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Sacro e cóccix Índice 1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 5 2- ANATOMIA DO SACRO E DO CÓCCIX .............................................................................................................. 6 2.1 – Ossos ................................................................................................................................................................ 7 2.1.1 - Sacro .......................................................................................................................................................... 7 2.1.2 – Cóccix ....................................................................................................................................................... 9 2.2 – Articulações ...................................................................................................................................................... 9 2.2.1 - Sacroilíaca ................................................................................................................................................. 9 2.2.2 - Sacrococcígea .......................................................................................................................................... 10 2.3 – Ligamentos ..................................................................................................................................................... 11 2.3.1 – Ligamentos interósseos e sacroilíacos posteriores .................................................................................. 11 2.3.2 – Ligamentos sacrotuberal e sacroespinal .................................................................................................. 13 2.3.3 – Ligamentos sacrococcígeos ..................................................................................................................... 15 2.4 – Músculos ........................................................................................................................................................ 16 2.4.1 – Piriforme ................................................................................................................................................. 16 2.4.2 – Diafragma da pelve ................................................................................................................................. 18 2.5 - Conexões fasciais importantes do sacro .......................................................................................................... 20 2.6 – Neuroanatomia ............................................................................................................................................... 21 2.6.1 - Plexo sacral .............................................................................................................................................. 21 3- FISIOLOGIA ARTICULAR DO SACRO .............................................................................................................. 24 3.1 - Biotipos ........................................................................................................................................................... 24 3.2 – Eixos de movimentos do sacro ....................................................................................................................... 25 3.3 – Categorias de movimentos do sacro ............................................................................................................... 28 3.4 – Movimentos específicos do sacro ................................................................................................................... 32 3.4.1 – Movimentos no plano sagital – flexão e extensão ................................................................................... 32 3.4.2 – Torções do sacro ..................................................................................................................................... 33 3.4.3 - Movimentos inerentes do sacro durante o RCS/IRC ............................................................................... 37 3.4.4 – Movimentos do sacro no parto: nutação e contra-nutação ...................................................................... 38 4 – FISIOLOGIA ARTICULAR DO CÓCCIX .......................................................................................................... 39 4.1 – Flexão do cóccix............................................................................................................................................. 39 4.2 – Extensão do cóccix ......................................................................................................................................... 39 4.3 – Inclinação/rotação do cóccix .......................................................................................................................... 39 5- DISFUNÇÕES SOMÁTICAS DO SACRO ........................................................................................................... 39 5.1 - Disfunção de extensão bilateral (posterioridade bilateral) .............................................................................. 41 5.2 - Disfunção de flexão bilateral (anterioridade bilateral) .................................................................................... 42 5.3 - Disfunção de extensão unilateral (base sacra posterior unilateral) ................................................................. 43 5.4 - Disfunção de flexão unilateral (Base sacra unilateral anterior) ....................................................................... 44 5.5 – Disfunção em torção direita sobre o eixo oblíquo direito (TDD) ................................................................... 