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Geografia Unimontes

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Montes Claros/MG - 2013
Iara Soares de França
Priscilla Caires Santana Afonso
2ª edição atualizada por 
Iara Soares de França
Geografia
2ª EDIÇÃO
2013
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Humberto Velloso Reis
EDITORA UNIMONTES
Conselho Editorial
Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes.
Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.
Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.
Profª Maria Geralda Almeida. UFG
Prof. Luis Jobim – UERJ.
Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.
Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha.
Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes
Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Maria Cristina Ruas de Abreu Maia
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Gisléia de Cássia Oliveira
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Sônia Maria Oliveira
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
betânia maria Araújo Passos
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
maria das mercês borem Correa machado
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar mendes barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Sandra Ramos de Oliveira
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de melo Franco
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Angela Cristina borges
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Antônio maurílio Alencar Feitosa
Chefe do Departamento de História/Unimontes
donizette Lima do nascimento
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
Isabel Cristina barbosa de brito
Ministro da Educação
Aloizio mercadante Oliva
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
nárcio Rodrigues
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio marques dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
maria Ângela Lopes dumont macedo
Autoras
Iara Soares de França
Doutora em Geografia e Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia – 
UFU. Atualmente é professora do Departamento de Geociências da Universidade Estadual 
de Montes Claros – Unimontes e Coordenadora do Laboratório de Estudos Urbanos e Rurais/
LAEUR.
Priscilla Caires Santana Afonso
Doutora em Geografia e Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU. 
Atualmente é professora do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de 
Montes Claros – Unimontes.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
A geografia como ciência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 A evolução do pensamento geográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 A ciência geográfica: perspectivas históricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
1.4 Categorias de análise geográfica: lugar, paisagem, região, território e espaço . . . . .20
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
A ciência cartográfica no estudo da geografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.2 A cartografia: alguns aspectos históricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.3 Os conceitos cartográficos: a orientação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
O espaço contemporâneo: unidade e diversidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
3.2 Unidade, diversidade e fragmentação no mundo globalizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .49
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
9
História - Geografia
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a),
O objetivo deste caderno é colaborar com a sua formação, no curso de História, promoven-
do o seu envolvimento na vida acadêmica e, consequentemente, na vida em sociedade. Dese-
jamos estimular sua criatividade para que o processo de ensino-aprendizagem possibilite o de-
senvolvimento de habilidades necessárias ao debate crítico – elemento fundamental no ensino 
superior. O que se pretende, aqui, é contribuir com a formação de sujeitos ativos e dinâmicos, 
que participem como agentes de criação, de transformação e de compreensão dos espaços de 
vivência.
Neste sentido, a disciplina Geografia, no curso de História, fortalece o debate da interdisci-
plinaridade e a conexão existente entre esses dois ramos de ensino numa perspectiva de com-
plementaridade. 
Para o desenvolvimento da disciplina, apresentaremos o conteúdo em três unidades.Cada 
unidade está organizada em tópicos e se inicia com uma breve contextualização do que será 
abordado. Ao final, apresentamos um resumo de cada unidade e uma série de atividades que 
buscam aprofundar os temas abordados através das técnicas de observação, descrição, análise 
e registro de fenômenos geográficos. Essas atividades têm a intenção de ajudá-lo (a) na leitura 
e interpretação de textos, pesquisas, debates e discussões. Ainda, integradas ao corpo do tex-
to, são apresentadas indicações para estimular o estudo e a apreensão dos temas que permitem 
aprofundar ou complementar os conhecimentos adquiridos. 
Em termos gerais, a proposta do estudo da geografia, no curso de História, se desenvolve-
rá, inicialmente, tendo como pressupostos uma contextualização da história do pensamento e 
da sistematização da ciência geográfica e de seu objeto de estudo. Para cumprir esse propósito, 
avançaremos com o estudo das categorias de análise da geografia: espaço, território, lugar, pai-
sagem e região numa lógica de interdependência (Unidade 1). Posteriormente, introduziremos 
aspectos históricos da Cartografia e seus principais conceitos e, ainda, noções de orientação car-
tográfica, sistema de referências, escala fusos horários, projeções cartográficas, mapas e cartas 
(Unidade 2). Por último, apresentaremos uma análise do mundo contemporâneo globalizado, 
dando enfoque à questão ecológica (Unidade 3).
Em resumo, essa disciplina tem como objetivo analisar o pensamento em geografia, a fim 
de contribuir com a leitura do mundo globalizado. Para isso, realizou-se uma apresentação da 
evolução do pensamento geográfico, seus principais teóricos e suas categorias de análise. Intro-
duziu-se, também, a cartografia, objetivando ler, analisar e interpretar mapas, considerando-os 
como elementos de representação de fatos e fenômenos espaciais/e ou espacializados. Por últi-
mo, discutiu-se o mundo globalizado, tendo em vista a questão ecológica e seus principais desa-
fios.
Acreditamos que os debates, aqui, propostos suscitarão o desenvolvimento de reflexões 
acerca da sociedade atual e das transformações no mundo capitalista. Com efeito, devemos ter 
um olhar crítico diante das concepções de mundo, visando à transformação social – objetivo re-
levante no interior das ciências humanas e sociais.
 
Conteúdo Programático
Correntes e paradigmas do pensamento geográfico. Evolução do pensamento geográfico 
brasileiro, principais teóricos. Categorias de análise geográfica: lugar, paisagem, região, territó-
rio e espaço. Cartografia: evolução histórica e conceitos. Orientação cartográfica. Sistema de re-
ferências. Escala. Fuso horário. Projeções cartográficas, mapas e cartas. O espaço contemporâneo: 
unidade-diversidade do mundo e questão ecológica.
As unidades estão divididas em tópicos e subtópicos, conforme se segue.
Organizamos esse texto com o objetivo de facilitar o entendimento do acadêmico do cur-
so de história no que se refere aos aspectos básicos da ciência geográfica na atualidade, pois, 
entendemos, que essas duas ciências devem caminhar juntas, já que se aproximam e se comple-
mentam por estudar tempo e espaço.
Nesse sentido, buscamos incentivar o debate, pois acreditamos que essa é uma maneira de 
despertar no aluno o interesse pela disciplina, o que gera a necessidade de novas pesquisas.
10
UAB/Unimontes - 1º Período
A tarefa de educador-cidadão e da universidade, como instituição formadora de opinião ( e 
de novos docentes), é fomentar as discussões que promovam o desejo da transformação de um 
mundo desigual, em um planeta mais justo e melhor para se viver, tanto na esfera social como na 
ambiental.
Diante dessa complexa tarefa, que acreditamos se iniciar aqui, apresentaremos novas ideias, 
gestos e ações que conduzirão a uma nova reflexão sobre a vida planetária. Essa reflexão, já ini-
ciada, terá sua continuidade nas nossas ações e práticas dentro e fora das salas de aula, ou seja, 
na prática cotidiana da vida de todos.
Bons estudos!
As autoras.
11
História - Geografia
UnIdAde 1
A geografia como ciência
1.1 Introdução 
Entender o contexto em que a Geografia nasce e como ela evolui ajuda-nos a compreender 
essa ciência hoje. Esse conhecimento é fundamental para um profissional licenciado em História, 
uma vez que essas duas ciências caminham juntas.
O objetivo dessa unidade é entender como a Geografia é sistematizada e como se desenvol-
ve, bem como analisar seus principais pensadores.
Para atender esse objetivo foi necessário sistematizar o texto da seguinte forma:
Unidade I: A geografia como ciência
1.2 A evolução do pensamento geográfico
1.3 A ciência geográfica: perspectivas históricas
1.3.1 A Escola Alemã
1.3.2 A Escola Francesa
1.3.3 A Escola Anglo-Saxônica: o contexto da geografia Teorética ou Nova Geografia
1.3.4 A geografia Crítica
1.3.5 A geografia Brasileira
1.4 Categorias de Análise Geográfica: Lugar, Paisagem, Região, Território e Espaço
1.4.1 Espaço
1.4.2 Lugar
1.4.3 Paisagem
1.4.4 Região
1.4.5 Território
As questões que serão sugeridas no decorrer dessa unidade são de fundamental importân-
cia para a compreensão do conteúdo que queremos apreender.
Sucesso em seus estudos!
1.2 A evolução do pensamento 
geográfico 
Muitos geógrafos que estudam a episte-
mologia da Geografia discutem como essa ci-
ência nasceu como instrumento de domínio, 
para servir ao poder no século XIX. A história 
nos permite compreender que a Geografia 
Científica (como foi chamada a partir de sua 
sistematização em 1750) nasce instituciona-
lizada e foi criada por pessoas que estavam 
ligadas ao poder numa das potências mun-
diais da época, a Alemanha. Os pensadores 
responsáveis por sua “criação” foram Ale-
xander Von Humboldt, conselheiro do rei da 
Prússia, Karl Ritter, historiador e filósofo. Já o 
intelectual de formação antropológica Frien-
derik Ratzel e o geólogo e botânico de for-
mação, Kant, muito 
contribuíram para 
sua sistematização, 
como discutiremos 
adiante.
Entretanto, essa 
ciência é de interes-
se do homem des-
de os tempos mais 
pretéritos, por estar 
relacionada às neces-
Figura 1: Mapa de 1627
Fonte: Disponível em: 
http://upload.wiki-
media.org/wikipedia/
commons/d/d6/Kepler-
-world.jpg. Acesso em 
junho 2013.
▼
12
UAB/Unimontes - 1º Período
sidades de alimento e abrigo. Essa geografia 
cotidiana sempre esteve presente na socieda-
de por fazer parte da própria natureza do ho-
mem. Isso nos permite a análise de que essa 
ciência nasceu há muitos anos atrás, de forma 
desarticulada, dispersa, desde os gregos, os 
grandes exploradores do período Medieval, os 
navegantes da Modernidade, que produziram 
estudos sobre as características terrestres, co-
mercializaram, guerrearam, dominaram povos. 
