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Alessandra Daiana Schinaider Érik Álvaro Fernandes Leandro Salatti dos Santos (Orgs.) GERENCIAL Contabilidade CONTABILIDADE GERENCIAL AlessAndrA dAiAnA schinAider Érik ÁlvAro FernAndes leAndro sAlAtti dos sAntos (orgs.) 1ª edição JAneiro | 2020 Universidade La Salle Canoas | Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 | ead@unilasalle.edu.br C759 Contabilidade gerencial / Alessandra Daiana Schinaider, Érik Álvaro Fernandes, Leandro Salatti dos Santos (orgs.). – Canoas, RS : Universidade La Salle EAD, 2020. 122 p. : il. ; 30 cm. – (Gestão e negócios) Bibliografia. 1. Contabilidade. 2. Contabilidade gerencial. 3. Métodos quantitativos. 4. Análise contábil. 5. Custo. I. Schinaider, Alessandra Daiana. II. Fernandes, Érik Álvaro. III. Santos, Leandro Salatti dos. IV. Série. CDU: 657.05 Bibliotecário Samarone Guedes Silveira - CRB 10/1418 Gestão Universidade Gestão EaD Reitor Diretora de Graduação Diretor de Marketing e Relacionamento Procuradora Jurídica Assessor de Assuntos Interinstitucionais e Internacionais Chefe de Gabinete Coordenador da Área de Educação e Cultura Coordenador da Área de Gestão e Negócios Coordenadora da Área de Inovação e Tecnologia Coordenador dos Cursos de Adm., Processos Ger e Logística. Coordenadora do Curso Gestão de Recursos Humanos Coordenador dos Cursos Gestão Com., Gestão Fi n. e Marketing Coordenadora do Curso de Pedagogia Coordenadora do Curso de Serviço Social Coordenadora do Curso de Letras Coordenador do Curso de Engenharia da Produção Coordenador do Curso de Análise e Desenv de Sistemas. Prof. Dr. Paulo Fossati - Fsc Cleiton Bierhals Decker Michele Wesp Cardoso Prof. Dr. Jefferson Marlon Monticelli Prof. Dr. Renaldo Vieira de Souza . Prof. Dr. Daniel Silva Achutti Profª. Drª Ingridi Vargas Bortolaso Prof. Me. Carlos Eduardo dos Santos Sabrito Profª. Drª. Denise Macedo Ziliotto Profª. Me. Patrícia Coelho Motta de Souza Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Vargas Profª. Drª Hildegard Susana Jung Profª. Drª. Michelle Bertoglio Clos Profª. Drª. Lucia Regina Lucas da Rosa Prof. Dr. José Rogério Vidal Profª. Drª. Tatiana Vargas Maia Prof. Me. Rafael Pieretti de Oliveira Prof. Me. Mozart Lemos de Siqueira Diretor Coordenadora Pedagógica Coordenador de Produção Michele de Mattos Kreme Coordenações Acadêmicas Equipe de Produção EaD Anderson Cordova Nunes Arthur Menezes de Jesus Bruno Giordani Faccio Daniela dos S. Cardoso Daniele Balbinot Érika Konrath Toldo Évelyn Rocha de Araujo Gabriel Esteves de Castro Gabriel da Silva Sobrosa Guilherme P. Rovadoschi Ingrid Rais da Silva Jorge Fabiano Mendez Nathália N. dos Santos S.. Patrícia Menna Barreto Tiago Konrath Araujo Prof. Dr. Cledes Casagrande - Fsc Vitor Benites Profª. M.ª Cristiele Magalhães Ribeiro Prof. Dr. Mario Augusto Pires Pool Prof. Me. Márcio Leandro Michel Profª. Dr.ª Patricia Kayser Vargas Mangan Patrick Ilan Schenkel Cantanhede Prof. Dr. José Alberto Miranda Vice-Reitor, Pró-Reitor de Pós-grad., Pesq. e Extensão e Pró-Reitor de Graduação Pró-Reitor de Administração Diretor da Educação a Distância Diretor de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu Diretor Administrativo Assessor de Inovação e Empreendedorismo Prof. Dr. Mario Augusto Pires Pool Prof. Dr. Jonas Rodrigues Saraiva Coordenador da Área de Direito e Política Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis Coordenador do Curso de Educação Física Coordenadora do Curso de História Prof. Dr. Renato Ferreira Machado Prof. Me. Sílvio Denicol Júnior Prezado estudante, A equipe de gestão da EaD LaSalle sente-se honrada em entregar a você este material didático. Ele foi produzido com muito cuidado para que cada Unidade de estudos possa contribuir com seu aprendizado da maneira mais adequada possível à modalidade que você escolheu para estudar: a modalidade a distância. Temos certeza de que o conteúdo apresentado será uma excelente base para o seu conhecimento e para sua formação. Por isso, indicamos que, conforme as orientações de seus professores e tutores, você reserve tempo semanalmente para realizar a leitura detalhada dos textos deste livro, buscando sempre realizar as atividades com esmero a fim de alcançar o melhor resultado possível em seus estudos. Destacamos também a importância de questionar, de participar de todas as atividades propostas no ambiente virtual e de buscar, para além de todo o conteúdo aqui disponibilizado, o conhecimento relacionado a esta disciplina que está disponível por meio de outras bibliografias e por meio da navegação online. Desejamos a você um excelente módulo e um produtivo ano letivo. Bons estudos! Gestão de EaD LaSalle APRESENTAÇÃO APRESENTANDO OS ORGANIZADORES Alessandra Daiana Schinaider Atua na empresa Bonsai Consultoria, credenciada pelo Sebrae, prestando consultoria nas áreas de Inovação, Marketing e Vendas e Gestão de Pessoas. Atuou no programa Agentes Locais de Inovação (SEBRAE/CNPq), com o objetivo de difundir a cultura de inovação nas Empresas de Pequeno Porte do setor de indústria, comércio e serviços da Região Metropolitana de Porto Alegre. Pós-graduada em Gerenciamento de Projetos pela FAMEV. Personal e Professional Coach e Leader Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching. Mestra em Desenvolvimento Rural (PGDR), pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Possui graduação em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria - Campus Palmeira das Missões/RS (2015). Foi Destaque Acadêmica Bacharel em Administração pela UFSM. Em 2016, teve dois artigos que receberam Menção Honrosa ao Prêmio Professor Sérgio Escorsim do 29º Congresso Internacional de Administração. Tem interesse nas áreas de Desenvolvimento Humano, Coaching e Liderança, Empreendedorismo, Planejamento Estratégico, Gestão da Inovação, Consciência Ambiental, Valores Humanos Motivacionais, Desenvolvimento Rural Sustentável. Érik Álvaro Fernandes Discente de Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Bacharel em Administração (2013) e Licenciado em Matemática (2006), ambos pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem experiência de 2 anos no ensino superior em instituições privadas, lecionando nas disciplinas de Teoria Geral da Administração, Administração da Produção, Gestão Logística e de Materiais, Administração de Marketing, Empreendedorismo, Gestão de Sistemas de Informação, Estatística e Ética e Responsabilidade Socioambiental. Atuou como tutor EaD do curso de Gestão Pública da UEL e Coordenador de Tutoria EaD do curso de Gestão Pública da UFRGS. Atua como Capacitador Técnico e Educador Social no Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo, desenvolvendo o projeto Centro de Recondicionamento de Computadores do Zenit - Parque Científico e Tecnológico da UFRGS. Contabilidade Gerencial Leandro Salatti dos Santos Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Luterana do Brasil - ULBRA (1992), Especialização em Contabilidade Avançada pela Fundação Getúlio Vargas - FGV (1997), MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral - FDC (2001) e Mestre em Economia, com ênfase em Controladoria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2005). Professor por mais de 15 anos, das disciplinas de Contabilidade Geral e Introdutória, Contabilidade de Custos, Fundamentos de Gestão Financeira e Auditoria nas Universidades Univates, UCS e Unilasalle. Atualmente atua como professor conteudista do programa de Ensino a Distância - EAD da Universidade La Salle. Seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade Gerencial. Neste livro iremos estudar os temas que envolvem a natureza da Contabilidade Gerencial; lucro empresarial e variação de preços; alavancagem operacional, financeira e combinada; informaçõescontábeis para decisões especiais; aplicação de métodos quantitativos na Contabilidade Gerencial; orçamento operacional, financeiro e de capital; níveis de mensuração do resultado: por cliente, por unidade de negócio, grupos de produtos; análise divisional/ preço de transferência interna; decisões com base em custos: lançamentos ou exclusão de produtos; atividades não rotineiras; e a formação do preço de venda. Ao longo de nossa caminhada, vamos compreender as operações contábeis de uma empresa; o uso de métodos quantitativos no auxílio para tomada de decisões mais assertivas; o desenvolvimento de relatórios contábeis; a avaliação de resultados e custos da contabilidade gerencial; e a capacidade de desenvolver a formação do preço de venda de produto/serviço de uma empresa. Na Unidade 1 (Caracterização da Contabilidade Gerencial), você irá entender o sistema da contabilidade gerencial através de conceitos importantes da área. Na Unidade 2 (Aplicação de métodos quantitativos na Contabilidade Gerencial), você irá conhecer os métodos quantitativos aplicados na contabilidade. Na Unidade 3 (Análise dos resultados contábeis), você irá compreender as etapas de uma análise de relatórios contábeis aplicados no gerenciamento de um negócio. E, por fim, na Unidade 4 (Custos: decisões estratégicas na contabilidade), você irá conhecer os métodos de custos que podem ser aplicados no processo gerencial e que podem afetar nas decisões estratégicas da empresa. Bons estudos! APRESENTANDO A DISCIPLINA Sumário UNIDADE 1 Caracterização da Contabilidade Gerencial ..............................................................................................................9 Objetivo Geral ............................................................................................................................................................9 Objetivos Específicos ................................................................................................................................................9 Questões Contextuais .................................................................................................................................................9 1.1 Contabilidade Gerencial: Conceitos e Aplicações ................................................................................................ 