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Faringite e Tonsilite: Definição, Epidemiologia e Tratamento

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1 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 2 
DEFINIÇÃO.................................................................................................................................... 3 
EPIDEMIOLOGIA ........................................................................................................................... 3 
ETIOLOGIA .................................................................................................................................... 4 
QUADRO CLÍNICO ......................................................................................................................... 4 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS........................................................................................................... 8 
DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 12 
TRATAMENTO ............................................................................................................................ 13 
COMPLICAÇÕES BACTERIANAS .................................................................................................. 15 
Supurativas ............................................................................................................................. 15 
Não supurativas ..................................................................................................................... 16 
SÍNDROME PFAPA ...................................................................................................................... 17 
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 19 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
Dentre as infecções do trato aéreo superior as faringites e tonsilites são as mais comuns, 
e estão entre os principais problemas de saúde das populações dos países 
desenvolvidos (DUARTE et al., 2007). 
Cerca de 30 a 40% das faringoamigdalites agudas são de etiologia estreptocócica (VAN 
ELDERE, 2000; SANTOS & BEREZIN, 2005) e a importância desse fato deve-se à 
possibilidade de complicações não-supurativas tardias causadas por este agente 
patogênico, como por exemplo, a glomerulonefrite difusa aguda e a febre reumática, 
que representam 90% das indicações de cirurgia para troca de valvas cardíacas em 
crianças no Brasil (ATIK et al., 1999). Além disso, particularmente na população infantil, 
as tonsilites agudas representam uma grande fonte de transtornos sociais como perda 
de aulas, além da necessidade do uso de antimicrobianos repetidamente, e do potencial 
de complicações supurativas (WECKX & TEIXEIRA, 1997). 
As causas de faringite podem ser infecciosas e incluem vírus respiratórios como o 
rinovírus e o adenovírus, além do coronavírus, influenza, parainfluenza e vírus sincicial 
respiratório, outros vírus importantes incluem o Ebstein-Barr, Coxsackie, HIV primário 
e Herpes simples. Dentre as etiologias bacterianas, as principais são os estreptococos 
beta-hemolíticos do grupo A, mas podem ser citados ainda o Arcanobacterium 
(Corynebacterium) haemolyticum, Corynebacterium diphteriae, Neisseria gonorrhoeae, 
Chlamyda pneumoniae, Tularemia, Mycoplasma pneumoniae e Fusobacterium 
necrophorum. As causas não infecciosas incluem alergia e fatores ambientais, 
principalmente. 
Os fatores de risco para faringite variam com a causa subjacente. Fatores de risco para 
causas não infecciosas de faringite incluem principalmente tabagismo (ou exposição à 
fumaça de segunda mão) e uma história de rinite alérgica. Variabilidade sazonal também 
é comum em causas alérgicas e muitas causas infecciosas, tais como vírus 
respiratórios e os estreptococos do grupo A beta-hemolítico, que são mais comuns no 
inverno e no início da primavera. Já que estas infecções são comumente transmissíveis, 
contato próximo com alguém que tem uma dor de garganta ou o frio também aumenta 
o risco para faringite. Outras causas, como a Neisseria gonorrhoeae e o HIV têm fatores 
de risco comportamentais bem descritos (por exemplo, atividade sexual). 
 
3 
 
DEFINIÇÃO 
A faringite é a inflamação da mucosa faríngea (figura 1). Comumente, está associada à 
inflamação das tonsilas palatinas, sendo denominada farin-gotonsilite. Já quando a 
inflamação das tonsilas é isolada, denomina-se tonsilite. 
 
