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Aula1 - Revisão Sistema Tributário Nacional Professora: Deborah Fraga L. Gismonti Indicações Bibliográficas: Eduardo Sabbag – Editora Saraiva; Ricardo Alexandre – Direito Tributário Esquematizado – Editora Juspodium. Pontos de Aula: 1 – Recepção do CTN pela CF/88 2 – Conceito de Tributo 3 – Competência Tributária 4 – Limitações constitucionais – Princípios 1 - RECEPÇÃO DO CTN PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988 A aplicabilidade atual do CTN, sob a égide da CF/88 decorre do fenômeno da recepção (art. 34, §5 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias). Assim, as normas jurídicas em vigência anteriores a um ordenamento constitucional e que não entrem em conflito com a nova ordem constitucional, são absorvidas pelo sistema jurídico novo, ou seja, são recepcionadas. No aspecto formal, como a Constituição Federal de 1967 exigia que a matéria tributária, em se tratando de ‘normas gerais, conflitos de competência e limitações ao poder tributante’ fosse de natureza complementar, o CTN, diploma que versava sobre tais assuntos, embora fosse lei ordinária – Lei 5.172/66 -, passou a ter ‘eficácia de lei complementar’ por força do princípio da recepção. 2 – CONCEITO DE TRIBUTO - Art. 3 do CTN estabelece o Conceito legal de tributo: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. à Este talvez seja o dispositivo mais importante de todo o CTN. É impossível estudar direito tributário sem ter a noção exata do que é um tributo. O art. 146, III, “a”, da CF/88, estabelece que cabe à lei complementar dar a definição de tributo. Podemos esquematizar o conceito de tributo da seguinte forma: Destaca-se que esse conceito é composto por 6 elementos: 1 - Prestação pecuniária: Relação obrigacional (prestação) cujo Objeto principal é Dar dinheiro; 2 – Compulsória: É irrelevante a manifestação de vontade do contribuinte em cumpri-la ou não. Paga-se tributo porque o contribuinte manifestou uma capacidade econômica, um poder de contribuir. 3 – Em moeda ou em valor que nela se possa exprimir: Como regra o tributo deve ser pago em moeda corrente do país. Porém o dispositivo abre a possibilidade da obrigação ser extinta por outros meios, quando fala “em cujo valor nela se possa exprimir”. Sendo assim, a Lei Complementar n.104/2001 acrescentou o inciso XI ao art. 156 do CTN, permitindo a dação em pagamento de bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário 4 – Que não constitua sanção por ato ilícito: Este elemento diferencia tributo de multa, que são as penalidades. Assim, a tributação de atos praticados sobre circunstâncias ilícitas não afasta a natureza tributária da cobrança com base no princípio “pecúnia non olet”. 5 – Instituída em Lei: Somente a Lei em sentido formal pode instituir tributo (P. Da Legalidade). CUIDADO. Medidas provisórias podem tratar de matéria tributária. Apenas quando a matéria for direcionada à LC que não será possível, conforme art. 62 CF/88. 6 – Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: Deve ser exigida por pessoa de direito público. Não há discricionariedade do servidor. No CTN, menciona-se “atividade administrativa plenamente vinculada”. Com efeito, o ato de cobrança – quer do tributo, quer da multa – é vinculado, ou seja, decorre de lei, não havendo espaço para a discricionariedade do servidor (art. 142, CTN). RESUMINDO: à temos: tributo é prestação: a) Pecuniária; b) Compulsória; c) Diversa de multa; d) Instituída por meio de lei; e) Cobrada por lançamento – art. 142 CTN Art. 142, caput, CTN: Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. 3 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – Art. 6 CTN e Art. 145 CF/88 Ø É a delimitação do Poder de tributar = Poder de instituir o Tributo por meio de LEI própria. Dessa forma, a competência tributária está ligada a competência legislativa. Quem é que tem competência tributária? Os Entes da Federação = União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. OBS: não confundir a competência tributária (instituir o tributo) com a competência para legislar sobre Direito Tributário (art. 24 CF/88) Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; Ø Competência tributária = Poder de tributar – Criação do tributo - INDELEGÁVEL – art. 7 