Os textos I e II, apesar de pertencerem a movimentos literários diferentes, assemelham-se ao pôr em destaque A a miséria em que a jovem se encontra. B a juventude da personagem. C a ambição da jovem. D o caráter caprichoso e audacioso da moça. E a sagacidade da personagem descrita. QUESTÃO 176 Fonte: http://tinyurl.com/nnuwubnem 21/01/2014 Os gêneros textuais nascem emparelhados a necessidades e atividades da vida sociocultural. Por isso, caracterizam-se por uma função social específica, um contexto de uso, um objetivo comunicativo e por peculiaridades linguísticas e estruturais que lhes conferem determinado formato. Esse cartaz procura convencer o leitor a participar do festival e, para isso, utiliza-se A da predominância das formas imperativas dos verbos e de abundância de adjetivos. B de uma riqueza de adjetivos que modificam os substan- tivos, revelando as qualidades dos artistas. C de uma enumeração de artistas que visa retificar quão portentoso será o festival. D do emprego de recursos verbais e não verbais capazes de simbolizar quão intenso e movimentado será o festival. E da exposição de opiniões de outros artistas sobre as principais atrações do evento. QUESTÃO 177 Leia o poema abaixo, de Manuel Botelho de Oliveira (Bahia, 1636-1711), escritor barroco brasileiro: Eco de Anarda Entre males desvelados, Entre desvelos constantes, Entre constâncias amantes, Entre amores castigados; Entre castigos chorados, E choros, que o peito guarda, Chamo sempre a bela Anarda; E logo a meu mal, fiel, Eco de Anarda cruel Só responde ao peito que “Arda”. (Música do Parnaso, 1705) LC | Página 58 As 336 + | ENEM 2014 A redundância pode assumir diversas funções num texto artístico. Assinale a alternativa que melhor explique sua função nesse caso. A Sugerir a permanência da amada na memória afetiva do amante. B Mimetizar a sinuosa linha da relação afetiva do casal, sugerindo que a amada sofre mais do que o amante. C Insinuar a desilusão amorosa do amante diante da crueldade da amada, por meio da imitação das formas ondulantes dela. D Sugerir a reiteração das negativas da amada e a das súplicas do amante. E Expressar a sonoridade do sofrimento amoroso do poeta. QUESTÃO 178 Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres... O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas que levam, de que eu trato, são os outros – ladrões de maior calibre e de mais alta esfera... os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo de seu risco, estes, sem temor nem perigo; os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Sermão do bom Ladrão, de Pe. Antônio Vieira. Em relação ao estilo empregado por Vieira nesse trecho, pode-se afirmar que A o autor recorre ao cultismo da linguagem com o intuito de convencer o ouvinte e, por isso, cria um jogo de imagens. B Vieira recorre ao preciosismo da linguagem, isto é, atra- vés de fatos corriqueiros, cotidianos, procura converter o ouvinte. C padre Vieira emprega, principalmente, o conceptismo, ou seja, o predomínio das ideias, da lógica, do raciocínio. D o pregador procura ensinar preceitos religiosos ao ouvinte, o que era prática comum entre os escritores gongóricos. E Vieira usa de retórica, através do uso de metáforas, for- talecidas pelo cultismo, estabelecendo a ausência de lógica em seu discurso. QUESTÃO 179 REIDY e o Museu de Arte Moderna (MAM) Pode-se dizer que, junto com o Aterro do Flamengo, o Museu de Arte Moderna, fundado em 1953, é o projeto de Reidy mais conhecido pelos brasileiros. Com uma filosofia de que o museu precisa ser um lugar dinâmico, o MAM foi projetado e criado por Reidy. O museu tem um lugar para conferências, discussões, debates, exposições, tudo o que possa atualizar, debates com artistas, como também tem a parte de educação. É o chamado bloco-escola onde houve aulas de gráfica, de escultura. A equipe de projeto instalou um ateliê de gravura, um modelo como não tinha no Brasil. Fonte: http://reidy-ofilme.blogspot.com.br/2011/11/reidy-e-o-museu-de-arte-moderna- mam.html em 20/01/2014. Observando a imagem apresentada, analisa-se que Reidy, importante arquiteto moderno brasileiro, A fez uso do concreto evidenciando o processo formal e sua conversão em estrutura materializada. B obteve o desequilíbrio estrutural do conjunto, revelando a maturidade e a autonomia de sua construção. C compôs sua obra com vigas retangulares e desprezou o uso de elementos modernos como concreto e o vidro. D despreocupou-se com a questão da iluminação e des- prezou o diálogo com os espaços externos do museu. E apresentou um estilo que reproduzia as principais ca- racterísticas estilísticas que consagraram a arquitetura neoclássica. QUESTÃO 180 A magia do futebol SÃO PAULO – O futebol é mágico. Tem o dom de fazer pessoas inteligentes defenderem posições que, dificilmente, sustentariam em outros campos de atividade. Refiro-me à decisão da Conmebol de punir o Corinthians, excluindo sua torcida de todas as partidas da Libertadores. À primeira leitura, essa pode parecer uma sanção razoável, diante da enormidade que foi a morte do garoto boliviano atingido por um sinalizador disparado pelas hostes corintianas na última quarta-feira, em Oruro. A esmagadora maioria dos comentaristas que li aprovou a medida. Pessoalmente, tenho medo da lógica que sustenta o código de punições da Conmebol e de outras confederações – que se apoiam numa ética puramente consequencialista, na qual só o que importa são os resultados das ações. Tudo o que produza mais bem do que mal fica inapelavelmente autorizado. Para evitar novas mortes e disciplinar o mau comportamento das torcidas organizadas, torna-se lícito fechar os portões do estádio paracorintianos, mesmo que isso prejudique os jogadores e milhares de simpatizantes do time, que não fizeram nada de errado. Não sou um inimigo do consequencialismo. Ao contrário, tenho grande simpatia por ele, notadamente na bioética. Mas não podemos perder de vista que, em estado puro, ele leva a paradoxos. Numa visão estritamente consequencialista, o Estado pode deter um criminoso, ameaçando matar sua família, e o médico pode sacrificar um paciente saudável para, com seus órgãos, salvar a vida de cinco pessoas na fila do transplante. Hélio Schwartsman FONTE: www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/1236682-a-magia-do- futebol.shtml Acesso em: 1/3/13 LC | Página 59 As 336 + | ENEM 2014 O jornalista Hélio Schwartsman procurou expor uma ideia acerca da violência nos estádios de futebol, em decorrência das torcidas organizadas. Quanto à sequência textual apresentada, a tese apresentada pelo colunista se baseia na ideia de que A concorda plenamente com a ação do estado de punir o time do Corinthians, proibindo quaisquer manifesta- ções de torcedores. B aceita que as punições impostas pela Conmebol são suficientes diante da problemática da violência nos es- tádios. C a violência nos estádios de futebol não necessariamen- te se encontra atrelada à presença de torcidas organi- zadas. D mantém um equilíbrio quanto ao que pensa, pois, em- bora não concorde com a violência nos estádios, aredi- ta que certas punições são exageradas. E sempre que existirem punições elas devem também devem pensar no nível em que vão atingir os torcedo- res não membros de torcidas organizadas. QUESTÃO 181 Cidadezinha Qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. (Carlos Drummond de Andrade.) Com base na leitura do poema de Drummond, podemos inferir que A o desencanto e a apatia desencadeiam uma ratificação de visões futuristas sobre a vida no campo. B o último verso destaca a preocupação de Drummond em dar voz a um eu lírico que se destaca pelo olhar sobre o aspecto prosaico da existência. C a repetição das estruturas contribuem para a ausência da sensação de apatia no poema. D vocábulos como “casas”, “bananeiras”, “mulheres” e “laranjeiras” revelam o desprezo do poeta pela asso- ciação de ideias. E a cidade descrita com seu movimento circular anula a possibilidade de construção do teor universalista do