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POP_UROGINECOLOGICO

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Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos • Junho 2010/ 17
Tratamento Fisioterapêutico em Pacientes com 
Incontinência Urinária Pós-Prostatectomia Radical
 O projeto “Diretrizes Clínicas do COMHUPES” é uma iniciativa do Núcleo de Epidemiologia Clínica e Medicina 
Baseada em Evidências (NEC) com o objetivo de melhorar a qualidade dos cuidados oferecidos aos pacientes. O ponto 
básico que diferencia as Diretrizes do COMHUPES de outras desenvolvidas no Brasil é a participação dos pro-
fissionais da instituição na elaboração das recomendações e a possibilidade de revisão sempre que necessário. As 
condutas definidas como mais adequadas devem servir como guia na tomada de decisão frente a um problema específico 
do paciente. A definição das recomendações deverá levar em consideração as características peculiares do paciente, incluin-
do o seu perfil sócio-econômico.
METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DA DIRETRIZ
 Esta diretriz foi elaborada obedecendo às etapas seguintes:
1. Revisão sistemática da literatura científica
2. Avaliação crítica do material selecionado, atentando para a sua aplicabilidade na solução de problemas próprios de nossa 
instituição.
3. Definição do grau de recomendação tomando por base aspectos metodológicos dos trabalhos e consistência da literatura 
quanto à aplicação dos resultados em humanos.
 Conforme definido no Projeto de Diretrizes Clínicas do COMHUPES, as recomendações descritas neste docu-
mento serão submetidas a um processo de revisão continuada e atualizadas sempre que necessário.
O grau de recomendação e o nível de evidência foram categorizados de forma conjunta em quatro níveis:
A = Ensaios clínicos e estudos observacionais* de elevada qualidade científica, com definição clara de benefícios ou de 
COORDENAÇÃO DAS DIRETRIZES DO HUPES
 Núcleo de Epidemiologia Clínica e Medicina Baseada em Evidências (NEC)
Chefia do NEC: Dr. Antonio Alberto Lopes
DIRETORIA DO HUPES
 Diretoria Geral: Dr. Hugo Ribeiro Junior
EQUIPE ELABORADORA DO DOCUMENTO:
COORDENAÇÃO: Dra. Adriana Latado
REVISÃO DA LITERATURA E DEFINIÇÃO DE GRAUS DE RECOMENDAÇÃO: Rosana C. P. de Andrade (Fi-
sioterapeuta responsável pelo Ambulatório e pelo Curso de Extensão em Fisioterapia nas Disfunções do Assoalho Pélvi-
co do Complexo HUPES), Viviane Monteiro Burgos (Coordenadora do Serviço de Fisioterapia do Complexo HUPES), 
Dislene Nascimento dos Santos (Fisioterapeuta e Assistente de Preceptoria do Curso de Extensão em Fisioterapia nas 
Disfunções do Assoalho Pélvico), Deise Santana da Conceição (Fisioterapeuta e Assistente de Preceptoria do Curso de 
Extensão em Fisioterapia nas Disfunções do Assoalho Pélvico), Caroline Costa Santos (Aluna do Curso de Extensão em 
Fisioterapia nas Disfunções do Assoalho Pélvico) e Ítala Moradillo Nunes (Aluna do Curso de Extensão em Fisioterapia 
nas Disfunções do Assoalho Pélvico).
REVISÃO: Dr. Néviton Matos de Castro (Médico Urologista, Pesquisador da Universidade Federal da Bahia); Keith 
Fróes Orrico (Fisioterapeuta/APAE, Professora/Preceptora em Uroginecologia da Clínica Escola da Universidade 
Católica do Salvador).
ELEBORAÇÃO FINAL: Março/2010
Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos • Junho 2010/ 172
malefícios ao se adotar a conduta;
B = Ensaios clínicos e estudos observacionais de menor qualidade científica, deixando dúvidas quando aos benefícios ou 
malefícios ao se adotar a conduta;
C = Estudos clínicos sem grupos de comparação (séries de casos);
D = Opinião desprovida de avaliação crítica ou baseada em estudos cujos resultados não se aplicam diretamente em seres 
humanos (experimentos laboratoriais em animais).
