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. 1 TJ/PE Analista Judiciário - Função: Judiciária 1. Normas gerais de direito tributário: conceito, espécies de normas tributárias, vigência, aplicação, interpretação, integração. ........................................................................................................................ 1 2. Princípios constitucionais tributário. .............................................................................................. 10 3. Tributo: conceito e natureza jurídica. A divisão dos tributos; ......................................................... 11 4. A competência tributária. Limitações da competência tributária; ................................................... 23 5. Imunidade tributária. Condições de imunidade; ............................................................................. 30 6. Imposto: conceito e competência; ................................................................................................. 37 7. Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana; ................................................................. 40 8. Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza; .............................................................. 43 9. Obrigação tributária. Sujeito Ativo. Sujeito Passivo. Solidariedade; .............................................. 52 10. Crédito tributário. Constituição. Suspensão. Extinção; ................................................................ 55 11. Responsabilidade tributária. ........................................................................................................ 70 12. Execução fiscal; .......................................................................................................................... 77 13. Processo Administrativo Tributário. ............................................................................................. 89 14. Precatórios Judiciais; Conceitos e limites de Dívida Pública. .................................................... 114 15. Sigilo Fiscal. .............................................................................................................................. 120 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 2 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 1 Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br Conceito O Estado brasileiro tem uma série de obrigações para com seus cidadãos, como prestação de serviço de saúde, de educação, segurança pública, etc. Todas essas obrigações são impostas pela Constituição Federal. Em todo o texto constitucional é possível encontrá-las, porém, o legislador constituinte reservou o Título: Da Ordem social especialmente para declarar e regulamentar os deveres do Estado para com o cidadão. Há ainda os objetivos declarados pela Constituição em seu art. 3º, veja-se: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Para alcançar os referidos objetivos bem como cumprir com suas obrigações, o Estado necessita de recursos. Esses são chamados de receitas quando seu ingresso é definitivo. As receitas podem ser: originárias, quando conseguidas com a gestão do próprio patrimônio público (ex: aluguel de prédio público) e derivadas que são aquelas que derivam da constrição do patrimônio do particular, a exemplo dos tributos. O Direito Tributário é o ramo do direito que positiva, ou seja, regulamenta a capacitação de recursos por meio de tributos. Eduardo Sabbag1 colaciona em sua obra o conceito de diversos doutrinadores, veja-se: Para Rubens Gomes de Souza, o Direito Tributário é “(...) o ramo do direito público que rege as relações jurídicas entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se refere à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de tributo”. Nos dizeres de Paulo de Barros Carvalho “o Direito Tributário é o ramo didaticamente autônomo do Direito, integrado pelo conjunto de proposições jurídico-normativas, que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”. Segundo o entendimento de Hugo de Brito Machado, o Direito Tributário é o “ramo do direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder. Dos conceitos acima é possível definir o Direito Tributário como o ramo do Direito que regulamenta a relação entre o Estado e o contribuinte de forma a conseguir recursos para a realização dos objetivos e obrigações estatais, assegurando ao particular garantias que o protegem contra possíveis arbítrios. Espécies de normas tributárias O Código Tributário Nacional, em seu art. 96, afirma que a expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Todavia, tal enumeração de normas que compõem a “legislação tributária” não é exaustiva, conforme demonstra o próprio CTN, em seu art. 2.º, ao asseverar que o sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional 18, de 1.º de dezembro de 1965, em leis complementares, em 1 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2014. 1. Normas gerais de direito tributário: conceito, espécies de normas tributárias, vigência, aplicação, interpretação, integração. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 2 resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, nas Constituições e leis estaduais, e em leis municipais. A referência à EC 18/1965 deve hoje ser interpretada como uma referência à atual Constituição Federal. Todavia, o ponto mais importante a ser ressaltado é que, seguindo a linha de raciocínio adotada pelo legislador do Código Tributário Nacional, todo ato normativo que verse sobre matéria tributária integra a denominada “legislação tributária”. Neste ponto, é importante entender o exato significado da expressão “ato normativo”. Numa sociedade politicamente organizada (Estado), existem regras de conduta de observância obrigatória pelas pessoas às quais tais regras sejam destinadas. Assim, a título de exemplo, a legislaçãodo imposto de importação impõe à pessoa que promover a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro (território nacional) a obrigação de pagar o respectivo imposto, ressalvadas as exceções legais (isenção, não incidência, alíquota zero). Tal regra é geral, pois atinge a totalidade das pessoas que, no mundo concreto, se puserem na situação abstratamente prevista na lei. Dessa forma, por não ter destinatário específico, a doutrina diz que esta regra é dotada de generalidade. Na mesma linha, por não dispor sobre situações concretamente verificadas no mundo dos fatos, mas apenas sobre hipóteses (alguém importar uma mercadoria), a regra é dotada de abstração. São estas duas características (generalidade e abstração) que diferenciam um ato normativo das demais regras de conduta impositivas