texto. QUESTÃO 182 “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia Depois da luz, se segue a noite escura; Em tristes sombras morre a formosura; Em contínuas tristezas a alegria.” Levando em conta o momento de sua produção, assinale a alternativa verdadeira com relação aos versos apresentados. A Esses versos apresentam características típicas do Pe- ríodo Barroco. B Não obstante a expressão da brevidade da vida huma- na e da fugacidade do bem, manifestada através de recursos típicos do Período Setecentista, trata-se de versos tipicamente árcades. C O forte sentimento de angústia da irremediável passa- gem do tempo, por adquirir tom bastante dramático, remete-nos a um poema de características tipicamente românticas. D O rigor formal dos versos – rima e ritmo – e a descrição impessoal apontam-nos para um poema com caracte- rísticas parnasianas. E A postura profundamente subjetiva do poeta e a valo- rização da natureza apontam versos exemplificadores da primeira geração de poetas românticos brasileiros. QUESTÃO 183 As transformações geradas pelo capitalismo motivaram estas duas considerações: I- “Ao buscar a satisfação do seu interesse particular, o indivíduo atende frequentemente ao interesse da socie- dade de modo muito mais eficaz do que se pretendes- se realmente defendê-lo.” II- “Depois de sofrer a exploração do fabricante e de rece- ber o seu salário em dinheiro, o operário torna-se presa de outros membros da burguesia, do proprietário, do varejista, do usurário etc.” A respeito dessas considerações, pode-se dizer que A são antagônicas, visto que o individualismo, de acordo com a primeira, produz uma riqueza espontânea para a sociedade e de acordo com a segunda, ao contrá- rio, faz parte de um sistema, que no final é responsável pela má distribuição da riqueza. B se complementam. Tanto a primeira como a segunda confirmam o solidarismo social produzido pelo capita- lismo. C ambas denunciam os malefícios sociais produzidos pelo capitalismo. D são antagônicas, visto que a primeira afirma que o in- dividualismo é o único benefício propiciado pelo capi- talismo, enquanto a segunda afirma que a riqueza se distribui na sociedade. E ambas apontam os benefícios sociais produzidos pelo individualismo. LC | Página 60 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 184 Leia o texto e observe o quadro a seguir: O Terceiro Milênio se inicia com mais de 50% da população mundial vivendo nas cidades, pela primeira vez na História, e crescendo a cada ano 2,5 vezes mais que a população rural. Hoje, além das 15 metrópoles com mais de 10 milhões de habitantes, existem cerca de 300 cidades no mundo que ultrapassam a marca de 1 milhão. Calcula-se que em 2015 haverá pelo menos 61% dos habitantes da Terra morando em áreas urbanas. Os 10 MAIORES AGLOMERADOS URBANOS DO MUNDO Em 1995 Cidade População (milhões de hab.) Projeção para 2015 Cidade População (milhões de hab.) Tóquio 26,8 Tóquio 28,7 São Paulo 16,4 Bombaim 27,4 Nova Iorque 16,3 Lagos 24,4 Cidade do México 15,6 Xangai 23,4 Bombaim 15,1 Jacarta 21,2 Xangai 15,0 São Paulo 20,8 Los Angeles 12,4 Karachi 20,6 Pequim 12,3 Pequim 19,4 Calcutá 11,7 Dacca 19,0 Seul 11,6 Cidade do México 18,8 (Miriam & Miriam. Geografia: economia urbano-industrial. São Paulo, Nova Geração, 2001) De acordo com as informações apresentadas, marque a única alternativa que contém uma afirmação correta. A A população urbana mundial ultrapassou a marca de 50% na passagem do século XIX para o século XX, quando da ocorrência da chamada Segunda Revolução Industrial. B Embora a população urbana esteja crescendo em ritmo superior ao do crescimento da população rural, somen- te nas próximas duas ou três décadas é que o mundo apresentará mais habitantes vivendo em cidades do que no campo. C As cidades mais populosas do globo hoje estão con- centradas nos países mais avançados industrialmente, o que se explica pela grande concentração da riqueza nesses países. D A previsão para as duas primeiras décadas do século XXI é que a maior parte dos grandes aglomerados urbanos do mundo estará concentrada nos países que se caracte- rizam por graves deficiências sociais e econômicas. E O crescimento da população urbana previsto para as pró- ximas décadas deverá ser mais intenso em todas as ci- dades que em 1995 já eram as mais populosas da Terra. QUESTÃO 185 Negritude [CELINHA] Para Jorge Henrique Gomes da Silva De mim parte um canto guerreiro um voo rasante, talvez rumo norte caminho trilhado da cana-de-açúcar ao trigo crescido, pingado de sangue do corte do açoite. Suor escorrido da briga do dia que os ventos do sul e o tempo distante não podem ocultar. De mim parte um abraço feroz um corpo tomado no verde do campo beijado no negro da boca da noite amado na relva, gemido contido calado na entranha oculto do medo da luz do luar. De mim parte uma fera voraz (com sede, com fome) de garras de tigre pisar de elefante correndo nas veias de fogo queimando vermelho nas matas Rugir de leões bailando no ar. De mim parte de um pedaço de terra semente de vida com gosto de mel criança parida com cheiro de luta com jeito de briga na areia da praia de pele retinta, deitada nas águas sugando os seios das ondas do mar. De mim parte N E G R I T U D E um golpe mortal negrura rasgando o ventre da noite punhal golpeando o colo do dia um punho mais forte que as fendas de aço das portas trancadas da casa da história. (http://kukalesa.wordpress.com/2013/05/19/dilogos-com-a-negritude-nas-poesias-dos-cadernos-negros/ em 2/2/14) Com base na leitura do poema, é possível inferir que A a rejeição ao tema da discussão sobre a temática racial no Brasil o torna desprovido de viés ideológico. B o poema reitera uma visão estereotipada sobre o negro alicerçada no pensamento escravocrata e patriarcal. C tempo e espaço se correlacionam buscando uma unida- de que dê coerência ao discurso transgressor da autora. D os versos do poema evidenciam um sujeito-poético afro-brasileiro, com ideias e sentimentos avessos ao tema da negritude. E as estrofes apresentam uma linguagem denotativa pre- ocupada em discutir novas visões sobre o movimento da negritude no Brasil. LC | Página 61 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 186 Atente para os textos a seguir e responda à questão que segue. Texto I A notícia é um gênero textual que apresenta um conceito novo ou recente ou que divulga uma novidade sobre uma situação recente. Texto II Poema Tirado de uma Notícia de Jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. (Manuel Bandeira) A característica identificada no poema de Manuel Bandeira que o aproxima do gênero notícia é A o título, conhecido na área jornalística por manchete. B o “lead”, que resume as informações do corpo da notícia. C a manchete, destacada sempre do corpo da notícia. D os três versos de ação, isolados em um único verso. E a propagação de informações inéditas. QUESTÃO 187 O primeiro texto é de Castro Alves; o segundo, de Machado de Assis. O primeiro fala da guerra da Independência do Brasil na Bahia. O segundo disserta sobre o aperto de um cachorro em cujo rabo, por brincadeira, amarrou-se uma lata. Leia-os e assinale a alternativa que melhor estabelece a relação entre ambos. Texto I Não! Não eram dous povos, que abalavam Naquele instante o solo ensanguentando... Era o porvir — em frente do passado, A Liberdade — em frente à Escravidão, Era a luta das águias — e do abutre, A revolta do pulso — contra os ferros, O pugilato da razão — contra os erros, O duelo da treva — e do clarão!... (“Ode ao Dous de Julho”, Espumas Flutuantes, 1870) Texto II Súbito grudaram-se. A poeira redomoinhou, a lata retiniu com o fragor das armas de Aquiles. Cão e furacão envolveram-se um no outro; era a raiva, a ambição, a loucura, o desvario; eram todas as forças, todas as doenças; era o azul, que diz ao pó: és baixo; era o pó, que dizia ao azul: és orgulhoso. Ouvia-se o rugir, o latir, o retinir; e por cima de tudo isso, uma testemunha impassível, o Destino; e por baixo de tudo, uma testemunha risível, o Homem. (“Um cão de lata ao rabo”, Páginas Recolhidas, ed. de 1937) A Relação paródica: o primeiro imita ironicamente o estilo do segundo. B Relação antitética: o segundo opõe-se ao primeiro. C Relação de paralelismo: o primeiro complementa o se- gundo. D Relação irônica: o segundo satiriza a simplicidade do primeiro. E Relação paródica: o segundo imita ironicamente o es- tilo do primeiro. QUESTÃO 188 COM NICIGA, PARAR DE FUMAR FICA MUITO MAIS FÁCIL 1. Fumar aumenta o número de receptores do seu cére- bro que se ativam com nicotina. 