45 5.6 – Disfunção de torção esquerda sobre o eixo oblíquo esquerdo (TEE) ............................................................. 47 5.7 – Disfunção de torção esquerda sobre o eixo oblíquo direito (TED) ................................................................ 48 5.8 – Disfunção de torção direita sobre o eixo oblíquo esquerdo (TDE) ................................................................ 49 5.9 – Torção intraóssea do sacro ............................................................................................................................. 51 6 - DISFUNÇÕES SOMÁTICAS DO CÓCCIX ......................................................................................................... 52 6.1 – Disfunção de flexão do cóccix ....................................................................................................................... 52 6.2 – Disfunção de extensão do cóccix ................................................................................................................... 53 7 – POSSÍVEIS CAUSAS DE DOR E/OU LIMITAÇÃO DE MOVIMENTO NA ARTICULAÇÃO SACRO- ILÍACA........................................................................................................................................................................ 53 7.1 – Sacroileíte ....................................................................................................................................................... 54 7.2 – Espondilite anquilosante................................................................................................................................. 55 7.3 – Artrite infecciosa ............................................................................................................................................ 55 8 – AVALIAÇÃO DO SACRO .................................................................................................................................. 55 8.1 - Testes ortopédicos ...........................................................................................................................................55 8.1.1 – Teste de Patrick ....................................................................................................................................... 55 8.1.2 – Teste do flamingo ................................................................................................................................... 56 8.1.3 – Teste de Gaenslen ................................................................................................................................... 57 8.2 - Testes osteopáticos de mobilidade articular .................................................................................................... 57 8.2.1 – Palpação das referências do sacro ........................................................................................................... 58 8.2.2 – Quick scan para articulação sacroilíaca .................................................................................................. 59 8.2.3 – Spring test do sacro ................................................................................................................................. 60 8.2.4 – Teste de polegares ascendentes (Piedallu) para o sacro .......................................................................... 61 8.2.5 – Teste de Gillet para o sacro ..................................................................................................................... 62 8.2.6 – Teste da inclinação do tronco para o sacro ............................................................................................. 64 8.2.7 – Teste de Mitchell para o sacro ................................................................................................................ 65 8.2.8 – Teste respiratório para o sacro ................................................................................................................ 66 9 - TÉCNICAS DE CORREÇÃO PARA O SACRO .................................................................................................. 67 9.1 – Técnicas de tecidos moles .............................................................................................................................. 67 9.1.1 – Liberação dos ligamentos sacroilíacos (ligamentos sacroilíacos posteriores, sacro-tuberal e sacro- espinhal) .............................................................................................................................................................. 67 9.1.2 – Técnica de liberação do músculo piriforme ............................................................................................ 67 9.1.3 – Técnica de Jones para o músculo piriforme ............................................................................................ 68 9.1.4 – Técnica de thrust para o músculo piriforme ............................................................................................ 69 9.1.5 – Técnica de energia muscular para o músculo piriforme .......................................................................... 69 9.1.6 – Técnica de liberação transversal para o músculo piriforme .................................................................... 70 9.1.7 – Técnica indireta/funcional para o sacro em decúbito dorsal ................................................................... 71 9.2 – Técnicas de correção de disfunções articulares .............................................................................................. 72 9.2.1 – Correções das disfunções unilaterais ...................................................................................................... 72 9.2.2 – Correções das disfunções em torção ............................................................................................................ 