 * Estudos observacionais podem ser considerados como de elevada evidência científica para recomendações quan-
do faltam ensaios clínicos, quando a magnitude da associação é muito grande (ex., risco relativo superior a 5 ou menor do 
que 0,2) e os limites do intervalo de confiança de 95% estão muito distantes da hipótese nula. É importante também obser-
var as possíveis fontes de vieses que, se presentes, poderiam desviar os resultados de um estudo observacional na direção 
contrária a observada. 
 Condutas alternativas foram sugeridas na impossibilidade de se adotar uma diretriz que fosse pautada em tecnolo-
gia ainda não disponível localmente.
INTRODUÇÃO
O Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos (COMHUPES) presta atenção secundária e terciária 
a diversas especialidades. Há 8 anos, o Ambulatório de Fisioterapia nas Disfunções do Assoalho Pélvico tem atendido aos 
portadores de Incontinência Urinária (IU) pós-prostatectomia radical, secundária a câncer de próstata, provenientes do 
Ambulatório de Urologia, Centros de Saúde de Salvador e outras cidades do estado da Bahia.
A IU pós-prostatectomia é uma complicação cirúrgica com incidência que varia de 5% a 57%, principalmente no 
primeiro ano após intervenção cirúrgica [1] (B) [2-7] (B), causando profundo impacto negativo na qualidade de vida (QV) 
e auto-estima do indivíduo e gerando, na maioria dos casos, dificuldades psicológicas como ansiedade, insônia e depressão; 
além disso, existem outras complicações como infecção recorrente do trato urinário inferior, dermatites, constrangimento 
[1] (C). Desta forma, é de extrema importância a adoção de medidas de tratamento que possam reduzir a prevalência e a 
gravidade deste sintoma [8] (C).
OBJETIVO DA DIRETRIZ
 Descrever o protocolo de tratamento fisioterapêutico em pacientes portadores de incontinência urinaria pós-
prostatectomia, atendidos no Ambulatório de Fisioterapia nas Disfunções do Assoalho Pélvico do COMHUPES. 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA PÓS-PROSTATECTOMIA
 
 A IU é definida pela International Continence Society (ICS) como qualquer queixa de perda voluntária de urina [9] 
(C). A IU no homem resulta principalmente da extirpação da próstata. Após cirurgia de prostatectomia radical, os sintomas 
podem surgir em decorrência de insuficiência esfincteriana, disfunção vesical, obstrução urinária e causas mistas [10] (B).
 A etiologia da IU tem sido atribuída, principalmente, à deficiência esfincteriana e/ou disfunção do detrusor, sendo 
a insuficiência intrínseca do esfíncter comum nestes casos [3,4] (B) [11] (A), causada por atrofia e substituição do tecido 
vascular esponjoso uretral por tecido fibroso, diminuindo ou anulando o efeito selante da mucosa uretral, o que favorece a 
perda urinária [1] (C). Desse modo, é frequente a IU por estresse, caracterizada pela perda de urina durante algum tipo de 
esforço (tossir, espirrar ou movimentar-se de forma súbita), em consequência do aumento da pressão abdominal, que se 
sobrepõe à pressão de fechamento esfincteriano [10] (B).
 Durante a cirurgia de prostatectomia radical, o esfíncter uretral proximal (EUP) é quase que integralmente resse-
cado com o espécime, bem como as porções proximais do esfíncter uretral distal (EUD), ficando a continência exclusiva-
mente dependente da parte distal do EUD [12] (B). Contudo, ainda há controvérsias quanto ao nível uretral exato onde 
ocorre a continência, pois, para que um indivíduo seja continente, é imprescindível uma boa função vesical. A ocorrência 
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3
de contrações involuntárias ou a presença de complacência diminuída pode gerar pressões intravesicais que excedam os 
mecanismos esfincterianos existentes, o que determina a incontinência [13,14] (C).
 São identificados como preditores independentes significativos de IU pós-prostatectomia: idade do paciente no 
momento da cirurgia, estado do nervo e contratura do colo da bexiga após a cirurgia, medidas urodinâmicas, estágio clínico 
e patológico do tumor [8,15] (C) [11] (A). Segundo Hwang et al. (2009), esses riscos podem ser minimizados, ou mesmoeliminados, através de seleção criteriosa do paciente e modificações cirúrgicas durante a prostatectomia radical [15] (C).