existentes em direito. Um segundo exemplo, trazendo um caso em que os requisitos de generalidade e abstração não se fazem presentes, pode ser útil para estabelecer, com precisão, o “divisor de águas”. Suponha-se que uma equipe de fiscalização da Receita Federal do Brasil tenha auditado determinado contribuinte e, verificando que este não recolheu o “imposto de renda” relativo ao ano-calendário de 2005, exercício de 2006, vencido no dia 28 de abril de 2006, procedeu à devida autuação, cobrando-lhe o imposto acrescido de multa no valor de 75% do imposto não recolhido e fixando um prazo de 30 dias para pagamento ou impugnação. Nesta situação, tem-se uma obrigação (pagar ou impugnar dentro de 30 dias) estipulada por uma regra de conduta destinada especificamente a uma pessoa (o contribuinte fiscalizado), sendo, portanto uma regra individual, desprovida de generalidade. Na mesma linha, a regra foi estipulada em face de um caso concreto, ocorrido no mundo dos fatos (o contribuinte não cumpriu suas obrigações legais) e não de uma situação abstrata. Assim, a regra é concreta, desprovida de abstração. A primeira regra, estipulando a obrigação geral das pessoas que promovem a importação de mercadorias estrangeiras, é um “ato normativo” que integra a legislação tributária. Já o segundo preceito, estipulando que determinado contribuinte, que não adimpliu suas obrigações, promova o pagamento do tributo com o acréscimo da respectiva multa ou ofereça impugnação, não é ato normativo e não integra a “legislação tributária”. Assim, numa definição mais ampla, a “legislação tributária” compreende todas as normas gerais e abstratas integrantes do ordenamento jurídico nacional que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Na esteira dessa definição, integram a “legislação tributária” desde a Constituição Federal até os mais subalternos dos atos normativos, como, por exemplo, uma ordem de serviço expedida por um Delegado da Receita Federal trazendo as regras a serem seguidas pelos contribuintes para o atendimento nos “Centros de Atendimento” de sua circunscrição. Esclarecida a abrangência da expressão “legislação tributária”, passa-se à análise dos atos normativos por ela abrangidos, nos termos do art. 96 do Código Tributário Nacional. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA O art. 96, CTN define, de forma não exaustiva, a amplitude da expressão legislação tributária. Como o rol não é exaustivo pode-se concluir que todas as normas que versem sobre as relações jurídico-tributárias e sobre tributos integram a legislação tributária, inclusive os convênios, as decisões administrativas, etc. A Constituição Federal traz as normas que disciplinam o Direito Tributário como um todo. É ela que dá as permissões para a o ente instituir o tributo, define fatos geradores, entre outros. A Constituição reserva matérias para a Lei complementar e traça regras para proteção do contribuinte. Como dito, a própria Constituição determina que algumas matérias somente poderão ser veiculadas por meio de Lei Complementar, trata-se de hipótese de reserva legal. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 3 Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239 Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. As matérias que aqui estão descritas somente podem veicular por Lei complementar, contudo, a regra no ordenamento jurídico-tributário é a Lei Ordinária. A lei ordinária é a espécie normativa mais comum. Em Direito Tributário ela é a regra, visto que, devido ao princípio da legalidade, somente a lei em sentido estrito pode instituir e aumentar tributos. O art. 97 fala em lei que deve ser interpretada com lei em sentido estrito, ou seja, aquela que tem força normativa suficiente para inovar o ordenamento jurídico. Entende-se por lei em sentido estrito a Lei Ordinária, a Lei Complementar e a Medida Provisória. A Constituição Federal prevê a possibilidade de o Presidente da República legislar por meio de Lei Delegada, desde que haja autorização parlamentar, nos moldes do art. 68, CF: Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. § 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. § 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda. O art. 62 da Constituição trata do uso de Medida Provisória e estabelece algumas limitações. A primeira é que somente pode ser editada em caso de relevância e urgência. Também não se pode legislar, por esse meio, matéria reservada à Lei Complementar. Veja-se o texto constitucional: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderáadotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 4 b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; III – reservada a lei complementar; IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. § 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter- se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. Os Tratados Internacionais são acordos feitos por Nações ou organismos internacionais e, justamente por isso, produzem efeitos jurídicos. Somente o Presidente da República, representante do Estado brasileiro, pode firmá-los, contudo, cabe ao Congresso Nacional, referendá-los, ou seja, aprova- los por meio de decreto legislativo para que produza efeitos. Os Decretos somente podem disciplinar a forma de cumprimento da lei que regulam. Seu fundamento de validade é justamente essa lei. Bem por isso, que seu conteúdo e alcance restringem-se ao dessas leis. Os decretos são de competência do Presidente da República ou do Poder Legislativo, hipótese em que é chamado de Decreto Legislativo. As Resoluções são espécies normativas de competência privativa da Câmara dos Deputados, do Senado e do Congresso Nacional. O art. 100 do CTN define as normas complementares, vejamos cada uma delas Atos Normativos Expedidos pelas Autoridades Administrativas: Ricardo Alexandre2 assim os define: “são normas editadas pelos servidores da administração tributária e visam a detalhar a aplicação das normas que complementam” [...] “Para orientar a execução das atividades afetas à administração tributária federal, cada uma dessas autoridades possui competência para expedir atos gerais e abstratos (normativos). Tais atos também são hierarquicamente organizados, de forma que o posicionamento de determinada autoridade administrativa em determinado ponto da escala hierárquica da instituição terá 2 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São Paulo: Método, 2014. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 5 como consectário posicionamento semelhante das normas editadas por esta autoridade, quando comparadas com as normas emanadas das demais autoridades da mesma esfera administrativa”. Decisões dos Órgãos Singulares ou Coletivos de Jurisdição Administrativa, a qual a Lei Atribua Eficácia Normativa: nenhum cidadão é obrigado a concordar com as pretensões do Fisco, justamente por isso é assegurado o direito de se insurgir contra as mesmas. A Constituição Federal prega a ampla defesa e o contraditório. O cidadão pode se insurgir pela via judicial ou pela via administrativa. Assim, os entes são obrigados a instituir órgãos administrativos para tal finalidade. Esses podem ser singulares ou colegiados, quando composto por mais de um julgador. Em regra, as decisões administrativas tem efeito somente entre as partes porém, é possível ao ente político, por meio de lei, conferir força normativa para essas decisões, quando então, ela vinculará a Administração. Práticas Reiteradamente Observadas pelas Autoridades Administrativas: essas práticas configuram os usos e costumes e somente podem ser utilizadas quando meramente interpretativas. Convênios que Entre Si Venham a Celebrar a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios: podem os entes políticos celebrar convênios de mútua colaboração visando a melhor administração dos tributos que a eles competem. Uma vez celebrados esses convênios passam a vincular os entes que dele fazem parte. Abaixo os dispositivos do Código Tributário Nacional sobre o assunto: TÍTULO I Legislação Tributária CAPÍTULO I Disposições Gerais SEÇÃO I Disposição Preliminar Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. SEÇÃO II Leis, Tratados e Convenções Internacionais e Decretos Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base decálculo. Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 6 Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. SEÇÃO III Normas Complementares Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Vigência da Norma Tributária Em se tratando de vigência espacial, a regra é a territorialidade, assim, a lei de cada ente vigora em seu respectivo território. Essa regra tem exceção prevista no art. 102, CTN que são os convênios de cooperação e as normas gerais da União. A vigência temporal é determinada no próprio corpo da lei, assim, a lei deve conter previsão de quando entrará em vigor, contudo, em sua ausência aplica-se a regra contida na Lei de Introdução ao Código Civil que é de 45 dias. Há que se observar as regras específicas contidas no art. 103 e 104. Eis as normas do CTN sobre o assunto: CAPÍTULO II Vigência da Legislação Tributária Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo. Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista. Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I - que instituem ou majoram tais impostos; II - que definem novas hipóteses de incidência; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178. Aplicação da Norma Tributária A regra contida no art. 105 trata da irretroatividade da lei tributária, ou seja, a lei não se aplica a fatos passados, somente a fatos futuros (que ainda não aconteceram) e a fatos pendentes (ainda não concluídos). 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 7 Ricardo Alexandre3 sintetiza: - Fatos Geradores não consumados: aplicação imediata - Fatos Geradores pendentes: aplicação imediata - Fatos Geradores consumados: a lei nova não se aplica. O art. 106 traz exceções a regra do art. 105, ou seja, casos em que a lei tributária se aplica a fatos passados. Esse dispositivo deve ser interpretado em conjunto com o art. 105, III, “a” da Constituição4 que veda a aplicação da lei tributária a fatos geradores ocorridos antes de sua vigência quando ela instituir ou aumentar tributo. Diz o CTN: CAPÍTULO III Aplicação da Legislação Tributária Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116. Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Interpretação e Integração da Norma Tributária Eduardo Sabbag5 assim define interpretação: “a interpretação da lei é o trabalho investigativo que procura traduzir seu pensamento, sua dicção e seu sentido. É o ato intelectual de decifrar o pensamento do legislador, perquirindo a razão que animou suas ideias quando confeccionou aquele instrumento normativo. É mecanismo de tradução da mens legislatoris em palavras conclusivas de um raciocínio querido e, agora, a decifrar. Assim, interpretar a lei é compreendê-- la diante da pletora de significações possíveis que pressupõe, determinando, com exatidão, seu verdadeiro desígnio, ao demarcar os casos todos a que se estende sua aplicação.”. O art. 111 determina que alguns assuntos sejam interpretados literalmente, ou seja, sem ampliações. Já o art. 112 prega a interpretação mais favorável em caso de dúvida. Assim, em havendo dúvidas quanto à aplicação da lei, ela deve ser aplicada de forma mais benéfica para o contribuinte. A integração ocorre nos casos de lacunas da lei, quando o aplicador deverá preenchê-la utilizando-se dos elementos previstos no art. 108, CTN. Eis as normas do CTN sobre a matéria: CAPÍTULO IV Interpretação e Integração da Legislação Tributária Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo. Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito público; IV - a equidade. 3 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São Paulo: Método, 2014. 4 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; 5 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2014. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 8 § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. § 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributáriasacessórias. Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Questões 01. (SEFAZ/RJ - Auditor Fiscal da Receita Estadual - FGV) Não pode(m) ser usado(a)(s) como técnica de interpretação e integração da legislação tributária (A) a equidade. (B) os princípios gerais de direito tributário. (C) os costumes. (D) os princípios gerais de direito público. (E) a analogia. 02. (PC/DF - Delegado de Polícia - FUNIVERSA) Com base no disposto no Código Tributário Nacional (CTN) acerca das normas gerais de direito tributário, assinale a alternativa correta. (A) A interpretação da lei tributária que defina infrações ou estabeleça penalidades deve proteger, em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, o interesse da coletividade, de forma mais favorável ao fisco. (B) A lei tributária não poderá retroagir ou ser aplicada a ato pretérito que ainda não tenha sido definitivamente julgado, mesmo que o cometimento desse ato não seja mais definido como infração. (C) Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor na data da sua publicação, salvo disposição em contrário. (D) A outorga de isenção, a suspensão ou exclusão do crédito tributário e a dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias devem ser interpretadas sistematicamente e, sempre que possível, de forma extensiva. (E) As decisões dos órgãos singulares ou coletivos no âmbito da jurisdição administrativa entrarão em vigor quarenta e cinco dias após a data da sua publicação quando a lei atribuir a elas eficácia normativa. 