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Prática de Lutas Prof. Felipe Guimarães Teixeira/Flavio Jr. LUTAS NO SENTIDO ASSISTEMÁTICO As lutas, por assim dizer, são “manifestações corporais” que apresentam em seu bojo a necessidade de defesa do Ser (pessoa/grupo), de seus objetos/alimentos ou território. Tais “manifestações corporais” se fazem presente desde o Homo Erectus, passando pelos Neandertais até chegar ao Homo Sapiens. Cada período contemplava as transformações que se davam frente às necessidades da época contemplando a geografia local e seus habitantes. O uso de ferramentas, segundo Yuval Noah Harari, acorreu por necessidade de alimentar-se, acessar os alimentos (400 mil anos) e, posteriormente, utilizada como material de defesa (arma). LUTAS NO SENTIDO SISTEMÁTICO As lutas assumem um papel fundamental na cultura dos povos, sobretudo, no que se refere aos países do oriente, sendo esses, percussores desse processo. Haja vista que temos poucos escritos sobre a cultura oriental voltada para as lutas por questões relativas à geografia e a língua. No que se refere à educação física, após a regulamentação da profissão e, posteriormente, impulsionada pelo BNCC, as pesquisas vêm se intensificando entorno do tema em questão. . AS ARTES MARCIAIS E O PROCESSO DE ESPORTIVIZAÇÃO Segundo Rios, as Artes Marciais tinham a capacidade de derrubar o oponente em poucos segundos (2005, p.50). Artes Marciais: Conhecida como técnica de luta Rios, se apropria da frase máquina de guerra com base na filosofia de Gilles. A falta de compromisso com a cultura das artes marciais leva ao abandono de suas raízes que enfatizavam o caráter “disciplinador”, ritualístico e tradicional da cultura oriental. Assume o papel de substituí-los pelo caráter pedagógico, esportivo e da qualidade de vida. A transformação das lutas e as suas consequências com o advindo do esporte: Mídia, Capital; Status (narcisismo) – Uma relação de poder e status com base nas técnicas utilizadas nas artes marciais, sem que a sua filosofia seja colocada em prática. “Leis Não transformam a sociedade, a educação transforma”. “Os instintos podem provocar a chamada Pobreza Psicológica dos Grupos, pela pobreza dos líderes sob os quais, não apresentam qualidades para formar esses grupos que lideram”. Norbert Elias refere- se a simulações de luta, a qual chama de jogos como forma de controle da agressividade. CULTURA IBÉRICA No que se refere a cultura ibérica, a origem das lutas apontam para os gregos (helênicos) que utilizavam o PANCRÁCIO, o qual se manteve até os jogos olímpicos da era antiga. O PANCRÁCIO era a fusão de técnicas que remetem ao boxe, estrangulamentos, chutes e travamentos articulares. SPARTACUS: Um escravo Romano que liderou uma revolta contra a Republica Romana (109 a 71 a.C.). SPARTACUS era grego indo para Roma fazer parte do exercito desse país. Com o passar do tempo, se apropriou do fato de ser um soldado para cometer delitos, como o roubo. Preso, posteriormente foi vendido como escravo, e na prisão, organizou um grupo de rebeldes ensinando a eles as técnicas de lutas que havia aprendido. Mais tarde esse grupo conseguiu se libertar da prisão com o uso da força e, juntos, passaram a invadir territórios e acumular bens. O grupo ficou conhecido como os SPARTANOS. Capoeiras e intelectuais: a construção coletiva da capoeira “autêntica” Simone Pondé Vassallo Capoeira primitiva e capoeira folclórica Contrariando certas representações da atualidade, a capoeira não era utilizada somente contra a polícia ou os senhores violentos. Ela era veiculada sobretudo pelos negros entre si, que se organizavam em grupos rivais, as famosas maltas, que tanto aterrorizavam a cidade nesse momento (Soares, 1994). A apropriação do território era um componente fundamental dessa forma de organização, com cada malta dominando uma freguesia específica e evitando a invasão dos grupos concorrentes, considerada provocadora. Sozinhos ou em bando, eles percorriam as ruas do Rio de Janeiro munidos de facas ou outros instrumentos perfurantes, semeando o pânico. O olhar que a sociedade carioca de então dirigia a esses combatentes era extremamente negativo, bem como o que se voltava para o conjunto das atividades afro-brasileiras. Um jornal local de 1874 descreve a atuação dos “desordeiros” da seguinte maneira: Mais uma sanguinolenta proeza contam estes assassinos que infestam nossa cidade. Às oito horas da noite de anteontem, uma numerosa malta de capoeiras estava reunida na rua dos Ourives, esquina de são José, ponto de predileção dos capoeiras (...). De repente, levantou-se o tumulto, sacaram-se facas e aquele pedaço transformou-se em campo de batalha (...). É indispensável que se ponha termo a estes atos de canibalismo que nos cobrem de vergonha. Nos domingos e dias santificados percorre as ruas da cidade uma horda de assassinos, uns de instintos ferozes, outros inconscientes do mal que praticam, mas arrastados pelo exemplo, perpetram-se dois ou três assassinatos, e no próximo dia santo repete -se a cena de sangue. (Diário do Rio de Janeiro, 9 de março de 1874) Os negros eram considerados primitivos, e suas atividades eram classificadas como patológicas. A capoeira era um “cancro moral” que deveria ser extirpado, pois impedia a modernização do país. Neste sentido, Mello Moraes Filho (1893 : 431) a comparava à febre amarela, à difteria e ao cólera. Apesar de as representações do período insistirem em seu aspecto violento, a capoeira também consistia numa forma de lazer, sendo acompanhada de instrumentos musicais. Um quadro de 1830 do pintor Johan Moritz Rugendas, intitulado O jogo da capoeira ou a dança da guerra. A modernização, que atinge mais intensamente o país a partir desse momento, conduz vários intelectuais à procura das “sobrevivências” culturais que estariam ameaçadas pelo progresso. Mas esses antropólogos e folcloristas consideram que as expressões populares mais autênticas estariam situadas no Nordeste. A partir de então, temos uma visão