 
Figura 1. Representação da anatomia da faringe sob corte sagital. Fonte: Netter, Atlas 
de Anatomia Humana, 2014. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 
A faringotonsilite é mais prevalente entre escolares e adolescentes, principalmente na 
faixa etária de 5 a 11 anos, acometendo-os 3 a 5 vezes por ano. Já em crianças mais 
novas (com menos de 3 anos), a faringotonsilite é incomum, mas pode ocorrer, 
principalmente se elas tiverem contato com outras crianças da faixa etária escolar. 
As faringites virais são mais comuns, mas as bacterianas são responsáveis por quadros 
mais exacerbados. A faringite estreptocócica é a causa mais comum de faringite 
bacteriana na faixa etária de 5 a 15 anos, correspondendo a 15-30% de todos os casos 
de faringite. 
Esse percentual aumenta ainda mais durante o inverno e o início da primavera, 
chegando a 35-40%, porque nesse período há o pico de incidência de faringite 
estreptocócica. 
 
 
4 
 
ETIOLOGIA 
 
Faringites virais 
As infecções por vírus são mais comuns e autolimitadas. De acordo com a época do 
ano, há prevalências diferentes dos vírus que causam as faringites. Dessa forma, no 
inverno, há predomínio de vírus sazonais, como: 
Rinovírus, Coronavírus, Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e Parainfluenza. Já na 
primavera e no verão, as infecções são, em sua maioria, por enterovírus. 
De uma forma geral, as faringites virais possuem quadro clínico mais discreto. Excetua-
se a isso, as infecções causadas por três vírus específicos: 
Coxsackie A, Adenovírus e Epstein-Barr Vírus, que possuem sinais e sintomas mais 
exacerbados. 
 
Faringites bacterianas 
 
O principal agente bacteriano responsável por faringites é o Streptococcus pyogenes 
(também denominado Streptococcus ẞ-hemolítico do grupo A). Ele está presente na 
orofaringe de 10 a 20% da população, colonizando-a, sem causar sintomas. Mas nos 
pacientes em que esta bactéria gera uma infecção, há grande preocupação, uma vez 
que estre possíveis repercussões estão escarlatina, febre reumática e glomerulonefrite 
pós-estreptocócica (GNPE). 
 
Complicações. 
 
Entretanto, há também outras bactérias que levam a faringites: Haemophilus influenzae 
B, Mycoplasma pneumoniae, Corynebacterium diphtheriae e Neisseria gonorrhoeae. 
Esta última prevalece entre adolescentes sexualmente ativos ou crianças vítimas de 
abuso sexual (sendo necessária investigação e notificação). 
 
QUADRO CLÍNICO 
 
Os sinais e sintomas da faringite podem ser inespecíficos ou sugestivos de infecção 
viral ou infecção bacteriana. Entre os achados inespecíficos se encontram: 
5 
 
• Febre 
• Dor de garganta 
Os achados sugestivos de infecção viral são, no geral, sintomas típicos de resfriado 
comum (acometendo vias aéreas superiores), como: 
• Tosse; 
• Rinorreia; 
• Conjuntivite; 
• Rouquidão; 
• Diarreia (enterovírus); 
• Vesículas em orofaringe (Coxsackie A). 
 
Já os achados sugestivos de bactérias são: 
• Vômitos; 
• Petéquias em palato ou manchas de Forchheimer (figura 2); 
• Exsudato faríngeo ou tonsilar (figura 3); 
• Rash escarlatiniforme (figura 4); 
• Linfonodos cervicais dolorosos. 
 
 
 
6 
 
 
 
 
Alguns vírus causam sinais e sintomas mais acentuados, entre eles se encontram o 
Coxsackie A, Adenovírus e Epstein-Barr Vírus. O Coxsackie A é um enterovírus e pode 
se apresentar de diferentes formas clínicas: 
Herpangina 
 
A herpangina se caracteriza por ser uma faringotonsilite que cursa com lesões 
vesiculares e ulcerativas de1 a 2 mm em cavidade oral (figura 5), associado a febre, 
dor de garganta e dor abdominal. 
 
 
7 
 
 
Síndrome mão-pé-boca 
 
Síndrome clínica caracterizadas pela presença de vesículas orais e lesões pápulo-
vesiculares que acometem principalmente palmas das mãos (figura 6), planta dos pés 
(figura 7) e região perioral (figura 8). Outras regiões como nádegas, dorsos das mãos e 
dos pés também podem apresentar as lesões. 
 