Todos esses acontecimentos foram subsidia-
dos pelo conhecimento geográfico. A socie-
dade grega, em especial, chama a atenção de 
muitos estudiosos do tema, pois essa socieda-
de tinha todos os atributos necessários para se 
pensar a ciência geográfica, uma vez que essa 
travava lutas por democracia, tinha uma base 
econômica voltada para o comércio e, ape-
sar de contar com escravos, esses não eram a 
principal fonte de riqueza da Grécia. Assim, a 
geografia nasce de um lado, junto às lutas de-
mocráticas travadas nas cidades gregas e, de 
outro, servindo aos interesses dos mercadores.
Com o apogeu de Roma e o submetimen-
to dos povos e terras conhecidos a esse impé-
rio, entre eles os próprios gregos, acontece à 
consolidação do modo escravista de produ-
ção. Assim, a vertente das lutas democráticas 
entra em declínio. Com os romanos, a Geo-
grafia se restringe e passa a se constituir em 
arma de formação desse vasto império em ex-
pansão. O saber geográfico se limitou, desde 
então, aos fins expansionistas de Roma. Para 
Moreira (1985), a experiência romana serviucomo exemplo para a articulação entre a ciên-
cia geográfica e o Estado, que anos mais tarde, 
torna o saber concebido por relatos e mapas, 
sinônimo do saber geográfico. Quanto à outra 
vertente, próxima à práxis social, essa fica res-
trita a uma “Geografia Marginal”, a qual ficou 
adormecida durante um longo período, como 
analisaremos no decorrer dessa unidade.
1.3 A ciência geográfica: 
perspectivas históricas 
Como salientamos anteriormente, a Ge-
ografia, a exemplo das demais ciências, dá 
um salto no tempo e no espaço, perpassa 
da Roma antiga para sua sistematização no 
século XIX. Entretanto, cabe a análise de que 
o conhecimento produzido pelo homem du-
rante toda a sua história foi fundamental para 
que essa ciência começasse a acumular um 
arcabouço teórico-metodológico próprio. 
Moraes mostra a importância dos conheci-
mentos acumulados das épocas anteriores 
para a sistematização da ciência geográfica:
Outro pressuposto para o aparecimento de uma geografia unitária residia no 
aprimoramento das técnicas cartográficas, o instrumento por excelência do 
geógrafo. Era necessário haver possibilidade de representação dos fenôme-
nos observados, e da localização dos territórios. Assim, a representação gráfi-
ca, de modo padronizado e preciso, era um requisito da reflexão geográfica; 
era também uma necessidade posta pela expansão do comércio. O apareci-
mento de uma economia global que articulava distintas e longínquas partes 
da Terra demandava mapas e cartas mais precisas. Era fundamental, para a 
navegação, poder calcular rotas, saber a orientação das correntes e dos ven-
tos predominantes, e a localização correta dos portos. Estas exigências fize-
ram desenvolver o instrumental técnico da cartografia. Finalmente, a desco-
berta das técnicas de impressão difundiu e popularizou as cartas e os Atlas 
(MORAES, 2003, p 36-37).
O desenvolvimento da cartografia foi de 
fundamental importância para a sistematização 
da ciência geográfica, uma vez que os mapas 
proporcionaram um melhor conhecimento do 
território. Entretanto, existia especialmente um 
contexto político e econômico que correspon-
dia ao capitalismo imperialista que precisava 
de uma explicação em relação ao contexto fi-
losófico e ideológico. Todo esse contexto pro-
porciona o período de conquista de territórios, 
conhecido como período das Grandes Navega-
ções. São esses sujeitos quem sistematizam o 
pensamento geográfico nas primeiras escolas, 
chamadas de escolas tradicionais.
GLOSSÁRIO
epistemologia da 
Geografia: a epistemo-
logia estuda a origem, a 
estrutura, os métodos e 
a validade do conheci-
mento (daí também se 
designar por filosofia 
do conhecimento). 
A epistemologia da 
geografia é composta 
por um conjunto de 
fundamentos gerais 
sobre essa ciência. 
dICA 
Para uma melhor 
análise sobre o período 
colonial e as formas de 
dominação e explora-
ção dos povos con-
quistados pelos povos 
europeus, sugerimos 
que assista ao filme: 
1492 “A Conquista do 
Paraíso”. A história mos-
tra vinte anos da vida 
de Colombo, desde 
quando se convenceu 
de que o mundo era 
redondo, passando 
pelo empenho em con-
seguir apoio financeiro 
da Coroa Espanhola 
para sua expedição, 
o descobrimento da 
América. Além disso, 
retrata o desastroso 
comportamento que os 
europeus tiveram com 
os habitantes do Novo 
Mundo e a luta de 
Colombo para colonizar 
um continente, que ele 
descobriu por acaso, 
além de sua decadên-
cia na velhice. 
13
História - Geografia
1.3.1 A escola alemã
A primeira escola geográfica é a escola 
alemã. Ela é que, a partir de 1754, dá à Geogra-
fia status científico. A história dessa corrente 
de pensamento é a história do imperialismo 
alemão no mundo. Reconhecidamente, uma 
escola de pensamento tradicional por ser po-
sitivista, ou seja, por seguir uma concepção 
filosófica e metodológica, dá aos estudos ge-
ográficos um forte caráter empírico-dedutivo. 
Isso explica porque todos os estudos produ-
zidos, nesse período, estão relacionados aos 
sentidos (empirista), ao domínio da aparência 
dos fenômenos, o que condiciona o cientista 
a um mero expectador. Assim, para o cientista 
positivista, os trabalhos estavam restritos aos 
aspectos visíveis do real, mensuráveis, palpá-
veis. Daí, entendemos que o método de análi-
se adotado por essa linha de pensamento era 
a indução, como consequência apenas através 
desse método seria possível alcançar uma “ex-
plicação científica”.
Nesse contexto, o precursor do positi-
vismo, na ciência geográfica, foi o filósofo 
Immanuel Kant, que lecionava na Universida-
de de Koenigsberg, antiga Prússia, o que hoje 
consideramos “geografia física”. Kant minis-
trava aulas de geografia junto à antropologia 
pragmática que foi considerada uma forma 
de aplicar seu sistema filosófico.
A geografia alemã, como todas as demais 
correntes que surgiram e se desenvolveram 
com o passar dos anos, se originou da filosofia 
kantiana, por isso cabe uma descrição do que 
esse pensador entendia por essa ciência.
Para ele, a Geografia era uma ciência em-
pírica que era responsável pela explicação da 
natureza; já a antropologia pragmática res-
pondia por uma expiação interna do homem. 
A percepção do pesquisador orienta a experi-
ência e essa, por sua vez, precisa ser sistema-
tizada. À geografia cabe esta sistematização 
no plano do espaço, e à história no plano do 
tempo. Moreira (1985) adverte que, para Kant, 
a sistematização passa por dois processos: a 
narrativa (história) e a descrição (geografia). A 
descrição, a enumeração e a classificação dos 
fatos referentes ao espaço são momentos da 
apreensão de um es-
tudioso da Geografia.
Geografia e história nascem de um mesmo proces-
so, o da localização dos fenômenos, porém nascem 
separadas. A geografia é a localização do fenômeno 
no espaço e a história é a sua localização no tempo 
[...]. A história é o registro dos acontecimentos na 
sua sucessão temporal; a geografia é este registro 
em sua contemporaneidade espacial. (MOREIRA, 
1985, p. 24)
Percebemos que apesar de distintos, os 
conhecimentos históricos e geográficos con-
vergem para um ponto: o tempo e o espaço, 
sempre um completando o outro.
Em relação a isso, Kant acreditava que a 
Geografia poderia ser subdividida, sendo a ge-
ografia física (entendida como a base para to-
das as outras “geografias”) a base para a histó-
ria. É importante entender que Kant vivia em 
um momento histórico em que a natureza era 
interpretada como uma massa de matéria e 
força, ou ainda como 
natureza dotada de 
vida e movimento.
Apesar das re-
flexões de Kant, os 
sistematizadores da 
Geografia foram Ale-
xander von Humbol-
dt (1769-1859) e Karl 
Ritter (1779-1859). Es-
ses expoentes deram 
ATIVIdAde 
Após assistir ao filme 
sugerido, faça uma 
análise crítica do vídeo. 
Ressalte os impactos 
resultantes do processo 
de colonização euro-
peia no Novo Mundo e 
como se materializa na 
atualidade (século XXI) 
a Divisão Internacio-
nal do Trabalho entre 
os principais países 
do mundo. Poste os 
comentários no fórum 
de discussões
▲
Figura 2: Immanuel Kant filósofo alemão criador do 
positivismo
Fonte: Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ima-
gem: Immanuel_Kant_(portrait).jpg. Acesso em junho 
2013.
Figura 3: Alexander 
von Humboldt 
sistematizador da 
geografia escolar e 
acadêmica
Fonte: Disponível em: 
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Imagem:Humboldt_
stor.jpg. Acesso em junho 
2013.
▼
14
UAB/Unimontes - 1º Período
importantes contribuições para o pensamento 
geográfico moderno e, a partir deles, nasce 
a Geografia acadêmica, ou seja, a Geografia 
produzida a partir dos centros universitários e 
ensinada nas escolas. Embora esses pensado-
res tenham se afastado do pensamento kan-tiano, pois Humboldt se apoiava na filosofia 
Schelling e Ritter na filosofia da história de He-
gel, eles não romperam com a lógica kantiana. 
Assim, devemos entender que eles continu-
aram concebendo a Geografia como conhe-
cimento empírico, de síntese espacial, e com-
partilhando das noções de tempo e espaço 
de Kant, o que quer dizer que tempo e espaço 
devem ser compreendidos como “lugares” se-
parados.
