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• Pergunta 1 1 em 1 pontos Restos Minha Nossa Senhora do Bom Parto! O caminhão do lixo já deve ter passado! Eu juro, seu poliça, foi nessa lixeira aqui! Nessa mesminha! Eu vim catar verdura, sempre acho umas tomate, umas cenoura, uns pimentão por aqui. Tudo bonzinho, é só lavar e cortar os pedaço podre, que dá pra comer... Aí quando eu puxei umas folha de alface, levei o maior susto. Quase desmaiei, até. Eu, uma mulher assim fornida que nem o seu poliça tá vendo, imagina: fiquei de pernas bamba. Me deu até tontura. Acho que também por causa do fedor... Uma carniça que só o senhor cheirando pra saber. Mas eu juro por tudo que é mais sagrado! Tinha sim um anjinho morto nessa lixeira! Nessa aqui! Coitadinho... Deve ter se esgoelado de tanto chorar. A gente via pela sua carinha de sofrimento. Ele tava com a boquinha aberta, cheinha de tapuru. Eu nem reparei se era menino ou menina, porque eu fiquei morrendo de pena... E de medo, também... Os olho... É do que mais me alembro... Esbugalhado, mas com a bola preta virada pra dentro, sabe? Ai! Soltei um berro e saí correndo. SERAFIM, L. Restos. In: SOUTO, A. Variação Linguística e texto literário: perspectivas para o ensino. Cadernos do CNLF, v. XIV, n. 4, t. 4, 2010, p. 3310 (com adaptações). Considerando a linguagem utilizada no texto “Restos”, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I - A utilização do pronome oblíquo átono antes do verbo (próclise) no trecho “Me deu até tontura” é característica do português brasileiro, mas não abonada, para a língua escrita, pela gramática normativa. PORQUE II - As regras normatizadas de colocação pronominal não correspondem às tendências fonológicas do português brasileiro. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. • Pergunta 2 1 em 1 pontos Leia os textos a seguir. Texto 1 Porquinho-da-Índia Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinho-da-índia. Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos, Ele não se importava: Queria era estar debaixo do fogão. Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada. Disponível em: https://www.pensador.com/frase/MzIwNzQ1/. Acesso em: 24 fev. 2020. Texto 2 Madrigal Tão Engraçadinho Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha [vida, inclusive o porquinho-da-índia que [me deram quando eu tinha seis anos. BANDEIRA, M. Libertinagem & Estrela da manhã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 36. Os textos 1 e 2: Resposta Selecionada: d. Estão em consonância com a estética do Modernismo, pois são construídos em versos livres e com linguagem que se aproxima da prosa, características pertinentes a esse estilo literário. • Pergunta 3 0 em 1 pontos Leia os fragmentos dos textos a seguir. Nos textos comuns, não literários, o autor seleciona e combina as palavras geralmente pela sua significação. Na elaboração do texto literário, ocorre uma outra operação, tão importante quanto a primeira: a seleção e a combinação de palavras se fazem muitas vezes por parentesco sonoro. Por isso se diz que o discurso literário é um discurso específico, em que a seleção e a combinação das palavras se fazem não apenas pela significação, mas também por outros critérios, um dos quais, o sonoro. Como resultado, o texto literário adquire certo grau de tensão ou ambiguidade, produzindo mais de um sentido. Daí a plurissignificação do texto literário. GOLDSTEIN, N. Versos, sons, ritmos. 5. ed. São Paulo: Ática, 1988, p. 5. Os símbolos, as metáforas e outras figuras estilísticas, as inversões, os paralelismos e as repetições constituem outros tantos meios de o escritor transformar a linguagem usual em linguagem literária. AGUIAR E SILVA, V. M. Teoria da literatura. 3. ed. Coimbra: Almedina, 1979, p.58 (com adaptações). Tomando como referência os textos acima, avalie as afirmações a seguir. I - A plurissignificação de um texto literário é construída pela combinação de elementos que vão além da significação das palavras que o compõem. II - A construção do texto literário envolve um processo de seleção e combinação de palavras baseados, necessariamente, no uso de metáforas. III - A ambiguidade do texto literário resulta de um processo de seleção e combinação de palavras. IV - O texto literário se diferencia do não literário por não depender de significação, mas, sim, de outros recursos no processo de seleção e combinação das palavras. É correto apenas o que se afirma em: Resposta Selecionada: e. II, III e IV. • Pergunta 4 0 em 1 pontos Paradigma pronominal do português brasileiro. DUARTE, I; LEIRIA, I. (orgs.). Actas do Congresso Internacional sobre o Português. v. II, 1996, p. 211-237 (com adaptações). Considerando o quadro do paradigma pronominal do português brasileiro, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I - No enunciado “Ela estava nervosa, porque o filho dela desmaiou de tanta fome”, o uso da combinação pronominal “dela” evidencia mudança no sistema pronominal brasileiro. PORQUE II - O uso do possessivo “seu” pode causar ambiguidade, dada a reestruturação no paradigma pronominal do português brasileiro, com a entrada do pronome “você” – oriundo da forma de tratamento “Vossa Mercê” – como variante ou substitutivo do pronome “tu”. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. Resposta Selecionada: d. A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. • Pergunta 5 1 em 1 pontos Leia o texto a seguir. Mestre do coro Vou pidi a Santa Bárbara. Pra ela me ajudá. Coro Santa Bárbara que relampuê Santa Bárbara que relampuá Esse estribilho é repetido várias vezes, em ritmo cada vez mais rápido, até que Minha Tia surje no alto da ladeira e apregoa num canto sonoro. Minha Tia Óia, o ca-ru-ru! Cessam de repente o canto e o acompanhamento. Os jogadores param de jogar. (...) Coca (Tira do bolso uma nota e coloca-a sobre o balcão) Aposto cem. Galego (Coloca uma nota sobre a de Mestre Coca) Casado. (...) Coca O Galego diz que o padreco não deixa o homem entrar. Eu digo que vai acabar entrando, hoje mesmo, com cruz e tudo. Galego Entra nada. Yo conheço esse padre. Moça com vestido decotado no entra nesta igreja. Yo mismo já vi ele parar la missa até que uma turista americana, de calças compridas, se retirasse... GOMES, D. O Pagador de promessas. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005, p. 78-9. Tomando por base o excerto da peça O Pagador de Promessas e levando em conta as especificidades da linguagem dramática, avalie as seguintes afirmativas. I - O texto dramático, sobretudo na linguagem dos personagens, reproduz, artisticamente, padrões de fala do cotidiano. II - O texto dramático, no que diz respeito às rubricas ou marcações de cena, registra a presença da figura autoral. III - O texto dramático, ao registrar padrões da fala, tende a se tornar historicamente datado e, consequentemente, prejudicado quanto ao aspecto artístico. Está certo o que se afirma apenas em: Resposta Selecionada: d. I e II. • Pergunta 6 1 em 1 pontos Leia as afirmativas: I - A modalização deôntica se aplica a uma proposição relacionada à necessidade ou à possibilidade de atos realizados por agentes moralmente responsáveis, porém o que essa proposição descreve não é um ato propriamente dito, mas o estado de coisas que será obtido se o ato em questão for cumprido. A necessidade deôntica (a obrigação) é sempre derivada de alguma fonte ou causa (uma pessoa, uma instituição, um conjunto de princípios morais ou legais, ou até mesmo alguma compulsão interna). PORQUEII - A modalização deôntica, relacionada aos valores de permissão, obrigação e proibição, refere-se ao eixo da conduta; portanto está "condicionada por traços lexicais específicos ao enunciador (controle) e, de outro lado, implica que o enunciatário aceite o valor de verdade do enunciado, para executá-lo. Resposta Selecionada: c. As afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é justificativa da I. • Pergunta 7 0 em 1 pontos Considerando o enunciado “você tem horas?”, é possível concluir, dentro de uma situação de uso cotidiana (em que uma pessoa faz tal pergunta a outra, na rua, por exemplo), que tal enunciado não signifique que a pessoa que perguntou queira saber se a outra pessoa possui um relógio, mas está interessada sim em saber que horas são. Ou seja, a resposta da outra pessoa não seria adequada se fosse simplesmente “tenho”. Tal reflexão coloca em oposição o tratamento do sentido, da informação entre os campos teóricos da: Resposta Selecionada: e. Pragmática e Gênero Textual. • Pergunta 8 1 em 1 pontos Cheguei na beira do porto Onde as ondas se espáia As garça dá meia volta E senta na beira da praia E o cuitelinho não gosta Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai Aí quando eu vim de minha terra Despedi da parentaia Eu entrei no Mato Grosso Dei em terras paraguaia Lá tinha revolução Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai A tua saudade corta Como aço de navaia O coração fica aflito Bate uma, a outra faia Os óio se enche d’água Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai A letra de música é Cuitelinho e sobre ela podemos afirmar: Resposta Selecionada: c. A letra tenta se aproximar da fala regional ao reproduzir graficamente os metaplasmos. • Pergunta 9 1 em 1 pontos Leia o texto a seguir. Autopsicografia O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. PESSOA, Fernando. Autopsicografia. In: Obra completa. Porto: Lello & Irmãos, 1975, p. 255. De acordo com o poema, é específico do processo de criação literária o fato de o poeta: I - escrever não o que pensa, mas aquilo que deveras sente. II - ser capaz de captar e expressar os sentimentos dos leitores. III - transformar um elemento extraliterário, como a dor, em objeto estético. Está certo o que se afirma apenas em: Resposta Selecionada: c. III. • Pergunta 10 1 em 1 pontos Considere as afirmativas a seguir. I - O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia greco-romana, deuses e entidades pagãs, mas esses mesmos deuses convivem com outros seres do mundo cristão. II - A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se, sobretudo, de poesia, que pode ser lírico-amorosa, épica e satírica. III - O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas construções da linguagem barroca, preferindo a clareza e a ordem lógica na escrita. IV - O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o descobrimento da Bahia, levado a efeito por Diogo Álvares Correia, misto de missionário e colono português. V - A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade e amor ao índio Cacambo, é trecho mais conhecido da obra O Uraguai, de Basílio da Gama. Está correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: b. I, II, III e IV, apenas.
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