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Material de Apoio - Direito Penal - Cristiano Rodrigues - Aula 04

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EXTENSIVO OAB SEMANAL. 
Disciplina: Direito Penal 
Prof.: Cristiano Rodrigues 
Aula: 04 
Monitor: Celso 
 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
I. Anotações de aula 
II. Exercícios 
III. Lousas 
 
 
 
I. Anotações de aula 
 
 
 
 
São as etapas de realização do crime doloso. 
 
 Etapas do iter criminis 
 
 
 
 
 
1. Cogitação 
 
É etapa psíquica planejamento mental em que o agente pensa, imagina, elabora mentalmente a prática 
de algo e, portanto, é absolutamente impunível por não afetar bem jurídico alheio é etapa absolutamente 
imponível ausência da lesividade (Princípio da Lesividade). 
 
2. Atos preparatórios/Preparação 
 
Trata-se de etapa concreta realizada no mundo fático em que o agente se organiza, se instrumentaliza e 
prepara a realização do crime, porém por ainda não afetar bem alheio é etapa, via de regra, impunível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Atos executórios 
 
Ocorre quando o agente dá início à realização do crime passando a interferir na esfera do bem jurídico 
alheio, possibilitando assim a intervenção penal e a punição do crime, pelo menos, na forma tentada. 
 
Obs.: Há exceções em que o ato preparatório passa a ser crime quando o legislador opta por 
criminalizar autonomamente condutas que seriam de mera preparação e, portanto, impuníveis, 
criando assim um novo tipo penal (ex.: art. 288, CP – associação criminosa; art. 291, CP – petrechos 
para falsificar moeda; Lei 13.260/16 – Lei antiterrorismo). São exemplos em que o ato preparatório 
passa aser tratado como crime 
 
COGITAÇÃO  ATOS PREPARATÓRIOS  ATOS EXECUTÓRIOS  CONSUMAÇÃO 
Iter Criminis 
 
 
 
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A tentativa (art. 14, II e parágrafo único do CP) ocorre quando iniciada a execução não se chega à 
consumação desejada por motivos alheios à vontade do agente, gerando assim um crime incompleto que 
terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (causa de diminuição de pena). 
Para delimitar o quanto de diminuição de pena será aplicado na tentativa utiliza-se o critério da 
proximidade de consumação (STF), pelo qual quanto maior a proximidade do crime se consumar, menor 
será a diminuição de pena e vice-versa. 
 
 
 
 
 
Grupo I: 
 
a. Tentativa inacabada ou imperfeita: ocorre quando, por motivos alheios à vontade do agente, após o 
início de execução esta é interrompida quando ainda havia atos a realizar, ficando inacabada, 
imperfeita. 
 
b. Tentativa acabada ou perfeita (crime falho): ocorre quando o agente inicia e completa todos os atos 
executórios não havendo mais nada a realizar, porém, por motivos alheios à sua vontade o crime não 
se consuma. 
 
Grupo II 
 
a. Tentativa branca ou incruenta: é aquela onde não há derramamento de sangue, ou seja, a conduta 
não produz nenhum resultado concreto lesivo. 
 
b. Tentativa cruenta (vermelha): é aquela em que a conduta gera lesões concreta na vítima embora 
não haja consumação (Ex.: tentativa de homicídio). 
 
4. Consumação 
 
Ocorre quando o crime está completo e o agente obtém a lesão pretendida do bem jurídico tutelado, 
sendo que isto pode ocorrer de duas formas: 
a. Quando o agente realiza a conduta materializando, gerando um resultado concreto (crimes materiais). 
b. Com a completa prática da conduta prevista em lei, sendo que, havendo o resultado previsto, mas que 
não é necessário o crime será classificado como formal (ex.: art. 159 e 288). 
c. Não havendo qualquer resultado previsto o crime será classificado como crime de mera conduta (Ex.: 
art. 330 e 150 CP). 
 
Exaurimento: esgotamento do crime somente sendo relevante no crime formal quando se dá a produção 
do resultado previsto (não é etapa do iter criminis). 
 
 
 
 
 
 
1. Desistência Voluntária – art. 15, CP 
 
Ocorre quando o agente inicia a execução e, voluntariamente, por sua própria escolha desiste de 
prosseguir, abandona a realização que estava em curso. 
 
 Consequência: 
O crime não se consuma, afastando-se também a tentativa já que não houve “motivos alheios” e o fato 
iniciado torna-se atípico. O agente poderá responder apenas por outros crimes que, eventualmente, 
tenham ocorrido. 
 
Espécies de tentativa 
Institutos Defensivos do Iter Criminis 
 
 
 
 
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Obs.: Para diferenciar no caso concreto, a desistência voluntária da tentativa utiliza-se a fórmula de 
Frank: 
 
 Se posso prosseguir e não quero, haverá desistência voluntária. 
 Se quero prosseguir e não posso, haverá tentativa. 
 
2. Arrependimento Eficaz – art. 15, CP 
 
Ocorre quando o agente dá início e completa todos os atos executórios, não havendo mais nada a 
realizar, porém, por sua escolha, atua e, eficazmente impede a produção do resultado, não ocorrendo a 
consumação. 
 Consequência: 
Afasta-se a tentativa, pois não há motivos alheios e o fato torna-se atípico, podendo responder apenas 
por outros crimes que, eventualmente, tenham ocorrido. 
 