dicotômica, em que o Nordeste se torna símbolo de tradição, e o Sudeste de modernidade (Dantas, 1988). A luta praticada no Rio de Janeiro, tão ativa ao longo do século XIX, se apaga progressivamente da memória nacional. Apesar das diferentes perspectivas adotadas pelos folcloristas do período em questão, todos parecem concordar com a autenticidade da capoeira baiana, por oposição à do Rio de Janeiro, vista como descaracterizada. Assim, a capoeira baiana é considerada lúdica e pacífica, afastando-se aí todo o aspecto violento que também podia assumir. Opondo-a à luta carioca, esse mesmo autor afirma ainda que o caráter de afirmação pessoal, de arma de sobrevivência, que a capoeira assumiu no Rio de Janeiro, e mais tarde no Recife, não chegou a se pronunciar na Bahia Há várias espécies de capoeira: a) de Angola; b) Angolinha (variação da primeira); c) São Bento Grande; d) São Bento Pequeno; e) Jogo de dentro; f) Jogo de fora; g) Santa Maria; h) Conceição da Praia; i) Assalva (salva, saudação); j) Senhor do Bonfim (Carneiro, 1937: 149). Em seguida, acrescenta: “a capoeira de Angola me parece a mais pura das formas de capoeira, podendo servir de paradigma à análise” (Carneiro, 1937: 149). O Segundo Congresso Afro-Brasileiro, organizado em Salvador, em 1937, revela algumas articulações tecidas entre os folcloristas e a modalidade de capoeira que eles consideram mais pura. Assim, seus organizadores – entre eles Édison Carneiro e Jorge Amado – só estabelecem laços com os praticantes de Capoeira Angola, convidando-os a se apresentar durante o evento, em detrimento dos jogadores de Regional (Pires, 2001). Segundo ele, a Capoeirade Angola é originária do folclore africano e, portanto, mais fiel às tradições do Continente Negro. Neste sentido, declara que “dentre os jogos, a capoeira de Angola, que é uma luta corporal maravilhosa, utilizada outrora pelos malandros do Rio e das outras cidades (Bastide, 1996: 181). Eles se esqueceram, mas eles precisam se lembrar que a primeira capoeira do Brasil foi a Angola, criada para uma defesa na escravidão” (apud Vieira, 1990: 178). Não tem o menor fundamento a afirmativa de Édison Carneiro, em Negros Bantos, repetida vinte anos mais tarde, em A sabedoria popular, de que há nove modalidades de capoeira, passando em seguida a enumerá-las. O que houve foi uma bruta confusão feita por Édison Carneiro, misturando golpes de capoeira com toques de berimbau, chamando a isso modalidades de capoeira. Lastimável é que esse erro vem sendo repetido por quantos o copiam e o mais recente foi Dias Gomes. (Rego, 1968: 32) Taekwendo • O Taekwondo (ou Tae Kwon Do, ou Taekwon-do), cujo significado é “o caminho dos pés, das mãos e do espírito” • surgiu na Coréia há aproximadamente 1300 anos. Algumas referências datam do ano de 670 d C e outras, do início do Cristianismo. • Coréia era dividida em três Reinos: Koguryo, Silla e Baek Je. Silla, o menor dos reinos, era constantemente invadida e saqueada pelos seus vizinhos. Devido a isso, durante o reinado de Chin Heung, um grupo de jovens aristocratas e militares se reuniu e formou uma tropa de elite denominada Hwa Rang-Do. Taewkendo • Cabe ressaltar que alguns Historiadores Coreanos, os quais, não tiveram suas obras publicadas em Português e com base nas narrativas dos primeiros Mestres que vieram para o Brasil divulgar essa Arte, afirmam que, ela foi criada antes do início do Cristianismo. • Essa tropa guerreira, além de realizar treinos utilizando lanças, arco e flecha e espadas, também realizou treinos de lutas com uso das próprias mãos e pés conhecidos como Soo Bak e Soo Bak He. Segundo Kim (2006) esses jovens, para “endurecerem” seus corpos, treinaram ferozmente, escalando montanhas rudimentares, nadando em rios turbulentos nos meses frios, com o objetivo de se concentrarem impiedosamente na tarefa de defender a sua terra. • O Hwa Rang-Do possuía um código de honra com cinco itens. São eles: • 1) Obediência ao Rei; • 2) Respeito aos pais; • 3) Lealdade para com os amigos; • 4) Nunca recuar ante o inimigo; • 5) Somente matar quando não houver alternativa. • Naquele ano, na cidade de Surabul, surgiu uma prática de luta chamada Tae Kyon. Mais tarde esta viria a ser o Taekwondo. • Porém, no ano de 1909, a Coréia foi invadida e ocupada pelo Japão. Essa dominação perdurou até 1945 e durante esses 36 anos de ocupação japonesa, a cultura coreana, como a fala, o canto, o estudo da língua, a vestimenta e as artes marciais, foram banidas. • Foi neste período que o Caratê ganhou popularidade e começou a ser difundido pelo mundo e foi introduzido na Coréia em 1913 (Kim, 2006). • Nesse período de dominação japonesa, alguns mestres treinavam clandestinamente a luta coreana, passando as técnicas e ensinamentos aos jovens, como forma de manter a cultura coreana entre seu povo. • Em 1945, o Japão se encontrava enfraquecido após ter sido derrotado na II Guerra Mundial. Com isso, perdeu o domínio dos territórios invadidos e os coreanos voltaram a treinar as suas artes ostensivamente, entre elas, o Tae Kyon. • Por terem treinado clandestinamente, muitos mestres criaram diversas escolas, afirmando cada um, a sua luta como sendo a verdadeira. Dez anos depois (1955) o General Choi Hong Hi supervisionou uma grande reunião de mestres destas diversas escolas, com a finalidade de unificar as artes marciais coreanas. • Foi criada a expressão Tae Soo Do inicialmente para essa união. Logo em seguida, o nome transformou-se em Tae Kwon Do. Levaram-se alguns anos para solidificar a nova arte marcial, onde se procurou extirpar as influências estrangeiras (em particular as japonesas), e desenvolver uma arte marcial genuinamente coreana. Com essa divisão e por conta do dialeto em que algumas províncias mantinham, muitos mantiveram a associação do nome Tae Ken Do como : harmonia, energia e caminho. • Em 1961 fundou-se a Korea Taekwondo Association (KTA), objetivando a regulação da prática da arte do Taekwondo em território coreano. Em 1966, o General Choi Hong