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RESENHA DO LIVRO A ECONOMIA LATINO-AMERICANA, CELSO FURTADO CAPITULOS 10, 11 E 12

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RESENHA DO LIVRO ‘A ECONOMIA LATINO-AMERICANA, CELSO FURTADO’ CAPITULOS 10, 11 E 12
‘Os países que se especializaram na exportação de produtos primários, no quadro do sistema de divisão internacional do trabalho, criaram estruturas econômicas de forte vocação inflacionista. Nesses países as crises cíclicas acarretavam não apenas uma baixa no volume físico das exportações, mas também deterioração dos termos de intercambio, uga de capitais e obstrução das linhas de crédito no exterior.’ 
Na concepção de Furtado, o desenvolvimento econômico nos países periféricos se dá como uma dependência econômica e cultural com obstáculos sociais para o crescimento econômico. Nesses países a industrialização será induzida pelas exportações, mas não apenas isso, pois é preciso ter uma série de aspectos para que isso aconteça, como a elevação da produtividade e do poder de compra da população e diversificação da demanda interna por procura de produtos manufaturados.
No estilo clássico, a industrialização ocorre por inovações e progresso técnico que molda o setor produtivo, no caso dos países latinos a industrialização irá surgir como transição e substituição das importações. Essa transição necessita que o país tenha uma atividade exportadora que absorva a mão-de-obra presente e crie uma infraestrutura interna, como, a rápida urbanização, salário elevado e construção de vias de escoação e transporte. Esses fatores darão base para o mercado interno se expandir. No México, Brasil e na Argentina foi possível ver esse processo antes do período da primeira guerra, sendo na Argentina devido a localização da atividade exportadora e no México por uso das técnicas e mão-de-obra dos nativos. Esse processo de industrialização tem maior progresso devido à crise de 1929 que levou a substituição das importações, como exemplo, no Brasil a crise na exportação do café e no Chile a crise do salitre. Até este momento a industrialização tem fator pela atividade produtiva que já mostrava esgotamento, após isso a indústria cresce devido ao declínio das exportações e importações. ‘Na primeira fase de industrialização, ela consistia essencialmente na instalação de um núcleo de indústrias de bens de consumo que se tornavam viáveis em razão do crescimento da renda disponível para consumo sob o impulso da expansão das exportações.’ Assim, a maior renda no mercado interno leva ao aumento dos bens de consumo, com isso há o aumento da produção industrial interna. Importa-se nesse momento mais equipamentos industriais do que os próprios produtos finais, devido à alta dos preços. Mas para que o setor industrial superasse a dependência por importação de bens de consumo, seria necessário que ele se diversificasse para autogerar demanda e que o produto produzido internamente fosse absorvido pelo próprio setor industrial. 
A crise no setor externo teve dois tipos de reação nas economias exportadoras, ‘retorno de fatores de produção ao setor pré-capitalistas ou expansão do setor industrial ligado ao mercado interno.’ Na maioria dos países da América-Latina o que se viu foi a segunda situação e para isso criou-se um coeficiente de substituição de importação que teve números similares em países como Argentina, Chile, México, Brasil e Colômbia. Na Argentina o processo de industrialização foi mais lento. No chile foi possível ver o maior coeficiente de industrialização devido ao seu processo estar ligado ao de exportação de minérios e quando houve declínio nas exportações, a ação do governo levou a superação de obstáculos na economia. A Colômbia já vinha introduzindo a indústria no seu mercado interno e apresentou fatores favoráveis. Porem foi na Argentina, Brasil e México que o processo de substituição de importação teve mais intensidade devido a já estarem em fase de pré-industrialização e terem um mercado interno ocioso. Nesses 3 países, a depreciação cambial e a inflação ajudaram na indústria e no mercado interno, pois os setores que antes eram abastecidos com importações passaram a absorver os produtos nacionais. No Brasil, as últimas barreiras a economia foram eliminadas pela ação do estado, que se preocupou em unificar o mercado nacional criando companhias, instalando usinas e capacitando mão-de-obra para a indústria. 