Para entender a contribuição desses es-
tudiosos para a Geografia, é preciso compre-
ender que Humboldt trouxe para essa ciência 
uma concepção de geografia-ecologia, ou 
seja, uma concepção do mundo como unida-
de cósmica. No entanto, esse autor não subor-
dina o homem ao meio. Já Ritter defendeu a 
geografia-história, ou ainda, compreendeu o 
mundo a partir do antropocentrismo, em que 
o homem é o ponto de partida para qualquer 
análise. Apesar de esses dois pensadores atri-
buírem pesos diferentes à natureza e ao ho-
mem, suas reflexões têm algo em comum: a 
Geografia é a totalidade das coisas naturais e 
humanas.
Voltando à questão alemã, não foi por 
acaso que a Geografia nasceu exatamente 
nesse país, em uma nação arrastada para a 
guerra franco-prussiana em 1870, da qual sai 
vitoriosa. A “questão regional interna”, então, 
parecia caminhar para uma solução, uma vez 
que o país havia sido unificado. No entanto, 
um fato a ser considerado refere-se à “ques-
tão regional externa” e, a esse respeito, surge 
à obra de Friedrich Ratzel (1844-1904), pensa-
dor comprometido com os ideais da burgue-
sia alemã. Ratzel incorporou à obra de Charles 
Darwin, que explica a evolução natural das 
espécies, ao seu estudo, ao entender que a 
sociedade estava subordinada às mesmas leis 
das espécies vegetais e animais. Esse é o nasci-
mento do darwinismo social. 
 A partir da leitura geográfica de Ratzel, 
tem-se o ponto de partida para a teoria do de-
terminismo geográfico e da teoria do espaço 
vital. Sobre a teoria do espaço vital, Ratzel dirá 
que existe uma luta das espécies pelo espaço, 
dentre essas, os homens se organizam em Es-
tados (que nessa perspectiva é um organismo) 
e para que sobrevivam é necessário que exista 
espaço, que é a fonte de vida. Ratzel acredita-
va que a sociedade e o Estado são frutos orgâ-
nicos do determinismo do meio em que estão 
inseridos, ou seja, só sobrevivem e se desen-
volvem os Estados mais fortes, síntese do de-
terminismo ambiental.
É interessante que analisemos o que diz 
Moreira sobre a obra de Ratzel: 
Os Estados necessitam de espaço, como as espécies, por isso lutam pelo seu 
domínio como as espécies. A subsistência, energia, vitalidade e o crescimento 
dos Estados têm por motor a busca e conquista de novos espaços. Troquemos 
“Estado” por “imperialismo” e entenderemos Ratzel (MOREIRA, 1985, p. 33).
As teorias ratze-
lianas justificavam, 
assim, a expansão ale-
mã sobre os demais 
povos, visto que estes 
não conseguiriam, por 
si só, se desenvolver e 
se tornar “civilizados”. 
Mais tarde, essas te-
orias irão subsidiar as 
ações praticadas pelo Estado alemão e as teses 
racistas e antissemitas de Adolf Hitler. “Assimi-
la deformação levada à monstruosidade - é a 
Geografia do fascismo.” (MORAES, 2003, p. 54). 
Essas teorias marcam ainda o fim da era da so-
berania da escola alemã na Geografia, pois, a 
revolta francesa faz com que aquele país res-
ponda à Alemanha com as mesmas armas que 
ela impunha ao mundo. A partir daí surge à es-
cola francesa.
1.3.2 A escola francesa
A escola francesa surge do clima de derro-
ta criado pela guerra franco-prussiana de 1870, 
em que esse país perde a região de Alsárcia e 
Lorena, vitais para a industrialização francesa, 
para os alemães. A burguesia francesa tentava 
recuperar e ganhar novos territórios de influ-
ência por meio de guerras. Do ponto de vista 
interno, a França queria recuperar sua imagem 
de grande potência que foi abalada pela guer-
ra. Com a vitória da Alemanha na Guerra, o en-
sino de Geografia se expandiu. Nesse contexto, 
o Estado francês também expande o ensino de 
Geografia para todas as escolas.
Há, então, a mudança no ensino geográ-
dICA
Alexander Von 
Humbold e Karl Ritter 
viveram num período 
histórico em que a 
Alemanha se unifica-
va (acordo de união 
aduaneira de 1834 
[zollverein], firmado 
pelos Estados Alemães) 
e o capitalismo tardio 
se desenvolvia nesse 
país.
dICA
A primeira obra escrita 
por Ratzel foi Antro-
pogeografia (1882) e, 
posteriormente, Geo-
grafia e Política (1897), 
de grande relevância 
para a Geografia. As 
duas marcam o fim da 
soberania alemã na 
Geografia.
▲
Figura 4: Mapa 
ilustrativo de 
localização da guerra 
Franco-Prussiana, os 
territórios Alsácia e 
Lorena entre os dois 
países.
Fonte: Disponível em: 
http://4.bp.blogspot.
com/-KtegkkMs7Do/Tme-
XXyrJIKI/AAAAAAAAB5Y/
pUCr2wUzxe0/s400/alsa-
cia.jpg. Acesso em junho 
2013.
15
História - Geografia
fico. Na França, a geografia era descritiva e 
informativa e era ensinada nas universidades 
como disciplina auxiliar para o ensino da histó-
ria. A intenção do Estado francês era transfor-
mar, a partir de então, essa disciplina auxiliar 
em ciência como fizera a Alemanha. As teorias 
alemãs se desenvolvem, principalmente aque-
las defendidas por Ratzel. Todavia, várias críti-
cas foram feitas a essas teorias, notadamente 
ao determinismo geográfico. Nessa perspecti-
va, nasce a nova teoria que marcará a “escola 
francesa”: a teoria do possibilismo geográfico, 
defendida e formulada por Paul Vidal de La 
Blache.
La Blache (1845-1918), professor da Uni-
versidade de Sorbonne em 1900, defendeu as 
teorias da escola francesa com muita proprie-
dade, e deve-se à Sorbonne a responsabilida-
de pela irradiação do discurso geográfico ofi-
cial francês.
Em outra vertente dessa escola, o geógra-
fo Elisée Reclus (1830- 1905) foi um dos pen-
sadores de expressão na Geografia francesa, 
contudo ele produziu teorias diferenciadas das 
lablacheanas, influenciado por lei-
turas de socialistas utópicos. Reclus 
acreditava que “A anarquia é a mais 
alta expressão da ordem”. (E. Reclus, 
Manuscritos de Montauban). Sua 
grande contribuição política para a 
Geografia deve-se à análise crítica 
que realizou sobre as estratégias im-
perialistas francesas que encoberta-
vam os discursos que normalmente 
as veiculavam. Nesse sentido, os 
seguidores lablacheanos argumen-
tavam que Reclus “personificava a 
Geografia descritiva e utilitária” que 
a modernização feita por La Blache 
havia superado. Somente muitos anos mais 
tarde as teorias de Reclus foram retomadas.
Nesse sentido, a corrente francesa enten-
de que o homem é um ser ativo, que sofre a 
influência do meio, porém atua sobre esse, 
transformando-o. É o que se chama de possi-
bilismo, agora a natureza é vista como possibi-
lidades para a ação humana.
A teoria de Vidal concebia o homem como hóspede antigo de vá-
rios pontos da superfície terrestre, que em cada lugar se adaptou 
ao meio que o envolvia, criando, no relacionamento constante e 
cumulativo com a natureza, um acervo de técnicas, hábitos, usos e 
costumes que lhe permitiram utilizar os recursos naturais disponí-
veis. A este conjunto de técnicas e costumes, construído e passado 
socialmente, Vidal denominou de “gênero de vida” [...] (MORAES, 
2003, p. 71).
Como ressaltamos anteriormente, a cor-
rente de pensamento geográfico francesa, 
juntamente com a escola alemã integraram a 
geografia tradicional, uma vez que não rom-
peram com o positivismo kantiano, que foi 
incorporado por essa escola através do funcio-
nalismo.
Assim, o pensamento francês questiona 
a teoria ratzeliana também no que diz respei-
to à minimização do elemento humano, que 
aparecia passivo. Apesar disso, La Blache não 
rompeu totalmente com o conteúdo natura-lista da corrente alemã, e dizia explicitamente: 
“a Geografia é a ciência dos lugares, não dos 
homens”. Nesse sentido, o que interessaria de 
fato nos estudos geográficos seriam as paisa-
gens, e essas como resultado da ação humana. 
Outra crítica ao pensamento de Ratzel dizia 
respeito à concepção fatalista e mecanicista 
da relação entre os homens e a natureza. Em 
outros termos, o determinismo alemão é dire-
tamente questionado nessa escola.
Nessa ótica, os diversos ambientes exis-
tentes no planeta explicariam os diversos gê-
neros de vida existentes. Dentro da concepção 
de La Blache, à Geografia caberia o estudo 
dos diferentes gêneros de vida, uma vez que 
os motivos de sua manutenção ou 
transformação, sua difusão, ou ain-
da, a formação dos domínios de ci-
vilização seria a transformação das 
obras humanas sobre o espaço. Deve-se deixar 
claro que essa é uma importante reflexão para 
a Geografia, visto que, até o século atual (XXI), 
diversos autores de outras correntes do pensa-
mento geográfico, como da Geografia Cultural, 
por exemplo, se apropriam dessa teoria para 
construir novos conhecimentos.
Ao criar a teoria dos gêneros de vida, La 
Blache explicou o imperialismo do mundo ca-
pitalista dos continentes Asiático e Africano. 
Na perspectiva imperialista, esses continentes 
abrigariam sociedades estagnadas, imersas 
num equilíbrio primitivo, o que significaria 
negar o progresso. Nesse sentido, esse equilí-
brio deveria ser quebrado, em nome do “pro-
gresso” desses povos. Esse autor abre, então, a 
possibilidade de se falar em “missão civilizado-
ra do europeu na África e na Ásia”, e, com efei-
to, legitimou a ação colonialista francesa.