Hi fundou a International Taekwondo Federation (ITF) com a finalidade de divulgar o Taekwondo pelo mundo. Entretanto, em 1972, problemas políticos levaram o General Choi a transferir a sede da ITF para o Canadá e posteriormente, para a Coréia do Norte1. • Segundo Kim (2006) o Taekwondo foi introduzido no Brasil pelo Grão-Mestre Sang Min Cho, por ordem do general Choi. A primeira academia inaugurada por Cho em território nacional está localizada no bairro da liberdade em São Paulo. O Taekwondo nos jogos Olímpicos. • O Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou, em 1980, a inclusão do Taekwondo nos Jogos Olímpicos de Seoul no ano de 1988, como esporte de demonstração. Finalmente, no ano de 2000, o Taekwondo foi oficialmente adotado como modalidade nos Jogos Olímpicos de Sidney. Assim, continuou em Athenas (2004) e em Pequim (2008). • Em 2012, nos próximos Jogos Olímpicos em Londres, o Taekwondo possui a garantia de esporte oficial. Porém, a modalidade sofre com algumas situações que levam a dúvida da sua participação nesses Jogos (Exigências da Mídia). O Espírito • Juramento e espírito do Taekwondo • EU PROMETO : • 1. Observar as regras do Taekwondo. • 2. Respeitar o Instrutor e meus superiores. • 3. Nunca fazer mau uso do Taekwondo. • 4. Ser campeão da liberdade e da justiça. • 5. Construir um mundo mais pacífico. Espírito do Taekwondo: • 1. Cortesia • 2. Integridade • 3. Perseverança • 4. Autocontrole • 5. Espírito indomável Prática de Lutas • Descrição da Disciplina • Justificativa da Disciplina • Objetivo • Conteúdo programático • Metodologia • Avaliação • Bibliografia • Material Digital Descrição da Disciplina • As lutas na história da humanidade, sua evolução e difusão: de arte guerreira e ritual tribal até atividade lúdica, esporte e meio de educação. • As lutas na educação física escolar contribuindo na formação integral do indivíduo. • As lutas na cultura brasileira, estudadas à luz da história e da contemporaneidade deste fenômeno social e da sua relação com questões de gênero, hierarquia, geração, violência. • Lazer e o jogo cooperativo das lutas na educação física escolar. Justificativa da Disciplina A dimensão da prática de atividades físicas, recreativas e esportivas refere-se ao direito dos indivíduos conhecerem e terem acesso às manifestações e expressões culturais que constituem a tradição da Educação Física, tematizadas nas diferentes formas e modalidades de exercícios físicos, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança. Objetivo Gerais • Contribuir na formação de um profissional de Educação Física que saiba utilizar criteriosamente os fundamentos pedagógicos aprendidos na sua formação, integrando-os aos diversos componentes curriculares que foram postos a sua disposição; • Contribuir na formação de um homem total capaz de atuar na realidade concreta da Educação Física, tanto no âmbito escolar como o do não-escolar; • Dar instrumentos aos alunos para usarem, com segurança na sua prática pedagógica na escola, os princípios básicos das atividades de luta; Objetivo Gerais •Fazer os alunos perceberem a importância do aspecto lúdico da luta superando o estigma que estimula a violência; •Compreender os princípios básicos dos pontos de equilíbrio e desequilíbrio nas diversas lutas sabendo como usar o menor esforço para neutralizar um ataque vindo a entender os mecanismos utilizados nas lutas como: golpes através de alavancas corporais, toques em determinadospontos com os membros; imobilizações e torções, sempre através da plasticidade do gesto. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. A Origem das Lutas na História da Humanidade 2. As Lutas Enquanto Educação Física e a sua Transformação em Atividade Física Esportiva 3. As Lutas Frente aos Paradigmas da Educação Física 4. As Técnicas de Luta Ensinadas Através das Atividades Lúdicas e como ela pode fazer parte de um projeto político pedagógico 1. A Origem das Lutas na História da Humanidade • 1.1. Egípcios, sumerianos e gregos; os primeiros vestígios de atividades de luta • 1.2. A Luta na Pré Historia • 1.3. De Roma à Índia, a origem das artes marciais • 1.4. A luta no Oriente e seu desenvolvimento no Ocidente 2. As Lutas Enquanto Educação Física e a sua Transformação em Atividade Física Esportiva • 2.1. Aprendendo a ensinar como cair a partir de uma ação voluntária ou involuntária • 2.2. Projetando e sendo projetado • 2.3. O sistema de alavancas a serviços das lutas • 2.4. Agressividade e Violência: através das atividades de luta praticadas na atualidade • 2.5. Vivência, análise e estruturação do processo de ensino- aprendizagem de elementos técnicos-táticos básicos 3. As Lutas Frente aos Paradigmas da Educação Física ROGRA• 3.1 – A educação física percebida enquanto cultura corporal • 3.3 – A prática da luta como lazer e promoção da saúde • 3.4 – Ensinando as lutas e respeitando o desenvolvimento da criança • 3.5 – A importância do jogo cooperativo e da co-educação através da lutas 4. As Técnicas de Luta Ensinadas Através das Atividades Lúdicas e como ela pode fazer parte de um projeto político pedagógico • 4.1 – Usando os Membros superiores e/ou inferiores para neutralizar um companheiro • 4.2 – Afastamentos e aproximações corporais a serviço das lutas • 4.3 – Luta e ritmo, uma aproximação aos elementos da dança: os katas e a capoeira 4. As Técnicas de Luta Ensinadas Através das Atividades Lúdicas e como ela pode fazer parte de um projeto político pedagógico • 4.4 – Resgate histórico dos movimentos de resistência na constituição do povo brasileiro • 4.5 – Lutas enquanto práticas sociais de referencia a serem utilizadas na educação física • 4.6 – Ensinando uma luta e integrando-a no projeto pedagógico 5. Diversidades em lutas • Judô • Jiu-Jítsu • Tae-kwon-do • Greco-Romana • Karatê • Capoeira Metodologia • As aulas serão desenvolvidas utilizando os seguintes procedimentos: • Aulas expositivas • Leituras, comentários e debates baseados em textos específicos • Utilização de recursos audiovisuais • Técnicas de trabalhos em grupo • Trabalhos de pesquisa • Seminários • Aulas práticas Avaliação • A1 – XX/XX/2018 • A2 – XX/XX/2018 • Trabalho Bibliografía • Paulo Fernando de Menezes, Wagner Souza Ferreira. Rio de Janeiro, 2009. Ferreira, Wagner Souza. Lutas, potencial Educativo e Formativo das Lutas. • Rangel I.C.A., Darido S.C., Educação Física na Escola: Implicações para a Prática Pedagógica. Rio de Janeiro, 2005. • Onacir Carneiro, Judô: Evolução Técnica e Competição, João Pessoa: Ideia, 2001. • Das Brigas aos Jogos com Regras: Enfrentando a Indisciplina na Escola: Porto Alegre: ArtMed, 2000 • Darido, S.C.; Rangel, I.C.A. Educação Física escolar: implementação para a prática pedagógica. 