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Raiva: Doença Infecciosa Neurotrópica

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Raiva
INTRODUÇÃO 
· É uma doença infecciosa causada por um vírus da família dos rabdovírus podendo também infectar humanos, portanto, é considerada uma zoonose.
· No Brasil, a raiva pode ser considerada endêmica, ou seja, se manifesta com frequência em diferentes regiões.
· O transmissor da raiva bovina é o morcego hematófago Desmodus rotundus 
· A transmissão acontece pela penetração do vírus contido na saliva do transmissor infectado, principalmente, pela mordedura.
· A raiva pode se apresentar na forma furiosa ou na forma paralítica. Sendo que a forma paralítica é mais comum em bovinos, consequente a lesões na medula espinhal, tronco encefálico e cerebelo. 
ETIOLOGIA
· É causada por um vírus RNA, envelopado da ordem Mononegavirales, família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus e é altamente neurotrópico (tem afinidade com o sistema nervoso).
· É constituído por um nucleocapsídeo helicoidal envelopado por uma bicamada lipoproteica ou duas capas de natureza lipídica, seu genoma é formado por uma molécula linear de RNA de fita simples, o qual codifica cinco proteínas (N, M, L, G, P), com propriedades antigênicas.
· Dentre suas proteínas antigênicas a glicoproteína G, que faz parte do envelope viral promove a atividade de neurovirulência, juntamente com a nucleoproteína N, pois essa (glicoproteína G) se liga a receptores acetilcolinergicos, promovendo a resposta patogênica.
· Esse vírus é sensível a diversos tipos de agentes (externos, físicos e químicos), sofrendo desativação quando entra em contato com temperaturas superiores a 60ºC ou desnaturação quando entra em contato com substâncias químicas, detergentes e luz ultravioleta.
· O período de incubação pode variar dependendo de fatores como capacidade invasiva, patogenicidade, carga viral do inóculo inicial, ponto de inoculação (quanto mais próximo do sistema nervoso central, menor será o período de incubação), idade, imunocompetência do animal.
· O período de incubação é de 14 dias a 12 semanas, sendo que, já foram relatados períodos superiores a um ano. 
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
· No Brasil, a principal espécie animal transmissora da raiva ao ser humano continua sendo o cão.
· Doença com capacidade de infectar todos os mamíferos, a raiva é uma encefalite viral aguda que apresenta quatro ciclos de transmissão:
1. Ciclo urbano: refere-se à raiva em cães e gatos domésticos
2. Ciclo aéreo: refere-se à raiva em morcegos
3. Ciclo rural: refere-se à raiva dos herbívoros, principalmente equinos e bovinos, e no qual o principal vetor é o morcego hematófago
4. Ciclo silvestre: refere-se à raiva associada a espécies silvestres e pode englobar o ciclo aéreo.
· A raiva tende a ser sazonal (acontece em uma determinada época), devido ao comportamento sexual dos morcegos, particularmente a disputa entre machos pelo harém, ao longo da primavera.
PATOGENIA
· No hospedeiro infectado, o vírus pode replicar nas células musculares, próximas ao local da inoculação, antes de invadir o sistema nervoso central. Porém, eventualmente, pode ocorrer a entrada direta do vírus no sistema nervoso central, sem a prévia replicação no músculo.
· Durante o período de incubação, antes do comprometimento do sistema nervoso central, a presença do vírus não pode ser detectada por métodos convencionais de diagnóstico e alguns pesquisadores designaram este período como “eclipse” viral. O vírus pode utilizar uma combinação de sistemas para atingir o sistema nervoso central, envolvendo o fluxo axoplásmico retrógado.
· Após a infecção do sistema nervoso central, o vírus se dissemina para os tecidos não neuronais, via nervos periféricos de forma centrífuga, distribuindo-se por todo o organismo. O vírus replica e é excretado nas glândulas salivares, principal mecanismo de disseminação e perpetuação do mesmo na natureza.
SINAIS CLÍNICOS
· As formas paralítica e furiosa são as apresentações clássicas da doença, e são consequentes ao local das lesões no sistema nervoso central.
· Nos bovinos, o sinal inicial é o isolamento, o animal se afasta do rebanho, apresentando certa apatia e perda do apetite. 
· O curso clínico varia de três a sete dias sendo a forma paralítica a manifestação clínica observada nos bovinos e, se caracteriza por incoordenação motora, movimentos de pedalagem, paresia e paralisia dos membros pélvicos, decúbito lateral e esternal, opistótono e morte.
