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CAMINHO DO CRIME

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CAMINHO DO CRIME 
INTRODUÇÃO 
Por “iter criminis”, ou caminho percorrido pelo crime, entende-se o conjunto de fases que se sucedem cronologicamente no desenvolvimento do delito doloso.
FASE DO CRIME 
Cogitação= a cogitação significa ideação do crime, não implicando necessariamente na sua premeditação.
A cogitação, por sua vez, pode ser dividida em três etapas:
- Idealização: surge no agente a intenção de cometer o delito;
- Deliberação: o agente pondera as circunstâncias da conduta que pretende empreender;
- Resolução: corresponde a decisão a respeito da execução da conduta;
ATOS PREPARATÓRIOS
Nesta fase, conhecida também como conatus remotus, o agente procura criar condições para a realização da conduta delituosa idealizada.
Aquele que se reúne com três ou mais pessoas para planejara a prática de crimes está em plena fase de preparação, mas já executando a formação de um grupo criminoso, comportamento esse que o legislador entendeu grave o suficiente para justificar tipificação autônomo e independente dos delitos visado pela associação. 
ATOS EXECUTÓRIOS
Os atos executórios traduzem a maneira pela qual o agente atua exteriormente para realizar o crime idealizado, por vezes, preparado.
Em regra, a conduta humana só será punível quando iniciada esta fase. 
Imaginemos que alguém adquira um engenho explosivo, dirija-se a agência bancária e, no momento em que instala o artefato, seja surpreendido pela polícia. 
Na busca da diferença entre atos preparatórios e de execução, existem várias teorias:
(a) Teoria da hostilidade ao bem jurídico ou critério material 
 Idealizada por Nélson Hungria, entende por atos executórios aqueles que atacam o bem jurídico, criando-lhe uma situação concreta de perigo.
(b) Teoria objetivo-formal
Defendida por Frederico Marques, entende como ato executório aquele que inicia a realização do núcleo do tipo. No nosso caso, apenas no momento em que JOAO começa a subtrair o televisor é que a punição se mostra legítima: a segunda, por sua vez, redunda numa insuficiente intervenção do Estado, esperando para punir o agente apenas quando estiver muito próximo da consumação, excluindo atos que, apesar de anteriores à execução do núcleo, são importantes na consecução do delito.
(d)Teoria objetivo-material 
São atos executórios aqueles em que se inicia a prática do núcleo do tipo, bem como os atos imediatamente anteriores, com base na visão de terceira pessoa alheia à conduta criminosa.
(d)Teoria objetivo-individual
Preconizada por Eugênio Raúl ZAFFARONI, entende como atos executórios aqueles que, de acordo com o plano do agente, realizam-se no período imediatamente anterior ao começo da execução típica.
O fato de JOÃO escalar o muro é ato anterior à subtração, porém inequívoco na demonstração da sua intenção criminosa, autorizando, a partir desse instante, a sua punição.
Note-se que, no exemplo decidido pelo tribunal, a adoção da teoria objetivo-formal conduziria à atipicidade da conduta, uma vez que, embora o ingresso no domicílio alheio tivesse por intenção o furto, o núcleo do tipo penal ainda não haviam sido praticados.
CONSUMAÇÃO
 A consumação assinala o instante da composição plena do fato criminoso, encerrando o iter criminis, última etapa deste percurso.
 CRIME CONSUMADO 
Nos termos do que prescreve o artigo 14, I, do Código Penal, considera-se consumado o crime "quando nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal”.
(b) crime formal ou de consumação antecipada – aqui a norma penal também descreve um comportamento seguido de um resultado naturalístico, mas dispensa a modificação no mundo exterior, contentando-se, para a consumação, com a prática da conduta típica.
(C) crime de mera conduta (ou simples atividade) - tratando-se de delito sem resultado naturalístico, a lei descreve apenas uma conduta, consumando-se o crime no momento em que esta é praticada (ex: violação de domicílio, art. 150, CP). 
(D) crime permanente – nos crimes permanentes, a consumação se protrai no tempo, prolongando-se até que o agente cesse a conduta delituosa (ex: sequestro e cárcere privado, art. 148, CP). 
(e) crime habitual – para a consumação exige-se a reiteração da conduta típica (ex: curandeirismo, art. 284, CP).