3. Arrependimento Posterior – art. 16, CP 
 
É aquele posterior à consumação quando o agente repara o dano ou restitui a coisa para receber 
diminuição da pena de 1/3 a 2/3, desde que: 
 
a. Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa (não cabe no roubo, furto na extorsão mediante 
sequestro etc.) 
b. Que a reparação ocorra até o recebimento da denúncia. 
 
Obs.: De acordo com o STF é possível o arrependimento posterior quando a reparação for parcial, desde 
que razoável (50%) servindo isto para graduar o quanto de diminuição de pena será aplicado. 
 
4. Crime Impossível – art. 17, CP 
É aquele impossível de se consumar em que o agente dá início à execução, mas a consumação jamais 
ocorrerá em face da ineficácia absoluta do meio utilizado ou por impropriedade absoluta do objeto para 
sofrer o resultado. 
 
 Consequência: 
O fato fica atípico e a tentativa realizada fica impunível por ser considerada inidônea, ineficaz. 
 
 
 
 
 
 
 
II. Exercícios 
 
1. Ano: 2017Banca: FCCÓrgão: TJ-SCProva: Juiz Substituto 
 
Conforme a redação do Código Penal, 
 
a) configurada a tentativa, pela falta de completude do injusto, a pena sempre deverá ser reduzida de um 
a dois terços. 
 b) o crime impossível é tentativa impunível. 
 c) a desistência voluntária permite a interrupção do nexo causal sem a consideração da vontade. 
 d) o arrependimento eficaz, quando pleno, exclui a pena, e quando parcial permite a redução de um a 
dois terços. 
 e) pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado 
dolosamente. 
 
 
 
Ex.: Flagrante Preparado - Súmula 145 STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante 
pela polícia torna impossível a sua consumação. 
 
 
 
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2. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: Delegado de Polícia 
Nos últimos tempos, os tribunais superiores têm sedimentado seus posicionamentos acerca de 
diversos institutos penais, criando, inclusive, preceitos sumulares. Acerca desse assunto, assinale a 
opção correta segundo o entendimento do STJ. 
 
a) É possível a consumação do furto em estabelecimento comercial, ainda que dotado de vigilância 
realizada por seguranças ou mediante câmara de vídeo em circuito interno. 
b) A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é considerada típica apenas 
em casos de autodefesa. 
c) O tempo máximo de duração da medida de segurança pode ultrapassar o limite de trinta anos, 
uma vez que não constitui pena perpétua. 
d) No que diz respeito à progressão de regime prisional de condenado por crime hediondo cometido 
antes ou depois da vigência da Lei n.º 11.464/2007, é necessária a observância, além de outros 
requisitos, do cumprimento de dois quintos da pena, se primário, e, de três quintos, se reincidente, 
para a obtenção do benefício. 
e) A incidência da causa de diminuição de pena prevista no tipo penal de tráfico de drogas implica o 
afastamento da equiparação existente entre o delito de tráfico ilícito de drogas e os crimes 
hediondos,por constituir novo tipo penal, sendo, portanto, o tráfico privilegiado um tipo penal 
autônomo, não equiparado a hediondo. 
 
 
3. Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: DPE-MT Prova: Defensor Público 
 
Em relação aos crimes, é INCORRETO afirmar: 
 
a) Crimes de mera conduta são de consumação antecipada. 
b) Nos denominados crimes materiais, o tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico 
exigido. 
c) No crime preterdoloso, a totalidade do resultado representa um excesso de fim (isto é, o agente 
quis umminus e ocorreu um majus), de modo que há uma conjugação de dolo (no antecedente) e 
culpa (no subsequente). 
d) Crimes de forma livre são aqueles que admitem qualquer meio de execução. 
e) Crimes transeuntes são aqueles que não deixam vestígios materiais. 
 
 
4. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: Escrivão de Polícia 
No que se refere a crime consumado e a crime tentado, assinale a opção correta. 
 
 
a) No iter criminis, a aquisição de uma corda a ser utilizada para amarrar a vítima que se pretende 
sequestrar é ato executório do crime de sequestro. 
b) Os atos preparatórios de um crime de homicídio, a ser executado com o emprego de arma de fogo 
que possui a numeração raspada, não caracterizam a tentativa e não podem constituir crime 
autônomo. 
c) Situação hipotética: Policiais surpreenderam João portando uma chave-mestra enquanto 
circulava próximo a uma loja no interior de um shopping center em atitude 
suspeita. Assertiva: Nesse caso, João responderá por tentativa de furto, pois, devido ao porte da 
chave-mestra, os policiais puderam inferir que ele pretendia furtar um veículo no estacionamento. 
d) Situação hipotética: José deu seis tiros em seu desafeto, que foi socorrido e sobreviveu, por 
circunstâncias alheias à vontade de José. Assertiva: Nesse caso, está configurada a tentativa 
imperfeita. 
e) Situação hipotética: Maria entrou em uma loja de cosméticos e furtou um frasco de creme 
hidratante, em um momento de descuido da vendedora. Assertiva: Nesse caso, a consumação do 
crime ocorreu com a mera detenção do bem subtraído. 
 
 
 
 
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GABARITO 
1 B 
2 A 
3 A 
4 E 
 
 
 
III. Lousas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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