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Psicopatologia II UNIDADE 3 - TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO E ASSOCIADOS: Transtorno obsessivo- compulsivo e associados: 3.1-DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS DE OBSESSÃO E COMPULSÃO 3.2- MECANISMO OBSESSIVO-COMPULSIVO E SUAS CARACTERÍSTICAS 3.3- TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO 3.4- TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL E TRANSTORNO DE ACUMULAÇÃO 3.5- TRICOTILOMANIA E SKIN PICKING Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados incluem: (DSM 5) Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno dismórfico corporal, transtorno de acumulação, tricotilomania (transtorno de arrancar o cabelo), transtorno de escoriação (skin-picking), Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado induzido por substância/medicamento, Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado devidos a outra condição médica, Outro transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado especificado Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado não especificado (p. ex., transtorno de comportamento repetitivo focado no corpo, ciúme obsessivo). O TOC é caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões (DSM 5). Obsessões pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciados como intrusivos e indesejados Compulsões comportamentos repetitivos ou atos mentais que um indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente. TOC e transtornos relacionados são: (DSM 5) caracterizados por preocupações e por comportamentos repetitivos ou atos mentais em resposta a preocupações. OBS: alguns dos outros transtornos relacionados: são caracterizados principalmente por comportamentos repetitivos recorrentes focados no corpo (p. ex., arrancar os cabelos, beliscar a pele) e tentativas repetidas de reduzi-los ou pará-los. OBS: existem relações íntimas entre os transtornos de ansiedade e alguns dos transtornos obsessivo-compulsivos e transtornos relacionados se reflete na sequência dos capítulos do DSM-5, com os transtornos obsessivo- compulsivos e transtornos relacionados vindo logo após os transtornos de ansiedade. Definição – (Compendio de Psiquiatria , Sadock) Uma obsessão é um pensamento, um sentimento, uma ideia ou uma sensação recorrentes ou intrusivos. Diferentemente de uma obsessão, que é um evento mental, uma compulsão é um comportamento. De forma específica, uma compulsão é um comportamento consciente, padronizado e recorrente, como contar, verificar ou evitar. Um indivíduo com TOC percebe a irracionalidade da obsessão e sente que tanto ela quanto a compulsão são egodistônicas (i.e., comportamentos indesejados). Apesar de poder ser realizado em uma tentativa de reduzir a ansiedade associada com a obsessão, o ato compulsivo nem sempre tem sucesso nisso. A conclusão do ato compulsivo pode não afetar a ansiedade e até aumentar sua intensidade. A ansiedade também é aumentada quando uma pessoa resiste em executar uma compulsão. “Síndromes obsessivo-compulsivas” (Dalgalarrondo) Os quadros obsessivo-compulsivos caracterizam-se por idéias, fantasias e imagens obsessivas e por atos, rituais ou comportamentos compulsivos. Esses quadros são vividos como uma pressão sobre o indivíduo, como algo que o obriga e submete Nem sempre é fácil demarcar com precisão o limite: entre a obsessão e a fobia (p. ex., obsessão por limpeza ou fobia de sujeira ou contaminação?), entre a idéia delirante e a obsessão (com pouca crítica e insight). entre o ato compulsivo (vivenciado como obrigatório e desprazeiroso) e o ato impulsivo. OBS: “Neurose” Identificar um indivíduo como tendo um quadro neurótico permite uma compreensão adequada para um considerável número de pacientes que apresenta sintomas ansiosos, fóbicos, obsessivos, histriônicos e hipocondríacos. O constructo neurose aponta para uma estruturação da subjetividade expressiva de conflitos intrapsíquicos (recalque, luta interna, impulsos inaceitáveis perante um julgamento rígido, etc.) e interpessoais (frustração recorrente nas relações pessoais, insatisfação constante com o que recebe e dá aos outros, rigidez, etc.) Embora a tendência atual seja a de abandonar o conceito de neurose, no livro de Dalgalarrondo, é mantido o constructo “neurose”, posto ser ele consideravelmente útil e heurístico. Critérios Diagnósticos: Os transtornos obsessivo-compulsivos e transtornos relacionados diferem das preocupações e rituais típicos das diferentes fases de desenvolvimento por serem excessivos e persistirem além dos períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. A distinção entre a presença de sintomas subclínicos e um transtorno clínico requer a avaliação de inúmeros fatores, incluindo o nível de sofrimento do indivíduo e o prejuízo no funcionamento. Conteúdo das obsessões: Embora os conteúdos variem entre os indivíduos, são muito comuns aqueles relacionados a: limpeza (obsessões por