CTN: Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. Ø Repartição da Receita Tributária = Dir. Financeiro – Partilha do produto da arrecadação. Regra Geral, eu reparto a receita de IMPOSTO, com apenas uma exceção: CIDE combustíveis (contribuição interventiva – devida na comercialização/importação de petróleo e derivados. Essa contribuição é repartida com Estados e Municípios – art. 159,III, §4 CF/88. Esse é um dos motivos pelos quais, temos muitas novas contribuições (pois não há repartição com outros entes) e não novos impostos (constituição exige a repartição da receitas de IMPOSTOS) Ø CAPACIDADE tributária ATIVA – Arrecadação/fiscalização/julgamento de recursos adm. = DELEGÁVEL – Art. 7 CTN Delegação entre os entes da Federação – por meio de convênio – art. 100, IV CTN: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. • Delegação feita a autarquia ou fundação autárquica = por meio de lei ordinária. Ex. Conselhos profissionais, salvo OAB. (delegação da capacidade tributária e não da competência) Ø Exercício da Competência Tributária – Exercício Facultativo. O ente pode ou não criar o tributo. Ele pode exercer no todo (em todas as hipóteses de incidência possível) ou em parte (somente em algumas hipóteses de incidência) essa competência. Ex. ISS Somente cabe quanto aos serviços que constam na lista da LC do tributo, que é taxativa. O município pode cobrar de todos os itens da lista ou de apenas alguns. OBS: exceção quanto a facultatividade de criação do tributo: ICMS – Os estados são obrigados a instituir o ICMS, uma vez que o tributo incide na operação interestadual. Seria impossível aplica-lo. Ø Exercício Facultativo em criar tributo Xart. 11 LRF – LC 101/01. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que “constituem requisitos essenciais da Responsabilidade na gestão fiscal, a instituição, previsão e efetiva arrecadação de TODOS os tributos da competência tributária” O dispositivo da LRF veda a transferência tributária voluntária, caso ele não institua seus impostos. Questão: A facultatividade de criação do tributo acabou com esse dispositivo ou ele deve ser interpretado conforme a CF/88? STF – A facultatividade encontra sede na CF/88, portanto o art. 11 LRF deve ser interpretado afim de compatibilizar-se com ela. Dessa forma, o ente tem a facultatividade de criação, mas caso o crie, DEVERÁ arrecadar. A facultatividade é somente na criação. Ø Modalidades de Competência Tributária a) PRIVATIVA – Atribuída aos entes da Federação com exclusividade. Somente aquele ente pode criar. • União Impostos do Art. 153 CF/88 = II, IE, IPI, IR, IOF, IGF, ITR; Empréstimo compulsório – Art. 148 (LC) CF/88; Contribuições Especiais Parafiscais – Art.149 CF/88 • Estados Impostos do Art. 155 CF/88 = ITCDM, ICMS, IPVA; Contribuições Sociais para o custeio de seus servidores – Art. 149 §1 CF/88; • Municípios Impostos do Art. 156 CF/88 – ISS, IPTU, ITBI; Contribuição de Iluminação Pública – Art. 149-A CF/88; Contribuições Sociais para o custeio de seus servidores – Art. 149 §1 CF/88. Ø RESIDUAL – Atribuída a União para a instituição de IMPOSTOS e CONTRIBUIÇÕES da Seguridade Social que não estejam em sua competência privativa. Art. 154,I c/c 195 §4 CF/88 (LC) Ø EXTRAORDINÁRIA – Art. 154, II CF/88 = Competência somente da União para instituir IMPOSTOS em caso de guerra externa. Neste caso, a União pode invadir competência alheia e se utilizar de fato gerador novo ou fato gerador já existente. Trata-se de imposto temporário – 5 anos. Art. 76 CTN. Diferença: Imposto Extraordinário X Empréstimo Compulsório Instituído por Lei Ordinária Instituído por Lei Complementar Não Há restituição. O que há é a saída do Imposto no prazo de 5 anos, contados da celebração da paz. HÁ restituição. Ø COMUM – Todos os entes podem exercer. Art. 23. É aquela atribuída ao ente da federação de acordo com sua competência Administrativa. (comp. Para fiscalizar, prestar serviço público) • União – Art. 21 CF/88 • Municípios – Art. 30 CF/88 • Estados – Art. 25 e é residual. Ø Bitributação X Bis in idem Cobrança por 2 entes da federação do mesmo tributo sobre o mesmo fato gerador. Um único ente da federação cobrando 2 tributos sobre o mesmo fato gerador. Súmula Vinculante n 29 = É constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo do imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. 