1 ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 205. Material Digital • Apresentações das aulas • Artigos e apostilas Com mais de 500 inscritos, FJERJ realiza 1º Festival de Iniciantes em Niterói Maio 16, 2018 Valter França Campeonatos, Notícias, Slider Evento que será realizado no próximo dia 19 de maio no ginásio do Canto do Rio conta com apoio da Prefeitura através da Secretaria de Esporte e Lazer de Niterói http://judorio.org/com-mais-de-500-inscritos-fjerj-realiza-1o-festival-de-iniciantes-em-niteroi/ http://judorio.org/author/valter/ http://judorio.org/category/campeonatos/ http://judorio.org/category/noticias/ http://judorio.org/category/slider/ Lutas na Contemporaneidade MMA Artes Marciais Mistas http://www.uff.br/esportesociedade/pdf/es2203.pdf http://www.uff.br/esportesociedade/pdf/es2203.pdf Autor • As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno: entre a busca da excitação e a tolerância à violência Daniel Giordani Vasques* Universidade Federal do Recôncavo da Bahia • Professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia • ano 8, n 22, set.2013 As Artes marciais mistas (MMA) – transmitida ao vivo na TV aberta brasileira em novembro de 2011 – cuja audiência alcançou 22 milhões de telespectadores no país. Muito antes da massificação dessa forma de luta, em 1993 o carateca Gerard Gordeau entrou em uma gaiola octogonal para lutar em um combate sem regras, denominado ultimate fight, contra o atleta de sumô Teila Tuli, 80 quilos mais pesado que ele. O ginásio estava eufórico: vozes gritavam, comentaristas de TV começavam suas análises, a câmera se aproximava do rosto de Tuli ou tentava imagens do vencedor. Nos Estados Unidos, 80 mil lares tinham assistido à luta por meio de seus canais pagos de TV. Na mesma noite, o público viu Gordeau ganhar a luta seguinte com uma mão quebrada e uma lesão no pé, e perder a final para o lutador brasileiro de jiu-jitsu Royce Gracie, que ganhou 50 mil dólares por sua vitória no primeiro Ultimate Fighting Championship (UFC) (AWI, 2012). Quantos as regras, (s/regras)..... . A gaiola em forma de octógono, que se tornou símbolo do evento, retrata os sentimentos de agressividade e violência, algo que as empresas de marketing tomaram como vantagem (AWI, 2012). O senador republicano John McCain liderou, a partir de 1996, uma campanha política contra o UFC, pedindo aos governadores que proibissem os eventos nos estados – esse movimento, apoiado pela American Medical Association, surtiu efeito. No entanto, o maior prejuízo para os organizadores ocorreu de 1997 a 2000, quando a maioria dos canais de TV pagos aceitou a pressão política e recusou-se a transmitir os eventos. Neste momento, o mercado lucrativo do UFC estava à beira da falência (BOTTENBURG and HEILBRON, 2006). As adaptações exigidas para que o UFC fosse aceito nos Estados Unidos da América... . No Brasil, inspirado nas competições de vale- tudo, o MMA surge por volta dos anos 80, com a popularização do jiu-jitsu, principalmente pela introdução e recriação deste esporte pela família Gracie. O MMA, apesar de possuir características de esporte – comparação de desempenhos, universalização das regras, instituição própria, entre outras –, apresenta na sua prática mais violência que o jiu-jitsu e que outras modalidades de lutas esportivizadas. Lutas com poucas regras: A partir do Século XIX, ocorreram diversos enfrentamentos entre lutadores de diferentes modalidades. Atletas estadunidenses de luta livre e boxe enfrentaram lutadores de artes marciais japonesas em diversos momentos, principalmente em viagens de militares para o outro país (GREEN e SVINTH, 2003). A aproximação e hibridização das lutas ocidentais com as orientais acentuaram-se a partir dos anos 60. Os Estados Unidos vivenciaram uma “moda” de artes marciais orientais estimulada por Bruce Lee, um defensor de “lutas reais”. Apenas para ilustrar, foram criadas as modalidades full contact karate e o full contact, que combinavam técnicas japonesas e estadunidenses; o atleta de luta livre Antonio Inoki enfrentou o pugilista Muhammed Ali em um evento de lutas mistas em Tóquio em 1976; e, nos anos 70 e 80, diversas lutas de full contact kickboxing, que combinava caratê tradicional com kickboxing, foram feitas nos Estados Unidos e no Japão (SÁNCHEZ-GARCÍA e MALCOLM, 2010). No Brasil, a família Gracie foi a principal responsável por promover combates entre lutadores de diferentes modalidades. Inspirados nosucesso do formato midiático do UFC, no Japão foi criado em 1997 o similar PRIDE, que teve seu auge quando o UFC viveu um momento de declínio pela pressão pública para inclusão de um número maior de regras (AWI, 2012). Por fim, a compra do PRIDE pelo UFC em 2007 consolidou o MMA como um esporte global, com o UFC padronizando as regras e comprando os direitos dos eventos de menor porte (SÁNCHEZ-GARCÍA e MALCOLM, 2010, AWI, 2012). Espetacularização das lutas Nessa “sociedade da imagem” ou “do espetáculo”, as ilusões e os pseudoeventos acabaram por varrer da vida o natural, o autêntico e o espontâneo, tanto que a própria realidade se transformou em encenação (DEBORD, 2003, FREIRE FILHO, 2003). Na forma de um espetáculo que os organizadores do UFC e do PRIDE adaptaram essas lutas com poucas regras para o formato televisivo. Uma