2. Se você interrompe o fornecimento de uma vez, eles enlouquecem e você sente os desagradáveis sintomas da falta do cigarro. 3. Com seus adesivos transdérmicos, Niciga libera nicoti- na terapêutica de forma controlada no seu organismo, facilitando o processo de parar de fumar e ajudando a sua força de vontade. Com Niciga, você tem o dobro de chances de parar de fumar. (Revista Época, 24 nov. 2009 (adaptado).) Para convencer o leitor, o anúncio emprega como recurso expressivo, principalmente, A as rimas entre Niciga e nicotina. B o uso de metáforas como “força de vontade”. C a repetição enfática de termos semelhantes como “fá- cil” e “facilidade”. D a utilização dos pronomes de segunda pessoa, que fa- zem um apelo direto ao leitor. E a informação sobre as consequências do consumo do cigarro para amedrontar o leitor. QUESTÃO 189 (http://kdfrases.com/frase/111167 em 2/2/14) O tema principal da poesia do curitibano Paulo Leminski reaparece em: A “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimen- ta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” Cecília Meireles. B “No amor nunca os pratos da balança estão equilibra- dos. E como a essência do amor é etérea, quem pesa mais é quem ama menos.” Vergílio Ferreira C “A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cul- tivando algumas pessoas.” Carlos Drummond de Andrade D “O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se - basta a simples reflexão.” Machado de Assis E “A gente foge da solidão quando tem medo dos pró- prios pensamentos.” Érico Verissimo LC | Página 62 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 190 Leia o texto de Carlos Drummond de Andrade e assinale a alternativa que melhor sintetize seu significado estético e humano: Construção Um grito pula no ar como foguete. Vem da paisagem de barro úmido, caliça e andaimes hirtos. O sol cai sobre as coisas em placa fervendo. O sorveteiro corta a rua. E o vento brinca nos bigodes do construtor. (Alguma Poesia, 1930) A Abordagem coloquial dos males inevitáveis do progres- so nos grandes centros. B Abordagem sentimental das vantagens do progresso nos grandes centros. C Registro seco da felicidade do homem do povo diante do espetáculo do progresso. D Registro da revolta social por meio da poesia. E Protesto marxista por meio de versos cubistas. QUESTÃO 191 As cousas do mundo Neste mundo é mais rico o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa: O velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa; Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa. Mais isento se mostra o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. (Gregório de Matos Guerra. Seleção de Obras Poéticas) Fica claro, no poema acima, que a principal crítica do autor à sociedade de sua época é feita por meio da A denúncia da proteção que o mundo de então dava àqueles que agiam de modo condenável, embora sob a capa das leis da Igreja. B enumeração de certos tipos que, por seus comporta- mentos, revelam um roteiro que identifica e recomenda a ascensão social. C elaboração de uma lista de atitudes que deviam ser evitadas, por não condizerem com as práticas morais encontradas na alta sociedade. D comparação de valores e comportamentos da faixa mais humilde daquela sociedade com os da faixa mais nobre e aristocrática. E caracterização de comportamentos que, embora sejam mo- ralmente condenáveis, são dissimulados em seus opostos. QUESTÃO 192 Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa Não sou alegre nem sou triste: sou poeta Irmão das coisas fugidias; não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou edifico, se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico ou se passo Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada E um dia sei que estarei mudo: - Mais nada Cecília Meireles. Obra completa. Ao analisarmos a relação entre tema e forma na composição poética de Cecília Meireles, podemos inferir que A na primeira estrofe, dá importância ao tempo passado, ao sentimento de imparcialidade e à criação do seu poema. B no terceiro verso da primeira estrofe, faz uso de uma símile entre “alegre” X “triste”na compoisção do tecido poético. C no primeiro verso da segunda estrofe, abdica-se de efeitos estilísticos como assonância e aliteração. D na quarta estrofe, reafirma a importância dadaao pre- sente, ao tempo do “agora”, iniciado na primeira estrofe. E nos dois últimos versos da última estrofe, faz uso da ironia, do tom de pastiche e do sarcasmo para dialogar com a temática da morte. QUESTÃO 193 Ingredienti: 5 den di ái 3 cuié di ói 1 cabêss di repôi 1 cuié di mastumati sali a gosto Mé qui fais? Casca u ái, pica u ái e soca o ái cum sali. Quenta o ói; foga o ái no ói quentim. Pica o repôi bemmm finimm, foga o repôi. Poim a mastumati mexi ca cuié pra fazê o moi. Prontim LC | Página 63 As 336 + | ENEM 2014 Receita culinária é um gênero textual destinado a instruir os leitores sobre o preparo de um prato específico. Normalmente, é dividida em duas partes: a primeira apresenta uma lista de ingredientes para preparo, e a segunda, instruções sobre o modo de preparo. Na segunda parte, é comum o uso de formas verbais do modo imperativo ou infinitivo. Considerando que a receita anterior foi escrita no popularmente chamado “mineirês”, o uso de verbos no presente do indicativo na parte denominada “Mé qui fais?!” [Como é que faz?] justifica-se em razão do A provável leitor do texto, o qual pode compreender me- lhor as instruções dadas no presente em que o prato é preparado. B tempo predominante no gênero receita culinária, que sempre registra o tempo presente em que o prato é preparado. C principal objetivo comunicativo do gênero receita, o qual é instruir o leitor ao preparo de pratos com objetividade. D suposto locutor do texto, o qual pode compreender me- lhor as instruções dadas no presente do indicativo. E contexto sociocomunicativo em que circula o texto, o qual é restrito a falantes que conhecem o dialeto mi- neirês. QUESTÃO 194 Folha Ilustrada. Folha de São Paulo, 14 de julho 2000, p. 34. No texto do convite para ver a exposição de Guignard, no MASP, passa-se a ideia de que A ver Guignard é ter uma aula de como funciona o siste- ma nervoso humano. B a emoção provocada pela arte nem sempre pode ser traduzida com palavras. C a arte causa, no homem, uma sensação de leveza tal, que o adormece para a realidade. D o sentimento gerado pela obra de arte lírica é constante e equilibrado em cada ser humano. E texto, emoção e palavras não coexistem. QUESTÃO 195 Monumento Barroco em Braga, Portugal. O enquadramento estético da obra apresentada justifica-se por A apresentar linhas retas e simétricas. B valorizar as linhas curvas e rebuscadas. C fundir linhas retas e formas curvilíneas. D valorizar o humano em detrimento do divino. E romper com os conceitos absolutistas de arte. QUESTÃO 196 Quando entre nós só havia uma carta certa a correspondência completa o trem os trilhos a janela aberta uma certa paisagem sem pedras ou sobressaltos meu salto alto em equilíbrio o copo d’água a espera do café Ana Cristina Cesar. O poema da poetisa brasileira Ana Cristina Cesar, integrante do movimento literário conhecido como Poesia Marginal, destaca-se pela forte presença de elementos A descritivos. B narrativos. C injuntivos. D metalinguísticos. E expositivos. QUESTÃO 197 Manifesto antropófago Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economica- mente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. LC | Página 64 As 336 + | ENEM 2014 Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa. O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará. Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande. Fonte: http://www.tanto.com.br/manifestoantropofago.htm em 22/2/14 Das obras a seguir, a que apresenta mais similaridades temáticas com o texto anterior é: A Homem idoso na poltrona Rembrandt van Rijn – Louvre, Paris. Disponível em: http://www.allposters.com D Menino mordido por um lagarto Michelangelo Merisi (Caravaggio) National Gallery, Londres Disponível em: http://vr.theatre. ntu.edu.tw B Figura e borboleta Milton Dacosta Disponível em: http://www.unesp.br E Abaporu Tarsila do Amaral Disponível em: http://tarsiladoamaral.com.br C O grito Edvard Munch – Museu Munch, Oslo Disponível em: http://members.cox.net QUESTÃO 198 “[...] O quadro é tão simples e harmonioso no arranjo quanto o de um pintor renascentista. Contudo, não seria fácil confundi-lo com uma pintura da Renascença. O modo como faz a luz cair sobre o corpo do Salvador, todo o apelo feito às nossas emoções, é bem diferente: é barroco. É fácil achar esse quadro sentimental, mas não devemos esquecer para que finalidade foi pintado. É um retábulo para ser contemplado em prece e devoção, com velas ardendo à sua frente.” (GOMBRICH, E.H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2009.) O quadro ao qual o texto anterior se refere é: A Lidio Marinho – Pietá B Jan Saudek – Pietá C Sandro Boticelli – Pietá D Eugéne Delacroix – Pietá E Annibale Carracci – Pietá LC | Página 65 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 199 “Os turistas que visitam as favelas do Rio se dizem transformados, capazes de dar valor ao que realmente importa”, observa a socióloga Bianca Freire-Medeiros, autora da pesquisa “Para ver os pobres: a construção da favela carioca como destino turístico”. “Ao mesmo tempo, as vantagens, os confortos e os benefícios do lar são reforçados por meio da exposição à diferença e à escassez. Em um interessante paradoxo, o contato em primeira mão com aqueles a quem vários bens de consumo ainda são inacessíveis garante aos turistas seu aperfeiçoamento como consumidores.” No geral, o turista é visto como rude, grosseiro, invasivo, pouco interessado na vida da comunidade, preferindo visitar o espaço como se visita um zoológico e decidido a gastar o mínimo e levar o máximo. Conforme relata um guia, “O turismo na favela é um pouco invasivo, sabe? Porque você anda naquelas ruelas apertadas e as pessoas deixam as janelas abertas. E tem turista que não tem ‘desconfiômetro’: mete o carão dentro da casa das pessoas! Isso é realmente desagradável. Já aconteceu com outro guia. A moradora estava cozinhando e o fogão dela era do lado da janelinha; o turista passou, meteu a mão pela janela e abriu a tampa da panela. Ela ficou uma fera. Aí bateu na mão dele.” (Adaptado de Carlos Haag, Laje cheia de turista. Como funcionam os tours pelas favelas cariocas. Pesquisa FAPESP nº 165, 2009, p.90-93.) O autor identifica como “um interessante paradoxo” A o fato de os turistas afirmarem que, após essa experi- ência, passam a dar valor ao que realmente importa. B o desejo do turista de trocar as visitas aos pontos turísti- cos tradicionais por excursões às favelas do Rio. C a transformação da favela carioca em destino turístico importante do Rio de Janeiro. D a curiosidade do turista em saber o que estava cozi- nhando na panela da moradora de um morro. E a capacidade do turista de apreciar o morro como um grande zoológico urbano. QUESTÃO 200 Texto I O texto na era digital Para além do internetês, a internet está mudando a maneira como lemos e escrevemos Com cada vez mais usuários – o acesso à rede no Brasil aumentou 35% entre 2008 e 2009 – a internet está criando novos hábitos de comunicação entre as pessoas, que acabam se adaptando às facilidades da nova tecnologia. (...) O que já havia sido deflagrado nos anos 90 pela comunicação via e-mail, mensageiros eletrônicos e pela cultura escrita dos blogs, as redessociais elevaram à enésima potência ao garantir interatividade e visibilidade às pessoas em torno de interesses em comum. (...) Para além dos modismos que nascem e morrem na grande rede mundial de computadores, o advento do microblog Twitter extrapolou essa esfera para cair na boca de grandes homens de letras, muitas vezes avessos a novidades tecnológicas, como o escritor José Saramago, que chegou a declarar: “Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido”. (...) Embora não se possa afirmar categoricamente que a internet favoreceu o desenvolvimento de uma “cultura letrada”, com ênfase em informações profundas e relevantes, ela reforçou o peso da palavra escrita no cotidiano das pessoas. Mais do que gírias e jargões, como o famigerado “internetês”, as transformações pelas quais passam a escrita e a leitura estão por ser dimensionadas. Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/64/artigo249031-1.asp Texto II Os Textos I e II abordam a questão da linguagem nos meios digitais. A partir de sua leitura, infere-se que A em ambos os textos, há evidências de que a navega- ção na internet limita a disseminação do saber. B o texto I defende que as inovações tecnológicas pro- duziram uma torrente de informações tão grande que tornaram a escrita banal e empobrecedora. C tanto o texto I quanto o texto II revelam que o acesso à rede está interferindo na capacidade de leitura de crian- ças e adolescentes. D o texto II apresenta marcas específicas da linguagem do Twitter que limitam a compreensão da tira em leito- res que não são usuários do microblog. E o texto I demonstra que o internetês produziu impactos na comunicação escrita, enquanto que o texto II nega esse fato. LC | Página 66 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 201 “Vejam que país...” “...a lavadeira cheira a gim.” Nas palavras em negrito observa-se uma sequência de A hiato, encontro consonantal e ditongo. B hiato,dígrafo e ditongo. C ditongo, dígrafo e hiato. D ditongo, dígrafo e ditongo. E ditongo, encontro consonantal e hiato. QUESTÃO 202 Texto I O sol Ei dor... eu não te escuto mais, Você, não me leva a nada. Ei medo... eu não te escuto mais, Você, não me leva a nada. E se quiser saber pra onde eu vou, Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou É pra lá que eu vou... Ei dor... eu não te escuto mais Você não me leva a nada Ei medo... eu não te escuto mais Você não me leva a nada E se quiser saber pra onde eu vou Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou É pra lá que eu vou... E se quiser saber pra onde eu vou Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou É pra lá que eu vou... (Jota Quest) Texto II Dias Melhores Vivemos esperando dias melhores Dias de Paz Dias a Mais Dias que não deixaremos para trás Vivemos esperando O dia em que seremos melhores Melhores no Amor Melhores na Dor Melhores em Tudo Vivemos esperando O dia em que seremos para sempre Vivemos esperando Dias Melhores pra sempre Dias Melhores pra sempre... (Jota Quest) No Texto II, a repetição do trecho “vivemos esperando” sugere A incerteza. B passividade. C medo. D horror. E preconceito. QUESTÃO 203 Poema só para Jaime Ovalle Quando hoje acordei, ainda fazia escuro (Embora a manhã já estivesse avançada). Chovia. Chovia uma triste chuva de resignação Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite. Então me levantei, Bebi o café que eu mesmo preparei, Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando... – Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei. (Manuel Bandeira) Manuel Bandeira teve um papel decisivo na consolidação da proposta estética modernista no Brasil. No poema anterior, está presente uma temática recorrente na Primeira Fase do movimento denominado como A indagação sobre a morte. B reflexão metalinguística. C cena do cotidiano. D brevidade da vida. E memória afetiva. QUESTÃO 204 Texto I A paisagem brasileira e o homem regional foram duas preocupações dos escritores