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Autor: Prof. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________________ ‐ 1 ‐ 1. OBJETIVO Analisar aplicações digitais realizadas com latch e flip-flop. Desenvolver e sintetizar o modelo virtual destes componentes. 2. CONCEITO O latch e o flip-flop também são conhecidos como dispositivos biestáveis. Os elementos biestáveis são circuitos digitais que possuem uma realimentação de modo a permitir o armazenamento de informação binária. Este circuito possui dois sinais de saídas estáveis, nível lógico baixo ou alto, e podem alterar a informação armazenada através da aplicação de sinais de entrada dos mesmos. Os circuitos biestáveis mais comumente usados nos projetos de sistemas digitais são: RS, D, JK e T. 2.1. LATCH RS A figura abaixo apresenta o símbolo, o diagrama lógico e a tabela de operação de um latch RS implementado com portas lógicas NOR2. Do diagrama lógico observamos que as portas NOR estão interligadas em cruz, ou seja, uma das entradas da porta correponde a uma das saídas do latch e vice-versa. R S Q /Q 1 2 R(reset) S(set) Q /Q Reset Set Q /Q 0 0 mantém 0 1 1 0 1 0 0 1 1 1 inválido Figura 1: Símbolo, diagrama lógico e tabela de operação. (Fonte:autoria própria) Da tabela verdade do latch RS observamos que somente é necessária a aplicação de um pulso na entrada R ou S para alterar o estado do latch. Considere, inicialmente, que o latch possui a saída em nível lógico baixo (Q = 0) e que um pulso foi aplicado na entrada S para coloca-la em nível lógico alto e depois retornar com a mesma para nível lógico baixo. A largura mínima deste pulso é dada pela soma dos atrasos de propagação das portas como apresentado na equação (1). PW(min) = TPLH + TPHL (1) O latch RS apresentado anteriormente responde imediatamente a aplicação dos sinais de entrada R e S. Existem outros tipos de latches, denominados de latches assíncronos, que possuem um sinal de controle/habilitação para habilitar a operação do mesmo. A seguir e apresentado o símbolo e a tabela verdade do latch RS assíncrono. Autor: Prof. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________________ ‐ 2 ‐ R S Q /Q relógio R S relógio Q /Q X X 0 mantém 0 0 1 mantém 0 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 1 inválido Figura 2: Símbolo e tabela de operação. (Fonte:autoria própria) As entradas R e S do latch só são lidas/válidas quando o sinal de relógio (habilitação) é aplicado ao mesmo, para o símbolo apresentado anteriormente o sinal de relógio deve ser ativo alto. Para que este latch opere corretamente é necessário que as entradas estejam estáticas por um tempo mínimo antes do pulso de relógio ser aplicado ao mesmo, este tempo é denominado de set-up time (Tsu). O latch RS possui, para uma das combinações de entrada (R=S='1'), uma resposta que é inválida, ou seja, para esta combinação, ambas as saídas do latch irão para nível lógico baixo. Para solucionar este problema foram desenvolvidos outros tipos de latches sendo todos oriundos do latch RS. A seguir serão apresentados os outros latches desenvolvidos. 