La Blache trouxe algumas contribuições 
para a Geografia, mas não rompeu com a vi-
são alemã sob o aspecto do método. A Ge-
ografia era assim uma ciência empírica que 
ATIVIdAde 
Produza uma linha do 
tempo sobre o Período 
Colonial, destacando 
as principais trans-
formações de ordem 
econômica, social, cul-
tural e política e os seus 
impactos na produção 
dos diversos tipos de 
conhecimentos científi-
cos, dentre eles, o geo-
gráfico. Posteriormente, 
faça comentários sobre 
o tema no fórum de 
discussões.
▲
Figura 5: Paul Vidal de 
La Blache
Fonte: Disponível em: 
http://confins.revues.org/
docannexe/file/6300/
vidal.gif. Acesso em junho 
2013.
▲
Figura 6: Jean Jacques 
Elisée Reclus
Fonte: Disponível em: 
http://upload.wiki-
media.org/wikipedia/
commons/6/6a/EliseeRe-
clusNadar.jpg. Acesso em 
junho 2013.
16
UAB/Unimontes - 1º Período
privilegiava as observações de campo. Com 
isso, criou-se uma particularização da área en-
focada (em seus traços históricos e naturais), 
contrapondo-a a visão generalista da corrente 
alemã. A perspectiva possibilista enfocava a 
comparação das áreas estudadas e do material 
levantado, além da classificação das áreas e 
dos gêneros de vida. Assim, o estudo geográfi-
co culminaria com uma tipologia. Para Moraes,
A Geografia vidalina fala de população, de 
agrupamento, nunca de sociedade; fala de estabe-
lecimentos humanos, não de relações sociais; fala 
de técnicas e dos instrumentos de trabalho, porém 
não de processo de produção. Enfim, discute a re-
lação homem-natureza, não abordando as relações 
entre os homens. É por esta razão que a carga natu-
ralista é mantida, apesar do apelo à História, conti-
do na proposta (MORAES, 2003, p. 74),
Entretanto, “o espaço não para” e o mundo se transforma, e todas essas teo-
rias vinculadas à geografia tradicional passam a não explicá-lo mais. Todavia, 
ratifica-se a relevância dessas teorias para a formação e consolidação da ciên-
cia geográfica produzida nos dias atuais. Nesse contexto, temos o surgimento 
de uma nova corrente, a corrente quantitativa e teorética, que discutiremos a 
seguir.
1.3.3 A escola anglo-saxônica: a geografia teorética ou nova 
geografia
Como se sabe, a Segunda Guerra Mun-
dial (1939 a 1945) provocou grandes mudan-
ças no planeta terra, mudanças estas que atin-
giram quase todos os países e pessoas por se 
tratar de um acontecimento que estava direta 
ou indiretamente ligado a tudo em uma esca-
la global.
As ciências tiveram uma participação de 
destaque na Segunda Guerra, e, portanto, 
sofreram grande evolução nesse período, pri-
meiramente no âmbito militar e pouco depois 
esses conhecimentos e tecnologias foram 
transferidos para a sociedade.
Em decorrência disso, surgiu à necessida-
de de deter a maior quantidade de informa-
ções sobre a configuração terrestre do nosso 
planeta e sobre o espaço, levando os Estados 
Unidos da América e a União das Repúblicas 
Socialistas Soviéticas (no contexto da Guerra 
Fria) investirem em uma quantidade exorbi-
tante de capital para financiar as pesquisas 
científicas.
Na Geografia, a situação não poderia ser 
diferente já que esta foi uma das ciências mui-
to utilizada na Segunda Guerra Mundial e na 
Guerra Fria. Nesse cenário, algumas transfor-
mações significativas aconteceram na ciência 
geográfica, dentre elas, podemos destacar o 
uso de tecnologias diversas aplicadas no reco-
nhecimento do território.
Na década de 1970, a Geografia Tradicio-
nal não possuía mais o poder explicativo para 
aquele novo momento. Surge a Nova Geo-
grafia, também conhecida como Teorética ou 
Quantitativa.
A Geografia Teorética representava o 
novo modelo que revolucionaria a ciência ge-
ográfica. Ao Adotar o neopositivismo como 
base filosófica, essa corrente aplicou a mate-
mática nos estudos geográficos, pois acre-
ditava tornar a Geografia mais precisa. O uso 
abusivo da matemática e da estatística foi ca-
racterístico dessa Geografia. A esse respeito, 
podemos citar G. Dematteis para exemplificar 
essa teoria, pois ele defendia que a Geografia 
poderia ser totalmente explicada por méto-
dos matemáticos, ou seja, todas as relações 
(fenômenos, variações de paisagem, a ação 
da natureza sobre os homens, etc.) seriam ex-
pressas em forma de cálculos matemáticos e 
estatísticos.
Prosseguindo, essa corrente adota o mo-
delo sistêmico, em outros termos, propõe o 
uso de modelos que tentam expressar a es-
trutura dos sistemas, conhecida em Geografia 
como “geossistema” ou “ecossistema”, tanto 
PARA SAbeR mAIS
Para entender melhor 
sobre a obra deste geó-
grafo visite o endereço 
eletrônico:
http://www.faced.ufba.
br/ra scunho_digital/
textos/568.htm
GLOSSÁRIO 
Funcionalismo: é um 
ramo da Antropologia 
e das Ciências Sociais 
que procura explicar 
aspectos da sociedade 
em termos de funções 
realizadas por indiví-
duos ou suas consequ-
ências para sociedade 
como um todo. Trata-se 
de uma corrente socio-
lógica associada à obra 
de Émile Durkheim.
Figura 7: Robôs 
industriais em uma 
montadora de carros
Fonte: Disponível em: 
http://juvencioterra.com.
br/pop/wp-content/
uploads/2012/09/enge-
nharia-de-controle-e-
-automa%C3%A7%C3%
A3o.jpg. Acesso em junho 
2013.
►
ATIVIdAde 
Pesquise sobre as 
principais descobertas 
científicas no período 
da Guerra Fria e analise 
as finalidades práticas 
dessas descobertas. 
Você perceberá que 
esses inventos foram 
voltados para o domí-
nio de território. Após 
a pesquisa, comente as 
suas observações no 
fórum de discussões. 
17
História - Geografia
quanto fossem os sistemas e subsistemas exis-
tentes na realidade.
Muitos geógrafos criticaram a ciência 
neutra praticada e desenvolvida pela Geogra-
fia Teorética, uma vez que as contradições so-
ciais e econômicas se acirravam, daí decorre a 
necessidade de uma ciência preocupada com 
o comprometimento e a prática social. 
Outra crítica feita por geógrafos diz res-
peito ao empobrecimento dos dados empíri-
cos ao se traduzirem os estudos dessa escola. 
A observação direta da Geografia Tradicio-
nal trazia umariqueza de detalhes aos estu-
dos, mas a ausência dos trabalhos de campo, 
substituídos por cálculos matemáticos e esta-
tísticos, simplificava demasiadamente o uni-
verso de análise, que se tornava mais abstra-
to e, portanto, distante da realidade. É o que 
Moreira (1985, p. 107) chama de “empobre-
cimento aludido, que vem acompanhado de 
uma sofisticação técnica e linguística”.
Uma abordagem também desenvolvida, 
nesse contexto, refere-se à Geografia da Per-
cepção ou do Comportamento, muito pró-
xima da Psicologia e da Sociologia porque 
buscou compreender como os homens per-
cebem o espaço vivido. Moraes (2003) indi-
ca a criação dessa vertente dentro da escola 
anglo-saxônica. 
Nesse momento de profundas transfor-
mações sociais, políticas e econômicas, os ge-
ógrafos assumem uma nova perspectiva de 
renovação, a qual foi chamada no Brasil de Ge-
ografia Crítica.
1.3.4 A geografia crítica
Essa corrente se difere de todas as outras 
propostas até então sistematizadas dentro do 
pensamento geográfico. Os geógrafos envol-
vidos com um movimento de renovação pro-
funda da Geografia a batizam de Geografia 
Crítica, devido à necessidade que se tinha de 
avançar nas perspectivas defendidas por ou-
tras linhas de pensamento, como a Geografia 
Tradicional e Pragmática. Uma nova postura é 
assumida frente a essa necessidade e a Geo-
grafia passa a pensar formas de transformação 
da realidade social, a partir de um saber que, 
para seus sistematizadores, significa uma arma 
nesse processo. É a partir daí que o conteúdo 
político passa a ser assimilado nessa ciência, 
e uma postura militante é uma necessidade 
entre os geógrafos. Para Moraes (2003, p.110), 
existe um “apego às velhas teorias, o cercea-
mento da criatividade dos pesquisadores, o 
isolamento dos geógrafos, a má formação filo-
sófica, etc.”.
Assim, os geógrafos críticos franceses 
(corrente que nasceu na França) denunciam à 
velha “parceria” entre Geografia e Estado, que 
contribuiu para uma dominação de classes na 
sociedade capitalista. Um dos autores que se 
destacam nessa crítica foi Yves Lacoste, que 
escreveu o livro A Geografia serve antes de 
mais nada para fazer a guerra. Ele adverte em 
seu livro que existem duas geografias: a “Geo-
grafia dos Estados Maiores” e a “Geografia dos 
Professores”. A primeira ligada ao poder e a se-
gunda com uma dupla função: a de esconder 
a existência da “Geografia dos Estados Maio-
res”, através de um ensino desinteressante que 
mascarava o valor estratégico de se conhecer 
o espaço, e a de levantar dados para a “Geo-
grafia dos Estados Maiores” sobre os diferen-
tes lugares da terra.