03. (TCM-RJ – Procurador– FGV) Assinale a afirmativa correta (A) A lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, bem como quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos. (B) Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: a analogia; os princípios gerais de direito tributário; os princípios gerais de direito e a equidade. (C) A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 9 dos Estados, pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios ou pelas leis complementares, para definir ou limitar competências tributárias. (D) Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário; outorga de isenção e dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (E) A definição legal do fato gerador é interpretada considerando-se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. 04. (TJ-PA – Juiz– FGV) Com base no CTN, em relação à legislação tributária, assinale a afirmativa incorreta. (A) O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. (B) O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa de pagamento de tributo devido. (C) A lei tributária se aplica a ato ou fato pretérito, quando o ato não definitivamente julgado cominar penalidade menos severa que a prevista na lei ao tempo da sua prática ou reduzir o valor do tributo devido. (D) Dentre as normas complementares das leis, dos tratados e convenções internacionais e dos decretos, encontram-se as práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas. (E) A lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades, em caso de dúvida quanto à natureza da penalidade aplicável ou a sua graduação, deve ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado. 05. (DPE-AM – Defensor– IC) A respeito da vigência, aplicação e interpretação das normas tributárias indique a alternativa CORRETA: (A) Regra geral, a lei tributária começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. No entanto, salvo disposição em contrário, os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor 30 (trinta) dias após a data da sua publicação. (B) Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente e em ordem preferencial a analogia, os princípios gerais do direito tributário, os princípios gerais do direito privado e a equidade. A utilização dos princípios gerais de direito privado restringe-se à pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, inclusive para definição dos respectivos efeitos tributários. (C) Excepciona o princípio da irretroatividade, aplicando-se a fato pretérito, a lei expressamente interpretativa, e, nas hipóteses de atos não submetidos à coisa julgada, a lei que mitigue determinada penalidade pecuniária aplicável para as situações de descumprimento da obrigação tributária principal. (D) Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário, outorga de isenção e dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (E) O Código Tributário Nacional admite a interpretação benigna exclusivamente para a lei que disponha sobre infrações, anistia e comine penalidades, sendo necessária a existência de dúvida sobre a tipicidade do fato, a autoria, imputabilidade ou punibilidade. Respostas 1. Resposta: C Nos termos do que dispõe o artigo 108 do CTN, os costumes não estão inseridos como técnica de interpretação e integração da legislação tributária. 2. Resposta: C Segundo preleciona o artigo 103 do CTN, salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação. 03. Resposta: A. (A) Art. 112, I e II, CTN. (B) Art. 108, I, II, III e IV, CTN. (C) Art. 110, CTN. (D) Art. 111, I, II e III, CTN. (E) Art. 118, I, CTN. 04. Resposta: C. (A) Art. 108, § 1º, CTN. (B) Art. 108, § 2º, CTN. (C) Art. 106, II, c, CTN. (D) Art. 100, III, CTN. (E) Art. 112, IV, CTN. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 10 05. Resposta: C. (A) Incorreta – art. 103, I, CTN. (B) Incorreta – art. 108, I a IV, CTN. (C) Correta – art. 106, I e II, c, CTN. (D) Incorreta – art. 111, I a III, CTN. (E) Incorreta – art. 112, I a IV, CTN. Os princípios constitucionais tributários compõem a delimitação do poder tributário conferido aos entes públicos, prevalecendo sobre todas as normas jurídicas, as quais têm validade apenas quando os princípios constitucionais são obedecidos. Esses princípios visam à proteção do contribuinte e uma solução interpretativa para o legislador. Conforme art. 150 da Constituição Federal de 1988, “sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios”, além das vedações citadas, apresentam-se outros princípios constitucionais necessários ao adequado entendimento do Sistema Tributário Brasileiro: Princípio da legalidade: (é vedado) cobrar ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça, ou seja, o imposto será devido apenas quanto da existência de uma lei que determine sua cobrança ou majoração (CF, art. 150, inciso I); Princípio da isonomia tributária: (é vedado) aplicar tratamento desigual entre contribuintesque se encontrem em situação equivalente, ou seja, verifica-se a premissa de que todos são iguais perante a lei (CF, art. 150, inciso II); Princípio da irretroatividade tributária: (é vedado) exigir tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Assim, os fatos geradores serão tributados após a vigência da lei que tenha previsto a incidência do imposto (CF, art. 150, inciso: III, alínea: a); Princípio da anterioridade da lei: (é vedado) exigir tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150, inciso: III, alínea: b); Princípio da Uniformidade Geográfica: os tributos cobrados pela União devem ser iguais em todo o território nacional, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados à promoção do equilíbrio e desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões do País (CF, art. 151, inciso: I); Princípio da Capacidade Contributiva: considera a capacidade econômica individual do contribuinte, assim o tributo será graduado conforme a capacidade do contribuinte, com o objetivo de proceder à redistribuição de renda, exigindo mais dos contribuintes com maior capacidade econômica e reduzindo ou isentando os contribuintes com menor capacidade econômica (CF/88, art. 145, § 1º); Princípio da Vedação ao Confisco: o tributo cobrado deve ser justo, não podendo configurar-se em um ônus tão elevado que represente um confisco da renda ou bem do contribuinte. Constitui-se em um limite do poder de tributar concedido pela CF à União, Estado, Distrito Federal e Municípios (CF, art. 150, IV); Princípio da Imunidade Recíproca: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem instituir impostos sobre: (a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; (b) templos de qualquer culto; (c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. (CF, art. 150, VI); Princípio da Imunidade de Tráfego: nenhuma lei tributária poderá restringir ou limitar o tráfego no território nacional de pessoas ou bens, exceto a cobrança de pedágio pela utilização de vias públicas (CF, art. 150, V; CTN, art. 9º, III); 2. Princípios constitucionais tributário. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 11 Princípio da Transparência: a lei cuidará para que os contribuintes obtenham esclarecimentos referentes aos impostos incidentes sobre mercadorias e serviços (CF, art. 150, § 5º); Os princípios constitucionais tributários, além de proteger os interesses dos contribuintes contra excessos de arrecadação dos entes públicos, servem de norte aos legisladores para que o Sistema Tributário Nacional promova sua função básica essencial de promover a distribuição de renda e o bem estar social. Tributo, vem conceituado no art. 3º do CTN: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A primeira palavra utilizada para descrever tributo foi “prestação” e isso é da mais extrema importância, haja vista que toda obrigação jurídica tem por objeto uma prestação, seja ela de dar, de fazer, de não fazer, etc. Logo, vê-se que o tributo tem natureza jurídica obrigacional. Essa prestação é pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir o que significa que é uma obrigação mensurável economicamente, que deve ser cumprida, em regra, em dinheiro, especificamente na moeda corrente no País, o que exclui o pagamento do tributo por meio do recebimento de coisas ou através da prestação de serviços. Existe, contudo, uma exceção que é a dação em pagamento, prevista no art. 156, IX, CTN. Por esse instituto é possível que o devedor entregue para a Fazenda Pública um bem imóvel a fim de extinguir o crédito tributário. O tributo é ainda uma prestação compulsória ou seja, na relação jurídico-tributária, diferentemente da relação contratual cível, não cabe manifestação de vontade das partes. Assim, a prestação é obrigatória porque decorrente da vontade da lei, não cabendo disposição de vontade das partes. O sujeito deve cumprir com a obrigação tributária não porque quer, mas porque realizou o fato gerador e, portanto, incidiu em hipótese que a lei determina o cumprimento de obrigação, qual seja, o pagamento. O tributo não deve constituir sanção de ato ilícito. Essa característica deve ser analisada sob dois ângulos. Primeiro, tributo não é sanção, não é penalidade, não é castigo, logo, ele não é instituído para punir o cidadão, ao contrário, o instrumento sancionatório é a multa. O segundo ângulo diz que não se pode tributar ato ilícito, ou seja, não se pode ter por fato gerador de um tributo um ato ilícito. Isso não significa que a renda e os bens que são obtidos por meios ilícitos não estejam sujeitos à tributação. Veja: não se pode ter um tributo cujo fato gerador seja o tráfico de substância entorpecentes (ato ilícito) mas, se determinado traficante compra uma casa, ela será tributada pelo IPTU. Isso porque para o Direito Tributário não importa de onde veio o recurso, importa somente que o sujeito realizou o fato gerador. É o princípio segundo o qual o dinheiro não tem cheiro. Todo tributo é uma prestação instituída em lei, em decorrência do princípio da legalidade e do princípio democrático. Logo, somente a lei pode criar um tributo. De acordo com o princípio da legalidade previsto no art.5º, II da Constituição Federal, somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Ora, se o tributo implica em obrigação, ele somente pode ser instituído mediante lei. Deve ainda o tributo ser cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada, o que significa que o agente público não exerce nenhum juízo de discricionariedade no que reporta à cobrança. Não se pode escolher entre cobrar ou não o tributo, ao contrário, deve-se total obediência à lei e se é a lei quem determina a cobrança, o agente obedece. Para ser considerado tributo se faz necessário a presença de todos esses cinco elementos. Aspecto Material O aspecto material do tributo, segundo ensinamento de Paulo de Barros Carvalho6 é o critério que faz referência a um comportamento seja ele de pessoas físicas ou jurídicas, de forma a designar o fazer, o 6 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2007 3. Tributo: conceito e natureza jurídica. A divisão dos tributos; 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 12 não fazer, o dar e o ser. Logo, percebe-se que o critério material está sempre ligado a um verbo. Ex: circular mercadorias, ser proprietário de veículo automotor, etc. De acordo com Geraldo Ataliba7, o aspecto material é o mais complexo aspecto da hipótese de incidência, visto que contém a designação de todos os dados de ordem objetiva, que descreve os aspectos que lhe são substanciais, que lhe dão suporte, ou seja, é a própria consistência material do fato. A alíquota e a base de cálculo são dados que compõem o aspecto quantitativo do tributo, que é aquele que reporta ao valor, ao quantum será pago a título de tributo. São, portanto, os parâmetros utilizados para o cálculo do valor. A base de cálculo, como o próprio nome indica é o elemento sobre o qual a alíquota será aplicada para se descobrir o valor da obrigação tributária. Ex: valor venal do imóvel. A alíquota pode ser: - Específica: é aquela em que o valor a ser pago se dá de acordo com unidade de quantificação, ex: Suponha-se que para determinadamercadoria a alíquota específica seja de trinta reais para cada cem unidades. Se o sujeito importou mil unidades, deverá pagar 300 reais a título de imposto de importação. - Ad valorem: é aquele percentual que é aplicado sobre a base de cálculo para se saber qual o valor do tributo. Ex: imagine que a alíquota que incide sobre sua casa é de 2% e que a base de cálculo seja o valor venal do imóvel. Se sua casa possui o valor venal de R$ 200.000,00, você deverá pagar, a título de IPTU R$ 4.000,00. Os tributos são classificados em: - Quanto à Discriminação das Rendas por Competência: Federais: são os tributos de competência da União; Estaduais: os tributos de competência dos estados e Distrito Federal; Municipais: tributos de competência dos Municípios e Distrito Federal. Pelo fato de o Distrito Federal ter competência para instituir os tributos estaduais e municipais, a doutrina classifica sua competência como cumulativa. - Quanto ao Exercício da Competência