 
 
 
 
 
Febre faringoconjuntival 
 
O Adenovírus é responsável por causar a síndrome denominada febre 
faringoconjuntival, caracterizada pela presença de febre (por cerca de 5 dias), intensa 
8 
 
dor de garganta com exsudato faríngeo, associada a conjuntivite (sendo comum 
encontrar também exsudato em olhos). 
 
Mononucleose 
 
O Epstein-Barr Vírus (EBV) é o agente etiológico responsável pela mononucleose, uma 
faringotonsilite exsudativa, associada a febre prolongada (durando mais de 1 semana), 
linfonodomegalia cervical e esplenomegalia. 
 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
A queixa principal é desconforto ou dor na garganta, principalmente ao engolir, febre é 
frequente principalmente em pacientes com faringite estreptocóccica, mas pode ocorrer 
em outras etiologias. Os pacientes podem ainda se queixar de mal-estar e cefaleia, além 
de edema em região cervical por aumento de linfonodos e dor em região cervical 
anterior. 
As infecções virais têm quadro que muitas vezes se sobrepõe com quadros bacterianos, 
mas sintomas respiratórios como congestão nasal, coriza, rouquidão e sinais de 
rinosinusite são mais frequentes nestes pacientes. Alguns vírus podem ter sinais 
característicos adicionais e sintomas, em particular os vírus Ebstein-Barr (linfadenopatia 
generalizada e esplenomegalia), adenovírus (conjuntivite e linfadenopatia pré-auricular), 
e Herpes simples (gengivoestomatite). 
A faringite bacteriana é mais comumente causada pelo Streptococcus pyogenes e é 
responsável por 5% a 15% dos casos em adultos e 20% a 30% em crianças. Afeta 
principalmente as crianças de 5 a 15 anos de idade (idade de pico, 7-8 anos), e a 
prevalência é maior no inverno e início da primavera em climas temperados. O 
Streptoccos pyogens deve ser o principal agente avaliado em pacientes com faringite, 
por sua frequência e complicações não supurativas, como a febre reumática aguda e a 
glomerulonefrite pós-estreptocócica aguda e supurativas (por exemplo, abscesso 
periamigdaliano e retrofaríngeo, linfadenite cervical, sinusite, otite média). O início 
imediato da terapia antibiótica para faringite é associado com a redução do tempo de 
sintomas, interrupção da transmissão interpessoal, prevenção da IRA e complicações 
supurativas. Outros patógenos incluem estreptococos do grupo C e do grupo G. 
9 
 
Embora a faringite possa ser causada por uma ampla variedade de agentes 
patogênicos, já que estes são muitos difíceis de diagnosticar, ou os agentes etiológicos 
não necessitam de tratamento, ou são autolimitados, sem sequelas significativas. Por 
isso, não são necessários testes de laboratório adicional ou tratamento empírico. No 
entanto, certos agentes, tais como HIV e o Corynebacterium diphteriae, devem ser 
considerados nos pacientes específicos com os fatores de risco. 
A infecção primária pelo HIV pode não ter sinais ou sintomas clínicos antes da 
soroconversão, a maioria desenvolve uma síndrome retroviral aguda. Os sintomas 
geralmente começam 1-5 semanas depois que o vírus é contraído e persistem durante 
duas semanas, em média, embora possam continuar por oito semanas ou mais. Febre 
e fadiga são os sintomas mais comuns; e faringite é relatada em mais de 70% dos 
pacientes. A síndrome retroviral aguda pode ser confundida com mononucleose 
infecciosa, embora a primeira seja mais susceptível de ser associada com faringite não 
exsudativa. A manutenção de um elevado índice de suspeição para o HIV, 
especialmente em pacientes com fatores de risco como a atividade sexual de alto risco 
ou uso de drogas intravenosas, é particularmente importante durante a fase aguda 
porque a soroconversão pode não ter ocorrido e a sorologia ser negativa, neste caso o 
diagnóstico pode ser feito apenas com a detecção do RNA vírus do HIV ou pela pesquisa 
do antígeno p24. 
A difteria, por sua vez, é uma doença infecciosa que pode causar risco de vida, causada 
por C. diphtheriae, a doença é rara hoje devido à vacinação universal. A difteria como 
doença secundária à C. ulcerans tem sido relatada em vários países desenvolvidos, 
incluindo partes dos Estados Unidos, mas é rara em humanos. A difteria cursa com um 
exsudato grosso, cinza na faringe. Esta pseudomembrana pode ser limitada às 
amígdalas, ou, se grave, pode estender-se para a faringe, a laringe e a traqueia 
resultando em edema importante de pescoço e de obstrução das vias aéreas.A 
Imunidade à C. diphtheriae diminui com a idade, mais de 90% das crianças em idade 
escolar têm imunidade em comparação com 30% dos adultos com idades entre 60-69 
anos. A difteria deve ser suspeitada com base em motivos clínicos, especialmente se o 
paciente tem fatores de risco epidemiológicos, tais como vacinação incompleta e viajar 
para, ou a exposição a indivíduos de, uma região endêmica. 
Na avaliação dos pacientes com faringite, deve-se principalmente verificar a 
possibilidade de infecção pelo streptococo beta hemolítico do grupo A. As 
características desta etiologia são as seguintes: 
-Início súbito de dor de garganta; 
10 
 