Lacoste (2003, p. 65) afirma que “a Geo-
grafia é uma prática social em relação à super-
fície terrestre”. Outro geógrafo que comunga 
desta visão é Milton Santos (1996, p. 57) que 
diz ser “o espaço a morada do homem, mas 
pode ser também sua prisão”. Através dessas 
reflexões, podemos compreender que a Ge-
ografia, agora, quer articular teoria e prática, 
a favor de uma prática social revolucionária 
onde não existe neutralidade científica, e sim a 
necessidade de transformação do mundo.
Podemos afirmar que a Geografia Crítica 
desenvolveu diversas propostas internas que 
visavam responder as questões que emer-
giram na crise. Dentre elas, ressaltamos os 
diversos estudos temáticos, como o da geo-
grafia urbana que introduziu o legado teórico 
marxista na Geografia. Pensando esse espaço 
do ponto de vista global, temos um dos mais 
importantes geógrafos do mundo, o brasileiro 
Milton Santos, que escreveu entre várias obras, 
o livro “Por uma Geografia Nova”. Essa obra é 
uma tentativa de se apresentar uma proposta 
▲
Figura 8: GPS em 
diversos formatos e 
marcas disponíveis no 
mercado
Fonte: Disponível em: 
http://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/
thumb/6/6b/GPS_Recei-
vers.jpg/800px-GPS_Re-
ceivers.jpg. Acesso em 
junho 2013.
18
UAB/Unimontes - 1º Período
geral para o estudo geográfico. O autor avalia 
a Geografia Tradicional, a crise do pensamento 
geográfico e as principais propostas de reno-
vação da Geografia Pragmática. Milton Santos 
analisa o objeto de estudo da Geografia, e ten-
ta analisar o que é a Geografia.
Devido à importância do pensamento de 
Milton Santos para a Geografia Crítica, recorre-
mos aos estudos de Moraes a fim de que você 
possa entender resumidamente a obra de Santos:
Milton Santos argumenta que é necessário discutir o espaço social, e ver a pro-
dução do espaço como o objeto. Este espaço social ou humano é histórico, 
obra do trabalho, morada do homem. É assim uma realidade e uma categoria 
de compreensão da realidade. Toda a sua proposta será, então, uma tentativa 
de apreendê-lo, de como estudá-lo. Diz que se deve ver o espaço como um 
campo de força, cuja energia é a dinâmica social. Que ele é um fato social, um 
produto da ação humana, uma natureza socializada, que pode ser explicável 
pela produção. Afirma, entretanto, que o espaço é também um fator, pois é 
uma acumulação de trabalho, uma incorporação de capital na superfície ter-
restre, que cria formas duráveis, as quais denomina “rugosidades”. Estas criam 
imposições sobre a ação presente da sociedade; são uma “inércia dinâmica” – 
tempo incorporado na paisagem – e duram mais que o processo que as criou. 
São, assim, uma herança espacial, que influi no presente. Por esta razão, o es-
paço é também uma instância, no sentido de ser uma estrutura fixa e, como 
tal, uma determinação que atua no movimento da totalidade social. (MORAES, 
2003, p. 118-119).
Acreditamos que Milton Santos avança em suas análises geográficas porque demonstra em 
seus estudos que a causa dos fenômenos são naturais, sociais e históricas, e que a organização 
do espaço se dá em função da “acumulação desigual de tempo”. Deixa claro, ainda, o papel do 
Estado no mundo em curso. 
Podemos concluir, então, que essa nova proposta dentro da concepção do conhecimento 
geográfico avança em vários sentidos, um deles é o de abrir novas perspectivas para os geógra-
fos. É válido lembrar que o pensamento da Geografia Crítica se manifesta hoje no Brasil, sendo 
reproduzido por várias universidades que se dedicam na criação de novas propostas teórico-me-
todológicas, cujo intento é ajudar a construir uma ciência cada vez mais comprometida com a 
prática social.
Figura 9: imagem de 
uma favela.
Fonte: Disponível em: 
http://upload.wiki-
media.org/wikipedia/
commons/8/8d/Houses_
in_Pachuca.jpg. Acesso 
em junho 2013.
▼
19
História - Geografia
1.3.5 A geografia brasileira
A Geografia teve sua inserção e desenvol-
vimento no Brasil a partir da criação da Uni-
versidade de São Paulo- USP, já que, para isso, 
foi contratada uma equipe de pesquisadores 
franceses. Nesse grupo de franceses estava um 
geógrafo chamado Pierre Deffontaines que foi 
o responsável pela criação da AGB. Depois da 
saída de Deffontaines, a Associação de Geó-
grafos Brasileiros - AGB foi presidida por outro 
geógrafo francês, Pierre Monbeig, que traba-
lhou por vários anos, também na USP, sendo 
um dos fundadores do curso de Geografia 
nessa Instituição. Com o auxílio desses dois 
franceses, a geografia brasileira teve seu início 
entre as décadas de 1930 e 1940. Esse momen-
to histórico é marcado pelas transformações 
no quadro político, época em que houve a re-
volução de 1930 e, em decorrência, deu-se a 
adoção de um sistema de governo autoritário 
e centralizado, denominado Estado Novo.
Nesse contexto, a Geografia passa a ser 
usada para instrumentalizar o Estado, atra-
vés de pesquisas para o reconhecimento do 
território nacional. O Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística - IBGE foi um órgão 
governamental importante para a afirmação 
da Geografia, mas sofreu críticas por usar de 
forma exagerada técnicas matemáticas e es-
tatísticas nos estudosgeográficos. Simulta-
neamente a essa concentração das pesquisas 
geográficas no IBGE, surgiu na UNESP de Rio 
Claro/SP a Associação de Geografia Teorética-
-AGETEO, que foi formada por um grupo de 
geógrafos seguidores dessa corrente, incluin-
do geógrafos afastados do IBGE.
A Geografia Teorética que se instalou no 
Brasil e começou um processo de disseminação 
foi fortemente criticada por geógrafos de outras 
linhas, que alegavam ser essa nova Geografia 
segregacionista e defensora dos interesses dos 
mais ricos, uma vez que usava técnicas com-
putacionais em seus estudos e essas não eram 
acessíveis a todos. Além disso, os métodos des-
sa nova corrente mantinham o afastamento do 
pesquisador do seu objeto de estudo.
Apesar dessas críticas, a Geografia Teoréti-
ca contribuiu para o avanço da Geografia como 
um todo, pois criou tecnologias para se estudar 
o espaço e, atualmente, essas são utilizadas por 
outras correntes da Geografia. O geoprocessa-
mento e o sensoriamento remoto são exemplos 
dessas tecnologias que, no Brasil, são intensa-
mente usadas para reconhecer o território.
Com a crítica à Geografia Teorética, uma 
nova proposta de Geografia chega ao Brasil, 
que obteve forte apoio dos geógrafos brasilei-
ros, principalmente, aqueles ligados às univer-
sidades e à AGB. O contexto político do Brasil, 
mais uma fez, influenciou na propagação das 
ideias dessa Geografia Crítica. Como o Brasil 
enfrentava um governo militar e os abusos do 
Estado eram frequentes, além de haver uma 
perseguição aos críticos desse modelo de go-
verno, a Geografia Crítica foi uma forma de 
fazer críticas científicas a essa situação. Ao lon-
go dos anos, até mesmo atualmente, essa cor-
rente da geografia brasileira se desenvolveu 
bastante, em virtude do discurso social por ela 
defendido. 
Geógrafos brasileiros se destacaram en-
tre os grandes nomes dessa geografia. Milton 
Santos foi, dentre esses, o de maior evidência, 
por causa de suas teorias sobre o processo de 
urbanização em países periféricos e pela pro-
posta de um novo modelo de globalização. 
Esse sucesso foi ratificado com o prêmio máxi-
mo da geografia, o Prêmio Vautrin Lud.
Outra corrente que se propagou no Bra-
sil foi a humanística e a UNESP de Rio Claro 
aparece como centro de propagação dessa 
proposta. Em seguida, a geografia humanísti-
ca começou a se expandir, enquanto linha de 
produção científica nas universidades.
Diante do exposto, percebemos que a 
Geografia brasileira sofreu influência do con-
texto histórico nacional e da expansão de no-
vas correntes que surgiram em outros países 
e encontravam apoio em alguma instituição 
de pesquisa brasileira. Essa evolução do pen-
samento geográfico brasileiro tornou a nossa 
Geografia umas das mais respeitadas interna-
cionalmente, isso pode ser mensurado pelos 
títulos e prêmios concedidos aos geógrafos 
brasileiros decorrentes da produção científica 
do Brasil em diversas áreas.
◄ Figura 10: Professor 
Milton Santos
Fonte: Disponível em: 
http://www.nossosao-
paulo.com.br/Reg_SP/
Educacao/MiltonSantos1.
jpg. Acesso em junho 
2013.
20
UAB/Unimontes - 1º Período
1.4 Categorias de análise 
geográfica: lugar, paisagem, 
região, território e espaço
A partir do desenvolvimento da geogra-
fia (científica e escolar) surgiram categorias 
que dão suporte para as análises desse ramo 
do conhecimento científico, sendo elas: Lugar, 
Paisagem, Espaço, Região e Território.
O espaço geográfico é analisado levando 
em conta os lugares, as regiões, os territórios, 
as paisagens em constante transformação. 
Sendo assim, esses elementos de análise são 
utilizados pela geografia para interpretar a 
sociedade e sua relação com a natureza. Esses 
conceitos-chave conferem à geografia identi-
dade no âmbito das ciências sociais e “são ca-
pazes de sintetizarem a sua objetivação” (COR-
RÊA, 1995, p.16).
Lugar, Paisagem, Espaço, Região e Territó-
rio são conceitos que trazem em si especifici-
dades num contexto espacial e temporal de-
terminado, todavia eles são interpenetrantes, 
ou seja, são complementares. Eles não estão 
isolados, pois eles são tênues.
