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UFABC - Universidade Federal do ABC Bacharelado em Relações Internacionais Abordagens Tradicionais das Relações Internacionais - 3º Quadrimestre de 2018 Profª.Drª. Ana Tereza Lopes Marra de Souza Laryssa Paulino Rosa RA: 21031516 São Bernardo do Campo - SP Buscando interpretar os governos anteriores norte-americanos e sua política externa, propõe-se uma análise segundo as abordagens teóricas das relações internacionais, dando enfoque no debate entre idealismo e realismo. Mobilizando estas duas correntes, pode-se tentar compreender melhor as posturas adotadas em cada governo e os objetivos desejados por estas, principalmente com relação à legalidade da utilização da força no cenário internacional. Entretanto, é importante ressaltar que as teorias são tentativas de explicação da realidade mas não refletem-na com precisão, são ferramentas para compôr o cenário de investigação para atingir um entendimento que busque ser imparcial - mesmo que não seja possível atingir a imparcialidade em sua completude. Com relação ao ex-presidente Obama, a análise é sobre seu discurso ao ser premaido com o Nobel da paz em 2009. Tomando-o como base e estudando sobre a política externa do período, pode-se dizer que teve uma política externa imperialista, mas procurou sempre respeitar as organizações internacionais incentivar a confiabilidade delas. Também falou muito sobre garantir a liberdade individual dos povos, o que se relaciona com a corrente liberalista. Em sua fala coloca a ação entre Estados não como uma busca pelo poder, mas pela manutenção da paz, que não vem sem a interferência em assuntos internos de nações. Embora seja uma iniciativa aparentemente de “solidariedade”, na prática vemos que os EUA age segundo seu interesse nos assuntos internos, principalmente no Oriente Médio, para garantir a conservação de sua hegemonia em seus interesses econômicos e políticos. Como foi com a intervenção do Kuwait, território rico em petróleo, e na Líbia, que derrotou um regime autoritário que buscava se contrapor ao poder do norte econômico. Dessa forma, as correntes teóricas realista e liberalista se sobrepõem aqui, na busca por expandir o poder e a proteção da influência interna, e uma aparente descrença na natureza humana, mas também a necessidade de garantir a maximização do bem-estar geral e o conceito de “guerra justa” de Grotius. Obama também fomenta fortemente a cooperação internacional em entidades supra-Estatais, na garantia do livre-comércio e da democracia. O movimento de anarquia para o líder é mutável, pois há um otimismo com relação ao futuro e a crença no progresso, mesmo que a um alto custo, Obama termina seu discurso concluindo que a cooperação pode levar à estabilidade e garantia de equilíbrio no sistema. Sendo, desta forma, mais relacionado com as teorias liberalistas. A respeito da política externa de Trump, observa-se uma postura de dominação num contexto de conflito. Há principalmente uma moralidade própria, ou a falta dela para lidar com as relações internacionais. Em um viés muito realista, implica em abdicar do chamado direito natural e da ética e moral a fim de garantir os próprios interesses. Pode-se também relacionar com o conceito de “auto-ajuda”, em que cada nação deve tomar medidas por conta própria para a manutenção de sua sobrevivência. Neste sentido, as instituições e principalmente o Estado adquirem uma roupagem de poder intencional, que garante sua vontade soberana. Essa interpretação não desconsidera totalmente as capacidades das instituições e organismos de cooperação, mas toma-os como detentores de um poder limitado, e utilizará este poder a seu favor de forma muito pragmática. Além disso, Trump não considera intervir nos assuntos internos de outros países, a não ser que isso se torne um problema direto para os objetivos americanos, ao que podemos relacionar com o conceito de “caixa preta”: cada Estado nacional deve ser considerado unitário e racional, não importando sua postura para assuntos e políticas internas, mas dando importância apenas na interação entre eles. No entanto, no discurso de Trump para a ONU há um grande interesse em intervir militarmente na região do Oriente Médio, voltado para a proteção de um deslocamento do poder no sistema global e repressão expressiva contra qualquer tipo de regime ditatorial. Esse aparente alinhamento de pensamento com a conservação da política de obtenção de segurança como soma zero na verdade pode ser mais explicado pela garantia dos interesses econômicos da nação, em garantir que o regime político estabelecido na região não dificulte a posição dos EUA no mercado petrolífero e também o seu consumo. Assim também com a fala direcionada à Venezuela. Trump coincide com as teorias realistas ao dizer claramente seus objetivos e interesses no plano internacional a fim de garantir o equilíbrio e a paz entre os Estados, esperando que os mesmos procedam de maneira similar, como falará Nierhbuhr. É expressiva também a postura isolacionista do governante, seu status na anarquia internacional, simbolizada pela saída de organismos internacionais, como o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Justificando pela ameaça aos interesses nacionais e até mesmo sua soberania. Entretanto, seguindo a mesma linha realista, Trump não desconsidera totalmente a possibilidade de cooperação, mas apenas a limitação de instituições de um viés prejudicial aos objetivos do Estado. Mesmo que Trump propague as liberdades individuais - princípio atado à teoria liberalista-, para ele o único meio de preservá-la seria através do Estado Soberano. Dessa forma, o discurso de Trump está muito mais fortemente ligado à distribuição de poder do que instituições e cooperações.
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