A industrialização por substituição de importações abriu um novo ciclo de inflação nos países latinos, isso porque, a expansão da capacidade de produzir fez com que a demanda e oferta não corressem juntas. Enquanto o sistema de importação e exportação restringia as possibilidades de números de produtos e inovações não precisando de mudanças na estrutura econômica, a substituição de importações oferece produtos de demanda incompreensivos. Nesse momento então, é preciso de uma modificação significativa na estrutura econômica para que haja reaproximação entre oferta e demanda. Furtado sugere alguns pontos que devem ser observados como focos de pressão inflacionárias, como, inelasticidade da oferta de produtos agrícolas, inadequação da infraestrutura interna, do fator humano e das estruturas fiscais, bem como o aumento dos encargos financeiros. Na América-Latina foi visto este processo de variadas formas junto as políticas de desenvolvimento que levavam ao desencontro da demanda e oferta resultando ora em inflação de demanda, ora em inflação de custos.
PERGUNTAS
• De que forma se deflagra o processo de industrialização, para Furtado, nas economias primário-exportadoras? 
O processo de desenvolvimento da indústria nos países primário-exportadores pode acontecer com a criação de demanda interna por um tipo de produto primário em razão da especialização deste. Com isso, será criado um mercado interno que leva a aumento da demanda e da produtividade, podendo aumentar a diversidade dos produtos e levar a procura por produtos manufaturados. Isso irá depender da estrutura produtiva que o país possui, ou seja, da atividade exportadora, assimilação do progresso técnico, o tipo e a quantidade de mão de obra absorvida, distribuição de renda, entre outros pontos. Se a economia do país não for impulsionada pela atividade exportadora, muito dificilmente irá se industrializar. Na América-Latina, a existência de recursos naturais e a produção de produtos agrícolas levou a assimilação do progresso técnico na exportação e com maiores produtividades intensifica-se a utilização de mão-de-obra intensa que cria uma demanda no mercado interno e elevam o grau de urbanização do país. Em primeiro momento, países como Brasil e México, terão uma indústria limitada de bens de consumo interno que apenas ocupam o lugar de alguns produtos que eram importados. 
• Qual a especificidade do processo de substituição de importação?
A substituição de importação é um processo em que a participação do comércio exterior diminui na economia nacional. No Brasil esse processo teve início em 1929, com a grande crise e baixa das exportações, e gerou no país o nascimento e consolidação da indústria de consumo. Esse processo acontece quando as importações crescem menos devido a oferta local dar conta da demanda existente, para isto ocorrer requer que já tenha acontecido a primeira fase da industrialização em razão das exportações. Ou seja, haverá um aumento da produção industrial de consumo, verificando-se uma demanda correspondente de bens e máquinas, com isso há ampliação do mercado interno e substituição das importações. Os preços altos de importações também podem ter implicações nesse processo.
• No processo de substituição de importações, qual a importância da ação do Estado?
O processo de substituição das importações nos países da América-Latina aconteceu devido ao fato de problemas no mercado externo, dificultando as exportações e importações. Com isso é possível analisar que se houvesse o Estado utilizando de ações internas, esta industrialização poderia ter ocorrido antes. Com a crise e dificuldade de importação, houve condições para ampliar a demanda de produtos e indústrias de base, processo esse que poderia ter sido realizado com a ajuda e investimento do governo em
criação direta dessas indústrias. Além disso, para que continue o crescimento industrial e econômico, é preciso alcançar um certo grau de diversificação na estrutura produtiva pois há uma limitação na substituição das importações, que de acordo com o Furtado, o Estado conhecia. Para superar esse limite era preciso o investimento na economia por parte do governo. Assim, o Estado como tomador de ação e medidas econômicas, tem grande importância para a ampliação e consolidação da indústria nacional.

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