10 1.1.1 Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira: Principais Diferenças ...............................................................12 1.1.2 Contador Gerencial ..................................................................................................................................................14 1.2 Lucro Operacional ................................................................................................................................................. 18 1.2.1 Cálculo ....................................................................................................................................................................19 1.3 Alavancagem ......................................................................................................................................................... 22 1.4 Tomada de Decisão ............................................................................................................................................... 25 Síntese da unidade ...................................................................................................................................................27 Referências ...............................................................................................................................................................28 UNIDADE 2 Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial ..........................................................................31 Objetivo Geral ..........................................................................................................................................................31 Objetivos Específicos ..............................................................................................................................................31 Questões Contextuais ...............................................................................................................................................31 2.1 Métodos Quantitativos: Conceitos e Tipologias ................................................................................................... 32 2.1.1 Estatística Descritiva ...............................................................................................................................................35 2.1.2 Teoria da Probabilidade ...........................................................................................................................................36 2.1.3 Estatística Inferencial ou Amostragem .....................................................................................................................36 2.1.4 Tipologias dos Métodos Quantitativos ......................................................................................................................38 2.2 Orçamento ............................................................................................................................................................. 40 2.2.1 Orçamento Operacional ...........................................................................................................................................42 2.2.2 Orçamento Financeiro .............................................................................................................................................44 2.2.3 Orçamento de Capital ..............................................................................................................................................45 2.3 Métodos Quantitativos: Aplicação Prática ........................................................................................................... 46 2.3.1 Matriz de Decisão....................................................................................................................................................47 2.3.2 Teste de Hipóteses ..................................................................................................................................................48 2.3.3 Regressão Linear ....................................................................................................................................................50 2.3.4 Programação Linear ................................................................................................................................................53 Síntese da unidade ...................................................................................................................................................55 Referências ...............................................................................................................................................................56 UNIDADE 3 Análise dos Resultados Contábeis ...........................................................................................................................57 Objetivo Geral ..........................................................................................................................................................57 Objetivos Específicos ..............................................................................................................................................57 Questões Contextuais ...............................................................................................................................................57 3.1 Introdução ............................................................................................................................................................. 58 3.2 Os Níveis de Apuração de Resultados ..................................................................................................................59 3.2.1 Finalidades da Contabilidade por Responsabilidade .................................................................................................60 3.2.2 Departamentalização ...............................................................................................................................................61 3.2.3 Gastos Controláveis e Gastos não Controláveis ........................................................................................................63 3.3 Análise dos Resultados Divisionais ...................................................................................................................... 65 3.4 Análise dos Preços de Transferência Interna ....................................................................................................... 67 3.4.1 Preço de Transferência com Base no Custo .............................................................................................................68 3.4.2 Preço de Transferência com Base no Preço de Mercado ..........................................................................................70 3.4.3 Diferença Entre os Métodos de Custos e de Mercado ..............................................................................................72 Síntese da unidade ...................................................................................................................................................80 Referências ...............................................................................................................................................................81 UNIDADE 4 Decisões Estratégicas na Contabilidade .................................................................................................................83 Objetivo Geral ..........................................................................................................................................................83 Objetivos Específicos ..............................................................................................................................................83 Questões Contextuais ...............................................................................................................................................83 4.1 A Abordagem de Custos no Processo Decisório das Empresas .......................................................................... 84 4.1.1 Terminologias Utilizadas na Contabilidade de Custos ...............................................................................................85 4.2 Classificação dos Custos ...................................................................................................................................... 