Assim, o nosso desafio aqui é ajudá-lo na 
identificação e interpretação das singularida-
des de cada categoria geográfica. Precisamos 
ter clareza e domínio desses conceitos para 
compreensão dos fenômenos espaciais e so-
ciais. E, para cumprir esse propósito, apresen-
taremos, a seguir, uma explanação geral so-
bre as categorias de análise geográfica, tendo 
como base seu significado a partir de alguns 
teóricos. Para isso, utilizaremos noções parti-
culares à nossa vida e algumas imagens para 
retratar cada conceito e contribuir na sua apre-
ensão. Acreditamos ser possível a compreen-
são e a aplicação dos conceitos básicos de ge-
ografia no cotidiano.
Espaço
A história do conceito de espaço permeia 
as correntes geográficas (Unidade I). Em ter-
mos gerais, o conceito de espaço é original-
mente aplicado na geografia tradicional e se 
relacionava a áreas naturais sem a presença 
humana. Nesse contexto, Ratzel sugere a ideia 
de espaço vital, que expressa “as necessidades 
territoriais de uma sociedade em função de 
seu desenvolvimento tecnológico, do total de 
população e dos recursos naturais”. (CORRÊA, 
1995, p.18). Hartshorne trabalha com a noção 
de espaço absoluto, tratado como um conjun-
to de partes com existência em si: “É como se 
cada porção do espaço absoluto fosse o lócus 
de uma combinação única (unicidade) em rela-
ção a qual não se poderia conceber generali-
zações. (CORRÊA, 1995, p.19).
Na geografia Teorética Quantitativa “[...] 
o espaço aparece pela primeira vez na história 
do pensamento geográfico, como o conceito-
-chave da disciplina”. O espaço aqui era consi-
derado como planície isotrópica. A crítica ao 
conceito de espaço na escola teorética-quan-
titativa diz respeito a sua visão limitada sem 
considerar as contradições, os agentes sociais, 
o tempo e as transformações da sociedade. 
Posteriormente, o espaço naturalizado passa a 
incorporar uma dimensão social, uma vez que 
o homem produz o espaço e dá conteúdo a 
ele conforme seus anseios.
Nesse sentido, o espaço é abrangente e 
multidimensional, pois ele é a moradia de to-
dos os homens que o modela através de prá-
ticas sociais distintas e de diferentes grupos 
sociais.
A geografia crítica atesta que o espaço é, 
sobretudo, de contradições – reflexo do pre-
sente. Daí a importância de se pensar o espaço 
do ponto de vista social numa sociedade pau-
tada por injustiças e desigualdades: “o espaço 
é concebido como lócus de reprodução das 
relações sociais de produção, isto é, reprodu-
ção da sociedade”. (CORRÊA, 1995, p.26). As-
sim, através do comprometimento social da 
geografia, podem-se estabelecer princípios 
que norteiam a reflexão homem versus socie-
dade capitalista. Tal constatação possibilita-
-nos a seguinte indagação: Quais são as cate-
gorias de análise do espaço? Segundo Santos 
(1985), o espaço deve ser pensado em suas 
relações dialéticas com as categorias estrutura, 
processo, forma e função.
Prosseguindo, forma, função, estrutura e 
processo são quatro categorias dialéticas. To-
PARA SAbeR mAIS
Para maior detalha-
mento das categorias 
de análise do espaço, 
pesquisar em SANTOS, 
MILTON. Espaço e Mé-
todo. são Paulo: Nobel, 
1985.
21
História - Geografia
madas individualmente, representam apenas 
realidades parciais, limitadas, do mundo. Con-
sideradas em conjunto, porém, e relacionadas 
entre si, elas constroem uma base teórica e 
metodológica a partir da qual podemos dis-
cutir os fenômenos espaciais em totalidade. 
(SANTOS, 1985, p. 52).
Na geografia Humanista e Cultural – o es-
paço é mítico, o espaço é vivido: “o espaço mí-
tico é também uma resposta do sentimento e 
da imaginação às necessidades humanasfun-
damentais”. (TUAN, 1893, p.112 apud CORRÊA, 
1995). “O espaço vivido é uma experiência con-
tínua, egocêntrica e social, um espaço de mo-
vimento e um espaço tempo-vivido... (que)... 
se refere ao afetivo, ao mágico, ao imaginário”. 
(HOLZER, 1992, p.440 apud CORRÊA, 1995).
Diante do exposto, vimos que a discussão 
do conceito de espaço, no âmbito da ciência 
geográfica, parte de diferentes concepções 
e noções acerca do termo, vinculadas às cor-
rentes do pensamento geográfico e sua loca-
lização histórica e espacial. No plano prático, 
o espaço pode ser percebido a partir dos ele-
mentos que o contêm: materiais, imateriais, fi-
xos, fluxos e sociais.
O espaço é em primeiro lugar um dado 
que antecede a intervenção humana e ele 
possui duas faces: uma, é o plano da expres-
são constituída por superfícies, distâncias e 
propriedades; e a outra, é o plano do conteú-
do que tem seu significado dado pelos atores 
sociais.
Para compreender melhor este conceito, 
observe as figuras abaixo que fazem correlação 
com a abordagem de espaço aqui apresentada.
Lugar
Lugar é a porção do espaço que se associa 
à ideia de vínculo, identidade e afetividade com 
ambiente de convívio. Normalmente as pessoas 
manifestam no lugar suas particularidades e a 
possibilidade de defendê-lo. Qual é o seu lugar? 
A casa, o quarto, a rua, o bairro, a cidade de nas-
cimento e o que nela contém?
Observando as duas figuras, verificamos si-
tuações vividas no nosso cotidiano através dos 
fluxos de pessoas, capitais, mercadorias e veí-
culos. Trata-se de espaços em constantes trans-
formações pela ação humana, considerando 
que a Avenida e a Rua representadas na figura, 
em tempos passados, configuravam ambientes 
naturalizados, ou seja, livre da ação antrópica. A 
presença de indivíduos, prédios, lojas, semáfo-
ros, sistema de pavimentação, entre outros de-
monstram a categoria espaço em sua totalidade.
A esse respeito, posiciona-se Carlos,
o lugar é a porção do espaço apropriável para a vida – apropriada através do 
corpo – dos sentidos – dos passos de seus moradores, é o bairro, é a praça, é a 
rua, e nesse sentido poderíamos afirmar que não seria jamais a metrópole ou 
mesmo a cidade lato sensu, a menos que seja a pequena vila ou cidade – vivi-
da/conhecida/reconhecida em todos os cantos (CARLOS, 1996, p.20).
As relações que estabelecemos com o lugar nos proporcionam à sensação de pertencimen-
to e reconhecimento do nosso cotidiano. Nesse sentido, o lugar é um acúmulo de história e uma 
▲
Figura 11: Avenida 
Mestra Fininha - Montes 
Claros (MG)
Fonte: FRANÇA, I. S. de. 
Nov./2005 (foto/autor)
Figura 12: Rua Simeão 
Ribeiro ou “Quarteirão 
do Povo” – Montes 
Claros (MG)
Fonte: FRANÇA, I. S. de. 
Nov./2005 (foto/autor)
▼
22
UAB/Unimontes - 1º Período
expressão do espaço geográfico na sua escala local e na perspectiva do mundo vivido. No mun-
do moderno e globalizado, Carlos (1996, p.26) assegura que o lugar deve ser abordado de forma 
analítica, em sua multiplicidade de formas e conteúdos, em sua dinâmica histórica.
Nessa perspectiva, Santos (apud Carlos, 1996) nos leva a refletir sobre a existência de uma 
dupla questão no debate sobre lugar: o lugar visto de “fora” e o lugar visto de “dentro”. Para esse 
autor, o conceito de lugar deve ser redefinido num contexto de globalização cada vez mais ace-
lerada, estando esse associado à densidade técnica, informacional e comunicacional. Esse signifi-
cado refere-se ao lugar visto de “fora” e atrelado às dimensões de tempo presente e passado.
Continuando, Carlos (1996) destaca o lugar visto de “dentro”, ou seja, o lugar em sua dimen-
são histórica que se instala na prática cotidiana em função de uma cultura/tradição/língua/há-
bitos que lhe são próprios. Observe as figuras, atrelando-as às características da categoria geo-
gráfica: lugar. A figura 13 retrata um elemento presente no convívio das pessoas: uma casa. Já, 
a figura 14 representa a apropriação da casa pelos seres humanos, demonstrando situações de 
êxito, felicidade e vínculo. A casa enquanto espaço de vivência e identidade para o casal se ex-
pressa então como o seu “lugar”.
Figura 13: Residência
Fonte: Disponível em: 
http://www.femina.hu/
otthon/lakas_eladas/elad.
jpg. Acesso em junho 
2013.
►
PARA SAbeR mAIS
A categoria lugar 
refere-se ao nosso 
espaço de origem tam-
bém. Para apreender 
essa categoria, desenhe 
o local de onde você 
veio e estará diante do 
seu lugar.
Figura 14: Casa/Lar
Fonte: Disponível 
em: http://www.
cherylanswers.com/
wp-content/uploads/
Couple-at-new-house.jpg. 
Acesso em junho 2013.
►
23
História - Geografia
Paisagem
Quando observamos uma paisagem, seja ela uma cidade, uma área desmatada, uma praia 
ou uma igreja assumimos uma postura contemplativa no sentido de interpretar o passado, en-
tender o presente e propor ações, visando o futuro. Diante disso, entendemos que o resultado da 
ação humana sobre o espaço está impresso na paisagem.
A paisagem se apresenta como uma vitrine de ações que se processam no tempo e no es-
paço. Ela representa tudo aquilo que os nossos olhos alcançam. Nessa perspectiva, a paisagem 
resulta da essência e da aparência dos seres, objetos e coisas.