(f) crime qualificado pelo resultado – nesta espécie, a consumação se dá com a produção do resultado que agrava especialmente a pena (ex: lesão corporal seguida de morte, art. 129, §30, CP). 
(g) crime omissivo próprio - consuma-se no momento em que o agente se abstém de realizar a conduta devida, imposta pelo tipo mandamental (omissão de notificação de doença, art. 269, CP; omissão de socorro, art. 135, CP).
(h) crime omissivo impróprio – também denominado crime comissivo por omissão, têm sua consumação reconhecida com a produção do resultado naturalístico (“crime do garantidor”, art. 13, 52°, CP).
O QUE VEM A SER CRIME EXAURIDO?
Diz-se crime exaurido (ou esgotado plenamente) o acontecimento posterior ao término do iter criminis. Explica (e exemplifica) FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS: Importante frisar que o exaurimento não influencia na tipicidade (subsunção do fato à norma), mas poderá: 
(a) servir como circunstância judicial desfavorável (o crime exaurido merece pena -base maior, considerando as consequências do crime, art. 59, caput, CP); 
(b) atuar como qualificadora (no crime de resistência, art. 329, $1°, CP); 
(c) caracterizar causa de aumento de pena (no crime de corrupção passiva, art. 317, $1°, CP); 
(d) configurar crime autônomo (se, após consumar o sequestro qualificado pela finalidade libidinosa, o agente praticar na vítima atos de libidinagem, o exaurimento do crime contra a liberdade individual gera um novo crime, qual seja, estupro, art. 213 do CP). 
DA TENTATIVA 
O crime é considerado tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (artigo 14, II, do Código Penal).
Cuida-se de norma de extensão temporal, ampliando a proibição contida nas normas penais incriminadoras a fatos humanos realizados de forma incompleta (adequação típica de subordinação mediata).
São várias as teorias que cuidam da punição do conatus, dentre as quais se destacam as seguintes:
(a) Sistema ou teoria subjetiva, voluntarística ou monista
A punição da tentativa deve observar seu aspecto subjetivo do delito, da perspectiva do dolo do agente. A tentativa merece a mesma pena do crime consumado.
(b)Sistema ou teoria sintomática
A punição da tentativa tem lastro na periculosidade revelada pelo agente, o que possibilita a penalização inclusive de atos preparatórios.
(c) Sistema ou teoria objetiva ou realística
A punição da tentativa deve observar o aspecto objetivo do delito.
(D) Sistema ou teoria da impressão ou objetivo-subjetiva
Tem por escopo limitar o alcance da teoria subjetiva, evitando a punição irrestrita de atos preparatórios porque torna possível a punição da tentativa apenas a partir do momento em que a conduta seja capaz de abalar a confiança na vigência do ordenamento jurídico; e também quando a conduta transmita àqueles que dela tomem conhecimento a mensagem de perturbação da segurança jurídica. O nosso Código, como regra, adotou a teoria objetiva, punindo-se a tentativa com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3240. Há, por fim, casos específicos em que o legislador pune apenas a tentativa, não havendo previsão de crime na forma consumada. 
Exemplos: “Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente. Pena: reclusão, de 4 a 12 anos”; “Tentar mudar, com emprego de violência ou grave ameaça, a ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito. Pena: reclusão, de 3 a 15 anos.” (arts. 11 e 17 da Lei no 7.170/83, respectivamente).
São espécies de tentativa:
(a) Quanto ao iter criminis percorrido
Tentativa imperfeita (ou inacabada): o agente é impedido de prosseguir no seu intento, deixando de praticar todos os atos executórios à sua disposição.
Tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho ou crime frustrado): o agente, apesar de praticar todos os atos executóriosà sua disposição, não consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
(a) Quanto ao resultado produzido na vítima (objeto material): 
Tentativa branca ou incruenta: o golpe desferido não atinge o corpo da vítima, não gerando lesão efetiva, palpável à integridade corporal do ofendido;
Tentativa vermelha ou cruenta: a vítima é efetivamente atingida.
(C) Quanto à possibilidade de alcançar o resultado
Tentativa idônea: o resultado, apesar de possível de ser alcançado, só não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente;
Tentativa inidônea: aqui, o crime mostra-se impossível na sua consumação (art. 17 do CP) por absoluta ineficácia do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto material.