-Idade 5-15 anos; 
-Febre; 
-Dor de cabeça; 
-Petéquias em palato; 
-Náuseas, vômitos, dor abdominal; 
-Exsudato tonsilar; 
-Adenite cervical anterior. 
A faringite estreptocóccica ocorre principalmente no inverno e no início da primavera. A 
erupção escarlatiniforme pode ser associada às características fortemente sugestivas 
de faringite viral, a saber: 
-Conjuntivite; 
-Coriza; 
-Tosse; 
-Diarreia; 
-Rouquidão; 
-Exantema viral; 
-Estomatite ulcerativa leve. 
 
Características sugestivas de uma doença grave ou sequelas de faringite: 
-Disfagia; 
-Estridor; 
-Babação; 
-Disfonia; 
-Edema cervical significativo; 
-Desconforto respiratório; 
-Faringe pseudomembrana; 
-Instabilidade hemodinâmica; 
11 
 
-Risco comportamental para HIV (por exemplo, uso de drogas, sexo anal); 
 -Múltiplos parceiros sexuais; 
-Viajantes; 
-Falta de imunização para difteria . 
 
Outros organismos causadores de faringite dignos de comentários incluem o 
Fusobacterium necrophorum, que é o patógeno causador mais comum da doença 
Lemierre, uma infecção do espaço parafaríngeo que leva à tromboflebite séptica da veia 
jugular interna com bacteremia e nódulos pulmonares metastáticos. 
 
A doença de Lemierre pode ser complicada por septicemia; complicações intracranianas 
operatórias, abscesso e erosão da artéria carótida, o que pode ser fatal. A doença de 
Lemierre é frequentemente suspeita com base em dados clínicos em um paciente 
toxemiado; no entanto, vários relatórios europeus recentes também sugerem um 
possível papel causal de F. necrophorum em faringites complicadas em pacientes 
obstétricos. 
A doença de Lemierre também pode ser causada por Staphylococcus aureus resistente 
à meticilina (MRSA-CA) da comunidade. Como a terapia de primeira linha para F. 
necrophorum (ou seja, ampicilina-sulbactam) não trata a infecção por agentes 
meticilino-resistentes, a antibioticoterapia empírica para estes pacientes deve 
considerar a adição de medicações para este tipo de infecção. 
Embora a maioria dos casos de faringite resultem de infecção, muitos processos não 
infecciosos podem levar à irritação faríngea. Essas causas são geralmente identificadas 
por uma história cuidadosa e exame físico. Uma história de tabagismo e ar umidificado 
pode associar-se com faringite não infecciosa, assim como trauma faríngeo, lesões 
inalatórias e ingestão de substâncias cáusticas, tais como produtos químicos ou fumaça, 
ou de traumapenetrante direto, e estes doentes podem apresentar-se com estado geral 
comprometido e com achados adicionais de pneumonite ou comprometimento das vias 
aéreas. Disfagia e sensação de corpo estranho deve levar em consideração estes 
diagnósticos. 
A Infectious Diseases Society of America's (IDSA) sugere que o uso de um sistema de 
pontuação clínica pode reduzir testes e tratamento desnecessário por identificação de 
pacientes com risco muito baixo para esta infecção. Centor e colegas desenvolveram 
12 
 
