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TIREOTOXICOSE SBCM 1: Endócrino – 2020.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA TIREOIDE • A tireoide fica na região anterior do pescoço, logo abaixo da cartilagem tireoidea. É dividida em istmo e lobos direito e esquerdo. • É uma glândula, formada por folículos que armazenam T3 e T4, os quais quando liberados vão atuar em todo o corpo de acordo com o comando e a necessidade. • A produção dos hormônios tireoidianos depende de um eixo: o hipotálamo secreta TRH, que vai até a hipófise e a estimula a secretar TSH, que por sua vez vai até a tireoide e estimula a secreção de T3 e T4 TIREOTOXICOSE Nada mais é do que o excesso de hormônios da tireoide. QUADRO CLÍNICO Tudo fica acelerado... • Nervosismo • Emagrecimento • Sudorese excessiva - pele quente e úmida • Tremores • Intolerância ao calor • Palpitações • Hiperdefecação • Dispneia • Taquicardia ETIOLOGIA • Diante de um quadro clínico característico, precisamos investigar se existe o excesso hormônio tireoidiano, e qual a causa/etiologia disso. • Primeiramente vamos verificar as causas exógenas, por exemplos os medicamentos em uso, por exemplo uso de hormônios de tireoidianos. • Descartadas as causas exógenas, a tireotoxicose pode ser causada por hipertireoidismo ou tireoidite subaguda Hipertireoidismo: aumento da circulação de hormônios tireoidianos decorrente de um hiper funcionamento da tireoide. • Doença de Graves (Bócio Difuso Tóxico - BDT): basicamente é uma tireoide totalmente aumentada, sem nódulos, e que está funcionando em excesso por inteiro. Tem origem auto-imune. • Bócio Uninodular Tóxico: tireoide com um nódulo fazendo muito hormônio. • Bócio Multinodular Tóxico: tireoide com vários nódulos fazendo muito hormônio Tireoidite Subaguda: rompimento dos folículos tireoidianos, com consequente liberação abrupta de hormônios na circulação. • Tireoidite Subaguda De Quervain: também chamada de viral ou granulomatosa subaguda o É caracterizada por dor cervical - é a única situação em que há dor na tireoide o Sucede uma IVAS, em torno de 15-20 dias • O paciente vai referir um quadro gripal (resfriado, congestão, dor de garganta...), seguido de sintomas característicos da tireotoxicose com dor cervical o Pela infecção ocorre uma reação cruzada que acaba por destruir os folículos tireoidianos, levando a liberação de grande quantidade de hormônios • Tireoidite Subaguda Indolor: o Pós-parto: puérpera com queixas de tireoitoxicose recentes o Linfocitica Subaguda: paciente sem dor e não puerperal, com queixas de tireotoxicose recentes DOENÇA DE GRAVES • É uma doença autoimune - Ac TRAb. • O organismo da pessoa produz um anticorpo chamado de TRAb, o qual é um estimulador da tireoide. O Ac se adere a tireoide e vai estimular os folículos a produzirem muito hormônio. • Essa ação do Ac é em toda a tireoide, então ela vai aumentar em volume como um todo, o que justifica a doença também ser chamada como Bócio Difuso Tóxico. • Trata-se da causa mais comum de tireotoxicose • Acomete mais o sexo feminino o Mulher jovem + bócio difuso + quadro clínico de tireotoxicose • O quadro é característico, e nos faz levantar a hipótese de Graves, para fechar o diagnóstico podemos solicitar a dosagem de TRAb o A única situação onde temos TRAb positivo, no organismo humano, é a Doença de Graves Oftalmopatia de Graves: • Além da tireoide, o Ac também tem tropismo pela região dos olhos • O TRAb se adere à musculatura retro-orbitária e vai gerar um quadro de inflamação com formação de fibrose, isso empurra os olhos para fora, levando ao que chamamos de Exoftalmia • Geralmente bilateral e de grau leve TIREOIDITES SUBAGUDAS Fisiopatologia: por uma causa infecciosa ou não, vai haver rompimento dos folículos tireoidianos, com consequente liberação dos hormônios T3 e T4 para a circulação sanguínea. • A principal etiologia é a infecção viral: o paciente se queixa primeiro do aparecimento de sintomas gripais (coriza, leve dor de garganta...), nas semanas seguintes evolui com sintomas de tireotoxicose e relata dor a palpação da tireoide. Evolução: as tireoidites subagudas possuem uma Evolução Trifásica, que é determinada pelas concentrações de hormônios na corrente sanguínea ao longo