90 4.2.1 Direcionadores de Custos ........................................................................................................................................91 4.2.2 Comportamento dos Custos Fixos ............................................................................................................................92 4.2.3 Métodos de Custeio .................................................................................................................................................93 4.2.4 Custeio Variável ou Direto ........................................................................................................................................94 4.2.5 Margem de Contribuição .........................................................................................................................................96 4.2.6 Análise Custo-Volume-Lucro..................................................................................................................................102 4.3 Formação do Preço de Venda ............................................................................................................................. 110 4.3.1. Formação do Preço de Venda a Partir dos Custos ..................................................................................................111 4.3.2 Aplicação de Markups ..........................................................................................................................................113 4.3.3 Markup Aplicado sobre o Método de Custeio por Absorção ....................................................................................113 4.3.4 Markup Aplicado sobre o Metodo de Custeio Variável ............................................................................................118 Síntese da unidade .................................................................................................................................................119 Referências .............................................................................................................................................................121 Caracterização da Contabilidade Gerencial Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Entender o sistema da Contabilidade gerencial através de conceitos importantes da área. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Compreender a natureza da Contabilidade Gerencial; • Entender o conceito e cálculo do lucro operacional e as variações de preço em uma empresa; • Diferenciar os tipos de alavancagem: operacional, financeira e combinada; • Analisar informações contábeis para auxiliar na tomada de decisão na Contabilidade Gerencial. QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. O que é a Contabilidade Gerencial? 2. Qual sua aplicabilidade perante às organizações? 3. Como se dá o cálculo do lucro operacional? 4. O que é alavancagem e quais os tipos aplicados às organizações? 5. De que forma a contabilidade pode auxiliar no processo decisório? unidade 1 CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes10 1.1 Contabilidade Gerencial: Conceitos e Aplicações Diretamente associada à tomada de decisão, a Contabilidade Gerencial configura o processo de identificação, mensuração, análise e comunicação de informações financeiras à administração, visando a assertividade das decisões e o desenvolvimento da organização. Figura 1.1 – Tomada de Decisão. Fonte: Freepik (2019). Voltada essencialmente ao público interno da organização, a Contabilidade Gerencial surgiu com o propósito de subsidiar os níveis tático e estratégico, direcionando- os no que tange ao controle e tomada de decisão. Para Atkinson et al. (2000, p. 32), trata-se da “identificação, mensuração, comunicação e análise dos diferentes eventos econômicos das empresas”. Sua relevância, nesse sentido, está atrelada à geração e gerenciamento de informações, de desempenho e performance. No que tange ao desenvolvimento histórico da Contabilidade Gerencial, Padoveze (1999), a partir da International Federation of Accountants, destaca a existência de quatro estágios, mencionados e detalhados no Quadro 1.1. Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 11 Quadro 1.1 – Estágios da Contabilidade Gerencial. Estágio Período Objetivo 1 Anterior à 1950 Determinação do custo e controle financeiro. 2 1965 (aproximado) Fornecimento de informação para o controle e planejamento gerencial. 3 1985 (aproximado) Redução do desperdício de recursos usados nos processos organizacionais. 4 1995 (aproximado) Geração ou criação de valor através do uso efetivo dos recursos. Fonte: Padoveze (1999, p. 2). Como pode ser observado no Quadro 1.1, os estágios evolutivos referentes à Contabilidade Gerencial se deram a partir de 1965, de modo que, anteriormente, o foco era apenas a determinação do custo e do próprio controle financeiro. Ainda, segundo a International Federationof Accountants (2000), a cada evolução da Contabilidade Gerencial percebe-se um novo conjunto de condições e exigências das quais as organizações são expostas. Atualmente, a Contabilidade Gerencial é vista como parte integral do processo de gestão, capaz de agregar valor ao processo gerencial e nortear as decisões nos níveis tático e estratégico. Utilizada também para fins comparativos, a Contabilidade Gerencial dá condições para que as empresas analisem seu desempenho perante a concorrência e formule suas próprias estratégias de desenvolvimento, permitindo a construção de uma perspectiva de médio e longo prazo. Assim, e de maneira abrangente, as funções da informação gerencial contábil, segundo Atkinson et al. (2000), podem ser condensadas em: A International Federation of Accountants (IFA) se caracteriza como a organização global da profissão contábil, composta por mais de 175 organizações associadas e atuante em 130 países. Saiba mais em: http://gg.gg/fqimk. SAIBA MAIS CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes12 • Controle Operacional - informação sobre a eficiência e qualidade das tarefas executadas; • Controle Administrativo - informação sobre o desempenho de gerentes e unidades operacionais; • Controle Estratégico - informação sobre o desempenho financeiro, tais como movimento do mercado, percepções e preferências dos clientes, inovações tecnológicas, entre outros. 1.1.1 Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira: Principais Diferenças A Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira são pilares essenciais à boa administração. Embora compartilhem das mesmas bases teóricas, cada qual possui características próprias, compatíveis com seu escopo e dimensão. Figura 1.2 – Contabilidade Gerencial versus Contabilidade Financeira. Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2019). Julgada como essencial ao bom desenvolvimento das organizações, independentemente de seu porte ou ramo de atuação, a Contabilidade Gerencial se difere da Contabilidade Financeira em diversos aspectos - que serão explorados no tópico seguinte. DESTAQUE Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 13 Segundo Iudícibus (2008), a principal diferença entre a Contabilidade Gerencial e a Financeira está no público-alvo. Enquanto a Contabilidade Gerencial restringe-se ao público interno e dedica-se a apoiar o processo decisório; a Contabilidade Financeira visa, principalmente, o público externo, atendendo a legislação societária e fiscal. Outro ponto a ser destacado é o período das análises. Enquanto a Contabilidade Gerencial possibilita uma perspectiva de futuro, norteando as próximas ações e estratégias da empresa, a Financeira concede uma visão histórica, restringindo-se aos fatos passados. De maneira concreta, a Contabilidade Financeira é norteada por uma série de determinações legais e estruturais, e seu principal produto são os relatórios contábeis, entre os quais: Balanço Patrimonial, Demonstrativo de Resultado do Exercício - (DRE) e Demonstrativo de Fluxo de Caixa - (DFC). A Contabilidade Gerencial, por outro lado, considera toda e qualquer informação (interna e externa) que auxilie na tomada de decisão e delineamento de estratégias, como orçamentos, relatórios de desempenho, relatórios de custos, contabilidade por responsabilidade, entre outros. Demarcadas por diferentes conceitos e pela própria legislação, estas vertentes da contabilidade apresentam uma série de especificidades. O Quadro 1.2 apresenta uma visão geral destas especificidades. Quadro 1.2 – Diferenças entre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial. Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial Usuários Público Externo – governo, acionistas, credores etc. Público Interno – administradores, gerentes e demais colaboradores. Objetivo Reportar o desempenho financeiro da organização. Fomentar a tomada de decisão e o direcionamento estratégico da organização. Temporalidade Histórica. Corrente. Tipo de Informação Financeiras, somente. Financeiras, processuais, tecnológicas, de desempenho, de clientes, de fornecedores, de parceiros, entre outras. Natureza da Informação Objetiva, auditável, confiável, consistente e precisa. Subjetiva, válida, relevante e acurada. Frequência de Relatórios Periodicamente, conforme o relatório exigido. Periodicamente, conforme a necessidade da organização. Restrições Princípios contábeis. Necessidades gerenciais. Fonte: Coronado (2006); Crepaldi (2012); Iudícibus (2008); Padoveze (1999). CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes14 Conceituada a Contabilidade Gerencial e compreendidas as diferenças entre suas vertentes, abordaremos a seguir o Contador Gerencial. 