forma de espetacularizar o esporte, segundo Pires (1998), é adotar a linguagem visual da televisão, de modo que a mensagem veiculada seja sempre e cada vez mais contundente, mantendo e ampliando os níveis de lucro representados pela mercadoria e garantindo a estabilidade do sistema. As modalidades esportivas usualmente realizam mudanças estruturais para se adequarem aos interesses dos meios de comunicação – principalmente a televisão – e serem atraentes ao mercado consumidor, tais como mudar as regras visando aumentar a tensão dos consumidores, reduzir o tempo “sem ação”, adequar o tempo total do enfrentamento; e introduzir paradas estratégicas para veicular mensagens comerciais. Na sociedade do espetáculo, o mundo real se converte em simples imagens, estas simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes típicas para um comportamento hipnótico (DEBORD, 2003). Conforme Betti (2001), o telespectador não tem a vivência real de assistir, já que quando consome pela televisão, não tem só o seu gosto manipulado pela influência do mercado, mas também a sua própria capacidade perceptiva alterada, já que os sentidos ali vivenciados são diferentes dos do mundo real (mundo hiper- real). A imagem do telespectador é parcial e dependente de outros, e a subdivisão das imagens, imposta pela técnica de reprodução do espetáculo, é um componente fundamental que independe da vontade do telespectador e foge da sua capacidade de alterar a situação. O objetivo era maximizar os índices de audiência para obter lucro – e sabiam que bastava estimular a violência para conseguir a adesão do público de modo muito eficiente (BOTTENBURG e HEILBRON, 2006). Pode-se dizer que é uma manifestação construída de forma a garantir a reação do público, compreensão que se confirma em um estudo experimental realizado por Wenner (1998): que o aumento da agressividade do atleta está diretamente relacionado ao aumento da audiência. Violência: componente do MMA Essa violência ocorre de um lado com os lutadores, profissionais e amadores, pois machucam uns aos outros nos combates; e, de outro, com os espectadores e telespectadores pois assistem aos lutadores machucarem-se, o que pode ser considerado uma prática de violência simbólica. O conceito de violência há muito ultrapassou os limites do corpo físico, incluindo as esferas psicológicas, políticas, sociais e culturais. A violência aparece onde o poder está em risco, mas, deixada a seu próprio curso, ela conduz à desaparição do poder” (p.44). Assim, a violência não é legítima enquanto ação, mesmo que instrumental do exercício do poder. “A violência é justificável, mas não é legítima” (Hannah Arendt 2009 p.41). Arendt também considera que o processo de desmistificação da violência deve ser compreendido em três dimensões: a desnaturalização, a despersonificação e a desdemonização. - A primeira é uma crítica ao pensamento de que a violência é algo natural do ser humano. - Arendt contribui para despersonificar a violência, tratando o indivíduo neste momento como um instrumento da ação. - Por fim, indica que a violência é detentora de certa racionalidade, já que é eficaz em alcançar o fim que a justifica. Como consequência de sua instrumentalidade, ela perde seu caráter mágico ou demoníaco comumente a ela atribuído. Com base no conceito de Arendt, pode-se considerar que o poder no MMA está, em um primeiro nível, com o conglomerado organizador da modalidade (organizadores e regras, produtores, publicitários e empresas de televisão), enquanto que os “atos de violência” ocorrem entre e com os lutadores, instrumentos do espetáculo. Isso pode acontecer nos esportes, segundo Dunning (1992), quando se participa demasiadamente a sério, talvez na sequência de pressões sociais ou de recompensas financeiras e de prestígio envolvido, quando o nível de tensão pode elevar-se até um ponto em que o equilíbrio entre a rivalidade amigável e hostil incline-se a favor da última. Em um segundo nível, o poder está com os órgãos políticos que permitem ou proíbem sua realização pode surgir a luta a sério. O aumento da civilidade fez com que manifestações explícitas de violência física em disputas não fossem mais toleradas; assim, jogos crueis e violentos existentes até então foram transformados em esportes com regras específicas com a diminuição de atos de violência. Na realidade, a capacidade de tolerância à violência, mesmo que simbólica, depende de fatores históricos, socioculturais e individuais; cada grupo ou indivíduo pode ser mais ou menos tolerante à violência (a circunstâncias). Excitação, tensão e violência nos esportes da sociedade civilizada Com o advento da industrialização e da urbanização na Modernidade, surge o tempo livre para as classes trabalhadoras. Entre as atividades realizadas nesse tempo, temos as de lazer, compostas de atividades de jogo, ou miméticas. As atividades miméticas são aquelas nas quais as emoções produzidas – ou seja, os sentimentos desencadeados pelas atividades – estão relacionadas com as que se experimentam em situações da “vida real” (Elias e Dunning 1992). Neste sentido, assume particular relevância a constatação de que, nas sociedades industriais mais avançadas, comportamentos de excitação são cada vez menos frequentes nos indivíduos, principalmente por um aumento no controle social e pelo autodomínio da excitação exagerada. Elias (1992a) sugere que buscamos nas atividades miméticas um tipo específico de tensão, uma forma de excitação frequentemente relacionada com o medo, a tristeza e outras emoções que procuraríamos evitar na vida cotidiana. Ou seja, nos combates em que não se sabe quem será o vencedor, a tensão é mantida por mais tempo e são mais prazerosos de se assistir (ou participar) pela tensão agradável ali produzida. Como relata Bracht (2009), que as instituições que nascem com um objetivo próprio do grupo que a fundou, muitas vezes no percurso, objetivam mais a manutenção do seu poder e status do que os objetivos iniciais da sua fundação. Apesar