contaminação e compulsões por limpeza); simetria (obsessões por simetria e compulsões de repetição, organização e contagem); pensamentos proibidos ou tabus (p. ex., obsessões agressivas, sexuais e religiosas e compulsões relacionadas); ferimentos (p. ex., medo de ferir a si mesmo ou aos outros e compulsões de verificação relacionadas). Padrões de sintomas (Sadock) Contaminação padrão mais comum é uma obsessão de contaminação, seguida de lavagem ou acompanhada de evitação compulsiva do objeto que se presume contaminado Dúvida Patológica segundo padrão mais comum é uma obsessão de dúvida, seguida de uma compulsão por ficar verificando. A obsessão costuma implicar algum perigo indivíduos têm dúvidas obsessivas sobre si mesmos e sempre se sentem culpados achando que esqueceram ou cometeram algo Pensamentos intrusivos terceiro padrão mais comum, há pensamentos obsessivos intrusivos sem uma compulsão costumam ser pensamentos repetitivos de um ato agressivo ou sexual repreensível para o paciente Padrões de sintomas (Sadock) Simetria quarto padrão mais comum é a necessidade de simetria ou precisão, que pode levar a uma compulsão de lentidão. Ex: podem literalmente levar horas para terminar uma refeição ou fazer a barba Outros padrões de sintomas Obsessões religiosas e acúmulo compulsivo são comuns em pacientes com TOC. Puxar o cabelo e roer as unhas de maneira compulsiva são padrões comportamentais relacionados ao TOC. A masturbação também pode ser compulsiva. Transtorno Obsessivo-Compulsivo 300.3 (F42) Critérios Diagnósticos: A: Presença de obsessões, compulsões ou ambas: B: As obsessões ou compulsões tomam tempo ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento do indivíduo C: Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica D: A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental (OBS:) Critérios Diagnósticos (A) (Obsessões) Obsessões são definidas por (1) e (2): 1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou sofrimento. 2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação. Critérios Diagnósticos (A) (Compulsões) As compulsões são definidas por (1) e (2): 1. Comportamentos repetitivos (p. ex., lavar as mãos, organizar, verificar) ou atos mentais (p. ex.,orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigidamenteaplicadas. 2. Os comportamentos ou os atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos. Nota: Crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses comportamentos ou atos mentais. OBS: Critérios Diagnósticos (D) – outros transtornos preocupações excessivas, como no transtorno de ansiedade generalizada; / preocupação com a aparência, como no transtorno dismórfico corporal; / dificuldade de descartar ou se desfazer de pertences, como no transtorno de acumulação; /arrancar os cabelos, como na tricotilomania; / beliscar a pele, como no transtorno de escoriação [skin-picking]; / estereotipias, como no transtorno de movimento estereotipado; / comportamento alimentar ritualizado, como nos transtornos alimentares; /preocupação com substâncias ou jogo, como nos transtornos relacionados a substâncias e transtornos aditivos; / preocupação com ter uma doença, como no transtorno de ansiedade de doença; / impulsos ou fantasias sexuais, como nos transtornos parafílicos; / impulsos, como nos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta; / Ruminações de culpa, como no transtorno depressivo maior; / inserção de pensamento ou preocupações delirantes, como nos transtornos do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos; / padrões repetitivos de comportamento, como no transtorno do espectro autista O clínico deve especificar se: Com insight bom ou razoável: O indivíduo reconhece que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são definitiva ou provavelmente não verdadeiras ou que podem ou não ser verdadeiras. Com insight pobre: O indivíduo acredita que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são provavelmente verdadeiras. Com insight ausente/crenças delirantes: O indivíduo está completamente convencido de que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são verdadeiras. Transtorno Dismórfico Corporal 300.7 (F45.22) Critérios Diagnósticos: A. Preocupação com um ou mais defeitos ou falhas percebidas na aparência física que não são observáveis ou que parecem leves para os outros. B. Em algum momento durante o curso do transtorno, o indivíduo executou comportamentos repetitivos (p. ex., verificar-se no espelho, arrumar-se excessivamente, beliscar a pele, buscar tranquilização) ou atos mentais (p. ex., comparando sua aparência com a de outros) em resposta às preocupações com a aparência. C. A preocupação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. A preocupação com a aparência não é mais bem explicada por preocupações com a gordura ou o peso corporal em um indivíduo cujos sintomas satisfazem os critérios diagnósticos para um transtorno alimentar. Especificar insight bom, pobre ou ausente Transtorno