um sistema de pontuação para avaliação de adultos com suspeita de faringite. Em 2004, 
McIsaac e colaboradores modificaram estes critérios para incluir idade, o que expandiu 
a aplicabilidade do sistema para a infância, assim como para os adultos. Há fortes 
evidências de que os adultos com 0-1 critério são considerados de suficientemente 
baixo risco para a faringite estreptocóccia e não requerem avaliação adicional ou 
tratamento. A IDSA e o American College of Physicians concordam que adultos com 2-
3 critérios devem ser avaliados para faringite estreptocóccica com um teste para 
antígeno de rápida detecção ou cultura de garganta. No entanto, as diretrizes para 
gestão de pacientes com 4 critérios diferem entre as sociedades profissionais. Embora 
a ACP recomende considerar o tratamento empírico em adultos com 4 critérios, isto não 
é recomendado pela IDSA ou pela American Heart Association (AHA). Os critérios de 
Centor são citados na tabela abaixo. 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 
Devido à superposição entre sintomas sugestivos de vírus e de bactérias, o diagnóstico 
clínico é insuficiente. Dessa forma, mesmo com achados sugestivos de S. pyogenes, é 
necessária a cultura de orofaringe, que apresenta sensibilidade entre 90 e 95%, mas 
seu resultado demora cerca de 3 dias. É interessante solicitar o antibiograma associado, 
para verificar se há resistência da bactéria a algum antibiótico. 
Como alternativa à cultura, o Strep test pode ser realizado, já que o resultado é imediato 
e não há grande comprometimento da sensibilidade (80 a 90%). Além disso, a 
especificidade é de 95% e o valor preditivo negativo (VPN) também é alto, ou seja, 
13 
 
sendo o resultado do Strep test negativo, há alta probabilidade de a infecção realmente 
não ser estreptocócica. 
A cultura da garganta é o padrão-ouro para a detecção da presença de estreptococo no 
trato respiratório superior confirmando o diagnóstico de faringite aguda. A acurácia 
diagnóstica é reduzida quando o espécime não é obtido das tonsilas. A sensibilidade de 
uma única cultura de garganta é de 90% a 95% e a especificidade é > 95%. Apesar de 
um atraso de até 48 horas para confirmar o diagnóstico, o início do tratamento até nove 
dias após o início dos sintomas ainda é suficiente para terapia antibótica, evitar febre 
reumática e outras complicações da faringite estreptocóccica. 
 
 
TRATAMENTO 
 
Tratamento da faringite viral 
Como a infecção viral é autolimitada, o seu tratamento é somente de suporte, para 
controle dos sintomas. 
Assim, pode ser prescrito: 
• Ibuprofeno gotas (100 mg/mL), 1 gota/Kg (sendo o máximo de 20 gotas/dose), via oral, 
de 6/6 horas; 
• Extrato de própolis em spray, aplicar 2 jatos de 6/6 horas na orofaringe; 
• Hexomedine spray, aplicar 3 jatos de 4/4horas na orofaringe, preferencialmente antes 
das refeições (não deve ser prescrito para menores de 3 anos). 
 