4 - LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DE TRIBUTAR – Art. 145 CF A Constituição Federal reservou um capítulo para discorrer sobre o Direito Tributário, capítulo denominado de Sistema Tributário Nacional (do art. 145 ao art. 162). Tal capítulo tem informações sobre: • O Poder de tributar: Competência tributária. Quem tem competência de instituir tributos são os entes federados – União, Estados, DF e Municípios. • Regras de repartições de receitas tributárias: trata muito mais de regras de direito financeiro que de direito tributário. A repartição de receitas é imprescindível para assegurar a autonomia dos entes federados. Quando a CF/88 institui a repartição de receitas, não está apenas distribuindo a receita, mas também conferindo autonomia a esses entes. • Limitações ao poder de tributar: são os princípios e as imunidades tributárias, conforme se extrai dos arts. 150-152. Tanto os princípios quanto as imunidades restringem o poder de tributar, porém, de forma distinta. Importante observar, que o art. 146, I CF/88 estabelece que tais limitações ao poder de tributar deverão ser feitas ou alteradas, por meio de LC ( ou seja, não cabe Medida provisória para tratar dessas limitações – Art. 62) à Princípios: art. 150 da CF/88 – mas existem outros princípios fora do art. 150. à Imunidades: art. 150, CF – mas existem outras imunidades fora do art. 150. - As imunidades protegem determinadas pessoas, bens ou situações da incidência tributária. OBS: Os princípios tributários servem para proteger garantias individuais do cidadão e essas garantias são núcleos imodificáveis da Constituição, popularmente apelidados de cláusulas pétreas. Para o STF, é possível a associação de princípio tributário à condição de cláusula pétrea. Isso significa que o princípio tributário não pode ser desafiado pelo legislador ordinário nem pelo Poder Constituinte Derivado, ou seja, não podem ser suprimidos por Emendas Constitucionais. Algumas limitações podem configurar cláusulas pétreas Ex.: imunidade tributária recíproca decorrente do pacto federativo, que é cláusula pétrea (art. 150, VI, a, CF); imunidade de templos de qualquer culto – liberdade de culto (art. 150, VI, b); imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão- livre difusão do pensamento (todos reconhecidos no aludido julgamento), denominado de imunidade cultural. A ADI 939-7/1993 considerou o princípio da anterioridade tributária uma cláusula pétrea. 1 – PRINCÍPIOS Ø Legalidade Surge com uma ideia de representação através de órgãos representativos. No direito brasileiro, aparece no art. 150 da CF, I, mais ligado ao aspecto formal, no sentido de que precisa de uma lei em sentido formal (tirando as exceções legais) para que haja instituição ou aumento de tributos. Tal lei seria resultado da aprovação/consentimento do cidadão (representado pelos deputados) com a tributação. Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias (ROL EXEMPLIFICATIVO NA CF) asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; Como lei é necessária para exigir ou aumentar, lei é necessária para extinguir ou minorar (art. 97,II CTN). Essa é a lógica do princípio do paralelismo das formas. Nas palavras de Ricardo Alexandre (2016), “... assim, se uma lei criou determinado tributo, somente outra lei – ou uma Emenda Constitucional – pode extingui-lo, sendo irracional imaginar a extinção de um tributo por meio, por exemplo, de um decreto. A consequência imediata é que, no ponto em que a Constituição exige lei para a instituição de tributos, também o faz, implicitamente, para a respectiva extinção. Na mesma linha, a exigência de lei para a majoração de tributo traz ínsito o mesmo requisito para a respectiva redução. A lei deve tratar de todos os elementos necessários para que o tributo possa incidir e ser cobrado (elementos ou aspectos essenciais da hipótese de incidência tributária): o Material (Objetivo); o Temporal (quando?); o Espacial (onde?); o Pessoal (subjetivo – quem?); o Quantitativo (quanto?); A regra geral é que basta Lei Ordinária para a criação de um tributo. Assim, podem também serem instituídos via Medida Provisória. o No caso dos IMPOSTOS, a MP só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele exercício em que foi editada, com exceção de alguns Impostos, que não estão sujeitos a anterioridade anual, quais sejam: II, IE, IPI, IOF e IEG (art. 62, §2º, CF). Assim, quando uma MP tratar de uma das exceções, produzirá efeitos imediatamente, ou seja, a partir de sua publicação e não de sua conversão em lei. Essa exceção existe, pois tais Impostos são considerados extrafiscais (veremos isso nas aulas de impostos). Servem para além de arrecadar, intervir em determinada atividade econômica, como forma de fomenta-la. Ex: redução do IPI nos carros, na eletrodomésticos brancos... Art. 62. Em caso de relevância e urgência,o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. o Nas demais espécies tributárias (taxas...), a regra da anterioridade deve ser observada tomando como referência a data da publicação da MP e não de sua conversão em lei. • A Lei Complementar só é exigida nas hipóteses expressamente previstas pela Constituição: o Empréstimos Compulsórios (art. 148); o Impostos sobre grandes fortunas (art. 153, VII) o Impostos residuais (art. 154, I e 195, §4º). Nestes casos, não caberia MP para tratar de tais espécies, uma vez que a CF/88 veda no art. 62, §1, III. Devemos ter especial atenção aos casos de não aplicação do princípio da legalidade e às exceções constitucionais ao referido princípio. 1.1 Casos de não aplicação do princípio da legalidade: a) Atualização monetária da base de cálculo: Art. 97- CTN - Somente a lei pode estabelecer... : § 2º - Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Aqui, não há majoração de tributo, apenas recomposição do valor histórico da moeda. • Súm. 160 STJ: é defeso, ao município, atualizar o IPTU mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. (até o índice de correção monetária pode ser por Decreto. Passou do índice, tem que ser por Lei) • Somente por via de lei, no sentido formal, publicada no exercício financeiro anterior, é permitido aumentar tributo. b) Prazo de recolhimento de tributo: Não é matéria reservada à lei. Art. 160 - Quando a legislação tributária não fixar o tempo do Pagamento, o vencimento do crédito ocorre 30 (trinta) dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Não se trata do aspecto temporal, pois este se remete ao fato gerador e não ao prazo de pagamento. • Súmula Vinculante 50: norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. c) Obrigações Acessórias: São deveres formais, instrumentais, no interesse da fiscalização e/ou arrecadação de tributos. Art. 113 - A obrigação tributária é principal ou acessória. § 2 - A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 1.2. Exceções ao princípio da legalidade Não se confundem com os casos de não aplicação do princípio. Em casos de não-aplicação, não teríamos nem a instituição ou aumento de tributo por lei. Nas exceções, há relação com majoração ou instituição de tributos, que deveriam ser feitos via lei, mas a CF autoriza que sejam feitos via ato normativo infralegal. São exceções parciais ao princípio da legalidade, pois a CF, observados os limites e condições estabelecidos em lei, autoriza o Poder Executivo a alterar o aspecto quantitativo. a) II, IE, IPI e IOF e reduzir e restabelecer a alíquota da CIDE combustível: é possível a alteração da alíquota via decreto do executivo, observados os limites e condições estabelecidas em lei. • Todos esses tributos têm uma função regulatória (são tributos extrafiscais) não tendo como única finalidade a mera arrecadação de recursos. • CIDE – Alterar x Reduzir/Restabelecer. o Alterar significa também poder aumentar; o Reduzir/Restabelecer: o governo pode pegar a alíquota específica e reduzir até zero, ou restabelecer até o teto da alíquota específica. Não poderia “furar” o teto. A alíquota, nesse caso, será dada através de deliberação dos Estados federados - CONFAZ b) Resolução do Senado Federal para fixar alíquota do ICMS nas operações interestaduais. Art. 