1.1.2 Contador Gerencial De maneira geral, cabe ao contador “pesquisar, analisar e discernir a par de muito bom senso, todo o sistema de informações econômico-financeiro e patrimonial das Entidades”. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2019, p. 2). Importante mencionar que o rol de atribuições, bem como a definição dos princípios contábeis e sua respectiva abrangência, estão circunstanciados na Resolução n. 560, de 28 de outubro de 1983, do Conselho Federal de Contabilidade que, por sua vez, apoiou-se no Decreto- lei n° 9.295, de 27 de maio de 1946 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1983). No que tange, especificamente, à Contabilidade Gerencial, Marion e Ribeiro (2015) afirmam que: O contador gerencial é definido pela International Federation of Accountants como: profissional que identifica, mede, acumula, analisa, prepara, interpreta e relata informações (tanto financeiras quanto operacionais) para uso da administração de uma empresa, nas funções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades e para assegurar o uso apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos. (MARION; RIBEIRO, 2015, p. 25). Dadas as afirmações anteriores, observa-se significativa distinção entre o papel do contador e do contador gerencial, principalmente quanto ao tipo de informação manuseada e analisada por estes profissionais. A profissão de Contador, tal como a criação do Conselho Federal de Contabilidade, foi instituída e regulamentada em 1946, por meio do Decreto- Lei n. 9.295, assinado pelo então Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra. Fonte: Brasil (1946). Disponível em: http://gg.gg/fqioh. DESTAQUE Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 15 Figura 1.3 – Contador Gerencial: informações. Fonte: Freepik (2019). Também chamado de Controller, o Contador Gerencial é conhecido como imprescindível ao bom desenvolvimento das organizações. Isso porque, a informação por ele compartilhada tem o poder de direcionar as ações da empresa e permitir que os resultados almejados sejam alcançados (FREITAS; LUNKES, 2010). Assim, é importante que o profissional responsável pela Contabilidade Gerencial seja regido pela ética e bom senso, destacando-se por sua competência, confidencialidade e credibilidade. Corroborando à ideia mencionada, Garrison, Noreen e Brewer (2013) reafirmam a ética como norteadora do trabalho e reiteram que o Contador Gerencial deve se comprometer com os seguintes quesitos: a) manter um alto nível de competência profissional; b) tratar questões sensíveis com confidencialidade; c) manter a integridade pessoal; e d) divulgar informações de maneira confiável. CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes16 Figura 1.4 – Contador Gerencial: ética como norteadora do trabalho. Fonte: Pixabay (2019). Nesse contexto, os autores Garrison, Noreen e Brewer (2013) citam a Declaração da Prática Profissional Ética (Statement of Ethical Professional Practice), adotada pelo Institute of Management Accountants, dos Estados Unidos, que detalha as responsabilidades éticas dos contadores gerenciais. De maneira abrangente e, além da ética, tem-se como características de um Contador Gerencial, segundo Cardoso et al.(2010): • Alta qualificação; • Profundo conhecimento dos princípios contábeis; • Conhecimento de tecnologias sofisticadas; • Padrão de exigência; • Domínio de operações virtuais; • Desburocratização; Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 17 • Equipe de trabalho de alta confiança; • Automotivação; • Poder de negociação; • Persuasão; • Coragem; • Alta produtividade; • Poder de democratização; • Comunicação assertiva; • Comprometimento. Em resumo, espera-se um profissional qualificado, de maneira teórica e prática, preciso e que aja em defesa dos interesses da empresa, suprindo a necessidade de informação dos gestores e participando ativamente do processo decisório. Caracterizada a figura do Contador Gerencial, ou Controller, abordaremos o Lucro Operacional no próximo tópico. CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes18 1.2 Lucro Operacional Segundo Endeavor (2015, p. 1), “conhecer o lucro operacional da sua empresa é ter a dimensão exata da rentabilidade que ela oferece com as suas operações”. Isso porque, para se chegar a este resultado é preciso excluir todas as despesas inerentes à operação ou manutenção da organização. Figura 1.5 – Lucro Operacional. Fonte: Freepik (2019). Trata-se, segundo o Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018 (BRASIL, 2018), do resultado das atividades, principais ou acessórias, que constituam objeto da pessoa jurídica. Em outros termos, o Lucro Operacional é o lucro que vem, exclusivamente, da operação da empresa, descontando o rol de despesas relativas à organização. O Lucro Operacional também é conhecido como LAJIR (lucro antes dos juros e imposto de renda) ou EBIT (earnings before interest and taxes). Fonte: Endeavor (2015). DESTAQUE Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 19 A importância de sua mensuração, segundo Crepaldi (2012), está na capacidade de avaliar a geração de receita da empresa, considerando o peso e relevância das despesas. Diante disso, apresenta-se a estruturação e exemplificação do cálculo. 1.2.1 Cálculo Para calcular o Lucro Operacional, devemos conhecer essencialmente três valores principais: o lucro bruto, as despesas operacionais e as receitas operacionais, especificados a seguir: • Lucro bruto, primeiramente, é o resultado das vendas realizadas pela empresa; • Despesas operacionais são aquelas relacionadas à atividade primária da empresa, como devoluções, descontos e impostos; • Receitas operacionais constituem-se de outras receitas que não estejam diretamente ligadas à atividade principal da empresa, como aluguel de imóveis, por exemplo. De maneira detalhada, apresenta-se o seguinte cálculo: Quadro 1.3 – Cálculo Detalhado. Receita Operacional Bruta (-) Deduções da Receita Bruta Devoluções de Vendas Descontos sobre Vendas Impostos diretos sobre Vendas (ICMS, PIS/ COFINS, ISS) (=) Receita Operacional Líquida (-) Custos da Mercadoria Vendida ou Serviços Prestados (=) Lucro Operacional Bruto (-) Despesas Operacionais Despesas Comerciais Despesas Administrativas Despesas Operacionais (+) Receitas Operacionais (=) Lucro Operacional Líquido Fonte: Elaborado pelo autor (2019). CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes20 Vejamos um exemplo: Analisando o desempenho de sua empresa no mês de outubro, Vivian encontra as seguintes informações: • Foram vendidos R$ 10.000,00 em peças de informática; • Devolvidos R$ 200,00 em produtos vendidos; • Concedidos R$ 300,00 em descontos; e • Pagos R$ 2.000,00 em impostos. Resultado: Receita Operacional Bruta R$ 10.000,00 (-) Deduções da Receita Bruta Devoluções de Vendas R$ 200,00 Descontos sobre Vendas R$ 300,00 Impostos diretos sobre Vendas R$ 2.000,00 Receita Operacional Líquida R$ 7.500,00 Para avançarmos, considere que o Custo da Mercadoria Vendida é de R$ 1.500,00. Resultado: Receita Operacional Líquida R$ 7.500,00 (-) Custos da Mercadoria Vendida ou Serviços Prestados R$ 1.500,00 Lucro Operacional Bruto R$ 6.000,00 Custo da Mercadoria Vendida, ou CMV, como é popularmente conhecido, é a soma das despesas para produzir e armazenar determinada mercadoria, até que a venda seja realizada. Fonte: Endeavor (2017). SAIBA MAIS Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 21 Ao analisar as despesas, Vivian somou os valores referentes a remuneração dos colaboradores, aluguel, energia, internet e demais despesas e chegou ao total de R$ 2.000,00. Também calculou as receitas operacionais não ligadas à atividade operacional da empresa. Neste caso, o aluguel de um imóvel (ativo não circulante/imobilizado), calculado em R$ 1.000,00. Resultado: Lucro Operacional Bruto R$ 6.000,00 (-) Despesas Operacionais R$ 2.000,00 (+) Receitas Operacionais R$ 1.000,00 Lucro Operacional Líquido R$ 5.000,00 O Lucro Operacional Líquido da empresa de Vivian, portanto, foi de R$ 5.000,00. Figura 1.6 – Cálculo do Lucro Operacional. Fonte: Freepik (2019). A par das informações necessárias, pode-se replicar o cálculo para qualquer organização, independentemente do segmento ou porte. No tópico seguinte, falaremos sobre os diferentes tipos de alavancagem. CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes22 1.3 Alavancagem Alavancar, segundo o Dicionário Houaiss (2019, online), pode ser entendido como “dar impulso a; agir a favor de; favorecer o desenvolvimento de; fazer avançar; fomentar, promover, incentivar”. Figura 1.7 – Alavancagem: senso comum. Fonte: Freepik (2019). Tratando-se da contabilidade, especialmente, o termo alavancar remete à alavancagem. Esta medida, no entanto, consiste na utilização de recursos de terceiros em prol do aumento do lucro sobre o capital próprio. Figura 1.8 – Alavancagem: princípios contábeis. Fonte: Freepik (2019). Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 23 Para Dantas (2005), a alavancagem utilizada pelas empresas, representa o uso de recursos externos, tomados a um custo fixo. Esses recursos são provenientes, em sua grande maioria, de empréstimos, financiamentos ou derivativos. O objetivo principal, através da alavancagem, é investir um pequeno esforço, em detrimento de ganhos consideráveis e exponenciais. Baseada em sua formatação, a alavancagem divide-se em três tipos: operacional, financeira e combinada. Na alavancagem operacional, o recurso utilizado não aumenta os custos fixos da empresa. O recurso é utilizado, por exemplo, para compra de maquinário ou outros ativos que impactem no aumento da produção e/ou vendas, de forma que as receitas sejam superiores aos custos fixos e variáveis. A mensuração do impacto, todavia, é realizada a partir do Grau de Alavancagem Operacional (GAO) estruturado conforme abaixo: Figura 1.9 – Grau de Alavancagem Operacional. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). A alavancagem financeira, por outro lado, é a capacidade da empresa utilizar encargos financeiros fixos para aumentar os efeitos do acréscimo do lucro operacional sobre o lucro líquido (BRAGA, 1992). Ou seja, é o aumento do lucro líquido em relação às despesas financeiras. A mensuração de seu impacto é calculada a partir do Grau de Alavancagem Financeira (GAF), resultante da seguinte equação: Figura 1.10 – Grau de Alavancagem Financeira. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). do Lucro ou Resultado Operacional do Volume de Vendas % % GAO= do Lucro Líquido do Lucro ou Resultado Operacional % % GAF= do Lucro Líquido do Volume de Vendas % % GAC= do Lucro ou Resultado Operacional do Volume de Vendas % % GAO= do Lucro Líquido do Lucro ou Resultado Operacional % % GAF= do Lucro Líquido do Volume de Vendas % % GAC= CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes24 A alavancagem combinada, por fim, pressupõe que todas as empresas possuem custos operacionais fixos e estão sujeitas aos efeitos da alavancagem operacional (VIEIRA et al., 2016). O Grau de Alavancagem Combinada (GAC), apresentado abaixo, mensuraos efeitos dos custos fixos totais sobre o lucro líquido, em virtude das variações nas vendas. Figura 1.11 – Grau de Alavancagem Combinada. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Com grandes chances de potenciar o lucro, a alavancagem deve ser utilizada com cautela e baseada em uma análise criteriosa sobre o movimento da empresa e suas projeções operacionais e de faturamento. Cada tipo de alavancagem apresenta seus próprios riscos, variando de acordo com a natureza do recurso. Mas, atenção, nem todas as empresas estão aptas a realizar este movimento. Entendidos dois dos principais conceitos contábeis (Lucro Operacional e Alavancagem) retornaremos ao objetivo principal da Contabilidade Gerencial: o auxílio à tomada de decisão. do Lucro ou Resultado Operacional do Volume de Vendas % % GAO= do Lucro Líquido do Lucro ou Resultado Operacional % % GAF= do Lucro Líquido do Volume de Vendas % % GAC= Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 25 1.4 Tomada de Decisão Segundo Daft (1999 apud PRÉVE et al., 2010), a tomada de decisão consiste em identificar problemas e oportunidades e, então, resolvê-los. Assim, citam duas categorias para as decisões organizacionais: decisões não programadas e decisões programadas. Figura 1.12 – Tipos de decisões. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Decisões não programadas são aquelas cujos problemas não são bem compreendidos, carentes de estruturação e com tendência singular, fora dos procedimentos sistêmicos e rotineiros. (PRÉVE et al., 2010). Decisões programadas, por outro lado, têm seus problemas compreendidos e fortemente estruturados e, normalmente, não fogem à rotina organizacional. Segmentadas em três níveis, as decisões organizacionais podem ser: operacionais, táticas ou estratégicas, variando conforme o nível organizacional e a necessidade de mobilização. Para todos os níveis hierárquicos e todos os tipos de decisões, um fator torna-se determinante: a informação. Decisões Organizacionais Decisões não Programadas Decisões Programadas CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes26 Figura 1.13 – Informação. Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2019). No contexto em que se aplica, a informação contábil tende a auxiliar a gestão organizacional, fornecendo insumos para que esta tome decisões assertivas e eficazes. Corroborando a ideia apresentada, Lacerda (2006, p. 42) afirma “que o papel da Contabilidade Gerencial é gerar informações ao empresário, para que este tome decisões mais acertadas em tempo hábil”. Utilizando-se de relatórios contábeis e mensurando a efetividade dos recursos internos e externos à organização, a Contabilidade Gerencial promove a melhoria contínua de diversas áreas, especialmente no que se refere ao aperfeiçoamento de recursos. Impactando, por conseguinte, no aumento da rentabilidade, redução de custos operacionais e mudanças tecnológicas. Para Dutra (2009), ao utilizar-se da Contabilidade Gerencial, o gestor terá todas as condições necessárias para trabalhar em prol da lucratividade, agregando valor aos administradores, sócios e acionistas. Conclui-se, portanto, que a Contabilidade Gerencial e seus respectivos relatórios, análises e direcionamentos, cabem a qualquer nível hierárquico e a qualquer organização. Valendo-se de fontes internas e externas, tais informações tendem a garantir maior segurança às decisões tomadas, sobretudo no que se refere ao delineamento de estratégias e a otimização de recursos. Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 27 SÍNTESE DA UNIDADE • A Contabilidade Gerencial configura o processo de identificação, mensuração, análise e comunicação de informações financeiras à administração, visando a assertividade das decisões e o desenvolvimento da organização; • Voltada ao público da organização, tais como administradores, gestores e demais colaboradores, a Contabilidade Gerencial surgiu com o propósito de subsidiar a tomada de decisão, principalmente nos níveis tático e estratégico; • O Lucro Operacional consiste no lucro que vem, exclusivamente, da operação da empresa, descontadas as despesas operacionais; • Por alavancagem, entende-se a utilização de recursos de terceiros, com vistas ao aumento do lucro sobre o capital próprio. Seus tipos são: operacional, financeira e combinada; • Tratando-se especificamente do processo decisório, a Contabilidade Gerencial pode auxiliar a partir de relatórios, baseados em fontes internas e externas, visando a melhoria contínua e a otimização de recursos. CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes28 REFERÊNCIAS ATKINSON, A. A.; BANKER, R. D.; KAPLAN, R. S.; YOUNG, S. M. Management accounting. 2. Ed. New Jersey: Prentice-Hall, 2000. BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1992. BRASIL. Decreto-Lei n. 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras providências. 1946. Disponível em: http://gg.gg/fqivn. Acesso em: 31 out. 2019. BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. 2018. 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Influências das medidas econômicas na competitividade industrial das médias e grandes empresas do setor alimentício dos estados da Bahia, Pernambuco Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Tese (Doutorado em Estratégias Empresariais). Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2001. DICIONÁRIO HOUAISS. Alavancar. 2019. Disponível em: http://gg.gg/fqiwc. Acesso em: 26 out. 2019. DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. ENDEAVOR. CMV: seu produto vendido também tem um custo, você está prestando atenção nisso? 2017. Disponível em: http://gg.gg/fqiwi. Acesso em: 31 out. 2019. Caracterização da Contabilidade Gerencial | UNIDADE 1 29 ENDEAVOR. Lucro operacional: o que é e como calcular? 2015. Disponível em: http://gg.gg/fqiwl. Acesso em: 22 out. 2019. FREITAS, C. L.; LUNKES, R. J. O perfil do controller ou contador gerencial na tomada de decisão: um estudo no setor hoteleiro de Florianópolis. Anais do XVII Congresso Brasileiro de Custos. 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OBJETIVO GERAL Permitir o conhecimento aos alunos dos métodos quantitativos aplicados na contabilidade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Entender a importância e quais são os principais métodos quantitativos aplicados na Contabilidade Gerencial; • Compreender conceitos e a diferença de orçamento operacional, financeiro e de capital; • Aplicar os métodos quantitativos nas empresas de forma assertiva. QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. O que são métodos quantitativos? 2. Quais métodos são aplicados à Contabilidade Gerencial? 3. Em que consiste o orçamento? 4. Quais os tipos de orçamento contemplados pela Contabilidade Gerencial? 