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Autor: Prof. Dr. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________ - 1 - 1. OBJETIVO Usar o método de simplificação booleana baseado no mapa de Karnaugh. Apresentar todas as etapas necessárias para o desenvolvimento do projeto de rede de chaveamento combinacional. 2. CONCEITO 2.1. Mapa de Karnaugh O filósofo John Venn desenvolveu uma teoria que relaciona os conjuntos com expressões lógicas. Considere como conjunto universo, U, um retângulo. Os círculos serão as variáveis booleanas, se o interior do círculo representar 1, o exterior será 0. Observe a Figura 1. Figura 1: Correlação entre conjuntos e variável booleana. Quando mais de uma variável booleana for representada no conjunto universo é possível representarmos as operações de interseção e união, ou seja, pode-se mostrar a operação AND e a operação OR (Figura 2). Figura 2: Operação AND e OR. Karnaugh, usando a ideia de Venn, montou um método geométrico conhecido como mapa de Karnaugh para ser usado como método de simplificação de expressões Autor: Prof. Dr. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________ - 2 - booleanas. O mapa de Karnaugh é uma carta que relaciona as variáveis de entrada e saída de um circuito lógico. O mapa de Karnaugh é composto por 2N células, onde N é número de variáveis de entrada do sistema. Somente uma variável pode alterar seu valor quando se desloca entre células adjacentes no mapa. Na Figura 3 é apresentado o mapa de 2 variáveis. Todas as combinações de entrada devem ser fornecidas e consequentemente todas os valores da saída também são apresentados no mapa. Figura 3: Mapa de Karnaugh de 2 variáveis de entrada. A equação simplificada é obtida do diagrama de Karnaugh, sendo que o método consiste em agrupar as células cujo valor são 1 (quando se deseja obter a expressão no formato soma de produtos) no menor número possíveis de agrupamentos. Os conjuntos/agrupamentos são montados considerando-se todos os conjuntos de 1´s adjacentes, que podem resultar em duplas, quadras e octetos (quando analisamos mapas de Karnaugh de 2, 3 e 4 variáveis de entrada). Quando o termo não puder ser agrupado, este deverá ser considerado isolado para fins de composição da equação booleana resultante. A Figura 4 mostra um mapa de Karnaugh sendo usado para simplificar uma função booleana com 4 variáveis de entrada. Para este exemplo também é indicado o procedimento necessário para obtenção da equação booleana simplificada. Etapas de simplificação de funções booleanas representadas em sua forma canônica soma de produtos: marcar todo 1 isolado; agrupar todas as duplas; agrupar todos os octetos; agrupar todas as quadras; unir todas as parcelas obtidas pela operação OR. Figura 4: Procedimento de simplificação quando é usado o método do mapa de Karnaugh. Autor: Prof. Dr. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________ - 3 - A Figura 5 mostra um mapa de Karnaugh sendo usado para simplificar uma função booleana com 4 variáveis de entrada, sendo que a equação resultante será fornecida no formato produto das somas. Etapas de simplificação de funções booleanas representadas em sua forma canônica produto das somas: marcar todo 0 isolado; agrupar todas as duplas; agrupar todos os octetos; agrupar todas as quadras; unir todas as parcelas obtidas pela operação AND. Figura 5: Procedimento de simplificação quando é usado o método do mapa de Karnaugh (produto das somas). 2.2. Condições de dont´care Condições de não existência, representadas por X, ocorrem quando a função de saída pode assumir qualquer valor em digital para uma dada combinação de entrada. Ou seja, tal condição é aplicada quando não existe uma situação de entrada que representa o comportamento do sistema digital em análise. Essas condições podem ser usadas para simplificar a função, sendo utilizadas para gerar agrupamentos maiores, quando usamos o método de mapa de Karnaugh, e consequentemente reduzindo o hardware necessário para implementar o circuito lógico resultante. A Figura 6 apresenta uma tabela de operação de um sistema digital que possui condições de não existência (don´t care) e o seu correspondente mapa de Karnaugh usado para obter a função simplificada do mesmo. É importante frisar que a condição de não existência poderá assumir o valor de 0 ou 1 visando sempre obtermos o agrupamento de células com o maior número possíveis de termos e consequentemente uma função com o menor número de termos. Essa condição sempre é usada para o projetista obter uma redução do hardware. Figura 6: Simplificação de função considerando os termos de don´t care. Autor: Prof. Dr. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________ - 4 - 2.3. Procedimento para realização de projeto de rede combinacional Nesta seção são apresentadas as etapas necessárias para a execução de um projeto de rede de chaveamento combinacional. O sistema digital combinacional pode ser classificado em função do número de entradas e saídas do mesmo. O sistema mais comum é aquele que possui múltiplas entradas e múltiplas saídas. As etapas mais importantes do desenvolvimento de um projeto combinacional são fornecidas a seguir: I. Analise do problema e definição das variáveis de entrada e saída do mesmo; II. Codificação dos estados das variáveis de entrada e saída; III. Montagem da tabela de operação (verdade) que representa a operação do sistema; IV. Determinação das expressões booleanas, em sua forma canônica (∑ ou ∏), que representam o comportamento do sistema proposto; V. Simplificação das funções obtidas no item IV (opcional); VI. Definição dos componentes integrados a serem usados na implementação/montagem do protótipo do sistema digital e desenho do circuito esquemático; VII. Simulação lógica do sistema proposto; VIII. Realização da montagem e caracterização do protótipo do projeto combinacional. Exemplo: Projete um sistema digital para realizar o controle de determinadas operações em um automóvel “inteligente”. O automóvel possui um sensor de temperatura para indicar quando a temperatura interna do mesmo atinge 20oC. Neste mesmo veículo existem sensores indicando quando qualquer uma das portas se encontra abertas, e um sensor que indica que o cinto de segurança do motorista se encontra recolhido. O sistema de ar- condicionado do automóvel deve ser ativado quando a temperatura interna do mesmo ultrapassar 20oC estando nesta situação o mesmo com as portas fechadas, com o motor ligado e o cinto de segurança do motorista não pode estar recolhido. Neste automóvel todos os sistemas de segurança são do tipo sonoro ou luminoso. Um sistema de alarme sonoro é ativado quando os faróis do automóvel se encontram acesos com as portas do mesmo travadas e o motor desligado. Os sistemas de alerta luminosos são ativados nas seguintes condições: alarme_1 é ativado quando o motor está desligado, com as portas abertas e os faróis apagados; o alarme_2 é ativado quando o motor do automóvel se encontra ligado com o cinto de segurança do motorista destravado e as portas fechadas; e finalmente o alarme_3 é ativado quando o automóvel está com as portas abertas e com o motor ligado. Autor: Prof. Dr. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________ - 5 - Etapa I: Definição das variáveis de entrada e saída do sistema. Variáveis de entrada Variáveis de saída Temperatura (T) Portas (P) Motor (M) Cinto (C) Faróis (F) Ar-condicionado (AR) Alarme Sonoro (AS) Alarme 1 (A1) Alarme 2 (A2) Alarme 3 (A3_ Etapa II: Codificação dos estados das variáveis do sistemacombinacional. Variáveis de entrada Temperatura 0 �→ quando ≤ 20o C 1 → quando > 20o C Portas 0 �→ quando porta aberta 1 → quando porta fechada Motor 0 �→ quando motor desligado 1 → quando motor ligado Cinto 0 �→ quando cinto recolhido 1 → quando cinto sendo usado Faróis 0 �→ quando farol apagado 1 → quando farol aceso Variáveis de saída Ar-condicionado 0 �→ quando ar- condicionado não acionado 1 → quando ar- condicionado acionado Alarme Sonoro 0 �→ quando Alarme Sonoro não acionado 1 → quando Alarme Sonoro acionado Alarme 1 0 �→ quando Alarme 1 não acionado 1 → quando Alarme 1 acionado Alarme 2 0 �→ quando Alarme 2 não acionado 1 → quando Alarme 2 acionado Alarme 3 0 �→ quando Alarme 3 não acionado 1 → quando Alarme 3 acionado Autor: Prof. Dr. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________ - 6 - Etapa III: Tabela de operação representando o comportamento do sistema digital. M P C F T AR AS A1 A2 A3 decimal 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 4 0 0 1 0 1 0 0 1 0 0 5 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 6 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 7 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 8 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 9 0 1 0 1 0 0 1 0 0 0 10 0 1 0 1 1 0 1 0 0 0 11 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 12 0 1 1 0 1 0 0 0 0 0 13 0 1 1 1 0 0 1 0 0 0 14 0 1 1 1 1 0 1 0 0 0 15 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 16 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 17 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 18 1 0 0 1 1 0 0 0 0 1 19 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 20 1 0 1 0 1 0 0 0 0 1 21 1 0 1 1 0 0 0 0 0 1 22 1 0 1 1 1 0 0 0 0 1 23 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 24 1 1 0 0 1 0 0 0 1 0 25 1 1 0 1 0 0 0 0 1 0 26 1 1 0 1 1 0 0 0 1 0 27 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 28 1 1 1 0 1 1 0 0 0 0 29 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 30 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 31 Autor: Prof. Dr. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________ - 7 - Etapa IV: Determinação das expressões booleanas canônicas. FAR = (29,31) (eq. 1) FAS = (10,11,14,15) (eq. 2) FA1 = (0,1,4,5) (eq. 3) FA2 = (24,25,26,27) (eq. 4) FA3 = (16,17,18,19,20,21,22,23) (eq. 5) Etapa V: Simplificação das funções (método Mapa de Karnaugh). FAR = MPCT (eq. 6) FAS = M´PF (eq. 7) FA1 = M´P´F´ (eq. 8) FA2 = MPC´ (eq. 9) FA3 = MP´ (eq. 10) Etapa VI: Circuito esquemático do sistema digital proposto. Os sinais de entrada do projeto combinacional serão inseridos no circuito utilizando-se uma chave tipo DIP. Os sinais de saída serão visualizados através de LEDs. Os circuitos integrados necessários para implementar o sistema são: 7404 (NOT), 7408 (AND2) e 7411 (AND3). O circuito esquemático proposto para o sistema é mostrado na Figura 7. Figura 7: Circuito esquemático do sistema proposto para implementar controlador. Etapa VII: Caracterização do protótipo proposto para a aplicação. Nesta etapa é realizada a montagem e caracterização do protótipo de acordo com o circuito esquemático desenvolvido para a aplicação.
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