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2º - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; • Não é lei em sentido formal. • Os senadores são representantes dos Estados e, por isso, tratam desse tema. Ø Princípio da Tipicidade – Implícito na CF/88 A lei deve prever todos os elementos do FG. Aqui a preocupação é com o conteúdo, evitando conceito abertos, vagos e imprecisos. Ø princípio da isonomia – Art. 150, III CF/88 Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; É a vedação ao tratamento desigual entre contribuintes que estão em situação equivalente. • “Impõe tratamento uniforme pela entidade tributante” (Hugo de Brito Machado). • Já a LC 123/2006, Lei do Simples Nacional, art. 17, estabeleceu que para aderir ao Simples é preciso que a empresa esteja em dia com os impostos estaduais, municipais e nacionais e que não tenham a exigibilidade suspensa. O STF, pelo informativo nº 726, entendeu que o dispositivo é constitucional. • É constitucional a lei que veda o Simples Nacional para empresas em débito com a Fazenda Pública • O Simples Nacional é um regime unificado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte. O art. 17, V, da LC 123/2006 afirma que a microempresa ou empresa de pequeno porte que possua débito com o INSS, ou com a Fazenda Pública (cuja exigibilidade não esteja suspensa), não poderá recolher os tributos na forma do Simples. O Plenário do STF decidiu que essa vedação é CONSTITUCIONAL. • O que é o Simples Nacional? O Simples Nacional é um regime unificado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte, estando previsto na Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. A empresa que aderir ao Simples desfruta da vantagem de recolher quase todos os tributos mediante um único pagamento, calculado sobre um percentual de sua receita bruta. O objetivo do Simples é fazer com que as microempresas e empresas de pequeno porte tenham um regime jurídico simplificado e favorecido, com menos burocracia e menor carga tributária. • Todas as microempresas e empresas de pequeno porte poderão recolher seus tributos na forma do Simples? NÃO. O art. 17 da LC 123/2006 traz uma lista de situações nas quais a microempresa ou a empresa de pequeno porte não poderá recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional. • O Plenário do STF decidiu que é CONSTITUCIONAL a exigência contida no art. 17, V, da LC 123/2006. • O STF afirmou que é possível que sejam estabelecidas exclusões do regime simplificado com base em critérios subjetivos. Dessa forma, não há óbice para que o legislador crie restrições de ordem subjetiva para a adesão ao Simples. Afirmou-se que não seria razoável favorecer aqueles em débito com o Fisco, que participariam do mercado com vantagem competitiva em relação aos adimplentes. Ponderou-se que admitir o ingresso no programa daquele que não possui regularidade fiscal, e que sequer pretende parcelar o débito ou suspender seu pagamento, significaria comunicar ao adimplente que o dever de pagar seus tributos seria inconveniente, pois receberiao mesmo tratamento dado ao inadimplente. Assim, o art. 17, V, não viola o princípio da isonomia, mas ao contrário, confirma-o, pois o adimplente e o inadimplente não estão na mesma situação jurídica. (Processo STF. Plenário. RE 627543/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/10/2013). Jurisprudência • "A lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o disposto no art. 150, II, da Constituição do Brasil. O texto constitucional consagra o princípio da igualdade de tratamento aos contribuintes. Precedentes. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 271 da Lei Orgânica e Estatuto do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte – LC 141/1996." (ADI 3.260, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-3-2007, Plenário, DJ de 29-6-2007.) No mesmo sentido: ADI 3.334, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-3-2011, Plenário, DJE de 5- 4-2011. è Princípios que decorrem do Princípio da Isonomia. A) Princípio da não-discriminação tributária em razão da procedência ou do destino dos bens Art. 152, CF: “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Procurar evitar a “guerra fiscal”. B) Princípio da uniformidade da tributação da renda Art. 151, II da CF: “tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes. Perceba-se que não se está a tributar o rendimento do ente federado que emitiu o título da dívida pública (o que é vedado pelo art. 150, VI, a, da CF), mas sim a renda gerada pela operação (juros), que é rendimento do particular adquirente do título. Ø Princípio da Capacidade contributiva – Art. 145 §1 CF Sempre