 O diagnóstico da IU pós-prostatectomia é feito a partir das histórias clínica e urológica e do estudo urodinâmico, 
quando possível. A avaliação é feita buscando investigar os sinais e sintomas relatados, principalmente de urgência miccio-
nal, nictúria e frequência da micção, comorbidades e uso de medicamentos. Através do diário miccional preenchido pelo 
paciente e do resultado do Pad Test ou Teste do Absorvente, podem-se avaliar objetivamente as perdas urinárias. O preen-
chimento de um questionário de qualidade de vida é também preconizado pela ICS para mensurar subjetivamente tanto o 
impacto desta disfunção na vida do indivíduo quanto o resultado da intervenção utilizada neste tratamento [16-19] (C).
 Dentre os exames complementares, a cistoscopia, a uretrocistografia e/ou ecografia transretal têm indicação oca-
sional, conforme a suspeita clínica. O exame urodinâmico é de extrema importância não somente para fazer o diagnóstico 
como também para orientar a terapêutica. Através deste, pode-se descartar hiperatividade detrusora, determinar a compla-
cência vesical, grau de incontinência de esforço, relacionar as perdas com a hiperatividade detrusora, diagnosticar obstru-
ção urinária e determinar a capacidade contrátil do detrusor. Tudo isso dimensiona a gravidade do problema e prediz qual 
melhor tratamento para cada caso [16-19] (C).
TRATAMENTO DA IU PÓS-PROSTATECTOMIA 
 Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (2006), o tratamento cirúrgico atual baseia-se em três procedimentos: 
injeções de agentes periuretrais, procedimentos de compressão uretral e implante de um esfíncter artificial [19] (C).
 O tratamento conservador compreende a terapia comportamental, reabilitação do assoalho pélvico, reeducação 
postural e terapia medicamentosa. Quando a incontinência persiste após o tratamento conservador não invasivo, está indi-
cada uma terapêutica invasiva; entretanto esta não deve ser precoce, sendo aconselhado um intervalo mínimo de seis meses 
entre a prostatectomia e a instituição da terapia contra incontinência urinária [16,18,19] (C).
 A fisioterapia representa o tratamento conservador alternativo e eficaz para a terapêutica da IU, em decorrência da 
melhora dos sintomas com menos efeitos colaterais. No entanto, o tratamento da IU pós-prostatectomia depende do seu 
mecanismo, da sua importância e do tempo pós-cirúrgico [20] (C).
FISIOTERAPIA UROLÓGICA
 Estudos recentes mostram que a fisioterapia é um eficiente tratamento conservador nos casos de IU, no entanto, 
raramente, é descrita como tratamento de escolha em estudos sobre a IU pós-prostatectomia [11] (A) [21] (C). Esta inter-
venção tem por finalidade reforçar os músculos que compõem o assoalho pélvico através dos recursos disponíveis, com o 
objetivo de conscientizar o paciente sobre o controle da sua micção [22-24] (C). Desta forma, consegue-se otimizar signi-
ficativamente o tempo da recuperação da continência e, por conseguinte, melhora a qualidade de vida dos indivíduos pros-
tatectomizados. Contudo, para se obter os efeitos desejados no tratamento fisioterapêutico, alguns estudos preconizam que 
o mesmo deva ser iniciado logo após a retirada da sonda vesical, pois se observa que esse tratamento torna-se mais efetivo 
durante os primeiros quatro meses após a intervenção cirúrgica e, desta forma, oferece um retorno precoce da continência 
urinária [8] (C) [11,25] (A).
 O protocolo de tratamento fisioterapêutico utilizado nos pacientes atendidos no Ambulatório de Fisioterapia nas 
Disfunções do Assoalho Pélvico do COMHUPES, com diagnóstico clínico de IU pós-prostatectomia, é constituído da te-
rapia comportamental, eletroterapia, terapia manual, cinesioterapia/reeducação postural e exercícios domiciliares, os quais 
são utilizados combinados entre si ou associados a exercícios com bola suíça e ginástica perineal. 
 No exame físico, o profissional avalia a competência esfincteriana através dos testes de força muscular (FM) - Es-
cala de Ortiz e a resistência ou endurance muscular - Escala de Oxford, confere a integridade sacral através dos reflexos 
anulocutâneo e bulbocavernoso, alterações posturais, cicatrizes presente na região abdominal e no assoalho pélvico que 
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possam interferir na competência desta musculatura [16-19] (C). O tratamento ocorre duas vezes/semana, com duração 
de 40 minutos cada sessão, num período de 6 meses, totalizando 48 sessões. A cada 10 sessões os pacientes são reavaliados 
para progressão do tratamento.