Tratamento da faringite bacteriana 
Neste caso, é imprescindível a prescrição de antibiótico. Como os agentes mais comuns 
respondem bem a beta-lactâmicos, as principais opções são: 
• Amoxicilina, 20 a 40 mg/Kg/dia, divididos de 8/8 horas, via oral, por 10 dias; 
• Penicilina benzatina: 
◊ Crianças ≤ 27 Kg – 25.000 unidades/Kg, intramuscular, dose única; 
◊ Crianças > 27 Kg – 1.200.000 unidades, intramuscular, dose única. 
14 
 
 
Em caso de alergia a betalactâmicos, as melhores opções são: 
• Clindamicina, 10 a 40 mg/Kg/dia, divididos de 6/6 horas, via oral, por 10 dias; 
• Eritromicina, 30 a 50 mg/Kg/dia, divididos de 8/8 horas, via oral, por 10 dias; 
• Claritromicina, 15 mg/Kg/dia, divididos de 12/12 horas, via oral, por 10 dias. 
 
Como leva certo tempo para que o antibiótico resulte em melhora clínica, as medidas 
de suporte devem estar inclusas (ibuprofeno, spray de propólis e hexomedine). 
 
Tonsilectomia 
A tonsilectomia é indicada, de forma geral, em infecções graves (dor de garganta e febre 
acima de 38,3oC, associada a exsudato tonsilar ou streptest positivo ou cultura positiva) 
e recorrentes de garganta, sendo levado em conta os seguintes critérios de recorrência: 
• ≥ 7 episódios graves em 1 ano; 
• ≥ 5 episódios graves por ano por 2 anos consecutivos; 
• ≥ 3 episódios graves por 3 anos consecutivos. 
Ademais, também têm indicação: pacientes com síndrome da apneia/hipopneia 
obstrutiva do sono (SAHOS) com comprometimento de qualidade de vida, baixo 
rendimento escolar, retardo do crescimento e desenvolvimento, enurese noturna ou 
problemas de comportamento. 
 
Adenoidectomia 
Comumente, quando se realiza a tonsilectomia, também se faz a ressecção da 
adenoide, mas há indicações específicas para a sua retirada. A indicação absoluta é: 
obstrução nasal grave com respiração nasal prejudicada, voz anasalada e 
hiposmia/anosmia, já que como pode ser observado na figura 1, a adenoide (ou tonsila 
faríngea) se localiza na região posterior da faringe nasal. 
Entre as indicações relativas se encontram: otite média aguda recorrente, otite média 
crônica com efusão com falha do tratamento com timpanostomia e sinusite crônica 
refratária. 
15 
 
A principal complicação destas ressecções tonsilares é o sangramento,que pode durar 
até 2 ou 3 semanas depois da cirurgia. 
 
COMPLICAÇÕES BACTERIANAS 
 
Supurativas 
Abscesso peritonsilar 
O abscesso peritonsilar consiste na infecção do tecido entre a cápsula da tonsila 
palatina e os músculos faríngeos, tendo etiologia polimicrobiana (com predomínio de 
Streptococcus e Fusobacterium). 
Acomete principalmente adolescentes e se caracteriza por sintomas prolongados e 
progressivos: dor de garganta, febre, disfagia, sialorreia e trismo. Ao exame físico, nota-
se o abaulamento peritonsilar com desvio contralateral da úvula (figura 11) e pode haver 
massa cervical palpável ipsilateral. 
O diagnóstico é clínico e o tratamento consiste na drenagem do abscesso e na 
administração dos mesmos antibióticos para faringotonsilite. 
 
 
 
 
Abscesso retrofaríngeo 
16 
 
O abscesso retrofaríngeo é uma infecção profunda do pescoço, no espaço retrofaríngeo, 
localizado entre a base do crânio e o mediastino posterior). 
Neste espaço, há vários linfonodos que drenam faringe, orelha média, tuba auditiva, 
adenoide e seios paranasais. A infecção exacerbada deles gera o abscesso, que 
também é polimicrobiano, mas acomete preferencialmente meninos com menos 5 anos. 
O paciente geralmente cursa com febre, dor no pescoço, sinais de meningismo, 
odinofagia, massa cervical, disfonia, trismo, estridor à respiração e mal-estar geral. 
Devido ao risco de obstrução de via aérea e de mediastinite, o tratamento deve ser 
realizado com antibiótico endovenoso, com mesmo espectro dos já supracitados. Em 
caso de falha, é necessária a solicitação de uma tomografia computadorizada de 
cervical e, posteriormente, drenagem. 
 