Impositiva: Privativos: aqueles cuja competência a Constituição conferiu somente a determinado ente. Ex: IPVA, somente os estados podem instituí-lo, por isso é um tributo de competência privativa dos estados. Comuns: são aqueles que a Constituição disse ser de competência de todos os entes. Ex: taxas Residual: reportam à criação dos impostos previstos no art. 154, I, CF e das contribuições sociais para a seguridade social previstas no art. 195, § 4° também da Constituição. - Quanto à Finalidade: Fiscais: são aqueles cuja principal função é arrecadar recursos para os cofres públicos. Extrafiscais: a principal função é intervir no domínio econômico ou em uma situação social. Ex: Imposto de Importação e ITR. Parafiscais: são os tributos que se destinam a custear os serviços públicos de competência do Estado mas, que são desenvolvidos por outra pessoa jurídica. - Quanto à Hipótese de Incidência: Vinculados: são os tributos em que há uma contraprestação específica por conta do Estado. Ex: taxa de coleta de lixo. Ela é paga porque existe o serviço de coleta de lixo, logo o sujeito paga o tributo para receber ou após receber uma contraprestação específica. Não Vinculados: são aqueles tributos em que inexiste a contraprestação específica. Assim, o sujeito deve pagá-los porque realizou o fato gerador. É o caso dos impostos. O valor arrecadado com os impostos são aplicados nas mais diversas áreas de atuação do Estado, logo, o cidadão receberá uma contraprestação mas, em forma de serviços públicos, nada específico. -Quanto ao Destino da Arrecadação: Vinculada: quando todo o dinheiro arrecadado dever ser empregado em determinada(s) atividade(s). Ex: Empréstimo Compulsório, todo o valor arrecadado deve ser empregado na situação que deu origem à instituição do referido tributo. Não Vinculada: o Estado escolhe onde empregar o dinheiro arrecadado. Ex: impostos. 7 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. São Paulo: Malheiros, 1999. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 13 -Quanto à Possibilidade de Repercussão do Encargo Econômico-Financeiro: Diretos: são os tributos em que o sujeito passivo da relação jurídico-tributária é quem deve suportar os encargos financeiros do tributo, não tendo possibilidade de repassar a outrem. Indiretos: são os tributos em que há um contribuinte de direito (aquele que realiza o fato gerador) e um contribuinte de fato (aquele que suporta o encargo econômico). Ex: ICMS: o contribuinte de direito é o estabelecimento que realiza a saída da mercadoria mas, quem suporta o encargo financeiro é o consumidor (contribuinte de fato). -Quanto aos Aspectos Objetivos e Subjetivos do Fato Gerador: Reais: são aqueles que incidem sobre bens, sobre coisas. Ex: IPVA: incide sobre o veículo automotor, sem se importar com a pessoa que é seu proprietário. Pessoais: levam em consideração as características pessoais do sujeito passivo. Ex: Imposto de Renda: preocupa-se com os dependentes, os gastos em determinadas áreas, etc. -Quanto às bases econômicas de incidência: Sobre o comércio exterior: Imposto de Importação e Imposto de Exportação. Sobre o patrimônio ou a renda: Imposto de Renda, ITR, IGV, IPVA, ITCMD, IPTU e ITBI. Impostos extraordinários: Imposto Extraordinário de Guerra. Natureza Jurídica A NATUREZA JURÍDICA dos tributos é regulamentada pelo art. 4º do Código Tributário Nacional: Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. Vê-se que o fato gerador é o elemento que define a natureza jurídica do tributo, não importando o nome que a ele foi atribuído e nem mesmo o destino da arrecadação. Para o estudo do fato gerador é preciso distinguir os tributos vinculados dos não vinculados. Os primeiros são aqueles em que há uma contraprestação específica por parte do Estado. Ex: taxa, toda vez que uma pessoa paga uma taxa, ela recebe algo do Estado. Paga-se a taxa de coleta de lixo e tem-se o serviço de coleta de lixo, ou seja, o contribuinte paga o tributo para receber algo em troca do Estado. Já nos tributos não vinculados, o contribuinte tem o dever de pagar o tributo porque realizou o fato gerador mas, não receberá nada específico por parte do Estado a exemplo dos impostos. Logo, para se saber a natureza jurídica do tributo deve-se analisar seus elementos e verificar em qual espécie tributária ele se enquadra. Conhecendo isso é possível descobrir a natureza jurídica do tributo. Em concursos públicos, em regra, é cobrada a literalidade do art. 4º, acima transcrito. O Código Tributário Nacional adotou a teoria tripartida, pela qual a natureza jurídica do tributo vinculado são as taxas ou contribuição de melhoria e dos não vinculados que são os impostos. Espécies. Existem três principais correntes sobre as espécies de tributos: a) Teoria dualista: são espécies tributárias apenas as taxas e os impostos; b) Teoria tripartida: adotada pelo CTN, são espécies as taxas, os impostos e as contribuições de melhoria; c) Teoria pentapartida ou quinquipartida: adotada pelo STF, são espécies os impostos, as taxas, os empréstimos compulsórios, as contribuições de melhoria e as contribuições especiais. São cinco as ESPÉCIES DE TRIBUTO: Impostos: são tributos não vinculados que tem incidência sobre as manifestações de riqueza por isso, diz-se que os impostos promovem a solidariedade social, afinal, aquele que, de alguma forma manifesta riqueza se obriga a fornecer recursos para o Estado cumprir com suas obrigações e objetivos. Alguns doutrinadores preferem dizer que os impostos incidem sobre fatores econômicos como a renda, a produção e a propriedade. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 14 Ambas as posições são harmônicas, haja vista que os fatos econômicos nada mais são do que manifestações de riqueza. Veja-se a definição do art. 16 do CTN: Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Percebe-se que o próprio conceito de imposto afirma ser esse um tributo não vinculado. Suas receitas, em regra, também não são vinculadas, cabendo ao administrador público, utilizando os critérios de conveniência e oportunidade, decidir pela melhor destinação. Dizer que o imposto é um tributo não vinculado significa que o cidadão deve pagá-lo, mas não receberá do Estado nenhuma prestação específica. O dever de pagar o imposto decorre unicamente da lei. Embora não se receba contraprestação direta e específica, os contribuintes de todos os impostos são beneficiados pela renda arrecadada pelos mesmos, haja vista que essas financiam vários serviços públicos como segurança,saúde, educação. Imagine que uma pessoa compre um automóvel. Nesse ato ela realiza o fato gerador do IPVA e deverá pagá-lo, contudo, não irá e não terá o direito de receber, em contrapartida, estradas