dessa tendência civilizadora, em diversos momentos do século XX, de forma paralela às lutas esportivizadas surgem combates com poucas ou mesmo sem regras, processo denominado de desesportivização. De acordo com BOTTENBURG e HEILBRON (2006), a desesportivização das lutas se dá em quatro vertentes: a) enquanto as organizações de lutas reconhecidas aumentavam o número de regras, nas lutas com poucas regras reduzia-se o número de regras e buscava-se aproximar as artes marciais das “lutas reais”; b) enquanto as organizações de lutas reconhecidas padronizavam as regras, nas lutas com poucas regras esforçava-se para mantê- las flexíveis, podendo ser ajustadaspara cada luta ou evento, dadas as circunstâncias, demandas dos lutadores ou preferências do público; c) enquanto as organizações de lutas reconhecidas tentavam criar um balanço entre um alto nível de tensão com proteção e contenção dos riscos, nas lutas com poucas regras aumentava- se a tensão retirando medidas que oferecessem maior proteção; d) enquanto as organizações de lutas reconhecidas desenvolviam regras formais e códigos de conduta com base na ética do fair play, nos eventos de lutas com poucas regras incentivavam-se atitudes de desprezo ao ethos esportivo e à falta de respeito pelo oponente, ao menos no ringue ou na gaiola De forma análoga e paralela, pode-se analisar o UFC e o PRIDE no fim do século XX – consideradas lutas violentas – em comparação o pancrácio na Grécia Antiga, que conforme sustentam Elias e Dunning (1992) era uma prática pré- esportiva que existiu em uma sociedade menos civilizada. Cabe então um questionamento. Teria a sociedade contemporânea níveis de civilidade semelhantes aos da Grécia Antiga? Dessa forma, talvez não seja possível conceber uma relação de implicação entre o aumento da civilidade e o aumento de restrições à violência. Entre estas crenças, podemos citar as ideias de que o Karate surgiu a partir das práticas de imitar animais, de indianos que ensinaram os shaolin, que por sua vez instruíram algum pirata que se escondeu em Okinawa, o qual por sua vez deu o nome de Karate a essa arte. Também devemos recusar a teoria que sustenta que o Karate-Dō é proveniente do Jiu-Jítsu (em japonês Jū- jutsu2 ). O Karate-Dō tem sua origem em um extenso processo multicultural. Isto é evidenciado pelo conflito de identidades ao longo de sua própria história e a falta de reconhecimento deste como arte marcial nacional pelos japoneses até hoje (ANDRETTA, 2009; TAZAWA, 1980). A origem, em geral, das artes marciais é apontada através da introdução de práticas pelo monge indiano Ta Mo Lao Tse, o Bodhi Dharma , no mosteiro Shaolin (na China), por volta da década de 520 da Era Cristã (REID & CROUCHER, 2004). Porém o caso do Karate é muito mais específico. Como diversos pequenos reinos do século XIV, Ryūkyū5 (o arquipélago ao sul do Japão e a leste da China, da qual Okinawa era a Ilha principal) era um estado vassalo ao Império Chinês, desde o século XIII ou XIV (CAMPS & CEREZO, 2005; NAKAZATO, OSHIRO, MIYAGI, TUHA, KOHAGURA, HIGAONNA, TAIRA & SAKUMOTO, 2003; YAMASHIRO, 1993). Nessa época, o reino adotava um sistema de castas sociais muito semelhantes ao dos grandes países da região: China, Índia e Japão (QUADRO 1), e excluía a vida entre os nobres, o clero, os militares e os camponeses (FUNAKOSHI, 1999; RATTI & WESTBROOK, 2006). Os Heimin7 (termo japonês para camponeses) do Ryūkyū viviam numa situação nada agradável, pois, a exemplo do que acontecia em muitos feudos nipônicos, acabavam por pagar com quase todo o produto da colheita, os ‘tributos reais’ que eram exigidos pela aristocracia. Os camponeses (Heimim), tinham pouco para comer, e ainda suportavam as castas superiores como os militares samurais japoneses que, extraiam seus ganhos e de muito que colhiam, para eles (Heimim), sobrava muito pouco. Muitos camponeses ao voltarem para casa encontravam a família morta pelos samurais militares. O massacre era uma retaliação do Governo pelo não pagamento dos “impostos” ou por apenas parte dele. Nesse período a população inicia um trabalho de preparação física, visando uma, futura, necessidade de intervenção contra as forças invasoras. Como o porte de armas pela população comum era proibido pelos reis da Dinastia Shō, os Heimim passaram a sistematizar dois sistemas de defesa pessoal que, em verdade, eram treinados juntos. A estes chamaram genericamente de Te11 (ou Ti na antiga pronúncia do dialeto de Okinawa12), cujas formas eram rudimentares em relação ao que viríamos conhecer por Karate-Dō e Kobu-Dō de Okinawa (SHINZATO & BUENO, 2007). Os Guerreiros Japoneses não detinham técnicas apuradas de ataque com as próprias mãos. Mas elas, mesmos toscas, existiam. As armas eram os equipamentos que detinham a maior repressão dos Peichins (exercito) frente aos Heimin (agricultores – vassalos). Como o porte de armas pela população comum era proibido pelos reis da Dinastia Shō, os Heimin passaram a sistematizar dois sistemas de defesa pessoal que, em verdade, eram treinados juntos. A estes chamaram genericamente de Te11 (ou Ti na antiga pronúncia do dialeto de Okinawa), cujas formas eram rudimentares em relação ao que viríamos conhecer por Karate-Dō e Kobu-Dō de Okinawa (SHINZATO & BUENO, 2007). Empregaram contra os Peichin, técnicas toscas de agarramento, empurrões, batidas de ombro, punho e pé, além do uso de ferramentas rurais como os batedores de arroz, varas, enxadas, foices, linhas de pesca, manivelas de moinho, ancinhos e outros, para se proteger das espadas, correntes e lanças dos guerreiros do Rei. No Século XVII os Peichin realizaram vários intercâmbios com os marinheiros e militares chineses e aprimoraram suas técnicas de luta ao conhecer o To-de no dialeto de Okinawa, e Karate, em Japonês. Okinawa era uma região de vassalos, por isso o interesse na produção, sobretudo, alimentícia (produtos). Nesse período os Heimin passaram a estudar o To-de de forma clandestina e, dessa forma, foram, portanto, os membros da casta