5. De que forma ocorre a aplicação dos métodos quantitativos? unidade 2 CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes32 2.1 Métodos Quantitativos: Conceitos e Tipologias Nas ciências e nos estudos, em geral, há o emprego de duas grandes perspectivas de coleta e análise de dados: os chamados métodos quantitativos e qualitativos. Cada um deles compreende um conjunto de ferramentas específicas para lidar com diversas situações de pesquisa do cotidiano. Nesta Unidade vamos focar exclusivamente nos métodos quantitativos, mas é importante que você saiba que há outras possibilidades. Portanto, os métodos quantitativos buscam realizar a análise de dados através da quantificação das informações coletadas e do tratamento delas por meio de técnicas estatísticas (PEREIRA, 2014). Com isso, evitam-se os famosos “achismos” ao apresentar dados concretos que corroboram ou refutam determinada afirmação sobre a posição da organização. Figura 2.1 – Métodos quantitativos. Fonte: Freepik (2019). Na contabilidade, a utilização desse tipo de método tende a facilitar o trabalho do planejamento estratégico, pois retiram-se inferências objetivas dos conjuntos de dados. Em posse desse tipo de informação, a organização pode se antecipar aos concorrentes, prever mudanças no mercado e até projetar e simular decisões. Inclusive, a constante Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 33 integração entre a contabilidade e a estatística têm sido chamada de contabilometria, a qual procura produzir informações relevantes para o desenvolvimento da gestão (PEREIRA, 2014). Outro ponto que pode ser ressaltado no uso dos métodos quantitativos é a possibilidade de diminuir os aspectos subjetivos da decisão, como, evitar os desvios de interpretação de eventos econômicos, entre outros. Vale lembrar que o contexto organizacional geralmente apresenta recursos escassos, o que implica na necessidade de se atingir a eficiência e a eficácia. Como a contabilidade é uma das atividades relacionadas a gestão organizacional, ela também deve ser conduzida de modo a buscar esses efeitos e resultados. Assim, ela também está condicionada a aplicação de métodos quantitativos, como forma de lidar com a tomada de decisão sob condições de incertezas, aprimorando o processo de gestão. Sobre as condições de tomada de decisão, é importante frisar que a decisão tomada sob uma condição de certeza não apresenta qualquer problema, pois há total clareza do contexto e do que precisa ser feito, levando a uma decisão acertada sobre a situação que se interpõe. Porém, no caso de se tomar a decisão sob a condição de incerteza é que reside a maior utilidade dos métodos quantitativos ao atuar na redução justamente da incerteza. Figura 2.2 – Incerteza na tomada de decisão. Fonte: Freepik (2019). CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes34 Nestas condições, não há um único curso de ação a ser tomado, mas sim vários cursos que denotam possibilidades futuras. Cada uma dessas possibilidades fica representada por uma probabilidade de ocorrência, e ao tomador da decisão, cabe a tarefa de optar pelo caminho que traga mais benefícios para a empresa. Nesse sentido, a contabilidade pode oferecer melhores leituras da realidade da organização devido ao seu acesso aos dados da empresa e do mercado. Essa situação fica ainda mais evidente em empresas de menor porte, que não contam com uma área exclusiva de análise de mercado. Por tudo que foi evidenciado, percebemos que o caminho que constrói os métodos quantitativos na Contabilidade Gerencial é pautado na estatística e, dela utiliza muitas ferramentas analíticas como as médias, o desvio padrão, os coeficientes de variação, entre outras. Figura 2.3 – Cálculos e definições de estratégias. Fonte: Freepik (2019). Por sua vez, o estudo estatístico pode ser dividido em três frentes: a estatística descritiva; a teoria da probabilidade e a estatísticas inferencial ou de amostragem. Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 35 2.1.1 Estatística Descritiva Esse tipo de estatística tem como objetivo o emprego de técnicas para sumarizar e apresentar, de forma sintética, um conjunto de dados. Geralmente, os dados coletados e agrupados acabam não dizendo nada quando olhamos para eles, por isso, a aplicação destas técnicas de organização e sistematização são fundamentais para extrair informações úteis dos dados. Figura 2.4 – Dados. Fonte: Freepik (2019). Para exemplificar, imagine o censo populacional (pesquisa sobre as características da população de um determinado país). Se colocássemos uma tabela contendo a altura de todas as pessoas pesquisadas, veríamos um monte de números e seria até difícil conseguir dizer algo sobre essa população. Porém, se extraíssemos a média desses dados, veríamos um único número (sumarização) e poderíamos dizer que essa população tem em média a altura dada por esse número. Assim, outras pessoas entenderiam que podem haver pessoas altas ou baixas, mas que em geral elas ficam próximas à média encontrada, sendo essa uma forma de descrever a altura da população pesquisada (PEREIRA, 2014). Por fim, vale ressaltar que os dados sumarizados podem ser visualizados de duas formas: por um número representativo ou por imagens representativas. Os números representativos podem ser expressos na unidade dos dados colhidos (altura em metros, CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes36 média em metros) ou vislumbrados através de representações de proporção (altura em metros e agrupamentos semelhantes em porcentagem). No caso de representação por imagem, produzem-se os gráficos em diferentes formatos e tamanhos, de modo que a figura resultante desse processo já expressa a informação obtida através da sumarização dos dados. 2.1.2 Teoria da Probabilidade Ela fundamenta a estatística inferencial, pois fornece a base teórica para o estudo dos eventos aleatórios e da possibilidade de se prever as ocorrências. Nestas condições, estudamos as probabilidades de umdeterminado evento ocorrer dada a possibilidade de uma repetição. Essa teoria é bastante usada na Teoria da Decisão, pois pauta a decisão a partir da probabilidade de um determinado evento ocorrer ou não (PEREIRA, 2014). 2.1.3 Estatística Inferencial ou Amostragem Fazendo uma analogia com a culinária, quando quer saber se uma receita ficou boa, você pega uma colher, serve um pouco e prova. Ao descobrir se aquele pouco está bom ou não, você logo conclui sobre o resto da receita. Figura 2.5 – Amostragem na Cozinha. Fonte: Freepik (2019). Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 37 Logo, é esse o movimento feito na estatística inferencial, onde através de uma amostra se chega a conclusões sobre a população. Um exemplo clássico dessa situação são as pesquisas eleitorais, onde elegem um conjunto de pessoas aleatoriamente para questionar sobre as eleições e a apresentam no noticiário como sendo a representação da opinião de toda a população. Para que se possa extrapolar as conclusões da amostra para a população, é necessário tomar certos cuidados que evitam a contaminação da análise. Nesse sentido, é importante dizer que mesmo seguindo rigorosamente esses cuidados, sempre haverá um grau de incerteza, mas que esse pode ser reduzido a ponto de garantir que o que ocorre na amostra, realmente ocorre na população (PEREIRA, 2014). Portanto, a estatística inferencial diminui o trabalho que teria aquele que deseja pesquisar uma grande população, ao tentar obter os dados de cada uma das pessoas, ou mesmo, aquela empresa que deseja fazer o controle de qualidade sobre a grande produção diária, mas que é impossível medir cada um dos produtos, além de ser bem oneroso fazer isso do ponto de vista financeiro. Figura 2.6 – Controle de Qualidade. Fonte: Freepik (2019). CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes38 Assim, percebemos que não tem como falarmos em método quantitativo, sem referir a estatística e ao estudo sistematizado de dados ou amostras de dados, bem como sobre a forma clara e objetiva de visualização e demonstração desses dados. Dessa forma, a estatística busca trabalhar com conjuntos de dados para produzir informações relevantes para o planejamento estratégico e a tomada de decisão, e sua aplicação na contabilidade gera uma sinergia interessante entre ambas. 2.1.4 Tipologias dos Métodos Quantitativos Neste tópico apresentamos alguns métodos quantitativos que podem ser utilizados na Contabilidade Gerencial. Cada um deles pode ser empregado em diferentes contextos, mas no fundo são traduções da realidade organizacional em números, de modo a facilitar o processo de tomada de decisão (PEREIRA, 2014). Figura 2.7 – Métodos quantitativos: tipologias. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Matrizes de Decisões: trata-se uma forma de abordar o processo decisório de forma sistemática. Na matriz, as linhas representam o conjunto de alternativas que podem ser escolhidas, enquanto que as colunas representam os cenários possíveis aos quais o decisor não tem qualquer controle. O cômputo de cada cruzamento de uma alternativa e um cenário gera a matriz decisória. Matrizes de Decisões Teste de Hipóteses Regressão Linear Programação Linear Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 39 Teste de Hipóteses: busca verificar se os dados obtidos são compatíveis com uma determinada hipótese ou são contrários a ela. Geralmente as hipóteses são formuladas a partir dos parâmetros de uma ou mais populações e o método visa apoiar ou refutar essa hipótese, a partir das evidências obtidas dos dados amostrais. Regressão Linear: uma coisa é saber que existe uma associação entre duas variáveis, outra, bem diferente, é afirmar que há uma relação de causa e efeito entre elas. Quando se quer demonstrar esse último, recorre-se ao método de regressão linear, onde uma das variáveis é independente, enquanto que a outra é dependente. Em suma, ela é bastante usada de duas formas: quando se deseja fazer previsões (prever valor de uma a partir do valor da outra), ou quando se deseja verificar o poder de influência de uma variável (quanto uma influencia o comportamento da outra). Programação Linear: quando se deseja trabalhar com o princípio da otimização utiliza-se a programação linear. Em geral, estão relacionados a distribuição eficiente de recursos para atender um objetivo. O resultado pode ser um conjunto de valores, mas geralmente privilegiam-se o maior lucro ou menor custo. Portanto, o uso dos métodos quantitativos na Contabilidade Gerencial, se abre em várias possibilidades de coleta e análise de dados e no uso de técnicas para determinadas finalidades. CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes40 2.2 Orçamento Orçamento, segundo o Dicionário Houaiss (2019, online), pode ser definido como “o ato ou efeito de orçar, de calcular, de estimar”. Seu conceito e aplicação pode referir- se à: • Avaliação ou cálculo aproximado de custo (obra, empreendimento, serviço etc.); • Cálculo da receita e da despesa; • Cálculo da partilha de um imóvel sujeito a processo divisório. Figura 2.8 – Orçamento. Fonte: Freepik (2019). Na contabilidade, especificamente, o orçamento é conhecido como um conjunto de medidas que tem como propósito a execução de metas e objetivos, implementados pela administração da empresa e seus respectivos gestores. Compartilhando objetivos e propósitos, sua relação com a Contabilidade Gerencial, foco desta Unidade, se estabelece no caráter orientativo e direcionador de sua atuação - ambos ligados ao processo decisório e apoio à gestão. Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 41 Para Padoveze (2012, p. 263), trata-se do “sistema de mensuração econômica do planejamento das operações da empresa para um determinado período, em nível global e setorial, com o objetivo de coordenar e controlar essas operações e o resultado planejado”. Sua execução, segundo Padoveze (2012), está diretamente associada ao processo de planejamento estratégico, estruturado conforme a figura a seguir. Figura 2.9 – Planejamento Estratégico & Orçamento. Fonte: Adaptado de Padoveze (2012, p. 25). No que tange às características do orçamento, Padoveze (2012) destaca que: [...] a) trata-se de um sistema formal que atinge toda a hierarquia da empresa; b) reproduz as estruturas operacionais - existentes e planejadas; c) subordinado à estrutura contábil, de planos de contas e centros de custos, despesas e receitas; d) incorporado ao sistema de informação contábil; e) organizado anualmente e dividido impreterivelmente em 12 meses; f) consolidado a partir de um orçamento das demonstrações contábeis básicas. (PADOVEZE, 2012, p. 26). Estruturado de acordo com o modelo de gestão organizacional e o perfil do negócio, o orçamento deve ser adequado às necessidades da empresa, de forma que suas limitações e particularidades sejam respeitadas. O Planejamento Estratégico ou Planejamento Empresarial, como também é conhecido, consiste numa metodologia gerencial que possibilita o direcionamento da organização (KOTLER, 1975). DESTAQUE Planejamento Estratégico Planejamento Operacional ou Tático Planejamento de curto prazo ou programação Execução Controle Orçamento CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes42 Além disso, diferentes tipos de planejamento são mencionados no rol bibliográfico da contabilidade. Dentre os quais destacam-se: o operacional, o financeiro e o de capital, explorados no subtópico seguinte. Figura 2.10 – Tipos de orçamento. Fonte: Freepik (2019). 2.2.1 Orçamento Operacional O orçamento operacional ou orçamento de operações - como também é conhecido - é uma ferramenta de gestão cujo objetivo é apresentar uma visão geral dos custos de funcionamento do negócio. Segundo Zdanowicz (2001), o orçamento operacional tende a auxiliar no processo decisório,uma vez que evidencia os mais diversos custos e receitas provenientes das atividades da empresa. Sua estrutura, nesse sentido, compreende os seguintes orçamentos: • Orçamento de vendas; • Orçamento do estoque final; • Orçamento de fabricação; • Orçamento de custos dos materiais; • Orçamento de mão de obra; Financeiro Op er ac ion al Capital ORçamento Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 43 • Orçamento dos custos indiretos de fabricação; e • Orçamento de despesas departamentais. Figura 2.11 – Orçamento Operacional. Fonte: Freepik (2019). Envolvendo toda a organização e suas respectivas operações - ligadas à produção ou não -, o orçamento operacional compreende as diferentes estruturas hierárquicas da empresa, respondendo pelas áreas administrativa, comercial e de produção (PADOVEZE, 2012). Um dos pontos mais relevantes sobre o orçamento operacional, segundo Padoveze (2012), consiste na previsão de vendas – utilizada para adiantar-se às demandas do mercado e projetar possíveis cenários. Para tanto, é necessário considerar, além das informações internas, todo o contexto o qual a empresa encontra-se inserida, analisando a concorrência, as políticas econômicas e o movimento dos stakeholders. O termo Stakeholder foi criado pelo filósofo Robert Edward Freeman, em 1963. Stakeholder, segundo o autor, é “qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos da organização (FREEMAN, 1984, p. 25). GLOSSÁRIO CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes44 2.2.2 Orçamento Financeiro Para Frezatti (2009), o orçamento financeiro traduz em valores monetários tudo aquilo que foi orçado na etapa operacional. Sua estruturação, assim como o orçamento operacional, se compõe de diferentes orçamentos, conforme a seguir: • Orçamento de investimentos; • Orçamento de financiamentos; • Orçamento de caixa; • Projeção das demonstrações financeiras; e • Análise financeira das projeções. Seu objetivo, segundo Padoveze (2012), é discriminar as receitas e despesas, conforme sua origem, e realizar a previsão de entradas e saídas, considerando sobretudo a delimitação de períodos. Figura 2.12 – Orçamento Financeiro. Fonte: Freepik (2019). Ainda, segundo Padoveze (2012), a utilização desta ferramenta possibilita uma maior proatividade por parte das empresas, visto que estas conseguem antecipar-se às demandas por recursos financeiros. Sua atitude, diante disso, deve ser pautada pela cautela e atenção ao gerenciamento do fluxo de caixa. Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 45 2.2.3 Orçamento de Capital O orçamento de capital é o processo de avaliação, classificação e seleção dos investimentos de longo prazo a ser realizado pelas empresas. O objetivo deste processo é quantificar os recursos e mensurar os riscos envolvidos, analisando os possíveis retornos e incrementos ao caixa da empresa. Figura 2.13 – Orçamento de Capital. Fonte: Freepik (2019). Segundo Padoveze (2012), o orçamento de capital auxilia sobremaneira o processo decisório, haja vista que o investimento em determinado ativo deve considerar uma série de informações e projeções. Importante frisar que, apenas os investimentos permanentes são considerados pelo orçamento de capital. Investimentos temporários, ainda que de natureza financeira, não são considerados e tratados por esta ferramenta. CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes46 2.3 Métodos Quantitativos: Aplicação Prática Para avançarmos no assunto, vamos apresentar algumas aplicações práticas para ilustrar o uso dos métodos quantitativos na Contabilidade Gerencial. Figura 2.14 – Métodos quantitativos: aplicação. Fonte: Freepik (2019). Vale ressaltar que há mais métodos do que os aqui expostos e, portanto, cabe ao aluno se aprofundar nesse assunto. Para isso, leia o livro “Métodos Quantitativos Aplicados à Contabilidade”, de Adriano Toledo Pereira, que está incluído nas referências. SAIBA MAIS Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 47 2.3.1 Matriz de Decisão A matriz de decisão é uma ferramenta que ajuda a organizar e a calcular as alternativas, indicando qual é o melhor caminho a ser tomado. De posse das probabilidades de ocorrência dos eventos é possível estabelecer um estudo sistemático que conduz a uma melhor tomada de decisão (PEREIRA, 2014). Vamos ao exemplo: uma empresa de contabilidade quer fazer uma estratégia para obter novos clientes, e por isso, buscou observar o comportamento de entrada dos clientes. O estudo histórico dos dados permitiu estabelecer as probabilidades elencadas na tabela a seguir: Tabela 2.1 – Estudo de novos clientes. NOVOS CLIENTES MENSAIS Demanda Mês 0 1 2 3 Probabilidade 0,3 0,4 0,2 0,1 Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Temos a informação de que cada novo cliente custa R$ 3 mil, mas quando ele entra, faz um aporte inicial de R$ 5 mil e, portanto, ele gera um lucro inicial de R$ 2 mil. Por outro lado, cada cliente que durante o processo desiste, custa R$ 1 mil. Além disso, pela análise histórica sabe-se que um contador pode atender conforme as situações: não poder atender nenhum cliente (0), ou no máximo (3), considerando os valores intermediários (1) e (2). A tabela de ganhos obtidos com cada situação pode ser construída da seguinte forma: a. Cada cliente que veio e foi atendido, o escritório ganha R$ 2 mil (lucro); b. Cada cliente que veio e não pôde ser atendido, o escritório perde R$ 1 mil (desistência); c. Cada contador que tem espaço para atender um novo cliente e este não vêm perde R$ 2 mil (lucro que deixa de ganhar); e, por fim, d. Cada valor da alternativa é calculado multiplicando o valor da célula pela sua probabilidade de ocorrência. CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes48 Tabela 2.2 – Matriz de Decisão do Problema. Novos Clientes 0 1 2 3 Valor da AlternativaProbabilidade 0,3 0,4 0,2 0,1 Contador consegue atender 0 0 -1 mil -2 mil -3 mil -1.100,00 1 -2 mil 2 mil 1 mil 0 400,00 2 -4 mil 0 4 mil 3 mil -100,00 3 -6 mil -2 mil 2 mil 6 mil -1.600,00 Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Pela matriz de decisão da situação da contabilidade, a melhor alternativa é aquela que dá um retorno de R$ 400,00. Nessa situação, a empresa deve manter um contador com a agenda livre para poder atender uma nova empresa por mês. É importante frisar que, inicialmente, sem os cálculos, parece ser interessante obter todo mês três empresas e manter o atendente livre para as três, mas dado que isso ocorre somente em 10% das vezes, o resultado é desastroso, sendo a alternativa que leva a maior perda de dinheiro (R$ 1.600,00). Pelo exemplo, percebemos como a intuição pode levar a uma decisão equivocada sobre a situação que se dispõe. Por isso, é fundamental o tratamento com métodos quantitativos. 