pré-modernistas, cuja tônica foi a pesquisa da região, no sentido de ressaltar o sentimento da terra e do sertanejo. E, assim, monta-se um painel brasileiro; o Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto, sem esquecermo-nos de Hugo de Carvalho Ramos, Valdomiro Silveira e Simões Lopes Neto, que também representam essa tendência de pesquisa regional. SOUZA, Larissa Maria Silva, TORRES FILHO, José Humberto. Do Modernismo aos dias atuais. Fortaleza: Sistema Ari de Sá de Ensino, 2012, p. 6. Texto II O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. Texto III Jeca-tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epítome de carne onde se resumem todas as características da espécie. Ei-lo que vem a falar ao patrão. Entrou, saudou... – Não vê que... De pé ou sentado, as ideias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa. LC | Página 67 As 336 + | ENEM 2014 O reconhecimento da existência de valores sociais e humanos no patrimônio literário brasileiro é facilmente percebido. É comum ver a exposição desses valores em vários momentos de nossa historiografia literária. De uma para outra obra, no entanto, percebem-se mudanças de enfoques entre os escritores, que podem subverter ou ampliar visões anteriores, embora os valores avaliados permaneçam. Daí, dizer-se que são atualizáveis e permanentes. O texto I se refere a escritores que revelaram a paisagem brasileira e o homem regional. Considerando que os textos II e III pertencem, respectivamente, aos dois primeiros escritores citados no texto I, pode-se dizer que A ambos os escritores se assemelham em sua análise sobre o homem interiorano. B o primeiro escritor equipara o sertanejo ao mestiço li- torâneo. C o primeiro escritor sobrepõe o sertanejo ao mestiço ci- tadino, tanto quanto o segundo sobrepõe Jeca-Tatu ao patrão, que não consegue falar diante do piraquara. D o segundo escritor ironiza a condição subserviente e as limitações do piraquara. E ambos os ecritores exaltam as figuras que descrevem. QUESTÃO 205 A expressão deletar um arquivo de computador não é mais jargão de quem lida com informática. O termo já se tornou uma palavra da Língua Portuguesa escrita no Brasil. Ela faz parte de um conjunto de cerca de 6 000 novas palavras incluídas na recente edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, lançado pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Além de reconhecidas, as novas palavras passam a ter uma grafia oficial definida. Agora são aceitas expressões como deletar um arquivo, assistir a uma teleconferência e até tomar suco de acerola, frutinha comum no mercado, mas rara nos dicionários. Também foram incluídos termos como internet, intranet, scanear, mouse, teleducação e acessar, entre outros já de uso corrente. Eles se somam às 400 mil palavras catalogadas na primeira edição do Vocabulário, de 1982. Diferentemente de um dicionário, que explica o significado de um termo, um vocabulário apenas relaciona palavras. Seu objetivo é consolidar a grafia delas (o modo como são escritas), classificá-las segundo o gênero (masculino ou feminino) e a categoria morfológica (substantivo e adjetivo, por exemplo). É também um instrumento normatizador oficial, por ser da Academia. [...] Mas, para um termo ser aceito como uma palavra, não basta que ele seja usado por um grupo de pessoas. Além da difusão, é preciso que ele substitua outro em determinada área. É o caso de deletar, explica Antônio José Chediak, coordenador da equipe que fez o Vocabulário. O mesmo não ocorre com printar. “Em português, existe a palavra imprimir. Julgamos que o uso de printar não é amplo o suficiente para incorporá-lo como palavra nova”, diz Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileirade Letras. A diferença entre os dois casos é explicada por um limite: a manutenção da identidade de uma língua. “É preciso estar aberto à globalização, evitando exageros”, diz o presidente. Adaptado de: Folha de São Paulo, 10 set. 1998. Sobre a diferença contextual apresentada pelo texto anterior entre dicionário e vocabulário, permite-se inferir que A a representatividade de um dicionário é mais ampla, pois se preocupa com as possibilidades semânticas assumidas pelo termo em questão. B um vocabulário deve ser encarado como forma exclusiva de acepção linguística, por ser mais informal semanticamente. C Tanto o vocabulário quanto o dicionário equiparam-se em termos de definição semântica de algum termo. D os termos assumem acepções exatas e indistinguíveis ao serem listados por algum tipo de vocabulário específico. E o dicionário peca quanto à análise e à definição de algum termo, pois intensifica a preocupação gramatical em detrimento do aspecto semântico. QUESTÃO 206 Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Século XV. A Bela Lindonéia, de Rubens Gerchman. Século XX. LC | Página 68 As 336 + | ENEM 2014 Rubens Gerchman (1942-2008) é um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros e deixa um importante legado: trata-se da enigmática obra intitulada A Bela Lindoneia ou A Gioconda do Subúrbio, de 1966. Tal como Leonardo da Vinci, ele também foi um pintor capaz de registrar as peculiaridades das vivências das mulheres de seu tempo. Considerando-se as obras apresentadas, podemos afirmar que o artista brasileiro A estava preocupado em produzir um desenho caricatu- ral, de vertente serigráfica. B demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica onde se encontrava Mona Lisa. C optou por fazer uma pintura sem diálogo com a de Leonardo da Vinci. D deu à personagem uma gama de traços futuristas e surrealistas. E reproduziu o estilo da famosa obra de Leonardo da Vinci. QUESTÃO 207 O artista F. Léger criou, a partir do Cubismo Sintético, uma linguagem pictórica que, segundo ele, levaria a arte ao mundo do trabalho e do lazer do proletariado. Formas vigorosas e claramente definidas, sugerindo máquinas, são apresentadas em cores enérgicas que dão uma nota de alegria e otimismo a um mundo mais associado a graxas e fumaça. Disponível em: <http://artefontedeconhecimento.blogspot.com.br/2012/07/os- construtores-1950-fernand-leger.html> (adaptado). Acesso em: 17 dez. 2013. Os construtores, de Léger, 1950. Com base na análise da obra e nos conceitos vanguardistas, entre eles o de exploração de formas geometrizadas do Cubismo, no início do século XX, o quadro Os construtores explora A uma aproximação impossível entre máquina e homem. B a uniformidade de tons como crítica à industrialização. C os simbólicos emblemas tubulares da sociedade industrial. D um diálogo profundo com a estética abstrata. E uma imagem plana desprovida da presença de formas geométricas. QUESTÃO 208 As vanguardas europeias são movimentos culturais do início do século XX que representaram uma ruptura com as estéticas precedentes, como o Simbolismo. Nesse período, a Europa vivenciava os progressos industriais, os avanços tecnológicos e as descobertas científicas e médicas, ao mesmo tempo em que a disputa pelos mercados financeiros ocasionou a Primeira Guerra Mundial. O clima estava propício para o surgimento de novas concepções artísticas, pois apareciam inúmeras tendências, principalmente manifestos advindos do contraste social: de um lado, a burguesia eufórica pela emergente economia industrial; de outro, a marginalização e o descontentamento da classe proletária com a intensificação do desemprego. Disponível em: <http://www.sobredotado.com/>. A imagem anterior se enquadraria na vanguarda europeia conhecida como A Cubismo. B Dadaísmo. C Expressionismo. D Futurismo. E Surrealismo. LC | Página 69 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 209 Vestibular Vestibular, aquilo que o Ministério da Educação estuda agora extinguir, é um brasileirismo para algo que em Portugal costuma ser chamado de exame de acesso à universidade. Trata-se de um adjetivo que se substantivou, em um processo semelhante ao que ocorreu com celular, qualificativo de telefone, que tenta – e, na maioria das vezes, consegue – expulsar a palavra