 Os pacientes que não obtêm êxito com o tratamento são reencaminhados ao médico assistente em busca de outra 
opção terapêutica. Os pacientes que se tornam continentes, ou têm uma melhora significativa dos sintomas, recebem alta 
com orientação para retornar ao médico assistente, manter os exercícios domiciliares no tempo programado e voltar ao 
Ambulatório de Fisioterapia para o seguimento clínico (1, 3 e 6 meses, 1 ano e, a partir, anualmente por período de 5 anos).
PROTOCOLO
 A terapia comportamental (TC) visa esclarecer o paciente sobre o funcionamento da bexiga e dos esfíncteres, 
instruir quanto aos hábitos de ingestão líquida e evitar substâncias que possam influenciar a diurese ou irritar a bexiga. Em 
alguns casos, torna-se necessário estabelecer micção programada, instruir na realização de exercícios do assoalho pélvico 
(EAP) domiciliares e preencher um diário miccional, o qual fornece dados referentes ao intervalo miccional, volume uriná-
rio diário, capacidade vesical média, presença de perdas urinárias, urgência, noctúria e polaciúria, além dos hábitos hídricos, 
os quais podem precisar de correção [19,24] (C).
 Após análise do diário miccional de 24h, a Terapia Comportamental (TC) é instituída através do calendário mic-
cional (micção programada), restrição alimentar e hídrica e, quando necessário, treino de fechamento perineal aos esforços 
abdominais e treino de inibição reflexa da micção quando a perda urinária for relatada durante os esforços ou urgência, 
respectivamente [23,26] (C). Para planejar o treinamento vesical do paciente, leva-se em consideração seu estilo de vida 
como: horários, condição médica, dieta, atividade física, etilismo, ocupação, tabagismo e uso de medicamentos, buscando 
facilitar a adaptação deste paciente à terapêutica.
 A terapia manual (TM) é realizada com o paciente deitado em decúbito lateral/ posição de Simes, através do toque 
retal ou externamente ao períneo. A técnica inclui massoterapia longitudinal, transversa e compressiva; alongamento manu-
al das fibras musculares; reflexo do estiramento/potencialização; contração voluntária do paciente no intuito de “apertar” 
o dedo do terapeuta contra a parede retal; aplicação de resistência manual à contração muscular com intuito de promover 
o ganho de força, melhorando a endurance das fibras musculares. Quando não existe uma contração voluntária, a TM tem 
o objetivo de melhorar a propriocepção perineal através de reflexos miotáticos que possibilitam o aprendizado da mesma 
[22,23] (C). 
 No paciente com grau de FM perineal =0°- 3°, a TM é associada aos reflexos miotáticos, através do estímulo tátil e 
verbal para levá-lo a uma contração efetiva da Musculatura do Assoalho Pélvico (MAP). Caso a contração não seja efetiva, 
utiliza-se a técnica de transbordamento. Esta técnica baseia-se na ação reflexa da contração dos músculos que influenciam 
indiretamente a pelve para auxiliar a contração dos MAP [26] (C). Quando a FM for > 3, o paciente é orientado a realizar 
contração direcionada para os tipos de fibras musculares específicas (tônicas - FI e fásicas – FIIa, FIIb), com tempo de 
sustentaçãoestabelecido durante a avaliação, evoluindo progressivamente a cada sessão. 
 Os pacientes que apresentam resistência pouco efetiva, o recrutamento se inicia a partir das fibras tônicas (FI), 
seguidas pelas fibras fásicas FIIa e, por último, as fibras FIIb. Alcançados os objetivos, inicia-se o toque com resistência 
manual até a obtenção de alta.
 A cinesioterapia do assoalho pélvico baseia-se no princípio de que as contrações voluntárias repetitivas aumentam 
a FM e, por conseguinte, a continência pela ativação da atividade do esfíncter uretral e promoção de um melhor suporte 
do colo vesical, estimulando contrações reflexas desses músculos durante as atividades diárias que gerem estresse [27] (B). 
Estudos mostraram a eficácia desta terapêutica na redução dos sinais/sintomas urinários e da perda urinária, devido ao 
aumento da força de contração da musculatura pélvica, resultando no aumento do intervalo entre as micções e, daí, na 
diminuição da frequência urinária e do grau de incontinência, além de melhora do grau de satisfação dos pacientes quanto 
à qualidade de vida [1] (C) [11,25] (A) [28,29] (B).