de Acumulação 300.3 (F42) Critérios Diagnósticos: A. Dificuldade persistente de descartar ou de se desfazer de pertences, independentemente do seu valor real. B. Esta dificuldade se deve a uma necessidade percebida de guardar os itens e ao sofrimento associado a descartá-los. C. A dificuldade de descartar os pertences resulta na acumulação de itens que congestionam e obstruem as áreas em uso e compromete substancialmente o uso pretendido. D. A acumulação causa sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento do indivíduo (incluindo a manutenção de um ambiente seguro para si e para os outros). E. A acumulação não é devida a outra condição médica (p. ex., lesão cerebral, doença cerebrovascular, síndrome de Prader-Willi). F. A acumulação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., obsessões no transtorno obsessivo-compulsivo, energia reduzida no transtorno depressivo maior, delírios na esquizofrenia ou outro transtorno psicótico, déficits cognitivos no transtorno neurocognitivo maior, interesses restritos no transtorno do espectro autista). Tricotilomania 312.39 (F63.3) Critérios Diagnósticos: A. Arrancar o próprio cabelo de forma recorrente, resultando em perda de cabelo. B. Tentativas repetidas de reduzir ou parar o comportamento de arrancar o cabelo. C. O ato de arrancar cabelo causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento do indivíduo D. O ato de arrancar cabelo ou a perda de cabelo não se deve a outra condição médica (p. ex., uma condição dermatológica). E. O ato de arrancar cabelo não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., tentativas de melhorar um defeito ou falha percebidos na aparência, no transtorno dismórfico corporal). Transtorno de escoriação (skin-picking) 698.4 (L98.1) OBS: L98.1 Dermatite factícia Critérios Diagnósticos: A. Beliscar a pele de forma recorrente, resultando em lesões. B. Tentativas repetidas de reduzir ou parar o comportamento de beliscar a pele. C. O ato de beliscar a pele causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento do indivíduo. D. O ato de beliscar a pele não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., cocaína) ou a outra condição médica (p. ex., escabiose). E. O ato de beliscar a pele não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., delírios ou alucinações táteis em um transtorno psicótico, tentativas de melhorar um defeito ou falha percebida na aparência no transtorno dismórfico corporal, estereotipias no transtorno de movimento estereotipado ou intenção de causar danos a si mesmo na autolesão não suicida). CID 10 F40-F48 Transtornos Neuróticos, Transtornos Relacionados com o “Stress” e Transtornos Somatoformes F42 – Transtorno Obsessivo-Compulsivo Transtornos Neuróticos, Transtornos Relacionados com o “Stress” e Transtornos Somatoformes F40 – Transtornos fóbico-ansiosos F41 – Outros transtornos ansiosos F42 - Transtorno obsessivo-compulsivo F43 - Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação F44 – Transtornos dissociativos [de conversão] F45 - Transtornos somatoformes F48 – Outros transtornos neuróticos F42 - Transtorno obsessivo-compulsivo F42.0 Com predominância de ideias ou de ruminações obsessivas F42.1 Com predominância de comportamentos compulsivos [rituais obsessivos] F42.2 Forma mista, com ideias obsessivas e comportamentos compulsivos F42.8 Outros transtornos obsessivo-compulsivos F42.9 Transtorno obsessivo-compulsivo, não especificado Reflexões sobre a Etiologia do TOC Fatores comportamentais da obsessão Um estímulo relativamente neutro se torna associado com medo ou ansiedade por meio de um processo de condicionamento replicante ao ser associado com eventos que sejam nocivos ou que produzam ansiedade. Assim, objetos e pensamentos que antes eram neutros se tornam estímulos condicionados capazes de provocar ansiedade e desconforto. Fatores comportamentais da compulsão Quando descobre que determinada ação reduz a ansiedade associada a um pensamento obsessivo, uma pessoa desenvolve estratégias ativas de evitação, na forma de compulsões ou comportamentos ritualísticos, para controlar a ansiedade. Gradualmente, devido a sua eficácia na redução de um ímpeto secundário doloroso (ansiedade), as estratégias de evitação se fixam como padrões aprendidos de comportamentos compulsivos Fatores psicodinâmicos O ganho secundário pode afetar o tratamento Fatores precipitadores podem iniciar ou exacerbar sintomas (ex: gravidez, nascimento e cuidado de filhos, etc) Perspectiva psicanalítica neurose obsessivo-compulsiva, sendo considerado uma regressão da fase edipiana à fase psicossexual anal do desenvolvimento. Quando se sentem ameaçados com ansiedade pela retaliaçãoa impulsos inconscientes ou pela perda do amor de um objeto significativo, pacientes com TOC retraem-se da posição edipiana e regridem a um estágio emocional intensamente ambivalente associado à fase anal Ambivalência Pensamento mágico
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