e vias melhores porque o IPVA é um imposto e, como tal, é não vinculado. O dinheiro arrecadado pelo IPVA poderá ser aplicado no financiamento de outros serviços públicos que não a manutenção e conservação de vias e estradas públicas. De acordo com o art. 145, § 1º da Constituição Federal sempre que for possível os impostos devem respeitar a capacidade contributiva, leia-se: § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Impostos de caráter pessoal são aqueles que incidem de forma subjetiva, ou seja que considera os aspectos pessoais do contribuinte. Ex: Imposto de Renda: esse considera aspectos subjetivos como a quantidade de dependentes, os gastos com educação, saúde e previdência, etc. Já os impostos de caráter real são aqueles que desconsideram os aspectos subjetivos e incidem sobre uma determinada base econômica. Assim, pelo princípio da capacidade contributiva, o legislador deve considerar a possibilidade de instituir impostos de caráter pessoal e, se isso for possível, deve fazê-lo. Taxas: São tributos vinculados e de competência comum pois, podem ser instituídos por todos os entes da Federação, desde que prestem o serviço ou exerçam o poder de polícia. Sua definição está no art. 145, II da Constituição Federal e 77 do Código Tributário Nacional. Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. Dos dispositivos acima pode-se concluir que a taxa possui dois fatos geradores, quais sejam o exercício regular do poder de polícia e a prestação de serviço público específico e divisível, efetivo ou posto à disposição do contribuinte. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 15 Poder de Polícia: é uma atividade administrativa fundamentada no princípio da supremacia do interesse público. O art. 78 do CTN o define: Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando- se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Pelo poder de polícia os interesses individuais são restringidos de forma que o bem coletivo seja preservado. É exercido pela polícia administrativa. Ex: fiscalização. Imagine que João tenha um restaurante e que atenda diariamente uma média de 300 pessoas. Certo dia a vigilância sanitária bate às portas do estabelecimento comercial de João a fim de verificar se o mesmo segue todas as normas referentes à higiene. A fiscalização estará exercendo o poder de polícia e João deve submeter-se a esse procedimento, ou seja, o direito de propriedade e direito à livre iniciativa de João estão sendo restringidos em prol do bem comum: saúde dos consumidores. O mesmo ocorre com a inspeção veicular, com a expedição de alvarás, etc. Serviços Públicos Específicos e Divisíveis, Efetivos ou Potenciais: os serviços públicos são específicos quando o contribuinte sabe o que está pagando. Assim, se desejo retirar um passaporte, pago a taxa sabendo que é para a utilização do serviço de emissão desse documento. Para ser divisível é preciso que se possa identificar os usuários daquele serviço, que se possa mensurar quem e quanto cada um utilizou daquele serviço. Foi justamente por faltar a divisibilidade que o custeio do serviço de iluminação pública não pode ser cobrado mediante taxa, afinal, não é possível identificar todos os seus beneficiários. Veja-se Súmula a esse respeito: Súmula 670 do STF – O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. O serviço efetivo é aquele efetivamente prestado ao contribuinte, a exemplo do serviço de coleta de lixo. Já o serviço potencial é aquele posto à disposição do contribuinte, como o serviço de combate a incêndio. O contribuinte não o utiliza cotidianamente mas, se precisar, ele está disponível. As taxas não podem ter a mesma base de cálculo ou o mesmo fato gerador dos impostos, contudo, a adoção de um ou alguns elementos da base de cálculo é permitida. Esse é o entendimento do STF, esposado na Súmula Vinculante nº 29, veja-se: Súmula Vinculante 29 do STF – é constitucional a adoção no cálculo do valor de taxa de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. Sobre os serviços dispõe o CTN: Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que, 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 16 segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público. Empréstimos Compulsórios: nessa espécie tributária, o contribuinte é obrigado a emprestar dinheiro para o Estado sempre que realizar o fato gerador. Veja-se a definição constante do art. 148 da Constituição: Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. A primeira consideração a se fazer é que os empréstimos compulsórios são tributosde competência privativa da União, portanto, somente ela pode instituí-los. Para fazer isso, deve utilizar de lei complementar, sob pena de inconstitucionalidade formal. O empréstimo compulsório somente pode ser instituído quando ocorrerem os motivos descritos nos incisos do artigo supra e todos os recursos angariados com essa espécie devem ser aplicados na situação que motivou sua instituição, logo, são classificados como tributos de receita vinculada. Assim, se a União institui empréstimo compulsório para atender a despesas extraordinárias na área da saúde, toda a receita deve ser destinada para a área da saúde. Qualquer desvio, implica em crime de responsabilidade. Importante notar que, em regra, o empréstimo compulsório é exceção ao princípio da anterioridade, seja do exercício financeiro seguinte, seja nonagesimal, porém, se o motivo que ensejou sua instituição for o descrito no inciso II deve-se obedecer o princípio da anterioridade do exercício financeiro seguinte. A lei que institui tal tributo deve conter especificações quanto à forma e o prazo para a devolução dos valores emprestados. Contribuições Especiais: assim diz a Constituição Federal: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro. b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 17 Da leitura dos dispositivos supra, extrai-se que a União é a única competente para instituir as contribuições sociais, as contribuições de intervenção no domínio econômico e as contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas. As únicas exceções constam do § 1º do mesmo artigo e no art. 149-A. O § 2º declara que as receitas decorrentes da exportação são imunes às contribuições sociais e às contribuições de intervenção no domínio econômico. Logo, os exportadores estão imunes ao pagamento do PIS, da COFINS e de qualquer outra contribuição que incida sobre a receita originária da exportação. As contribuições sociais dividem-se em contribuições de seguridade social, contribuições sociais gerais e outras contribuições sociais. As contribuições sociais para o financiamento da seguridade social são reguladas pelo art. 195 da