Não supurativas 
Febre reumática 
A febre reumática (FR) é o resultadode uma resposta auto-imune à faringite causada 
pela infecção com o Streptococcus ẞ-hemolítico do grupo A (SBGA). A fisiopatologia 
desta doença envolve o mimetismo molecular entre a cepa de Streptococcus e as 
células do hospedeiro, levando as células de defesa a reagirem contra tecidos do 
hospedeiro: coração, cérebro, articulações e pele. 
Dessa forma, de acordo com o sítio atingido, o paciente pode desenvolver disfunções 
de valvas cardíacas, coreia de Sydenham, artrite, eritema marginado e nódulos 
subcutâneos. Sendoestes os sintomas correspondentes aos critérios maiores de Jones 
(tabela1), utilizados para o diagnóstico da FR, que é atestado havendo 2 critérios 
maiores ou 1 maior e 2 menores. 
 
17 
 
 
Vale salientar que a FR pode resultar de um único episódio grave ou de múltiplos 
episódios de faringite estreptocócica. Dessa forma, é fundamental a antibioticoterapia 
precoce, já que a FR é prevenível com o uso de antibiótico em até 9 dias do início da 
infecção. 
 
Glomerulonefrite pós-estreptocócica 
A glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNPE) é o acometimento renal, também auto-
imune, que ocorre comumente após faringite ou infecção de pele estreptocócicas. 
A fisiopatologia envolve o depósito de imunocomplexos na membrana basal glomerular 
e, após a ativação do complemento, a lesão desta membrana. Isso resulta em síndrome 
nefrítica: hematúria, oligúria, edema, hipertensão e insuficiência renal. 
Contrariamente à FR, a GNPE não é prevenível pela antibioticoterapia. 
Dessa forma, se a cepa do Streptococcus for nefritogênica, a criança pode desenvolver 
a GNPE, mesmo com o uso precoce de antibióticos. 
 
 
SÍNDROME PFAPA 
 
A síndrome PFAPA é uma sigla do termo em inglês Syndrome of Periodic Fever, 
Aphthous Stomatitis, Pharyngitis, and Adenitis. Logo é uma síndrome caracterizada por 
febre periódica, estomatite aftosa, faringite e adenite cervical. 
18 
 
É uma síndrome auto-inflamatória, ou seja, é uma disfunção em que independente da 
presença de agentes infecciosos, uma resposta inflamatória é desencadeada. É a 
síndrome auto-inflamatória mais comum da infância e predomina entre crianças 
menores de 5 anos e costuma ter resolução espontânea entre os 10 e 12 anos. 
Sua etiologia ainda é desconhecida. 
O quadro clínico não envolve sintomas de vias aéreas superiores e a criança cursa com 
episódios súbitos por 3 a 7 dias, de: 
• Febre elevada; 
• Faringite com úlceras aftosas; 
• Linfadenopatia cervical. 
Apesar dessa duração curta, há constantes recorrências no intervalo de 2 a 12 
semanas. Para constatar o diagnóstico de PFAPA, é necessário observar os critérios 
supracitados e, portanto, acompanhar o quadro clínico ao longo do tempo, além de 
excluir outras causas. 
Alguns fatores que falam a favor da síndrome PFAPA são: a criança apresenta 
crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor normais (ao contrário de infecções); 
Períodos assintomáticos entre os quadros; Leucocitose com neutrofilia moderada; 
Elevação de VHS e PCR; Culturas de orofaringe sempre negativas. 
O tratamento imediato consiste no uso de corticosteroides, sendo indicada a Prednisona 
0,5 a 1 mg/Kg/dia, 1 vez ao dia, via oral por 3 a 5 dias. 
Já o tratamento definitivo é a tonsilectomia, que oferece a solução a longo prazo, mas 
é indicado somente quando os sintomas são graves a ponto de haver comprometimento 
da qualidade de vida ou quando há má resposta ao tratamento com corticoide. 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
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