que possível os IMPOSTOS terão caráter pessoal e serão regulados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Cada contribuinte deve contribuir na proporção de sua renda. Esse princípio está ligado com o patrimônio objetivo, ou seja, você precisa saber se o contribuinte tem condições de suportar o ônus tributário. Isso porque existe uma diferença entre capacidade contributiva (análise dos bens de forma objetiva) e disponibilidade econômica (analisa o patrimônio de forma líquida – subjetiva – analisa o contribuinte e não os seus Bens. OBS: A CF/88 estabelece que o referido princípio deve ser aplicado aos IMPOSTOS. E ai, aplica- se a outros tributos? STF – SIM. Aplica-se a outras espécies, pois o princípio está relacionado a justiça fiscal. Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. • Sempre que possível: o melhor entendimento é que a capacidade contributiva será adequada à natureza do imposto e à técnica de sua incidência, além de servir para compatibilizar esse princípio com a extrafiscalidade. • ITR seria imposto extrafiscal, cobrando-se menos das propriedades mais produtivas e mais das propriedades menos produtivas. Exemplo claro de se cobrar menos de quem tem mais capacidade. Subprincípios da capacidade contributiva: proporcionalidade e progressividade. a) Proporcionalidade: observar certa proporção para fixar uma tributação. As pessoas pagarão mais ou menos conforme a capacidade econômica. Na prática, a proporcionalidade se dá com a dimensão da base de cálculo. Assim, quanto maior a base de cálculo, maior será o tributo a se pagar, em virtude da aplicação da alíquota. b) Progressividade: entende-se que cobrar o mesmo percentual de todos não é o mais justo. Sendo certo que quanto mais se afasta da margem existencial para o indivíduo, mais se cobrará do contribuinte, assim, aumenta-se o percentual do tributo. Na prática, a progressividade se dá tanto com a modificação da alíquota quanto com a modificação da base de cálculo. A progressividade no Brasil pode se dar em dois critérios: extrafiscalidade ou capacidade contributiva. 1 - Capacidade Contributiva: alíquotas maiores conforme a maior capacidade contributiva. Ex.: IR. IPTU também pode ser progressivo de acordo com o valor venal do imóvel. Dos Impostos da União Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre: § 2º - O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei. 2 - Extrafiscalidade: ITR. As alíquotas vão variar de acordo com o grau de utilização da propriedade rural. Maior utilização, menor alíquota. IPTU, quanto maior o tempo em que o imóvel não está cumprindo a função social, maior será a sua alíquota no tempo. (O IPTU pode ser progressivo tanto pela capacidade contributiva quanto pela extrafiscalidade) Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre: § 4º - O imposto previsto no inciso VI do caput (ITR) I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; (...) Da Política Urbana Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; Ø Princípio da Irretroatividade – Art. 150,III “a” CF/88 A lei que cria ou majora não pode retroagir para atingir FG ocorrido antes do início da sua vigência. Isso porque quando o FG gerador ocorre ele passa a ser um ato jurídico perfeito. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado - irretroatividade; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; – anterioridade anual c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b – anterioridade nonagesimal O marco temporal significativo é a entrada em vigor da lei que majora ou cria um tributo. A nova lei não pode alcançar fatos ocorridos no passado. Ocorridos antes de sua entrada em vigor. Art. 106 do CTN: hipóteses de retroatividade da legislação tributária. Ex.: aplicação retroativa da lei que deixa de considerar ato não definitivamente julgado como infração. Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicadoem falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. • A lei não se aplica aos fatos passados. • A lei aplica-se aos fatos futuros. Ø princípio da Anterioridade – Art. 150, III “b” e “c” CF/88 É um princípio que se fundamenta no valor segurança jurídica. • Princípio da não surpresa: representa uma forma do contribuinte não ser surpreendido com uma nova lei tributária que majore ou crie tributos em seu desfavor. • Existe anterioridade do exercício financeiro e anterioridade nonagesimal / noventena / anterioridade mitigada. • De acordo com Ricardo Alexandre (2016), “é importante ressaltar que o princípio existe para proteger o contribuinte, não impedindo, portanto, a imediata aplicação das mudanças que diminuam a carga tributária a que o contribuinte está sujeito (casos de extinção ou redução de tributos) ou que não tenham qualquer impacto sobre essa carga tributária.” Aqui, o marco inicial é a data da publicação da lei (e não da vigência). Enquanto o princípio da irretroatividade representa uma proteção a fatos ocorridos antes da vigência da lei (passado), o princípio da anterioridade protege fatos futuros. • Reitere-se: O marco temporal no princípio da irretroatividade é a vigência da lei, ao passo que no princípio da anterioridade é a publicação da lei. É importante evidenciar esta diferença pois os conceitos são absolutamente distintos. • Irretroatividade: garantia aos fatos geradores ocorridos no passado. • Anterioridade: garantia aos fatos geradores a ocorrerem no futuro. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; OBS: Contribuições Sociais Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". à Aplicação da anterioridade – art. 150, III, b e c. • ITR. Art. 153, VI. • IGF. Art. 153, VIII. • Imposto residual. Art. 154, I. • ITD. Art. 155, I. • ICMS. Art. 155, II, com exceção do art. 155, §4º, IV. • IPVA e IPTU. Arts. 155, III e 156. Exceto nos casos de majoração decorrente de alteração da base de cálculo. • ITBI. Art. 156, II. • ISS. Art. 156, III. • Taxas. Art. 145, II. • Contribuição de Melhoria. Art. 145, III. à Aplicação somente da anterioridade anual: • IR. • IPVA e IPTU (alteração da base de cálculo). A base de cálculo do IPVA e IPTU é o valor de mercado/venal do imóvel ou veículo considerado. Assim, se uma lei modificar a base de cálculo destes impostos, apenas a anterioridade de exercício deverá ser observada. Por outro lado, se a alteração se referir à majoração de alíquota, deverá observar também a anterioridade nonagesimal. à Aplicação somente da anterioridade nonagesimal – 150, III, C: • IPI: a anterioridade nonagesimal do IPI deve ser observada tanto nas alterações materializadas por lei, quanto nas alterações de alíquotas materializadas por decreto do Poder Executivo. • ICMS e CIDE: restabelecimento de alíquotas. à Anterioridade aplicável às contribuições da seguridade social. • As modificações de que trata o art. 195 CF/88 só observarão quando tornar mais gravoso a contribuição. • O princípio da anterioridade não pode ser usado em desfavor do contribuinte. à Exceções à anterioridade • II. Art. 153, I. • IE. Art. 153, II. • IOF. Art. 153, V. • IEG. Art. 154, II. • EC. Art. 148, I. O empréstimo compulsório previsto no art. 148, II se sujeita a anterioridade nonagesimal e de exercício. No II, IE e IOF, a anterioridade não é observada em virtude do caráter extrafiscal das exações. No IEG e EC, a anterioridade não é observada em virtude da urgência/calamidade pública que circunda a instituição/majoração destes tributos. Exigência imediata Observar só 90 dias – Anterioridade Nonagesimal Podem, portanto, ser cobrados no mesmo ano. Observa apenas o ano financeiro seguinte (não precisam observar 90 dias). São cobrados no 1º de janeiro necessariamente. Empréstimo compulsório decorrentes de guerra ou calamidade pública. Atenção: Não se aplica a exceção do para o empréstimo compulsório instituído no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. A exceção aos princípios da Anterioridade Anul e nonagésimal é apenas para os casos de guerra e calamidade pública. Art. 150, §1 c/c 148, I CF/88 Imposto sobre Produtos Industrializados A observância de 90 dias se justifica pelo simples fato da indústria brasileira se adequar as novas regras. Imposto de Renda Imposto de Importação Contribuições destinadas à seguridade social (art. 195, §6º, CF). Base de cálculo do IPTU e IPVA. CUIDADO: Essa exceção apenas se refere à BC. Não se refere à alíquota. Imposto de Exportação Redução e restabelecimento da CIDE Combustível. CUIDADO: A majoração deve observar a anterioridade de exercício também. - IOF Redução e restabelecimento do ICMS Combustível. CUIDADO: A majoração deve observar a