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RESENHA HARVEY, David. “Cooperação”. In: HARVEY, David. Para entender O Capital. Livro I. São Paulo: Boitempo, 2013 [orig. 2010, Estados Unidos], pp. 124-134. Raphaella Jhinn Mendes Sperandio Sabadini1 Nesta resenha, será destacada a seção IV, parte seis mais especificamente o capítulo onze da obra de David Harvey, que através da leitura do Livro I de O Capital discute em seu livro as ideias fundamentais da obra de Karl Marx. Teórico britânico da Geografia e professor de antropologia na pós-graduação da Universidade da Cidade de Nova York (The City University of New York – Cuny), David Harvey se destaca como um notável intelectual que explora para além da sua área, cuja suas contribuições permeiam na Economia, Sociologia e Arquitetura. Na sexta parte da obra intitulada como mais-valor relativo, discorro sobre o capitulo onze denominado de cooperação. Neste capitulo Harvey aborda os diversos métodos que os capitalistas utilizam para obter mais-valor relativo do tipo individual. O geografo britânico destaca que, esses modos possuem como objetivo o aumento da produtividade do trabalho e que para isso acontecer são necessárias formas organizacionais (cooperação e divisão do trabalho), como também de maquinaria e automação. Para o Harvey atualmente as mudanças na forma organizacional – subcontratação, sistemas just-in-time, descentralização corporativa e coisas do gênero – exercem uma função significativa na tentativa do aumento da produtividade. O autor destaca que a cooperação e a segmentação organizada do trabalho são habilidades que modernizam os poderes coletivos, e por isso, Marx não acredita que isso seja algo essencialmente negativo, pelo contrário, ele as vê como inovador, benéficas e recompensante para o trabalhador. 1 Aluna do curso de Bacharelado em Serviço Social da Universidade Federal do Espirito Santo (UFES/Campus de Goiabeiras). Contudo, David Harvey aponta que o que Marx quer mostrar é como estas potencialidades positivas são apropriadas pelo capital para seu benefício particular e transformadas em algo negativo para o trabalhador. Para o professor, há também uma tensão interessante entre expansão geográfica (o trabalho realizado numa ampla área) e concentração geográfica (a concentração de trabalhadores num mesmo local com o propósito de haver cooperação), ou seja, a diferença entre a subsunção “formal” do trabalho sob o capital e a subsunção “real”. Isto posto, o geógrafo descreve que Marx define subsunção “formal” como externa e dependente, e acontece quando os trabalhadores tem a tarefa de regular o seu próprio processo de trabalho, mas para obter seu ganho financeiro ainda dependiam dos capitalistas e não possuíam aquilo que produziam. Já a subsunção “real” exige capital inicial, e ocorre quando tanto o trabalhador, quanto o processo de trabalho estão sob a supervisão direta dos capitalistas, porque os trabalhadores são contratados de uma fábrica por um salário. Nesse contexto, Harvey aponta que nessa estrutura coletiva de cooperação de fábrica, os funcionários ficam sob a autoridade dirigente do capitalista que nesse cenário acaba assumindo características especificas, estas quais consistem em formar lucro e sugar o máximo de trabalho do empregado, mas por outro lado conforme a massa dos trabalhadores aumenta, mais aumenta sua resistência, e por isso, o autor entende que a luta entre capital e trabalho que era encontrada antes no mercado de trabalho agora está interiorizada na fábrica. David Harvey aponta que o propósito do capitalista é assegurar a produção de mais-valor, e isso implica o desenvolvimento de um tipo específico de processo de trabalho, em que “a função de supervisão direta e contínua dos trabalhadores individuais e dos grupos de trabalhadores” é conferida “a uma espécie particular de assalariados”. Um poder inerente do trabalho, o poder social de cooperação, é apropriado pelo capital e aparece como um poder do capital sobre os trabalhadores. Desse modo, o geógrafo destaca que o capitalista conquista uma função distinta, como organizador do processo de trabalho em todas as suas questões e por meio do comando desse processo o capital pode ser produzido e reproduzido. O autor evidencia que Marx entende por subsunção do trabalhador sob o capital quando nesse processo os trabalhadores perdem sua individualidade e viram mero capital variável. Em conclusão, David Harvey afirma que é impossível desassociar o modo de produção capitalista sem cooperação, porem destaca-se o que teórico retoma de Marx ao evidenciar o fato de que o capitalismo organiza e planeja a sua produção mas ao mesmo tempo fragmenta a classe trabalhadora, para no fim ser fiel unicamente a produção de mais-valor. Por fim, Para entender O Capital possui uma vasta riqueza de informações, onde David Harvey discorre com clareza sobre assuntos abordados no O Capital que é um livro de grande complexidade. Além disso, o teórico geógrafo que vai para além de sua área, contribui significativamente o desvendar do capitalismo através de Marx.