Entende-se por tentativa supersticiosa (ou irreal) aquela em que o agente acredita estar incurso numa situação típica que, na prática, não é realizável.
Infrações penais que não admitem tentativa
Nos crimes culposos o agente não tem dolo de consumação, o que o torna essa modalidade de delito incompatível com o instituto da tentativa. Em suma: via de regra, não admitem os crimes culposos a tentativa. Ressalva-se a hipótese, porém, de o episódio ser informado pela culpa imprópria, igualmente chamada de culpa por equiparação, extensão ou assimilação.
Nos crimes preterdolosos o agente também não quer o resultado agravador, que lhe é imputado a título de culpa. Logo, mostra-se igualmente incompatível essa espécie de crime com a tentativa. Não é possível falar de em tentativa de crime preterdoloso em relação ao resultado posterior (que é culposo). Culpa não admite a tentativa. Mas é perfeitamente possível a ocorrência de crime preterdoloso tentado quando o primeiro delito (doloso) não se consuma dando-se, entretanto, o resultado subsequente.
Exemplo 1: o médico não consegue interromper a gravidez da paciente – aborto, tipo fundamental, porém a gestante, em razão das manobras abortivas, morre resultado culposo qualificador. Nesse caso, prevalece que responderá ele (médico) por tentativa de aborto qualificado pela morte culposa (art. 126, c/c. o art. 127, ambos do CP). 
Exemplo 2: estupro qualificado pela morte culposa da vítima – se o agente, por conta do emprego da violência, acaba matando a vítima, mas não consegue a conjunção carnal, teremos tentativa de estupro qualificado pela morte culposa da vítima. 
Os crimes unissubsistentes, porque se consumam com apenas um único ato, não permitem o raciocínio da tentativa. Se for impossível o fracionamento do iter, se o crime se consuma apenas e tão-somente com um ato, não há que se falar em delito frustrado (ex: crimes omissivos puros). Anuncia o artigo 4o da Lei de Contravenções Penais não serem puníveis as contravenções penais quando tentadas. 
Nos crimes de atentado (ou de empreendimento), embora possível a tentativa, por opção legislativa a sua punição é a mesma do delito consumado, não se aplicando a redução de pena prevista no art. 14, parágrafo único do CP (ex: evasão mediante violência contra a pessoa, art. 352 do CP).
Os crimes habituais são caracterizados pela reiteração de atos. Assim, ou ocorre reiteração de atos e o crime se consuma ou não há reiteração e então o fato será atípico. 
Os crimes condicionados ao implemento de um resultado somente são puníveis se o evento descrito na norma ocorrer efetivamente.
Exemplo comum na doutrina é o do crime previsto no art. 122 do CP (participação em suicídio). Só é punível o comportamento de quem induz, instiga ou auxilia a vítima a se suicidar quando presente a lesão grave ou morte do suicida.
É possível tentativa no dolo eventual? 
Apesar de haver doutrina lecionando não ser possível tentativa no dolo eventual, argumentando que, nessa espécie, o agente não tem vontade de realizar o resultado (apenas o aceita como possível), prevalece a tese em sentido contrário.
 
E a tentativa nos crimes de ímpeto?
Há quem sustente a impossibilidade da tentativa nas situações em que o agente atua por impulso, pois nestes casos não haveria possibilidade de fracionamento dos atos executórios. A restrição, entretanto, não se impõe porque o fato de o crime ter sido empreendido num acesso de exaltação não implica, necessariamente, o óbice ao fracionamento da conduta.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são espécies de tentativa abandonada ou qualificada. 
É nota distintiva entre a tentativa abandonada ou qualificada, art. 15, CP e a tentativa simples (art. 14, II, CP) o fato de que, naquela, o agente desiste de prosseguir ou impede a consumação por um ato voluntário, enquanto nesta são circunstâncias alheias à vontade do agente que o impedem de alcançar a forma consumada do crime. 
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz, tratados como tentativa abandonada, são, tal como ocorre na tentativa simples, incompatíveis com os crimes culposos. Se nesses delitos o resultado é involuntário, não é possível ao agente desistir de alcançá-lo ou mesmo arrepender-se, após esgotar os meios de execução, e impedir a consumação. 
Desistência voluntária
Na desistência voluntária, o agente, por manifestação exclusiva do seu querer, desiste de prosseguir na execução da conduta criminosa.

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