anterioridade de exercício também. - Imposto Extraordinário de Guerra - - JURISPRUDÊNCIA: Princípio da anterioridade tributária e revogação de benefício fiscal. A revogação de benefício fiscal deverá obedecer ao princípio da anterioridade tributária? • SIM. O ato normativo que revoga um benefício fiscal anteriormente concedido configura aumento indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da anterioridade tributária. Precedente da 1ª Turma do STF. STF. 1ª Turma. RE 564225 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/9/2014 (Info 757). • NÃO. A revisão ou revogação de benefício fiscal, por se tratar de questão vinculada à política econômica, que pode ser revista pelo Estado a qualquer momento, não está adstrita à observância das regras de anterioridade tributária. Precedente da 2ª Turma. RE 617389 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 08/05/2012. Ø Princípio da Vedação ao Confisco – Art. 150, IV CF/88 No ordenamento jurídico brasileiro, confisco representa a perda da propriedade sem a correspondente indenização. Assim, “utilizar tributo com efeito de confisco” seria usar a tributação para se apropriar do patrimônio do particular sem a respectiva indenização. O confisco é permitido pela legislação brasileira em algumas hipóteses. Todavia, em todos os casos, são sanções por atos ilícitos. • Ex.: perda da propriedade em caso de cultura de drogas ou exploração de trabalho escravo. • Ex.2: perda do produto do crime. O problema é que vedação ao confisco representa um conceito jurídico indeterminado. No Brasil, há ausência de parâmetros objetivos fixados pela Constituição ou legislação. A aferição será feita em cada caso concreto. Súmula 69 STF: A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais. à Multa tributária: o STF entende que o princípio da vedação ao confisco aplica-se também às multas tributárias. A sanção deve ser razoável, ou seja, proporcional à infração, sob pena de ter um efeito confiscatório. Ø Princípio da não limitação ao tráfico de pessoas – Art. 150,V CF/88 Art. 150. Sem prejuízo de outrasgarantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; O objeto é coibir tributos que contenham como hipótese de incidência a transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal. Em que pese esta regra, não há óbice à cobrança dos tributos que incidam sobre a circulação, como é o caso do ICMS. Ainda de acordo com a doutrina, o referido princípio protegeria a liberdade de locomoção prevista no art. 5º, XV da CR. PEDÁGIO - POLÊMICA A polêmica do dispositivo se concentra na questão do pedágio. Há varias posições a respeito da natureza jurídica do pedágio. • Corrente 1: Pedágio é tributo. Há uma vertente que acredita que teria natureza de taxa, outros consideram uma espécie tributária autônoma. • Corrente 2: Pedágio é preço público. • Corrente 3: Pode ser taxa ou preço público. Parte desta corrente entende que se for cobrada pelo Poder Público, será taxa, mas se a cobrança for feita por um particular, será preço público. Outra vertente deste mesmo entendimento considera que, se houver uma via alternativa para ser usada pelo cidadão, será preço público, caso não haja, será taxa. “O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo poder público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita.” (ADI 800, rel. min. Teori Zavascki, julgamento em 11-6-2014, Plenário, DJE de 1º-7-2014.) No STF, há um RE (645.181), no qual foi reconhecida a repercussão geral da questão constitucional alusiva à possibilidade ou não de cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público no caso em que não há estradas alternativas. PENDENTEDEJULGAMENTO RESUMO Todos os entes Somente União Somente Estados, DF e Mun. - Legalidade (art. 150, I); - Isonomia (art. 150, II); - Capacidade Contributiva (art. 150, II); - Uniformidade Geográfica (art. 151, I); - Isonomia na tributação da renda (151, II); - Não discriminação baseada em procedência ou destino (art. 152). - Anterioridade anual (art. 150, III, a); - Anterioridade nonagesimal (art. 150, III, c); - Vedação ao confisco (art. 150, IV); - Não limitação ao tráfego de pessoas e bens (art. 150, V); - Imunidades (art. 150, VI) - Vedação a isenção heterônoma (151, III).
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