principal de cena sob uma pertinente alegação de redundância, tomando para si o lugar de substantivo. Pois o exame vestibular, de tão consagrado no vocabulário de gerações e gerações de estudantes brasileiros que perderam o sono por causa dele, acabou conhecido como vestibular, só. E qualquer associação remota com a palavra que está em sua origem – vestíbulo – perdeu-se nesse processo. Quando ainda era claramente um adjetivo, ficava mais fácil perceber a metáfora que, com certa dose de pernosticismo, levou a palavra vestibular a ser escolhida para qualificar o processo de seleção de candidatos ao Ensino Superior. Vestíbulo (do latim vestibulum) é, na origem, um termo de arquitetura que significa pórtico, alpendre ou pátio externo, mas que pode ser usado também, em sentido mais amplo, para designar um átrio, uma antessala, qualquer cômodo ou ambiente de passagem entre a porta de entrada e o corpo principal de uma casa, apartamento, palácio ou prédio público. Para quem prefere uma solução anglófona, estamos falando de hall ou lobby. Como é um ambiente de transição entre o lado de fora e o lado de dentro, vestíbulo ganhou, ainda por extensão, em anatomia, o sentido de “cavidade que dá acesso a um órgão oco” (Houaiss). Antes de ser admitido no vocabulário da educação, sistema vestibular já tinha aplicação na linguagem médica como nome dos pequenos órgãos situados na entrada do ouvido interno, responsáveis por nosso equilíbrio. Adaptado de: RODRIGUES, S. Vestibular. Disponível em: <http://revistadasemana. abril.uol.com.br/edicoes/81/palavradasemana/materia_palavradasemana_431845. shtml>. Com base nas ideias expostas pelo texto, pode-se inferir que A ao afirmar que vestibular é um brasileirismo, o autor se posiciona contrariamente à sua extinção pelo Ministério da Educação. B o autor não condena o uso do estrangeirismo lobby no lugar do brasileirismo vestibular. C o adjetivo vestibular, que, devido ao desuso, acabou sendo adjetivado, é derivado da palavra vestíbulo. D o autor considera pertinente a alegação de redun- dância para explicar o processo de substantivação do termo celular. E quando vestibular ainda era claramente um adjetivo, ficava mais fácil perceber a metáfora que costumava expor. QUESTÃO 210 A Chegada de Raul Seixas e Lampião no FMI É Raul, Raul, Raul, É Raul Seixas, é Lampião Chegaram no FMI Que nem tentou resistir É Raú, Raú, Raú, Lampião não anda só Trouxe Deus e o diabo Raul, a terra do sol [...] Chegaram na Casa Branca Os dois de carro de boi Tio Sam fugiu de tamanca Ninguém viu para onde foi Wall Street fechou E a ONU não deixou pista O presidente jurou Que sempre foi comunista Mano Brown disse a Raul O dinheiro a gente investe No Banco Carandiru Xingu, favela e Nordeste Disponível em: <http://letras.mus.br/tom-ze/232410/>. Acesso em: 16 dez. 2013. A música de Tom Zé, que é crítico de música, letrista e cantor, insere-se em um contexto histórico e cultural que, dentro da cultura literária brasileira, define-se como A expressão do Modernismo brasileiro influenciado pela vanguardas europeias. B representante da literatura engajada de resistência ao Governo Vargas. C um movimento de inspiração cultural antropofágica, o Tropicalismo D contemporâneo à poesia parnasiana e por ela influenciado. E sucessor do Arcadismo e de seus ideais nacionalistas. LC | Página 70 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 211 MANUEL Sim, é Manuel, o Leão de Judá, o Filho de Davi. Levantem- se todos, pois vão ser julgados. JOÃO GRILO Apesar de ser um sertanejo pobre e amarelo, sinto perfeitamente que estou diante de uma grande figura. Não quero faltar com o respeito auma pessoa tão importante, mas se não me engano aquele sujeito acaba de chamar o senhor de Manuel. MANUEL Foi isso mesmo, João. Esse é um de meus nomes, mas você pode me chamar também de Jesus, de Senhor, de Deus... Ele gosta de me chamar Manuel ou Emanuel, porque pensa que assim pode se persuadir de que sou somente homem. Mas você, se quiser, pode me chamar de Jesus. JOÃO GRILO Jesus? MANUEL Sim. JOÃO GRILO Mas, espere. O senhor é que é Jesus? MANUEL Sou. JOÃO GRILO Aquele Jesus a quem chamavam Cristo? JESUS A quem chamavam, não, que era Cristo. Sou. Por quê? JOÃO GRILO Porque... não é lhe faltando com o respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado. BISPO Cale-se, atrevido! O auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. A personagem teatral pode ser construída tanto por meio de uma tradição oral quanto escrita. A interlocução entre oralidade regional e tradição religiosa, que serve de inspiração para autores brasileiros, parte do teatro português vicentino. Dessa forma, a partir do texto lido, identificam-se personagens que A estão construídas por meio de ações limitadas a um momento histórico. B fazem parte de uma cultura local que restringe a dimensão estética. C se comportam como caricaturas religiosas do teatro regional. D apresentam diferentes características físicas e psicológicas. E incorporam elementos da tradição local em um contex- to teatral. QUESTÃO 212 Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. — Continue, disse eu acordando. — Já acabei, murmurou ele. — São muito bonitos. Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” — “Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renania; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” — “Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.” Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração – se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. Dom Casmurro, de Machado de Assis. Sabe-se que a ironia é um dos traços mais marcantes da composição literária de Machado de Assis, e que se pode perceber no excerto A “Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim [...]” B “[...] tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.” C “Não consultes dicionários.” D “[...] falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos.” E “Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso [...].” LC | Página 71 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 213 Igual-Desigual Eu desconfiava: todas as histórias em quadrinho são iguais. Todos os filmes norte-americanos são iguais. Todos os filmes de todos os países são iguais. Todos os best-sellers são iguais. Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais. Todos os partidos políticos são iguais. Todas as mulheres que andam na moda são iguais. Todas as experiências de sexo são iguais. Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais e todos, todos os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais. Todas as guerras do mundo são iguais. Todas as fomes são iguais. Todos os amores, iguais iguais iguais. Iguais todos os rompimentos. A morte é igualíssima. Todas as criações da natureza são iguais. Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais. Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa. Não é igual a nada. Todo ser humano é um estranho ímpar. ANDRADE, Carlos Drummond de. Nova reunião: 19 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985. No trecho “Todos os amores, iguais iguais iguais.”, a repetição do termo iguais no mesmo verso, relacionado a amores, ressalta a crítica de Drummond às relações amorosas, no que diz respeito ao aspecto A exagero. B padronização. C desvalorização. D superficialidade. E dissimulação. QUESTÃO 214 Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de mim. Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico. Olho-me no espelho e percebo que estou envelhecendo rápido e definitivamente; com esses cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas minha imagem vai-se apagando, vou ficando menos nítido. Estou parecendo um desses clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam de um desaparecido que a família procura em vão. BRAGA, Rubem. “O desaparecido”. In: A traição das elegantes. Rio de Janeiro: Editora Sabiá, 1969. p. 112. Em “O desaparecido”, Rubem Braga permite ao leitor entrever um escritor ciente das características da crônica, como A texto breve e registro pessoal de fatos do cotidiano. B síntese de um assunto e linguagem denotativa. C exposição sucinta e conflitos internos. D texto ficcional curto e criação de tensões. E priorização da informação e linguagem impessoal. QUESTÃO 215 Quando Bauer, o de pés ligeiros, se apoderou da cobiçada esfera, logo o suspeitoso Naranjo lhe partiu ao encalço, mas já Brandãozinho, semelhante à chama, lhe cortou a avançada. A tarde de olhos radiosos se fez mais clara para contemplar aquele combate, enquanto os agudos gritos e imprecações em redor animavam os contendores. A uma investida de Cárdenas, o de fera catadura, o couro inquieto quase se foi depositar no arco de Castilho, que com torva face o repeliu. Eis que Djalma, de aladas plantas, rompe entre os adversários atônitos, e conduz sua presa até o solerte Julinho, que a transfere ao valoroso Didi, e este por sua vez a comunica ao belicoso Pinga. [...] Assim gostaria eu de ouvir a descrição do jogo entre brasileiros e mexicanos, e a de todos os jogos: à maneira de Homero. Mas o estilo atual é outro, e o sentimento dramático se orna de termos técnicos. ANDRADE, Carlos Drummond de. Quando é dia de futebol. Rio de Janeiro: Record, 2002. Ao narrar o jogo entre brasileiros e mexicanos “à maneira de Homero”, o autor adota o estilo A épico. B lírico. C satírico. D técnico. E teatral. LC | Página 72 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 216 Disponível em: <oblogderedacao.blogspot.com>. Considerandoa imagem apresentada, nota-se a predominância da função da linguagem A fática. B emotiva. C referencial. D metalinguística. E conativa. QUESTÃO 217 Ao utilizar a forma pronominal “você”, o enunciador desse texto publicitário expressa o desejo de aproximação, de maneira informal, com o potencial leitor/consumidor. No entanto, ao utilizar as formas verbais no modo imperativo “aproveita” e “corra”, constata-se A a modificação para a forma “tu” em “corra” e para a for- ma “ele” em “aproveita”. B o uso inadequado para o padrão formal da forma verbal “aproveita”, que está flexionada em terceira pessoa. C a presença do pronome elíptico “tu” na forma verbal “aproveita”. D o desvio para o padrão culto formal com o uso da forma “corra”. E a manutenção do paralelismo sintático, pois ambas têm o mesmo sujeito. QUESTÃO 218 No texto, ao afirmar “então cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos”, a personagem A expressa a intenção de divulgar seus conhecimentos, aproximando-se dos outros homens. B procura convencer o leitor a poupar esforços na busca do conhecimento. C demonstra que a virtude e o saber exigem muito traba- lho dos homens. D resume o conceito da doutrina salvadora, desenvolvida no parágrafo. E exprime a ideia de que a admiração dos outros é mais importante do que o conhecimento em si. QUESTÃO 219 Infinito Particular Marisa Monte Eis o melhor e o pior de mim O meu termômetro, o meu quilate Vem, cara, me retrate Não é impossível Eu não sou difícil de ler Faça sua parte Eu sou daqui, eu não sou de Marte Vem, cara, me repara Não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim Só não se perca ao entrar No meu infinito particular. Fonte: http://letras.mus.br/marisa-monte/515189/ Acesso em 5/3/14. Predomina, no texto, a função da linguagem A metalinguística, porque o autor expressa seu sentimen- to em relação à necessidade de adaptação. B fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação. C apelativa, porque o texto chama a atenção para os re- cursos da metalinguagem. D conativa, porque o texto procura orientar comporta- mentos do leitor. E referencial, porque o texto trata de noções e informa- ções conceituais. LC | Página 73 As 336 + | ENEM 2014 O texto abaixo serve de base resolutiva para as questões 220 e 221. Hino Nacional Precisamos descobrir o Brasil! Escondido atrás das florestas, com a água dos rios no meio, o Brasil está dormindo, coitado. 05 Precisamos colonizar o Brasil. Precisamos educar o Brasil. Compraremos professôres e livros, assimilaremos finas culturas, abriremos ‘dancings’ e 10 [subconvencionaremos as elites. O que faremos importando francesas muito louras, de pele macia alemãs gordas, russas nostálgicas para ‘garçonettes’ dos restaurantes noturnos. 15 E virão sírias fidelíssimas. Não convém desprezar as japonêsas... Cada brasileiro terá sua casa com fogão e aquecedor elétricos, piscina, salão para conferências científicas. 20 E cuidaremos do Estado Técnico. Precisamos louvar o Brasil. Não é só um país sem igual. Nossas revoluções são bem maiores do que quaisquer outras; nossos erros 25 [também. E nossas virtudes? A terra das sublimes [paixões... os Amazonas inenarráveis... os incríveis [João-Pessoas... 30 Precisamos adorar o Brasil! Se bem que seja difícil caber tanto oceano [e tanta solidão no pobre coração já cheio de [compromissos... 35 se bem que seja difícil compreender o que [querem êsses homens, por que motivo êles se ajuntaram e qual a [razão de seus sofrimentos. Precisamos, precisamos esquecer o Brasil! 40 Tão majestoso, tão sem limites, tão [despropositado, ele quer repousar de nossos terríveis [carinhos. O Brasil não nos quer! Está farto de nós! 45 Nosso Brasil é o outro mundo. Êste não é o [Brasil. Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os [brasileiros? Carlos Drummond de Andrade QUESTÃO 220 Podemos depreender da leitura do texto que A “Escondido” (v. 2) pode ser substituído por “olvidado” sem modificação de sentido. B “Fidelíssimas” (v. 15) não tem o mesmo radical de “fi- delidade” e de “fidedigno”. C “Piscina” (v. 18) tem o mesmo radical de “piscicultura”, mas não possui a mesma raiz, no referente à piscina. D “Bem” (v. 31) tem valor de superlativo. E O texto não foi transcrito em obediência à ortografia vi- gente e com uma clara inovação textual com base na mensagem. QUESTÃO 221 Obsevando os aspectos linguísticos e gramaticais, podemos concluir que A “fidelíssimas”(v.15) é superlativo analítico, seu equiva- lente sintético é “muito fiéis”. B “elétricos” (v.18) está se referindo aos dois substanti- vos antecedentes, teria o mesmo efeito se usado no singular. C “inenarráveis” (v.28) significa, originalmente, “o que não pode ser narrado”, pode ser substituído aqui por “sofismático”. D “difícil”, (v.31) a ideia de superlativo pode ser dada pelo infixo “-imo”, na linguagem erudita, ou pela repetição (“difícil, difícil”), na linguagem coloquial. E “sem igual” (v.22) não tem o mesmo valor semântico de “ímpar”. QUESTÃO 222 O rolé do rolezinho O “rolé” se transformou em “rolezinho” em evolução tão rápida quanto o giro incontrolável das redes sociais Por Josué Machado. Enquanto se discute se os participantes dos rolezinhos são rebeldes com ou sem causa, pode-se discutir o significado e a origem da palavra que nomeia o fenômeno. Só não há dúvida de que a internet, ao alcance de todas as classes sociais, é o instrumento para promover os encontros. LC | Página 74 As 336 + | ENEM 2014 Parece também inevitável que, num encontro temperado por correrias, haja um ou outro descontrole, coisa que independe do nível socioeconômico da moçada. Enfim, o “rolezinho” é uma torrente repentina no curso até então sereno de algum lugar ocupado por outras classes sociais. É diminutivo de “rolé”, assim, com acento agudo, como registram os dicionários. “Rolé” é parônima de “rolê”. Convém lembrar que palavras parônimas pouco diferem uma da outra na grafia ou na pronúncia. “Rolé” significa pequeno passeio, volta. É substantivo usado só na locução “Dar um rolé”, isto é, dar um passeio, uma volta, um giro por aí. Pronuncia-se com [é] aberto. Antes de 1971, seria escrito “rolèzinho”, com o acento grave suprimido na reforma daquele ano. O acento nada importante eliminava raras dúvidas de pronúncia porque marcava a vogal subtônica dos vocábulos derivados em que figura o sufixo “-mente” ou sufixos iniciados por [z]. Assim: “pàzinha”, “cafèzinho”, “sòmente” etc. Fonte: http://revistalingua.uol.com.br/textos/101/o-role-do-rolezinho-308061-1.asp Acesso em 5/4/14. O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista brasileira de língua portuguesa. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se as marcas linguísticas próprias do uso A técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos. B coloquial, por meio do registro de informalidade. C oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade. D regional, pela presença de léxico de determinada re- gião do Brasil. E literário, pela conformidade com as normas da gramática. QUESTÃO 223 “Certas instituições encontram sua autoridade na palavra divina. Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através desua boca. Suas qualidades pessoais importam pouco. Quando prevaricam, eles são punidos no inferno, como aconteceu, na opinião de muita gente boa, com o Papa Bonifácio VIII, simoníaco reconhecido. Mas o carisma é da própria Igreja, não de seus ministros. A prova de que ela é divina, dizia um erudito, é que os homens ainda não a destruíram. Outras associações humanas, como a universidade, retiram do saber o respeito pelos seus atos e palavras. Sem a ciência rigorosa e objetiva, ela pode atingir situações privilegiadas de mando, como ocorreu com a Sorbonne. Nesse caso, ela é mais temida do que estimada pelos cientistas, filósofos, pesquisadores. Jaques Le Goff mostra o quanto a universidade se degradou quando se tornou uma polícia do intelecto a serviço do Estado e da Igreja. As instituições políticas não possuem nem Deus nem a ciência como fonte de autoridade. Sua justificativa é impedir que os homens se destruam mutuamente e vivam em segurança anímica e corporal. Se um Estado não garante esses itens, ele não pode aspirar à legítima obediência civil ou armada. Sem a confiança pública, desmorona a soberania justa. Só resta a força bruta ou a propaganda mentirosa para amparar uma potência política falida. O Estado deve ser visto com respeito pelos cidadãos. Há uma espécie de aura a ser mantida, através do essencial decoro. Em todas as suas falas e atos, os poderosos precisam apresentar-se ao povo como pessoas confiáveis e sérias. No Executivo, no Parlamento e, sobretudo, no Judiciário, esta é a raiz do poder legítimo. Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido estrito, administrando as atividades sociais, econômicas, religiosas, etc. Sem ela, os governantes são reféns das oligarquias instaladas no próprio âmbito do Estado. Essas últimas, sugando para si o excedente econômico, enfraquecem o Estado, tornando-o uma instituição inane.” (Roberto Romano, excerto do texto Salários de Senadores e legitimidade do Estado, publicado na Folha de São Paulo, 17/10/1994, 1¡. caderno, página 3) As argumentações textuais se constroem em participação efetiva ou passiva dos seus interlocutores. Encontramos a passividade no ponto textual abaixo em A As instituições políticas não possuem nem Deus nem a ciência como fonte de autoridade. B Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido estrito, administrando as atividades sociais, econômicas, religiosas, etc. C Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através de sua boca. D Só resta a força bruta ou a propaganda mentirosa para amparar uma potência política falida. E ”... os governantes são reféns das...” QUESTÃO 224 Leia o fragmento abaixo de O coronel e o lobisomem, de José Cândido de Carvalho. O coronel e o lobisomem “Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem – era sexta-feira. (...) Já um estirão era andado quando, numa roça de mandioca, adveio aquele figurão de cachorro, uma peça de vinte palmos de pelo e raiva. (...) Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de consciência, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: – São Jorge, Santo Onofre, São José! Em presença de tal apelação, mais brabento apareceu a peste. Ciscava o chão de soltar terra e macega no longe de dez braças ou mais. Era trabalho de gelar qualquer cristão que não levasse o nome de Ponciano de Azevedo Furtado. Fonte: http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2011/01/o-coronel-e-o-lobisomem.html Acesso em 3/4/14. LC | Página 75 As 336 + | ENEM 2014 Através do uso de expressões como “devocioneiro” e “brabento”, podemos afirmar que há, no texto de José Cândido, A gírias, que compõem uma linguagem originada em de- terminado grupo social e que podem vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. B regionalismos, por serem palavras comuns de uma de- terminada região geográfica. C estrangeirismos, usos de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. D neologismos, criações de novos itens linguísticos, pe- los mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. E termos técnicos, dados que designam elementos de uma área específica de atividade. QUESTÃO 225 Os poetas Maciel Monteiro, do século XIX, e Ferreira Gullar, contemporâneo, escolhem o mesmo tema para compor seus poemas: a beleza da mulher amada. No entanto, o distanciamento temporal dos dois autores revela uma grande diferença nas maneiras de olhar a figura feminina e de construir seus textos. Essa diferença reside no fato de Maciel Monteiro A escolher uma forma tradicional, construindo um ideal dis- tanciado de beleza e Ferreira Gullar criar certo humor ao aliar a figura feminina ao contexto político a qual pertence. B eleger elementos considerados de alto valor, como a natu- reza e a arte, para compor a imagem feminina e Ferreira Gullar utiliza imagens consideradas menores que, ao invés de enaltecer, acabam diminuindo a beleza da mulher. C usar vocabulário raro para mostrar o caráter divino da beleza feminina e Ferreira Gullar preferir termos colo- quiais para mostrar que a beleza feminina pode ser re- velada na banalidade. D seguir regras redigidas de métrica e rima para enaltecer a figura feminina e Ferreira Gullar preferir a liberdade formal para construir a imagem distanciada da beleza da mulher amada. E utilizar recursos de linguagem incomuns para compor a forma poética que escolhe a fim de enaltecer a mulher amada e Ferreira Gullar ser coerente à liberdade formal para descrever sua figura feminina. QUESTÃO 226 O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas em 1981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo A painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento, renunciando à realidade, colocando-se em plano frontal ao espectador. B horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exemplo brutal de crueldade do ser humano. C uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado com o volume, a perspectiva e a sensação escultórica. D esfacelamento dos objetos abordados na mesma nar- rativa, minimizando a dor humana a serviço da objetivi- dade, observada pelo uso do claro-escuro. E uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente, de forma fotográfi- ca livre de sentimentalismo. QUESTÃO 227 Para que a homenagem prestada ao Dia Internacional da Mulher seja intensificada, associando-a com a imagem do banco, o texto verbal deve ser reordenado. Assinale a alternativa que apresenta a melhor reordenação, na ordem crescente de importância. A O primeiro banco a ter mulheres como clientes. O único banco brasileiro com o nome feminino. Um dos primei- ros bancos a contratar mulheres. B O único banco brasileiro com nome feminino. O primei- ro banco a ter mulheres como clientes. Um dos primei- ros bancos a contratar mulheres. C Um dos primeiros bancos a contratar mulheres. O pri- meiro banco a ter mulheres como clientes. O único ban- co brasileiro com o nome feminino. D O primeiro banco a ter mulheres como clientes. Um dos primeiros bancos a contratar mulheres. O único banco com o nome feminino. E O único banco brasileiro com nome feminino. Um dos primeiros bancos a contratar mulheres. O primeiro ban- co a ter mulheres como clientes. LC | Página 76 As 336 + | ENEM 2014 QUESTÃO 228 Washington, 25 de setembro de 1954. Fernando, estou com a impressão meio inventada de
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