2.3.2 Teste de Hipóteses O teste de hipóteses busca estudar sistematicamente se duas populações apresentam ou não determinado componente estatístico. Ainda que sejam situações diferentes de amostragem, é possível com acurácia determinar se essas populações podem ser consideradas iguais ou se diferem significativamente (PEREIRA, 2014). Vamos ao exemplo: um grande escritório contábil está querendo abrir uma filial e, após um longo estudo, chegou-se a conclusão que duas cidades podem receber essa unidade organizacional. Nestas condições, o custo de abrir a unidade em cada uma delas é o que deve guiar a tomada de decisão. Apesar disso, é fato que cidades com custos diferentes geralmente apresentam rendas distintas também e, para evitar uma decisão equivocada, o escritório colheu duas amostras diferentes em cada uma das cidades, obtendo os seguintes dados: Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 49 Na primeira amostra foram pesquisadas 35 empresas dentre as quais a média foi de R$ 5.000,00em custos, com um desvio-padrão de R$ 670,00. Na segunda amostra, com 40 empresas, foi verificada uma média de R$ 5.350,00 em custos, com desvio padrão de R$ 690,00. Nestas condições, a pergunta a ser respondida é: a média dos custos das cidades são iguais ou não? Assim: • Hipótese Nula (H0): m1 = m2 • Hipótese Alternativa (H1): m1 ≠ m2 d = o valor da diferença encontra em análises já realizadas, mas como não foi mencionado nada sobre isso, admitimos ele como sendo d = 0 Zcal = (X1 + X2 – d √ s2 + s2 1 2 n1 n2 ( Zcal = (5.000 – 5.350) – 0 √ 6702 35 690240+ Zcal = – 350 √ 448.900 35 + 476.10040 Zcal = √ 12.825,71 + 11.902,50 Zcal = 157,25 Zcal = – 2,23 – 350 – 350 CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes50 Tomando a tabela Z que geralmente vem nos anexos de qualquer livro de estatística, juntamente com outras tabelas utilizadas nos cálculos, temos que com 95% de significância, o valor de Z é de 1,96 e o valor calculado de Z é de -2,23 o que significa que ele é menor, logo está na área de rejeição da hipótese nula e aceitação da hipótese alternativa. Convertendo para a realidade do problema, com 95% de confiança, podemos admitir que a média de custos entre elas é diferente e, portanto, para a empresa uma cidade é mais vantajosa que a outra. Refinamentos devem ser feitos para escolher em qual delas deve-se abrir o negócio. Pelo exemplo, percebemos o quão útil é essa ferramenta que faz parte do rol de métodos quantitativos. Dessa forma, pudemos averiguar com certa exatidão se a situação era aquilo que se supunha. 2.3.3 Regressão Linear Tomando um conjunto de variáveis, às vezes é importante saber se uma delas apresenta algum tipo de relação com outra, por exemplo, o quanto a diminuição dos custos de produção pode impactar no volume de vendas. Uma das formas de observar isso é com o uso da regressão linear (PEREIRA, 2014). Vamos ao exemplo: uma empresa preocupada com o impacto ambiental de sua produção resolveu determinar a quantidade de lixo gerado. Esse estudo é importante uma vez que ela deseja aproveitar o bom momento do mercado e aumentar sua produção para 800 toneladas. Apesar disso, o que tem preocupado a empresa é o fato de conseguirem lidar com até 70 toneladas de lixo. A empresa deseja aumentar a produção sem nenhum investimento ambiental, porém se for necessário vai se reestruturar para atender a demanda. Considere as fórmulas e o quadro de dados a seguir. Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 51 Quadro 2.3 – Quadro de dados e Cálculos Estatísticos Preliminares. n Xi (produto ton.) Yi (lixo ton.) Xi . Yi Xi2 Yi2 01 251 22 5522 63001 484 02 260 23 5980 67600 529 03 263 23 6049 69169 529 04 265 25 6625 70225 625 05 270 24 6480 72900 576 06 275 26 7150 75625 676 07 300 27 8100 90000 729 08 312 29 9048 97344 841 09 333 29 9657 110889 841 10 345 31 10695 119025 961 Total 2874 259 75306 835778 6791 Média 287,4 25,9 Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Sxx = ∑ X 2 – ( ( i ∑ X i 2 n Sxy = ∑ X –. . ( ( i i ∑ X i ( (∑ Y i n Y a Sxy Sxx= y = a . x + b a .–iY iXb = CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes52 Sxx = ∑ X 2 – ( ( i ∑ X i 2 n Sxx = 835778 – ( ( 2874 10 2 Sxx = 835778 – 8259876 10 Sxx = 9790,4 Sxx = 835778 – 825987,6 Sxy = ∑ X –. . ( ( i i ∑ X i ( (∑ Y i n Y Sxy = 75306 – 2874 ∙ 259 10 Sxy = 75306 – 744366 10 Sxy = 75306 – 7443,6 Sxy = 869,4 a Sxy Sxx= a 869,4 9790,4 = a 0,0888= a .–iY iXb = 25,9 – 0,0888 ∙ 287,4b = 25,9 – 25,5215b = 0,3785b = y = a . x + b y = 0,0888x + 0,3785 Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 53 Aplicamos agora o valor desejado de produção para obter o valor de lixo que será produzido. Logo, a produção de 800 toneladas produzirá 71,42 toneladas de lixo. Nestas condições será necessária uma reestruturação, uma vez que a empresa está preparada para lidar com 70 toneladas apenas. Neste exemplo, que vimos anteriormente, foi possível compreender como é possível usar a regressão linear entre os dados para fazer previsões sobre o futuro, e tomar a decisão de modo mais acertado. Procure e estude outros exemplos de regressões. 2.3.4 Programação Linear A programação linear é empregada especialmente para os casos onde é necessário a otimização, maximização ou minimização, as quais são acompanhadas de restrições que precisam ser consideradas no momento do cálculo (PEREIRA, 2014). Vamos ao exemplo: imagine que uma empresa produz o produto X, que rende R$ 150,00 de lucro por unidade, e o produto Y, que rende R$ 100,00 de lucro por unidade, ambos ao dia. Além disso, são necessários o dobro de horas de trabalho para fazer o produto X em relação a Y, enquanto que este último consome quatro vezes mais horas de máquinas do que o produto X para ficar pronto. Assim, percebemos que a empresa atua com certas restrições: • Por exigência do sindicato da categoria, os colaboradores podem exercer apenas 30 horas de trabalho diário. • As máquinas que desenvolvem os aparelhos representam 40 horas de trabalho diário. • São vendidas pela empresa, no máximo, 15 unidades diárias do aparelho X. Diante disso, a empresa busca a maximização dos lucros diários e, por isso, quer saber quais as quantidades diárias de cada um dos produtos. Para resolver esse problema y = 0,0888 ∙ 800 + 0,3785 y = 71,04 + 0,3785 y = 71,42 CONTABILIDADE GERENCIAL | Érik Álvaro Fernandes54 vamos utilizar a técnica da programação linear, e por isso, devemos expressar a equação do lucro e de restrições. lucro total diário = 150x + 100y Restrições: 2x + y≤30 horas (horas de trabalho) x + 4y≤40 horas (horas das máquinas) x≤15 unidades (venda diária máxima) O primeiro passo para resolver o problema é desenvolver o gráfico considerando todas as restrições apresentadas: Figura 2.15 – Análise gráfica do problema. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). O lucro máximo corresponde ao ponto marcado no gráfico. Nesse ponto, as coordenadas são 10 para o eixo x e 9 para o eixo y. Em posse desses valores, vamos aplicá-los na equação do lucro, obtendo o lucro máximo. lucro máximo diário = 150·10+100·9 lucro máximo diário = 1500 + 900 = 2400 Portanto, o valor máximo que se poderá obter de lucro é R$ 2.400,00. Neste exemplo, pode-se observar como a programação linear contribui para a otimização da situação, buscando o melhor ponto ao se considerarem todas as restrições ao qual a empresa está sujeita. y x 40 40 30 10 Lucro Máximo diário Aplicação de Métodos Quantitativos na Contabilidade Gerencial | UNIDADE 2 55 SÍNTESE DA UNIDADE Os métodos quantitativos possibilitam a análise de dados a partir de uma perspectiva racional e estatística. Na Contabilidade, especificamente, os métodos quantitativos tendem a facilitar a execução do planejamento estratégico, uma vez que sua atuação permite analisar os concorrentes, adiantar-se às mudanças do mercado e simular cenários. No que se refere aos tipos utilizados pela Contabilidade Gerencial, destacam- se: Matrizes de Decisões; Teste de Hipóteses; Regressão Linear; e Programação Linear. Todas, vale ressaltar, são passíveis de desdobramentos teóricos e aplicações práticas. O orçamento é um conjunto de medidas cujo propósito é a execução das metas e objetivos, implementados pela administração da empresa e seus respectivos gestores. Nesse contexto, diferentes tipos de planejamento são mencionados no rol bibliográfico da Contabilidade. Dentre os quais destacam-se: o operacional, o financeiro e o de capital. CONTABILIDADE
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