NECROPSIA
· Em geral, as lesões de raiva são restritas ao sistema nervoso central. Os achados histológicos são variáveis e, distribuem-se principalmente no tronco encefálico, cerebelo e medula espinhal, hipocampo e gânglios trigêmeos podendo ser, inclusive, discretas ou ausentes. 
MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
· O diagnóstico da raiva não deve ser baseado apenas em observações clínicas, especialmente porque outras enfermidades podem originar sinais semelhantes.
· Associado ao exame clínico é fundamental a análise da situação epidemiológica no local, a história da infecção na região, a presença de morcegos hematófagos e a possibilidade da introdução de animais provenientes de áreas endêmicas. 
· O diagnóstico laboratorial de raiva bovina é realizado na maioria dos casos por meio do método da imunofluorescência direta em tecido cerebral, geralmente seguido por um ensaio biológico confirmativo, o teste de inoculação em camundongo. 
· Embora, o teste de inoculação em camundongo seja altamente sensível, confiável e fácil de ser realizado, o tempo necessário para os resultados definitivos são em média de 21 a 30 dias e as restrições e questões a cerca do uso de animais estão levando à sua substituição gradual pelo isolamento viral. 
· São materiais de escolha para o diagnóstico da raiva: fragmentos do hipocampo, tronco cerebral, tálamo, córtex, cerebelo e medula oblonga
· As amostras deverão ser remetidas sob refrigeração porém, em locais onde não há condições de manter o material refrigerado, recomenda-se a imersão de fragmentos de tecido em Líquido de Vallée (glicerina 50% tamponada com tampão fosfato), nesse líquido, o vírus se mantém detectável por vários dias. Os cuidados na remoção do encéfalo, como o uso de equipamentos de proteção individual, são importantes para evitar acidentes e inoculações acidentais com material contaminado.
1. Imunofluorescência Direta
· A imunofluorescência direta consiste em realizar em impressões de tecido fresco sobre lâminas de microscopia e permite a obtenção do resultado em poucas horas. 
2. Isolamento Viral
· O isolamento viral detecta a infecciosidade da amostra, através da inoculação da suspensão de tecidos extraídos da amostra suspeita, em sistemas biológicos, permitindo o “isolamento” do agente.
3. Imuno-histoquímica 
· Esta técnica consiste na detecção do antígeno rábico através da marcação de anticorpo. A imuno-histoquímica é o teste indicado quando não há a possibilidade de se conservar a amostra em refrigeração, pois a técnica permite a fixação em formol o que diminui o risco de alterações autolíticas que comprometam o diagnóstico. Além disso, a sensibilidade e especificidade são próximas a 100%
PREVENÇÃO
· A prevenção da raiva consiste, fundamentalmente, na vacinação e no controle de reservatórios.
· A raiva dos bovinos é controlada pela aplicação vacina em animais de áreas endêmicas e pelo controle das populações de morcegos hematófagos
· A raiva é uma doença de notificação compulsória
· A vacinação profilática dos herbívoros deve ser realizada com vírus inativado, na dosagem de 2ml por animal, de qualquer idade, aplicada por via subcutânea ou intramuscular, pelo proprietário. Em áreas de ocorrência de raiva, a vacina deve ser sistemática em bovídeos e equídeos com idade superior ou igual a três meses, deve-se aplicar duas doses com intervalo de 30 dias e reforço anual. Todos os animais vacinados deverão possuir atestado de vacinação anti-rábica expedido por um médico veterinário
· A vacinação é uma medida de proteção que visa interromper o ciclo de transmissão entre animais domésticos e selvagens
· No controle das populações de morcegos hematófagos são geralmente empregados métodos baseados naaplicação de uma pasta contendo uma substância anti-coagulante, especificamente a warfarina.
· O controle pode ser feito pelo método seletivo direto ou pelo método seletivo indireto. 
· O método seletivo direto é realizado a partir da captura do morcego próximo a área de alimentação ou ainda próximos aos abrigos. No entanto, para captura dentro de abrigos, é necessário autorização do IBAMA. Os morcegos possuem hábito de higiene mútua, através de lambedura e, assim, o anti-coagulante atinge vários membros da colônia. 
· Já no método seletivo indireto não há necessidade de capturar os morcegos. Sabendo que os morcegos voltam para se alimentar das mesmas feridas, a pasta anti-coagulante é aplicada ao redor do local das mordeduras. Contudo, neste método somente o morcego agressor é eliminado.

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