 Segundo Filocamo et al., a adoção de um programa de reabilitação precoce de suporte reduz significativamente 
o tempo de recuperação da continência. Em estudo randomizado de 300 pacientes no pós-operatório de prostatectomia 
radical retropúbica, foi observado que, no grupo de 150 pacientes submetidos ao treinamento precoce dos MAP, 19% 
alcançaram a continência após um mês e 94,6% após 6 meses. No grupo controle de 150 pacientes, 8% alcançaram a con-
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tinência após um mês e 65% após 6 meses [30] (B).
 As contrações ativas sustentadas respeitam o valor alcançado na TM, e a variação dos exercícios é gradativa: inicial-
mente, através de exercícios estáticos e, posteriormente, se evolui para exercícios dinâmicos na bola suíça, caminhada com 
simulações de circuitos, subir e descer escadas, agachar e pegar peso. 
 Quando a contração perineal se torna efetiva, mas o paciente mantém queixa de perda urinária relacionando-as, 
dentre outros, com as atividades de vida diária (AVD’s) e as atividades instrumentais de vida diária (AIVD’s), é introduzida 
a ginástica hipopressiva que engloba relaxamento, alongamento e exercício perineal associado à respiração diafragmática e 
apnéia, conforme a capacidade de cada paciente. O objetivo desta técnica é tonificar o assoalho pélvico, a cinta abdominal 
e normalizar as tensões das estruturas músculo-aponeuróticas antagonistas [31] (C). Esse programa é composto por IV 
fases, evoluindo-se de fase a cada 2 sessões ou conforme a adaptação e nível de aprendizado do paciente. Em cada fase, são 
trabalhadas as fibras tônicas e fásicas, de acordo com tempo de contração e sustentação (em segundos) conseguido pelo 
paciente. 
 A reeducação postural visa realinhar os eixos ósseos, eliminar pontos de tensão exagerada e, por outro lado, a fla-
cidez dos músculos, reorganizar a tensão nas cadeias musculares e corrigir alterações posturais ocasionadas principalmente 
por encurtamento dos músculos do quadril e pelve, que possam favorecer ou agravar os sintomas urinários e colocar o 
centro de gravidade do corpo no centro da bacia. Para tal objetivo, são realizados alongamento e fortalecimento muscular, 
bem como orientações quanto à postura correta. Desta forma, espera-se uma maior percepção perineal, maior atividade 
dos músculos do assoalho pélvico e aumento da capacidade de controle ativo eficaz das funções esfincterianas. Observa-
se que, qualquer desequilíbrio muscular e/ou posturais como hipertonia, dor, hiper ou hipomobilidade articular, associada 
à hiperlordose, modifica o ângulo sacral para uma horizontalização e estiramento muscular, os quais contribuem para a 
disfunção do assoalho pélvico [32] (B) [33] (C). 
 Os exercícios domiciliares (EAP) otimizam a cura, reduzem o edema quando presente, estimulam a circulação 
e aliviam a dor. Têm ampla utilização clínica e alguma evidência de melhora da sintomatologia [34] (C). Os mesmos são 
ensinados aos pacientes durante as consultas, a partir do momento em que se percebe o início da percepção perineal deste 
indivíduo. É constituído de quatro fases, as quais são impressas e entregues ao paciente logo no início do tratamento, com 
evolução progressiva. É muito importante conscientizar o paciente da realização destes exercícios para potencializar a efi-
cácia do tratamento. 
 A Eletroestimulação (EE) tem sido usada em pacientes há mais de trinta anos, sendo um importante componente 
do tratamento da IU nos casos de fraqueza muscular, hiperatividade detrusora e alteração da propriocepção perineal, atra-
vés da contração correta do assoalho pélvico. Os índices de satisfação relacionados com essa técnica são da ordem de 48% 
a 94%, e a melhora dos sintomas é relatada em 35% a 70% dos casos [35] (C). Herrmann et al. (2003) obtiveram cura ou 
melhora em 81,7% dos pacientes e concluíram que a EE representou uma alternativa efetiva e segura para o tratamento das 
disfunções do assoalho pélvico [36] (B).