guerreira de Okinawa aqueles que realmente impulsionaram o desenvolvimento do Karate-Dō (SHINZATO & BUENO, 2007). No século XIX o To-de foi levado as escolas de Okinawa e a toda a população interessada em aprender o Karaté. Não havia mais, no período, a passagens das técnicas da luta entre familiares ou amigos próximos, ou seja, da forma particular/restrita Gichin Funakoshi27 (1999, 2000). Nesta época, um dos mais eminentes mestres da arte de Okinawa (Funakoshi) passou a trabalhar em uma forma de levar a prática do Karate ao público geral, tornando-o a disciplina de Educação Física nas escolas. Outros grandes mestres da época, como Jigorō Kanō (o fundador do Jūdō34), também escolheram atuar como professores, o que era muito vantajoso no período, pois o novo regime (Meiji) transformara esta profissão numa das mais respeitadas e rentáveis do final do século XIX e início do século XX (STEVENS, 2005). Para que houvesse aceitação frente ao sistema educacional do Japão, dez artigos sobre o To- de foram inseridos para que os discentes fossem educados pelos vieses da disciplina e do combate, já que, o Japão, se preparava para um conflito coma Russia (FUNAKOSHI, 1999). Na década de 20 do século XX o cenário passa a ser da transição das “Mãos Chinesas” para o “Caminho das Mãos Vazias”. Funakoshi passa a dar aula no Japão de To-de (Karatê) Até 1922, a pedido de Jigoro Kano, quando escreveu um livro sobre essa arte marcial. De To-do “Mãos chinesas”, para Karate sindicando “Mãos vazias” (FUNAKOSHI, 1973). A Segunda Guerra Mundial trouxe consequências catastróficas para o Karate. A ilha de Okinawa, cenário de uma das batalhas mais ferozes da guerra, foi arrasada e documentos e objetos foram destruídos, apagando parte dos vestígios da história de Okinawa e do próprio Karate (NAKAYAMA, 2004) Após a guerra, como se não bastassem as inúmeras adversidades, um decreto de proibição das artes marciais foi outorgado pelo exército americano (REID & CROUCHER, 2004). Apenas o Karate foi autorizado a manter-se. Na verdade, algo semelhante ao que os negros fizeram para ocultar a capoeira no Brasil foi feito pelos oquinauenses. Eles associaram a prática dos Katatê (exercícios formais) a uma dança com tambores, apitos e movimentos enérgicos própria de Okinawa, o Senbaru Eisa (OKINAWA, 2003). O Karate na sociedadeda informação Com a fusão da WUKO e da ITKF, surge em 1996 a Federação Mundial de Karate (WKF), favorecendo, então, o reconhecimento do Karate pelo COI, que aconteceria em 1999 (WKF, 2007). O Karatê sofre diversas rupturas no que tange a sua Base Histórica. Passa a atender a demanda do mercado, sobretudo, as exigências do COI, afim de transforma-lo em um esporte olímpico. Com a formação da colônia japonesa em São Paulo a partir de 1955 foi estabelecida a primeira academia de Karate naquela cidade, pelo sensei Mitsusuke Harada do estilo Shōtōkan (BARTOLO, 2009; CBK, 2009) Em 1959, o sensei Seiichi Akamine fundou a primeira academia do estilo Gōjū-ryū e em 1960 fundou a Associação Brasileira de Karate, e que mais tarde daria origem à Confederação Brasileira responsável pela administração do esporte (OLIVEIRA, MILLEN NETO & JORDÃO, 2005) JUDÔ: CAMINHO SUAVE OU CAMINHO DA VITÓRIA? ARTE MARCIAL QUE SE ESPORTIVIZOU OU ESPORTE QUE SE TORNOU ARTE MARCIAL? http://www.uel.br/grupo- estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais12/artigos/pdfs /comunicacoes/C_Pinto.pdf Todo esse cenário histórico levou a mudança do significado do combate corporal, diminuindo a aplicação e a eficácia da habilidade física organizada em modalidade de luta ou combate, relegando aos aparatos espada, bastão, arco e flecha apenas a prática esportiva ou de simples lazer Judô, criado e idealizado mediante uma estrutura social bem distinta onde o combate corporal em prol da defesa do individuo ou da nação já não era mais necessário, pois nasce com a intenção de ser segundo seu fundador uma Educação Física Integral. O judô como arte marcial ou como esporte de combate: -Perda do significado dos valores; - Desqualifica-se frente a sua filosofia em prol dos resultados; -De que maneira se porta frente a sociedade e ao processo civilizatório? Elias e Dunning (1985) vão designar o processo de transformação dos jogos em esporte a partir de um processo que ele vai denominar de “esportivização”. O problema que se coloca é saber se o judô é uma arte marcial que se esportivizou ou se já nasceu como uma modalidade esportiva moderna? Os princípios do judô idealizado por Jigoro Kano são seguidos na pratica esportiva do judô? (judô moderno) No judô moderno não são trabalhados os princípios idealizados pelo fundador? O judô foi idealizado no Japão, e sua criação é atribuída a Jigoro Kano, que o construiu derivando dos vários estilos de Ju-Jitsu (DRIGO, 1999). Fazendo parte da categoria das lutas agarradas, o judô é constituído de técnicas de projeção, quedas, estrangulamentos, imobilizações e chaves de articulação (SILVA; PELLEGRINI, 2007). A Kodokan, primeira escola oficial de Judô, foi fundada em 1882, mas teve grande reconhecimento público entre 1886 e 1889 (SUZUKI, 1986) O Judo (柔道 Juu Dou - "caminho suave", em japonês) foi então fundado por Jigoro Kano em 1882 e em fevereiro deste ano, Kano inaugura sua primeira escola denominada Kodokan (Instituto do Caminho da Fraternidade). Desta forma Kano se inspira em 3 princípios na idealização do judô: - Princípio da Máxima Eficácia do Corpo e do Espírito; -Princípio da Prosperidade e Benefícios Mútuos; - Princípio da Suavidade (Ju). Diante da assertiva dos autores citados, observamos que o processo civilizador levou as artes marciais/esportes de combate a uma descaracterização. O Judô como nosso objeto primário de estudo não ficou de fora desse processo. A arte marcial/esporte de combate em questão passou e passa por uma ruptura dos valores filosóficos, éticos, religiosos e ate mesmo de cunho físico e técnico em detrimento de uma espetacularização, na qual se insere segundo PIMENTA e MARCHI JUNIOR (2005) a “manifestação corporal para um esporte de valores capitalistas de rendimento Eric Dunning (1979) citado em PIMENTA e MARCHI JUNIOR (2005) fala sobre isso: [...] o esporte adquiriu uma possível seriedade, transformou-se em uma instituição repleta de dirigentes, técnicos, relações públicas, administradores e publicitários, que em número, muitas vezes, ultrapassam a quantidade de atletas. (p.03) ELIAS e DUNNING (1985) - fala sobre tal estruturação do esporte atribuindo tais características a um processo que segundo nosso entendimento pode ser de certa forma involuntário e até mesmo inconsciente, Elias dá a esse processo o nome de um “processo evolutivo social cego, não planejado de longa duração” A opção do treinamento corporal visando à abstração do mundo pela elevação espiritual foi sendo abandonada para dar lugar à valorização do treinamento metódico, calculado, visando vitórias no campo esportivo e a utilização da imagem do atleta vitorioso como meio de ganhos monetários, PIMENTA e MARCHI JUNIOR. (2005). O Judô Moderno O Judô praticado hoje se mostra cada vez mais competitivo; Ignorando os valores intrínsecos do DO – Caminho; Se distanciando mais da proposta de Kano sobre o “caminho suave”. Desta forma a busca do desenvolvimento espiritual e aperfeiçoamento técnico são desprezados e às vezes até considerados desnecessários para os dias de hoje dando espaço apenas a aspectos superficiais do treinamento e entretenimento. Atletas, “professores”, técnicos e dirigentes gesticulam para os árbitros em favor de penalidades que lhes favoreçam, ou então comemoram acintosamente, vangloriando se de vitorias conseguidas através de penalidades ou por uma simples decisão dos árbitros. Em relação à técnica não existe mais a preocupação em vencer através da aplicação da técnica perfeita: o Ippon. Em seu artigo intitulado – O Judô Moderno – BORGES (2007). Confronto de Valores: Original x Atual [...] a importância e contribuição de formarmos judocas e não apenas lutadores de Judô, pois o primeiro fica para sempre e o último é como todo atleta de esportes de competição, tem vida útil limitada. (SANTOS, 2006, p.118) Pesquisa: Participaram da pesquisa 17 técnicos de judô. Com base nos resultados, verificamos que 58,8% dos técnicos não possuem formação universitária e 41,2% possuem formação universitária. Dos que possuem formação universitária, apenas 29,4% são profissionais de Educação Física e mais da metade (70,6%) são formados em outra área. A Figura 1, mostra que a maioria dos técnicos (82.3%) atua em todas as categorias, tendo uma pequena porcentagem que atua somente na categoria adulta (11,8%) ou nas categorias masculinas menores (5.9%). Nenhum dos técnicos atua somente nas categorias femininas menores e adultas. Tabela 1 - Conhecimentos considerados mais importantes por técnicos para o trabalho com Judô. Conhecimentos de História, Filosofia e Ética do Judô. 1º Conhecimentos Técnicos de Judô (específico). 2º Arbitragem no Judô 3º Pedagogias do esporte 4º Fisiologia do esporte Teoria do treinamento desportivo 5º Psicologia do esporte 6º Biomecânica do esporte 7º Fisiologia do esporte 8º Gestão de marketing esportivo 9 Fonte: CONEXÕES, revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 6, ed. especial, p. 665- 677, jul. 2008. ISSN: 1983 – 9030. JIU-JITSU Muitos Historiadores afirmam que o jiu-jitsu foi criado na Índia, a mais de três mil anos, pois, os Monges Budistas, nos casos de conflito corporal, eram proibidos de utilizar armas para se defenderem. Por norma da religião, afim de se defenderem de saques, roubos e agressões física que, ocorriam regularmente, criaram técnicas de defesa pessoal. Os Monges definiram e estudaram técnicas que, não poderiam ferir o outro, ou seja, saqueadores, ladrões e que nelas estariam contidas as condições que possibilitassem pessoas de baixa estatura e de massa corporal “reduzida”, a fazerem uso dessas técnicas com sucesso. Por isso, foi escolhida a luta de curta distância. Objetivando as técnicas de estrangulamentos e de articulações afim de, neutralizar o oponente. O fato de não utilizarem chutes nem socos,possibilitava a manutenção no que tange os preceitos religiosos, ou seja, a imobilização não ia de contra a filosofia religiosa dos Monges (GRACIE, 2008). Por conta dos deslocamentos (“peregrinações”), essas técnicas foram difundidas para muitos países. Por sua vez, na China, aliada a outras técnicas de luta, se transformou em material bélico (arma bélica). Na China, afim que essas técnicas não chegassem ao conhecimento dos inimigos, foi proibida a sua divulgação, seja no contexto escrito ou narrado (CBJJE, 2010). Historiadores afirmam que a jiu- jítsu chegou ao que chamamos hoje de Japão no século II d.C. No século XVI o Monge chinês Chen Gen Pin, ensinou a três samurais as técnicas da luta, separadamente (CBJJE). O primeiro as projeções; O segundo as chaves; O terceiro os estrangulamentos. Dos três ensinamentos, surgiram várias técnicas associadas ao jiu-jitsu por conta do entendimento e da experiência de cada samurai. Tal arte marcial passou a ser condição obrigatória para a formação de samurais, que além do jiu-jítsu, se dedicavam as artes, literatura, pintura, cavalaria entre outras (FPJ, 2010). Ao passar do tempo, o jiu- jítsu passa a se tornar uma arma de guerra, perdendo toda a sua filosofia a serviço da autodefesa e da formação dos samurais. O jiiu-jítsu ou jiu-jítsu, na busca da melhor fonética, que em japonês significa arte suava ou arte gentil, recebe esse nome pela sua origem, como dissemos oriunda dos Monges,que pregavam a paz. No final do século XIX, no Japão, o jiu-jítsu começa a ser contestado por, na sua segunda parte da história, assume o papel de “arma de guerra”, acumulando, além dos estrangulamentos, socos e chutes. É nesse período que surge Jigoro Kano (1860 – 1938), promovendo mudanças, significativas, nessa arte marcial. Fontes: FPJ, CBJJE e UFRGS -(Dissertação de Mestrado).
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