Nesse sentido, toda paisagem se apresenta ao geógrafo dotada de uma certa fisionomia. 
Seus distintos aspectos ou elementos, tanto visíveis como não visíveis, se encontram em uma de-
terminada relação funcional (fisiológico e ecológico) [...]. (TROLL, 1997, p.2). Assim, a paisagem se 
apresenta com dois enfoques: um espaço de totalidade sob qualquer ponto de vista e um espa-
ço onde seus elementos físicos, humanos, econômicos e sociais se encontram em interação. Daí 
distinguir paisagens naturais e culturais.
A paisagem registra heranças culturais, estruturas, formas e processos diversos. Nas palavras 
de Troll (1997, p.3), “Todas as paisagens refletem também transformações temporais e conservam 
testemunhos de tempos passados”. A partir dela observam-se os sentidos: sons, cores, cheiros, 
sensações, indicando relações e processos. Exemplo: uma imagem de satélite permite visualizar 
uma totalidade, diversos domínios. Assim, a paisagem é dotada de elementos visíveis (objetos), 
não visíveis (o cheiro) e fisionômicos (conteúdo e forma). Exemplos: Algumas paisagens de sua 
cidade podem ser indicadas: a igreja, o rio, a fazenda, a escola, a feira, a praça, o shopping popu-
lar, o mercado, etc. Após refletir sobre essa noção, qual a sua concepção de paisagem?
Vejamos o que diz Santos:
A dimensão da paisagem é a dimensão da percepção, o que chega aos senti-
dos. Por isso, o aparelho cognitivo tem importância crucial nessa apreensão, 
pelo fato de que toda educação formal ou informal, é feita de forma seletiva, 
pessoas diferentes apresentam diversas versões do mesmo fato (SANTOS, 1993, 
p.83).
As figuras que se seguem são paisagens que podem ser vislumbradas a partir do olhar que 
permite a visualização das coisas e dos objetos. Nesse caso, enxergamos, respectivamente, as se-
guintes paisagens: uma praia, a área central de uma cidade e sua vista panorâmica. No interior de 
cada uma dessas paisagens podemos apreender a ação humana ao longo do tempo e do espaço.
Figura 15: A praia
Fonte: Disponível em: 
http://2.bp.blogspot.
com/-4HDPogfwga4/
UiMtG35YplI/AAAAAAA-
AqNU/mvuRWWTmQg8/
s1600/St_Maarten.gif. 
Acesso em junho 2013.
▼
24
UAB/Unimontes - 1º Período
1.4.4 Região
Região é um termo polissêmico, ou seja, utilizado por vários ramos do conhecimento cien-
tífico e em várias circunstâncias: região industrial, região da seca, região rica ou região de expan-
são das fronteiras agrícolas. Isso demonstra os vários sentidos que podem ser atrelados à palavra 
região. Todavia, independente dos múltiplos significados assumidos por esse termo e, indepen-
dentemente dotamanho, as regiões são áreas que se diferenciam do seu entorno por uma ou 
mais particularidades.
O conceito geográfico de região remete à fragmentação do mundo moderno que não é ho-
mogêneo, uma vez que a superfície da terra é diferenciada. Associa-se à ideia de localização e 
extensão, limites que caracterizam uma 
área ou uma divisão regional com o 
exercício de hierarquia e o controle na 
administração dos estados.
A região pode ou não respeitar li-
mites administrativos para organização 
do espaço, sendo, portanto, uma área 
passível de administração. Mas a região 
é, sobretudo, uma área de influência e 
atuação de grupos diversificados. Como 
exemplo, podemos falar da Divisão Ofi-
cial do IBGE (1970) que utiliza elementos 
naturais ou socioeconômicos para fins 
de delimitação e regionalização, como a 
Regionalização da Saúde: o Estado não 
tem condições de sozinho instrumentali-
zar este setor para atender todos.
Em tempos de globalização, o con-
ceito de região deve ser adequado no 
sentido de pensar as especificidades do 
mundo num espaço cada vez mais fluí-
do e regionalizado. Há que se destacar 
que, com o avanço desse processo, mui-
tas regiões ampliaram o alcance de suas 
relações deixando de ter importância 
apenas local, se tornando espaços co-
nectados a outras partes do mundo. As 
regiões vão criando novas identidades 
e se redefinindo com as novas tecnolo-
gias, demandas de mercados, informa-
ções, trocas ou estranhamentos culturais 
(conflitos).
Figura 17: Praça Dr. Carlos 
Versiani Montes Claros - MG
Fonte: FRANÇA, I. S. de. 
nov./2005 (Foto/ Autor)
▲
Figura 16: Vista Parcial 
de Montes Claros (MG)
Fonte: Disponível em: 
http://3.bp.blogspot.
com/_wrzpdcaGz3g/RmS-
BuiTWyII/AAAAAAAAA-
Aw/c1_isRWVmBU/s400/
panoramica17.jpg. Acesso 
em junho 2013.
Figura 18: Mapa do 
Núcleo Central da 
Cidade de Montes 
Claros/MG
Fonte: França, 2007
►
25
História - Geografia
Resumidamente, Corrêa pesquisou os diversos domínios da noção de região:
a) Na linguagem cotidiana do senso comum, a noção de região parece existir 
relacionada a dois princípios fundamentais: o de localização e o de extensão;
b) A região tem também um sentido bastante conhecido como unidade admi-
nistrativa e, neste caso, a divisão regional é o meio pelo qual se exerce frequen-
temente a hierarquia e o controle na administração dos Estados;
c) O conceito de região natural – ideia de que o ambiente tem certo domínio 
sobre a orientação do desenvolvimento da sociedade. (CORRÊA, 1995, p.53-57).
Nas palavras desse autor “A região é uma realidade concreta, física, ela existe com um qua-
dro de referência para a população que aí vive. [...]. Ao geógrafo cabe desvendar, desvelar a com-
binação de fatores responsáveis pela sua configuração”.
A figura 18 retrata a delimitação do Núcleo Central da Cidade de Montes Claros/MG. Consi-
derando sua localização, extensão, delimitação e dinamicidade econômica, o núcleo central des-
ta cidade pode ser concebido como uma de suas várias regiões.
No âmbito nacional, o território brasileiro foi dividido (neste caso) em regiões administrati-
vas (N, NE, SE, CO e S) baseadas em características sociais, econômicas e naturais. Podemos ob-
servar na figura 19 que cada uma dessas regiões possui particularidades no país.
Território
O território é um espaço de produção transformado pela ação do homem onde se exerce 
relações de poder. Sendo o espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder, pos-
suindo caráter político. Sobre isso, Raffestin (1993) ratifica: “o território é, então, uma construção 
relacionada ao poder, ao domínio do espaço e a como os homens organizam e instituem suas 
ações e comportamentos”.
◄ Figura 19: Território 
brasileiro
Fonte: Disponível em: 
http://4.bp.blogspot.
com/-0Ayod7luKYc/
UGNY3C8NlzI/AAAAAA-
AABwQ/Yrb0KrQGARQ/
s1600/20797.jpg. Acesso 
em junho 2013.
26
UAB/Unimontes - 1º Período
Além disso, no território estabelecem- se relações de 
posse, domínio, onde vigoram determinadas regras e leis.
Portanto, o território é um espaço transformado, cons-
truído e organizado de acordo com o uso (Raffestin, 1993), 
trata-se de um espaço funcional e especializado. Como 
exemplos, temos: os territórios rurais e os territórios ur-
banos, os territórios das drogas. Os centros das cidades se 
apresentam também como verdadeiros territórios, pois ne-
les criam-se estruturas de poder, com limites no espaço.
O poder se dá no cotidiano, não só no âmbito estatal, 
mas também emana do próprio homem, via ação de Prefei-
turas, proprietários de estabelecimentos comerciais, consu-
midores.
No contexto de formação do Estado-Nação, os territó-
rios se institucionalizavam por meio das guerras, como é o 
caso da França, Inglaterra e Alemanha no século XVIII que 
buscavam a unidade territorial de seus estados. Em função 
disso, o conceito de território sempre privilegiou a política 
e a dominação com relações de poder existentes numa de-
termina da sociedade.
Na globalização, os territórios são formalizados a par-
tir dos usos de diversos atores, muitas vezes à revelia do Es-
tado com a finalidade de exercício de poder e controle de 
áreas estratégicas.
As fotos de uma favela, um lixão e da Bolsa de Valores 
podem ser pensadas como territórios, uma vez que são es-
paços passíveis de dominação por agentes humanos. Com 
isso, emergem relações de poder baseadas em intenciona-
lidades econômicas, políticas, territoriais e culturais numa 
luta constante por e pelo espaço.
Em relação às noções discutidas, podemos compreen-
der que os trabalhos de campo em geografia constituem 
ferramenta importante para que os alunos possam apreen-
der os conceitos atrelados à análise geográfica a partir de sua realidade vivida e com a observa-
ção participante. Esta atividade é um momento de valorização da geografia, possibilitando ao 
aluno poder se portar não só como objeto, mas também como sujeito da pesquisa com diálogos 
e trocas de experiência. Tal momento promove o contato da teoria com o empirismo.
Referências
LACOSTE, Y. A Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a Guerra. Trad. Maria Ce-
cília França. 7. ed. Campinas: Papirus, 2003.
MENDONÇA, F; KOZEL, S. (Org.) Elementos de Epistemologia da Geografia Contemporânea. Curi-
tiba: UFPR, 2002.MORAES, Antônio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. 19. ed. São 
Paulo: Annablume, 2003.
MOREIRA, R. O que é Geografia. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. 
RECLUS, E. A evolução, a revolução e o ideal anarquista. Imaginário: São Paulo. 2002. 131p.
SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002 
(Coleção Milton Santos).