Constituição, veja-se: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. § 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. § 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 18 § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. Essas contribuições não se sujeitam ao princípio da anterioridade do exercício financeiro seguinte, assim podem ser cobradas no mesmo exercício financeiro em que foram instituídas ou majoradas. Contudo, devem respeitar ao princípio da anterioridade nonagesimal.O Supremo Tribunal Federal classifica como contribuições sociais gerais aquelas que são destinadas para outras áreas de atuação da União, como por exemplo, o salário-educação. Ainda pertencem a essa categoria as contribuições para financiar os serviços sociais autônomos, como o SESI e o SENAI. As contribuições para intervenção no domínio econômico possuem natureza extrafiscal, pois sua principal função é a intervenção no domínio econômico por meio da destinação da arrecadação para uma determinada atividade, configurando assim, um incentivo. As contribuições corporativas tem natureza parafiscal, visto que sua função é a arrecadação de recursos para financiar atividades de interesses de instituições que representam e fiscalizam as categorias profissionais e econômicas. A contribuição sindical encontra amparo no art. 8º, IV da Constituição. É obrigatória para todos os aqueles que exercem atividade dentro de uma categoria econômica ou profissional, bem como para os profissionais liberais. É destinada aos sindicados ou às federações sindicais, na ausência dos primeiros. Somente estão dispensados do pagamento desse tributo os aposentados. A contribuição para o custeio da iluminação pública – COSIP – encontra previsão no art. 149-A da CF, o qual atribui competência para os Municípios e o Distrito Federal institui-la. A própria Constituição vinculou o valor arrecadado à sua finalidade, ou seja, ao custeio da iluminação pública, de sorte que é defeso ao administrador utilizar esse recurso para outra finalidade. Contribuição de Melhoria: é um tributo de competência comum, assim, todo o ente que fizer a obra pública que valorizar imóveis, é competente para a sua cobrança. Está descrita no art. 145, III da Constituição Federal: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária decorrente de obra pública. Assim, se uma obra pública valorizar sua casa, você deve pagar esse tributo, haja vista ser proibido o enriquecimento sem causa no ordenamento jurídico brasileiro. Perceba-se então que, são dois os requisitos da contribuição de melhoria: obra pública e valorização imobiliária. A contribuição de melhoria possui dois limites, quais sejam: o individual (o contribuinte não pode pagar valor maior que o quantum da valorização experimentada) e geral (a soma das contribuições não pode ultrapassar o valor total da obra). Imagine que foi construída uma escola pública municipal no seu bairro. O custo total da escola foi de um milhão de reais. Antes da construção, sua casa valia R$ 100.000, 00. Após a obra passou a valer R$ 150.00,00, ou seja, houve uma valorização de R$ 50.000,00. De acordo com esse exemplo, você poderá pagar até R$ 50.000,00 a título de contribuição de melhoria (limite individual) e o município não poderá receber mais de um milhão de reais, somando-se os valores pagos por todos os contribuintes (limite geral). Veja-se a regulamentação do Código Tributário: Contribuição de Melhoria Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. 1342171 E-book gerado especialmente para DANIEL RODRIGUES . 19 Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. Progressividade, Regressividade e Neutralidade Dos Tributos A progressividade ocorre quando o impacto do aumento na tributação é proporcional ao aumento da renda e ou da riqueza, dessa forma, aqueles que tem mais poder econômico pagariam mais, ou seja, arcariam com parcela maior da carga tributária. Há doutrinadores que afirmam que a progressividade estaria em plena consonância com o princípio da capacidade contributiva. Nos dizeres de Eduardo Sabbag8: “O princípio da capacidade contributiva impõe, na esteira da justiça distributiva, que aqueles cidadãos dotados de maior poder aquisitivo devem pagar impostos com alíquotas maiores, de forma que o sacrifício econômico por eles sentido seja proporcionalmente maior do que o suportado pelos contribuintes mais economicamente vulneráveis. A regressividade, por sua vez, ocorre quando o impacto no aumento na tributação é menor em relação ao aumento na renda ou na riqueza, ou seja, quanto maior a renda da pessoa, menor impacto da tributação sofrida. Assim, aqueles que detém maior poder econômico arcariam com a menor parcela da carga tributária o que, via de consequência, oneraria sobremaneira a população com menor poder aquisitivo. “Quanto9 à distorção conhecida por “regressividade”, diz-se que o sistema tributário brasileiro encerra evidente paradoxo: o dilema de conciliar a ação afirmativa do Estado na distribuição equitativa da riqueza social com a impossibilidade de expansão da incidência tributária para além das fronteiras do mínimo vital e do não confisco. Tal paradoxo tem sido, lamentavelmente, solvido pela indesejável opção da tributação regressiva, que onera mais gravosamente as famílias com menor poder aquisitivo, amplificando a concentração de renda e as desigualdades sociais. O princípio da neutralidade tributária orienta no sentido de que a tributação não deve causar distorções no setor econômico, donde a receita tributária é extraída. A tributação deve ser dosada a ponto de não provocar desequilíbrio na livre concorrência empresarial, de forma que nenhum setor deve ser favorecido ou desfavorecido. Deve ser neutra. A ideia subjacente é que o legislador, ao se utilizar do poder de tributar que a Constituição lhe confere, deve fazê-lo de forma razoável e moderada, sem que a tributação tenha por efeito impedir o exercício de atividades lícitas pelo contribuinte, dificultar o suprimento de suas necessidades vitais básicas ou comprometer seu direito a uma existência digna. A neutralidade tributária deve ser observada para que o tributo não se torne um elemento fundamental nas decisões adotadas pelos agentes econômicos no que tange à alocação de investimentos, ou se traduza em um fator de desequilíbrio para o sistema econômico. Proporcionalidade O Princípio da Capacidade Contributiva, para alguns autores, numa fase inicial, ou seja, logo que o texto constitucional foi promulgado estaria a impor progressividade de alíquotas em qualquer caso, porque quando o constituinte diz que as alíquotas serão graduadas segundo a capacidade econômica do
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