de um período de tempo de mais ou menos 03 meses, que vai desde o início do quadro até o reestabelecimento do paciente. • Com a destruição dos folículos, há um aumento abrupto das concentrações de hormônio no sangue, então aparecem as queixas relacionadas à tireotoxicose: tremor, taquicardia, cansaço, ansiedade... • Com o passar das semanas, o organismo vai metabolizar e degradar esses hormônios que estão em excesso então o paciente tem um período de retorno às condições normais. • No entanto essa degradação não para, até o ponto que a concentração dos hormônios fica abaixo da normalidade, podendo ocorrer sintomas de hipotireoidismo. • Geralmente, dentro de 3-6 meses, os folículos se regeneram e voltam a produzir T3 e T4 em níveis normais. DIAGNÓSTICO Avaliação Bioquímica Inicial: • TSH: muito baixo o Antes mesmo da liberação do T3 e T4 no sangue, somente com o hiperfuncionamento da tireoide, o TSH já fica suprimido o Deve ser sempre a primeira escolha • T4 Livre: muito alto Quadro Clínico: • As vezes o quadro clínico do paciente é muito sugestivo, e a gente consegue saber com o que estamos lidando só pelo exame físico e a anamnese o Dor à palpação e gripe recente: Tireoidite Subaguda o Aumento visível na região cervical anterior: Doença de Graves • Ocorre que as vezes não é tão fácil assim, o paciente só tem queixas, mas não tem sinais tão óbvios, ou tem uma história confusa. Nestes casos, abrimos mão de exame de imagem (cintilografia) para determinar a natureza dessa tireotoxicose. Cintilografia de Tireoide: é realizado através da administração de um contraste, que vai corar as regiões funcionante da tireoide - o paciente ingere esse corante, que vai ser captado pela glândula Normocaptante Hipercaptante Hipocaptante SEGMENTO TRATAMENTO Doença de Graves: é hipertireoidismo. • Drogas Anti-tireoidianas: Metimazol e Propiutiouracil. o Desaceleram a síntese de T3 e T4. o São os fármacos de primeira escolha para Graves, durante o tratamento solicitamos dosagem de TSH e T4L a cada 3 meses, e vai aumentando a dose, até o momento que o paciente entra em um quadro de hipotireoidismo, então voltamos fazendo o contrário, diminuindo a dose (desmame) até a retirada completa do fármaco • As vezes quando retiramos o medicamento, a tireoide volta à hiperatividade, então segue-se com iodoterapia. o 50% de chance de sucesso o Atenção! Risco de agranulocitose e hepatotoxicidade. Então pedimos hemograma e TGO/TGP a cada 2 meses. • Iodoterapia: ingestão de iodo radioativo, que é captado pela tireoide. Dentro de cerca de 03-06 meses, a tendência é que a tireoide "pife", pare de funcionar, levando ao hipotireoidismo. o A chance de ter o resultado esperado é de 90%. • Tireoidectomia Total: em último caso, a retirada total da tireoide é a intervenção recomendada. • O tratamento dos sintomas é feito com beta-bloqueadores (Propranolol). Tireoidites Subagudas: não faz sentido desacelerar a atividade da tireoide, porque os folículos foram destruídos e os hormônios já estão na corrente sanguínea • De Quervain: o Tratamento dos sintomas: AINEs, Prednisona ou Propranolol. • A tendência é que o corpo metabolize os hormônios e dentro de 3-6 meses os folículos se restabeleçam, voltando as concentrações hormonais ao normal. o Tratamento definitivo: nenhum, pois geralmente a tireoide vai normalizar e o paciente vai se recuperar naturalmente. O ideal é somente acompanharmos. • Pós-parto e Linfocítica: o Sintomáticos - queixas adrenérgicas Propranolol.o Nestes pacientes pode ocorrer uma destruição definitiva, então não haverá uma reversão, logo, posteriormente vai evoluir com um quadro de hipotireoidismo, então tratamos com Levotiroxina • São indivíduos com uma tendência a ter problemas de tireoide, com presença do Ac Anti-TPO (tireoidite de Hashimoto) CASOS CLÍNICOS • HD: Doença de Graves => mulher jovem, com queixas de tireotoxicose e bócio difuso • HD: Tireoidite Subaguda de De Quervain => dor e gripe recente • Para fechar o diagnóstico, precisamos da cintilografia, porque é uma situação mais difícil de aparecer - é mais provável que a paciente tenha uma doença de Graves e uma gripe recente, por exemplo, então precisamos solicitar a imagem
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