 Para reforço perineal, a EE é realizada no canal anal, na região perineal ou centro tendíneo. Os pacientes são orien-
tados a contrair a musculatura anal concomitantemente à passagem da corrente elétrica. O tempo máximo do estímulo 
de curta duração não ultrapassa os 30 minutos [23,24] (C), calculado a partir do tempo de contração fisiológica alcançada 
na avaliação inicial; a intensidade é graduada de acordo com o limiar de sensibilidade de cada paciente, obedecendo aos 
seguintes parâmetros: 
• Para fibras musculares tipo I (tônica), a largura de pulso (t) varia de 400 a 700µs, com frequência de 20Hz, tempo de 
subida e descida da onda de 1 segundo; o tempo de sustentação da contração é a conseguida pelo paciente na avaliação 
inicial, e o tempo de repouso é o dobro do tempo de contração;
• Para as fibras IIa (fásica), 50 hz com (t) de 700 µs, 3 segundos de sustentação e 6 segundos de relaxamento, tempo de 
subida de 0,5 segundo e 1 segundo de descida; 
• Para fibras musculares tipo IIb, 80 Hz com 250 µs, 1 segundo de contração para 3 segundos de repouso, com onda 
de 0,2 segundo de subida e descida. 
 Quando o diagnóstico da IU está associado à bexiga hiperativa, a EE é realizada preferencialmente com eletrodos 
superficiais na região para-sacral, com parâmetros de 4 a 10 Hz, 700 µs, 15 minutos.
 Ao apresentar grau zero de FM e se perceber uma diminuição de sensibilidade perineal, associada ou não à inversão 
de comando ou dissinergismo, a EE é utilizada para favorecer a propriocepção perineal, com 50 hz, 250 µs de largura de 
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pulso, com estímulo contínuo, por um tempo de 5 a 10 minutos.
SUMÁRIO DE RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES
1. A incontinência urinária pós-prostatectomia radical ocorre em 5-57% dos pacientes e, geralmente, associa-se a impor-
tante impacto negativo na vida dos homens, tanto do ponto de vista físico quanto psicológico.
2. Fatores de risco para ocorrência de incontinência urinária pós-prostatectomia são: idade do paciente, estado do nervo 
e da contratura do colo da bexiga pós-cirurgia, medidas urodinâmicas e tipo da neoplasia.
3. O tratamento da incontinência urinária pós-prostatectomia consiste em realizar procedimentos invasivos (injeções de 
agentes periuretrais, procedimentos de compressão uretral e implante de um esfíncter artificial) ou terapia conservadora; a 
fisioterapia constitui-se em tratamento conservador alternativo e eficaz.
4. O tratamento fisioterapêutico pós-prostatectomia tem por objetivo reforçar os músculos que compõem o assoalho 
pélvico e, daí, conscientizar o paciente sobre o controle da suamicção; deve ser iniciado logo após a retirada da sonda 
vesical para a obtenção de melhores resultados. Compõe-se de terapia comportamental, eletroterapia, terapia manual, cine-
sioterapia/reeducação postural e exercícios domiciliares, os quais são utilizados combinados e associados, em sua maioria, 
aos exercícios com bola suíça e ginástica perineal.
5. A terapia comportamental esclarece ao paciente sobre o funcionamento da bexiga e dos esfíncteres, além de instruir 
quanto aos hábitos de ingestão líquida e evitar substâncias que possam influenciar a diurese ou irritar a bexiga;
6. A terapia manual inclui massoterapia longitudinal, transversa e compressiva; alongamento manual das fibras muscula-
res; reflexo do estiramento/potencialização; contração voluntária do paciente; e aplicação de resistência manual à contração 
muscular.
7. A cinesioterapia do assoalho pélvico baseia-se na realização de contrações voluntárias repetitivas, de modo a aumen-
tar a força muscular e a continência urinária;
8. A reeducação postural visa realinhar os eixos ósseos, eliminar pontos de tensão exagerada, reduzir a flacidez dos 
músculos, reorganizar a tensão nas cadeias musculares e corrigir alterações posturais ocasionadas principalmente por en-
curtamento dos músculos do quadril e pelve;
9. Os exercícios domiciliares reduzem edema, estimulam a circulação e aliviam a dor. São ensinados aos pacientes duran-
te as consultas e constituem-se de quatro fases, que são entregues ao paciente logo no início do tratamento, com evolução 
progressiva.
10. A eletroestimulação auxilia o tratamento de fraqueza muscular, hiperatividade detrusora e alteração da propriocep-
ção perineal. É realizada no canal anal, na região perineal ou centro tendíneo.
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