______. Por uma geografia nova. 4. ed. São Paulo: Hucitec, 1996.
Figura 20: Espaço 
urbano/Favela
Fonte: Disponível em: 
http://www.latiname-
ricanministries.net/_/
rsrc/1283875851266/con-
fig/F0009352.jpg. Acesso 
em junho 2013.
►
Figura 21: Lixo urbano
Fonte: Disponível em: 
http://t3.gstatic.com/ima
ges?q=tbn:ANd9GcQbzn
zswpZHB2d5w3hQulMb
yvZuTCwo25Ir3NoXO1u-
-uSw43h8&t=1. Acesso em 
junho 2013.
►
Figura 22: Bolsa de 
valores.
Fonte: Disponível 
em: http://economia.
culturamix.com/blog/
wp-content/gallery/
organizacao-e-paciencia/
organizacao-e-paciencia-2.
jpg. Acesso em junho 2013.
►
27
História - Geografia
UnIdAde 2
A ciência cartográfica no estudo 
da geografia 
2.1 Introdução
O desenvolvimento da ciência cartográfica foi de fundamental importância para a sistema-
tização da Geografia, pois proporcionou o conhecimento de territórios distantes e ainda uma lei-
tura mais aprofundada e articulada do mundo. A Cartografia está tão próxima da Geografia que 
os mapas, em especial, se tornam uma linguagem que expressa à ciência geográfica.
Na atualidade, saber fazer a leiturade mapas, gráficos e tabelas é uma habilidade muito 
importante, uma vez que, na sociedade globalizada, há uma gama de informações que estão a 
nossa disposição. Quem possui o domínio da linguagem cartográfica tem a possibilidade de ler 
criticamente o mundo. 
Nesse sentido, o objetivo desta unidade é fornecer noções básicas de Cartografia, o que pro-
porcionará ao aluno a leitura e compreensão de mapas, gráficos e tabelas.
Para alcançar esse objetivo, preparamos a unidade ‘A ciência cartográfica no estudo da Geo-
grafia’ com a seguinte disposição:
2.2 A cartografia: alguns aspectos históricos
2.3 Os conceitos cartográficos: a orientação
2.3.1 Os Mapas e as Cartas na Cartografia
2.3.2 Projeções Cartográficas
2.3.2.1 A Projeção de Mercator
2.3.2.2 A Projeção de Peters
2.3.2.3 Projeção Azimutal Equidistante
2.3.3 As Escalas
2.3.4 Sistemas de Coordenadas Geográficas
2.3.5 Fusos Horários
Desejamos que esse estudo possa contribuir para o seu desenvolvimento cartográfico. 
Bom estudo!
2.2 A cartografia: alguns aspectos 
históricos
O homem desde os tempos mais remotos sempre reconheceu a necessidade de conhecer 
novas áreas e de se localizar no espaço, sendo necessário, para isso, criar pontos de referência. 
As pinturas rupestres e os curiosos mapas (primários, mas de razoável precisão) e, mais tarde, a 
invenção da bússola ilustram essa perspectiva. Durante o Renascimento, os conhecimentos car-
tográficos tornam-se instrumentos vitais de conhecimento e de controle de rotas comerciais. Era 
o período de expansão capitalista, momento histórico, conhecido como as “grandes navegações”. 
Nessa época, houve um avanço dessa ciência que se torna de grande importância no sentido de 
suprir as necessidades capitalistas.
28
UAB/Unimontes - 1º Período
Até então, a Cartografia não era sistematizada como ciência, os mapas eram apenas uma 
expressão artística da realidade ou seu esboço, mas que começam a ter bases matemáticas só-
lidas que iriam garantir exatidão na localização. Do século XVII ao século XIX surgem os mapas 
mais detalhados, usados principalmente para fins militares. Como consequência, podemos en-
tender que essa ciência é um importante instrumento de poder do mundo capitalista, uma vez 
que pode contribuir para o domínio, conquista e ampliação de territórios. Na atualidade, com 
os avanços tecnológicos, temos uma Cartografia moderna, capaz de utilizar recursos, como: fo-
tografias aéreas, imagens de satélite e computadores para gerar mapas detalhados e localizar, 
precisamente, qualquer ponto ou objeto sobre a superfície da Terra.
Nesse sentido, a Cartografia torna-se um importante instrumento para a compreensão da 
realidade, portanto, de muita importância para a ciência geográfica e para a sociedade em geral, 
já que a utilização de gráficos, tabelas e mapas está cada vez mais presente em revistas, jornais e 
na televisão. No entanto, para acompanharmos essa realidade, é necessário que estejamos pre-
parados para fazer a leitura dessas informações.
dICA
Cartografia (do grego 
chartis = mapa e 
graphein = escrita) é 
a ciência que trata da 
concepção, produção, 
difusão, utilização e 
estudo dos mapas, 
gráficos e tabelas. Das 
muitas definições dis-
poníveis na literatura, 
adotamos, aqui, a atual-
mente adaptada pela 
Associação Cartográfica 
Internacional (ACI): 
Conjunto dos estudos 
e operações científicas, 
técnicas e artísticas que 
intervêm na elaboração 
dos mapas a partir dos 
resultados das obser-
vações diretas ou da 
exploração da docu-
mentação, bem como 
da sua utilização.
Figura 23: Mapa 
primitivo, feito pelos 
aborígenes das Ilhas 
Marshall.
Fonte: MAGNOLI, ARAÚ-
JO, 2000
►
dICA
Os pontos cardeais 
indicam direção, não há 
um ponto fixo no hori-
zonte que determina-
remos norte, sul, leste 
ou oeste. Com o passar 
do ano, é possível notar 
que a trajetória do sol 
no céu vai se modifi-
cando. Dessa forma, o 
nascente e o poente 
não acontecem sempre 
no mesmo ponto, 
existe uma pequena 
alteração.
29
História - Geografia
2.3 Os conceitos cartográficos: a 
orientação
Como já discutimos anteriormente, os homens da antiguidade sempre se preocuparam com 
a localização e, por isso, desenvolveram técnicas de orientação. O termo orientação significa a 
procura pelo oriente, e podemos concluir que o sol, foi a referência para o homem. Portanto, a di-
reção onde o sol nasce, denominamos de nascente, oriente ou leste. O lado oposto, onde o sol se 
põe, denominamos de poente, ocidente ou oeste. A partir desses dois pontos e da posição dos 
polos, se determinou os quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste.
QUADRO 1
Pontos Cardeais Colaterais
N – Norte
S – Sul
E – Leste
W - Oeste
NW – N oroeste
NE – N ordeste
SE – S udeste
SW – S udoeste
Subcolaterais
NNW – Nor-Noroeste
NNE – Nor-Nordeste
SSE – Su-Sudeste
SSW – Su-Sudoeste
ENE – Es-Nordeste
ESE – Es-Sudeste
WSW – Oes-Sudoeste
WNW – Oes-Noroeste
Entre os pontos cardeais, existem os pontos colaterais nordeste (entre norte e leste), noro-
este (entre norte e oeste), sudeste (entre sul e leste), e sudoeste (entre sul e oeste). Por sua vez, 
entre os pontos colaterais, existem os pontos subcolaterais; são eles: o leste-nordeste, o norte-
-nordeste, o norte-noroeste, o oeste-noroeste, o oeste-sudoeste, o sul- sudoeste, o sul-sudeste e 
o leste-sudeste.
▲ ▲
Figura 24: Rosa dos Ventos mostrando a abreviatura 
dos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.
Fonte: Disponível em:http://www.invivo.fiocruz.br/media/
rosadosventos.gif. Acesso em junho 2013.
Figura 25: Os polos geográficos e magnéticos da 
Terra
Fonte: CASTELAR e MAESTRO, 2001.
Os pontos cardeais apresentam alguns sinônimos, que devem ser lembrados:
NORTE – setentrional ou boreal; SUL – meridional ou austral; LESTE – oriental ou nascente; 
OESTE – ocidental ou poente.
dICA
Se observarmos o céu 
em horários distintos, 
percebemos que há um 
movimento do sol para 
quem o observa da 
Terra. A esse fenômeno 
chamamos de movi-
mento aparente do sol, 
uma vez que é a Terra 
que realiza o movimen-
to de rotação no entor-
no dele. O movimento 
de rotação também é 
responsável pelos dias 
e pelas noites.
30
UAB/Unimontes - 1º Período
Durante a noite, o homem se orienta pelas estrelas e pela lua, uma vez que a lua sempre de-
saparece na mesma posição que o sol. Portanto, a orientação pela lua é feita da mesma forma que 
a orientação pelo sol. Quanto às estrelas, a primeira coisa que deve ser feita é se levar em conside-
ração a localização de uma pessoa ou objeto em relação ao hemisfério (norte ou sul). No hemis-
fério sul, por exemplo, a referência é a constelação do Cruzeiro do Sul. Já no hemisfério norte, as 
referências são a constelação da Ursa Maior e a estrela Polar, que fazem parte dessa constelação.
Quanto à bússola, essa foi uma invenção que representou, sobretudo, uma revolução para 
a navegação. A prática dessa atividade em lugares mais distantes exigia aparelhos que forne-
cessem uma orientação mais precisa. Criada pelos chineses, até hoje, esse é um instrumento 
muito utilizado, por ser simples, mas muito eficiente. A bússola é composta por uma agulha 
magnetizada ou imantada, móvel, em torno de um eixo, apontando sempre a direção norte-
-sul magnético. Isso acontece porque a Terra funciona como um imã e os seus polos (norte e 
sul) estão localizados próximos ao polo norte e polo sul geográficos.
2.3.1 Os mapas e cartas na cartografia
Como discutimos até aqui, os mapas são, representações da realidade, adotados pela so-
ciedade mesmo antes da escrita, com o objetivo de contribuir para a localização dos homens e 
objetos. Esses mapas representam elementos da paisagem, elementos humanos, demográficos, 
econômicos, históricos, entre outros.
Mapa é a representação no plano, normalmente

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