2.2. LATCH JK O latch RS possui uma combinação de sinais de entrada, R=S=1, que produz uma saída inválida. Para solucionar este problema foi desenvolvido o latch JK. Neste latch a combinação de entrada que era inválida para o latch RS faz com que o sinal de saída seja invertido, ou seja, a saída será comutada para o outro valor da lógica digital. O diagrama lógico, o símbolo e a tabela de operação deste latch são apresentados abaixo: S R Q /Q relógio J K relogio J K Q /Q relógio J K relógio Q /Q X X 0 Q /Q 0 0 1 Q /Q 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 1 /Q Q Figura 3: Diagrama lógico, símbolo e tabela de operação. (Fonte:autoria própria) 2.3. LATCH T Um latch tipo T possui um único sinal de entrada de dados síncrona e o mesmo é construído a partir de um latch JK. A construção de um latch T é realizada fazendo-se a interligação das entradas de dados síncronas JK. Quando um sinal de nível lógico alto é aplicado a sua entrada de dados, o latch T comuta o valor pré-existente em sua saída, e quando um valor de nível lógico baixo é aplicado a sua entrada o valor de saída é mantido inalterado. O símbolo e a tabela verdade do referido latch são apresentados abaixo. R ou S Tsu Autor: Prof. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________________ ‐ 3 ‐ T Q /Q relógio T relógio Q /Q X 0 Q /Q 0 1 Q /Q 1 1 /Q Q Figura 4: Símbolo e tabela de operação do latch tipo T. (Fonte:autoria própria) 2.4. LATCH D O latch tipo D possui somente uma entrada de dados síncrona. Este componente atualiza o valor de sua saída com o valor inserido em sua entrada, ou seja, este componente é denominado de latch transparente pois somente memoriza o valor contido em sua entrada de dado. O símbolo, o diagrama lógico, e a tabela de operação deste latch são apresentados na figura abaixo. S R Q /Q relógio D D relogio Q /Q relógio D Q 0 X mantém 1 0 0 1 1 1 Figura 5: Diagrama lógico, símbolo e tabela de operação. (Fonte:autoria própria) 2.4. FLIP-FLOP Nos latches apresentados anteriormente os sinais de entrada devem estar fixos enquanto o pulso de relógio está ativo (nível baixo ou alto). Logo, pode-se concluir que estes dispositivos são muito susceptíveis a ruído em suas entradas de dados síncronas. Para reduzir a influência do ruído nestes componentes foi projetado um dispositivo que opera nos flancos do sinal de relógio, sendo o mesmo denominado de flip-flop. A seguir serão apresentados todos os símbolos e a tabela de operação dos principais flip-flops disponíveis comercialmente. FLIP-FLOP D D relogio Q /Q relógio D Qn+1 0 X Qn 1 X Qn 0 0 1 1 (Fonte: autoria própria) FLIP-FLOP JK J K Q /Q relógio relógio J K Qn+1 0 X X Qn 1 X X Qn 0 0 Qn 0 1 0 1 0 1 1 1 /Qn Autor: Prof. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________________ ‐ 4 ‐ FLIP-FLOP T T Q /Q relógio relógio T Qn+1 0 X Qn 1 X Qn 0 Qn 1 /Qn (Fonte: autoria própria) As entradas dos latches e flip-flops só são válidas quando um sinal de habilitação/relógio é aplicado nestes componentes. Em muitas aplicações é necessário setar (colocar a saída em nível lógico alto) ou resetar (colocar a saída em nível lógico baixo) um latch ou flip-flop sem a aplicação de um sinal de relógio. Por esta razão, em alguns destes dispositivos, mais duas entradas foram adicionadas para realizar tal função. As entradas são denominadas de PRESET e CLEAR, e tais entradas se sobrepõem a todos os outros sinais de entrada existente nestes componentes. A seguir são apresentados o símbolo e a tabela verdade de um flip-flop JK que possui os sinais de controle PRESET e CLEAR. FLIP-FLOP JK J K Q /Q relógio PRESET CLEAR relogio Preset clear J K Qn+1 X 0 1 X X 1 X 1 0 X X 0 1 1 0 0 Qn 1 1 0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 /Qn (Fonte: autoria própria) 3. APLICAÇÃO Neste tópico serão apresentadas algumas aplicações destes componentes na área de elétrônica digital. Inicialmente apresentaremos o resultado comparativo da diferença de operação entre um componente latch e flip-flop. Observe o circuito esquemático mostrado na figura 6. O circuito proposto é composto por um latch D e um flip-flop D sendo conduzidos pelos mesmos sinais de entrada, ou seja, o sinal CLK é usado para habilitar (nivel lógico alto) a operação do latch D e também para sincronizar (borda de subida) a operação do flip-flop D. O sinal denominado D está conectado a entradade dados em ambos os componentes. Os sinais Q_latch e Q_ff representam os sinais de saída do latch D e do flip-flop D respectivamente. Autor: Prof. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________________ ‐ 5 ‐ 8 VCC 2 D DFF CLRN Q PRN 7 VCC 6 Q_ff OUTPUT 1 LATCH Q ENA D VCC4 CLK INPUT VCC3 D INPUT 5 Q_latch OUTPUT Figura 6: Circuito esquemático desenvolvido para comparar a operação de um latch D e de um flip-flop D. (fonte: autoria própria) A figura 7 apresenta os resultados obtidos de simulação do circuito proposto. Dos resultados podemos verificar que quando o sinal de relógio (CLK) faz uma transição de subida o valor de saída do flip-flop D (Q_ff) é atualizado com o valor presente na entrada de dados síncrona do componente, sendo que essa atualização só ocorre neste instante. Por outro lado, quando o sinal CLK é colocado em nivel lógico alto a saída do latch (Q_latch) é atualizada com a valor de entrada D durante todo o inervalo no qual o sinal CLK é mantido em alto. Comparado-se a forma dos sinais Q_latch e Q_ff podemos facilmente observar a diferença de operação de ambos os circuitos. Figura 7: Resultado de simulação do circuito esquemático mostrado na figura 6. (fonte: autoria própria) Na figura 8 estão sendo usados 4 flip-flop's D para armazenar uma palavar binária de 4 bits. Um circuito codificador de teclado é usado para converter uma informação decimal para o código BCD8421 complementado. O sistema digital possui 10 sinais de entrada denominados [0..9] representando os digitos decimais e um sinal denominado INICIAR necessário por fornecer a condição inicial dos flip-flop's. A operação do circuito é bem simples, quando uma entrada decimal é ativada o correspondente valor (código binário) que representa essa informação em BCD8421 é armazenada nos flip-flop's D, ou seja, este conjunto de flop-flop's está sendo usado como um registrador de dados temporários. As saídas do sistema digital são denominadas C[3..0] representando a informação BCD8421 armazenada. Autor: Prof. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________________ ‐ 6 ‐ /E /C /B /D /A D /D C3 C /C C2 C D B A B /B C1 /E A /A C0 C[3..0] PARALELO DE 4 BITS REGISTRADOR 22 IN5 IN4 OUT IN3 IN2 IN1 OR5 23 VCC 5 NOT 9 D DFF CLRN Q PRN 24 C[3..0] OUTPUT 8 D DFF CLRN Q PRN 1 AN BN CN DN 1N 2N 3N 4N 5N 6N 7N 8N 9N 74147 ENCODER 4 NOT VCC17 8 INPUT VCC16 7 INPUT VCC15 6 INPUT VCC18 9 INPUT 3 NOT 7 D DFF CLRN Q PRN VCC11 2 INPUT VCC13 4 INPUT VCC12 3 INPUT VCC14 5 INPUT VCC19 0 INPUT VCC10 1 INPUT 21 NOT 2 NOT 6 D DFF CLRN Q PRN VCC20 INICIAR INPUT Figura 8: Circuito esquemático de sistema digital contendo flip-flop's D usandos para armazenar uma palavra binária de 4 bits. (fonte: autoria própria) O resultado de simulação mostra que quando o sinal INICIAR está ativado (nível lógico baixo) o sinal de saída C[3..0] = "1111", ou seja, o sistema digital não responde a nenhuma das entradas de dados existentes. A partir do instante que o sinal INICIAR é desabilitado, o circuito inicia o armazenamento das informações solicitadas pelo usuário, como no instante t = 2ms onde o usuário insere o valor decimal 2 para ser armazenado neste sistema. Figura 9: Resultado de simulação do registrador de 4 bits implementado com FFD. (fonte: autoria própria) Autor: Prof. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________________ ‐ 7 ‐ Outra aplicação muito comum de flip-flop's é apresentada na figura 10. Este circuito representa um contador binário decrescente de 3 bits. O sistema é implementado com Flip- flop's T sendo sincronizado por borda de subida do sinal de relógio (sinal CLK), e possuindo também um sinal denominado RESET cuja função é realizar a incialização do contador com o valor "000". Ressalta-se também que todos os flip-flop's T estão configurados para sempre realizar a comutação do sinal de saída quando da aplicação do sinal de sincronismo. Os sinais de saída do contador são denominados Q[2..0]. 8 Q1 OUTPUT 9 Q2 OUTPUT 7 Q0 OUTPUT VCC6 RESET INPUT 1 T TFF Q CLRN PRN 2 T TFF Q CLRN PRN 3 T TFF Q CLRN PRN VCC5 CLK INPUT 4 VCC Figura 10: Circuito esquemático de um contador binário assíncrono decrescente de 3 bits. (fonte: autoria própria) Na figura 11 apresentamos o resultado de simulação do contador. O sinal INICIAR está ativo até t = 1.0s impondo como saída Q[2..0] = "000" para o contador. Após a desabilitação deste sinal, o contador passa a responder a aplicação do sinal de relógio. Neste exemplo o período do sinal de relógio (CLK) é de 1.0s, e no instante t = 1.5s ocorre uma borda de subida do sinal CLK fazendo com que o sinal Q0 comute para '1' (Q0 = '1'), pois o sinal CLK atua somente como sinal de sincronismo deste FFT. Como consequência, neste instante, também é gerado o sinal de sincronismo do segundo FFT (sinal Q0 faz uma transição de '0' para '1'), forçando Q1 = '1' e finalmente será gerado o sinal de sincronismo do terceiro FFT fazendo também este componente comutar (Q2 = '1'). Portanto, a cada transição de subida do sinal CLK este contador decrementa de 1 o valor de sua saída. Figura 11: Resultado de simulação do contador assíncrono decrescente 3 bits implementado com FFT. (fonte: autoria própria) Na figura 12 é apresentado o circuito denominado de registrador em anel de 4 bits implementado com flip-flop's D. Este circuito possui a função de realizar o deslocamento ciclíco de uma palavra binária de 4 bits. O sistema possui dois sinais de entrada: (i) sinal INICIAR usado para inserir o padrão "1000" no circuito. (ii) sinal CLK que representa o sinal de Autor: Prof. Leonardo Mesquita _____________________________________________________________________________________ ‐ 8 ‐ sincronismo do sistema; Os sinais de saída são acessados pelo usuário através do barramento de dados S[0..3]. É importante ressaltar a operação síncrona do sistema, ou seja, todos os FFD são atualizados no mesmo instante de tempo. 10 S1 OUTPUT 11 S2 OUTPUT 12 S3 OUTPUT VCC7 INICIAR INPUT 9 S0 OUTPUT VCC6 CLK INPUT 1 D DFF CLRN Q PRN 2 D DFF CLRN Q PRN 3 D DFF CLRN Q PRN 4 D DFF CLRN Q PRN 5 VCC Figura 12: Circuito esquemático de um registrador em anel de 4 bits. (fonte: autoria própria) A figura 13 apresenta o resultado de simulação do circuito. A operação sincrona do circuito incia-se em t = 1.5s, sendo que a cada pulso de relógio a informação contida no registrador (Q[0..3] = "1000") é deslocada ciclicamente a cada aplicação de um pulso de relógio. Figura 13: Resultado de simulação do registrador em anel de 4 bits. (fonte: autoria própria) LITERATURA RECOMENDADA [1] Tocci, R. J.; Widmer, N. S.; Moss, G. L; Sistemas Digitais: Princípios e Aplicações - 11. ed., São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2011. Capítulo 5: Flip-Flops e Dispositivos Correlatos [2] Floyd, Thomas L.; Sistemas digitais: fundamentos e aplicações - 9. ed. - Porto Alegre, Bookman, 2007. Capítulo 7: Latches, Flip-Flops e Temporizadores
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