77 9.2.3 – Correções das disfunções bilaterais ........................................................................................................ 86 9.2.4 – Correção da disfunção intraossea ............................................................................................................ 89 9.2.5 – Técnica global na pelve........................................................................................................................... 90 9.2.6 – Correções das disfunções do cóccix ........................................................................................................ 91 10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................. 92 1 – INTRODUÇÃO A pelve é a conexão entre a coluna vertebral e os membros inferiores. Funciona como uma base que transmite forças da coluna para as extremidades inferiores e vice-versa. As forças opostas exercidas entre o sacro e os dois ossos ilíacos são suportadas por um potente sistema fascial que conecta essas peças ósseas. O sacro faz parte da cintura pélvica juntamente com os ilíacos, ísquios, púbis e também os órgãos e tecidos conectivos dispostos na zona. É formado pela fusão de cinco vértebras sacrais. Pode ser considerado um segmento chave no tratamento de Osteopatia devido as suas relações mecânicas e neurofisiológicas. Adapta-se em relação à estática dos indivíduos, pois é um osso com muita plasticidade. É fonte comum de disfunções e tem estreitas relações com diversas regiões do corpo humano, como a pelve e membros inferiores, com o crânio e vísceras. Entre essas relações destacam-se: a conexão com o crânio especialmente no osso occipital pelas fixações da dura- máter; com as vísceras da pelve menor (útero, próstata, bexiga, sigmóide e reto) pela inervação parassimpática e conexões fasciais; com a coluna vertebral, pois se move a partir de movimentos dela; com os membros inferiores pela inervação motora dos músculos inervados pelo nervo ciático (que tem raízes nervosas que saem pelos forames sacrais). Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 6 O sacro movimenta-se em relação aos ilíacos, sendo influenciado por várias forças, principalmente pelas que transmitidas pela coluna vertebral. Embora a movimentação seja pequena (milímetros), sua perda apresenta grande relevância clínica. A articulação sacroilíaca age como “amortecedor” do peso proveniente do tronco, cabeça e membros superiores que incide sobre os membros inferiores. Disfunções de mobilidade do complexo do sacro podem gerar alterações do centro de gravidade corporal (pelas falsas pernas curtas ou longas), alterações de tensões/densidades fasciais do diafragma pélvico e de músculos do tronco e membros inferiores, mudanças nos pontos de apoio de L5 sobre o sacro e também repercussões mecânicas e neurológicas em algumas vísceras. O tecido conjuntivo responsável por envolver todo o sistema nervoso central, a dura- máter, se insere cefalicamente no crânio, envolve o canal vertebral, e caudalmente se fixa no sacro (S2). Disfunções do sacro produzem facilmente adaptações nos ossos cranianos e vice- versa, pois a dura-máter é um tecido pouco flexível. O objetivo desta apostila é descrever anatomia e fisiologia articular do sacro para facilitar o entendimento das disfunções somáticas, avaliação e tratamento deste segmento. A apostila tem como objetivo ser um material de apoio do módulo, compreendendo as técnicas de avaliação e de tratamento utilizadas para o sacro durante o curso de Osteopatia do CBO. Além da leitura desse material, é recomendado ao aluno que aprofunde seus estudos em outros textos, especialmente as obras apontadas nas referências bibliográficas. 2- ANATOMIA DO SACRO E DO CÓCCIX O sacro é formado, no indivíduo adulto pela fusão de cinco vértebras sacrais que são originalmente separadas. É um osso grande, triangular, cujo ápice do triângulo situa-se inferiormente. Está localizado entre os ilíacos e forma a parede posterior da pelve. Tem a função de transmitir o peso dotronco, cabeça e membros superiores para os membros inferiores. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 7 Articula-se com os ilíacos (lateralmente), cóccix (inferiormente) e L5 (superiormente), onde forma o ângulo lombossacral, que varia de 130 a 160º. O cóccix é um pequeno osso triangular formado pela fusão de 4 vértebras coccígeas rudimentares. 2.1 – Ossos 2.1.1 - Sacro Podemos destacar algumas estruturas anatômicas como: o canal sacral – continuação do canal medular e contém a cauda equina; os forames sacrais – estão presentes na face pélvica e na face dorsal do sacro e dão passagem para os ramos anteriores e posteriores dos nervos espinhais, respectivamente; a base - sua região cefálica. Formada pela face superior de S1, onde os processos articulares de S1 se articulam com os processos articulares inferiores de L5. Na base sacra se situa o promontório sacro (região anterior superior do corpo de S1). Suas regiões laterais podem ser palpadas posteriormente, e são importantes pontos de referência para o Osteopata. os processos espinhosos – referências palpatórias o ápice sacro – sua região caudal. O ápice do sacro possui uma face oval, que recebe o cóccix. os ângulos inferolaterais – localizados nas porções laterais do ápice do sacro. Também são importantes pontos de referencia palpatórios dorsalmente; Suas faces: o Pélvica (anterior) - é lisa e côncava e apresenta 4 linhas horizontais que indicam os locais de fusão das vértebras sacrais (linhas transversais). o Dorsal (posterior) – A face dorsal do sacro é rugosa e convexa e apresenta cristas longitudinais. A crista central representa a fusão dos processos espinhosos. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 8 Apresenta também o hiato sacral (ausência da crista central à altura de S5) e os cornos sacrais, que situam-se laterais ao hiato sacral e representam os processos articulares inferiores de S5. o Auriculares - recebe o osso ilíaco na articulação sacroilíaca. É composta por um polo superior (braço menor) e um polo inferior (braço maior). Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 9 2.1.2 – Cóccix A superfície pélvica do cóccix é côncava e lisa e a superfície dorsal possui processos articulares rudimentares. Co1 está unida ao sacro pelos processos articulares, e conectada por uma rede ligamentar bastante nervada. Recebe fixação do glúteo máximo e músculo isquicoccígeo, além da intersecção fibrosa mediana dos músculos pubococcígeos. 2.2 – Articulações 2.2.1 - Sacroilíaca A articulação sacroilíaca é classificada como composta, pois é formada por uma articulação sinovial (anterior) e uma sindesmose (posterior). Sua parte sinovial é formada pela união das faces auriculares do sacro e do ílio e está coberta por cartilagem articular. Sua parte posterior é considerada uma sindesmose, pois apresenta os ligamentos interósseos que são a continuação dos ligamentos sacroilíacos posteriores. Outras sindesmoses como a radioulnar e a tibiofibular também apresentam ligamentos interósseos. Possui superfícies articulares irregulares, porém congruentes. Tem mobilidade limitada em função do seu papel na transmissão de peso do tronco para o membro inferior. A articulação se divide em braço maior (inferior) e menor (superior) e esta divisão se dá à altura da EIPS. O braço menor ou superior fica praticamente disposto no plano vertical, enquanto Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 10 o braço maior ou inferior está disposto horizontalmente. Por ter papel na transmissão de peso é uma articulação bastante estável e sua estabilidade é dada por uma forte rede ligamentar. Como citado anteriormente, a sacroilíaca tem movimentos limitados, com amplitudes de alguns milímetros. Diversos estudos feitos ao longo do tempo mostram distintas possibilidades de movimentos nessa articulação, com certa controvérsia entre os autores. Porém sabe-se que a mobilidade mesmo sendo pequena, tem grande importância clínica, pois é uma articulação extremamente sensorial e com grande participação funcional. É incontestável observar as melhorias clínicas nos pacientes após correção de eventuais disfunções nessa zona. 2.2.2 - Sacrococcígea Já a pequena articulação sacrococcígea é classificada como anfiartrose, com forma elíptica, que favorece os movimentos de flexão e extensão. Adaptações a tensões extrínsecas e também a traumas podem ocasionar pequenos movimentos laterais ou até mesmo de torção nessa região. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 11 Na sequência do texto será demonstrada detalhadamente a mobilidade dessas articulações. 2.3 – Ligamentos O sacro se relaciona com os ossos ilíacos através de 3 ligamentos verdadeiros e 3 ligamentos acessórios. Os considerados verdadeiros são: Ligamentos sacroilíacos anteriores Ligamentos inteósseos Ligamentos sacroilíacos posteriores Os ligamentos acessórios são: Ligamento sacrotuberal Ligamento sacroespinal Ligamentos ileolombares (suas fibras inferiores se unem aos ligamentos sacroilíacos anteriores, participando assim da mecânica da SI.) Esses grupos de ligamentos que fixam o sacro ao ílio proporcionam importantes informações sensoriais e alguns deles fazem parte de importantes cadeias fasciais que conectam o tronco, pelve e membros inferiores. 2.3.1 – Ligamentos interósseos e sacroilíacos posteriores Os ligamentos interósseos situam-se posteriormente na articulação. São abundantes e se situam profundamente entre as tuberosidades do sacro e do ílio, ocupando uma área de aproximadamente 10 cm2. Os ligamentos sacroilíacos posteriores são a continuação externa dos ligamentos interósseos. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 12 Tanto ligamentos interósseos quanto ligamentos sacroilíacos posteriores têm uma orientação no sentido superior e lateral, isto faz com que o peso corporal empurre o sacro para inferior e, consequentemente, os ilíacos contra o sacro, ou seja, os ilíacos comprimem o sacro. Os ligamentos iliolombares são acessórios neste mecanismo. Os ligamentos sacroilíacos posteriores apresentam relação anatômica íntima com os músculos eretores da espinha, camada posterior da fascia toracolombar e uma porção do ligamento sacrotuberal. Esses ligamentos posteriores ficam tensionados em qualquer situação em que o sacro apresente uma rotação posterior em relação aos ilíacos como: retificação da lordose lombar, início da gestação, disfunções sacrais posteriores (torção posterior, extensão uni ou bilateral). Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 13 2.3.2 – Ligamentos sacrotuberal e sacroespinal O ligamento sacrotuberal estende-se da parte posterior do ílio e da parte lateral do sacro e do cóccix até o túber isquiático, auxiliando na conformação do forame isquiático maior. A cabeça longa do bíceps femoral, o piriforme e o glúteo máximo apresentam expansões fasciais que se conectam a esse ligamento. Sugere-se que esse ligamento, com interação desses músculos, apresente importante papel no controle neuromuscular da articulação sacroilíaca. O ligamento sacroespinal estende-se da parte lateral do sacro e cóccix até a espinha do ísquio. Divide esse espaço em forame isquiático maior e menor. Esses 2 ligamentos restringem o movimento de rotação anterior do sacro entre os 2 ossos ilíacos. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 14 Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 15 Veja na imagem abaixo o território de dor referida de alguns desses ligamentos. 2.3.3 – Ligamentos sacrococcígeos Unem o sacro ao cóccix na região anterior (ligamento sacrococcígeo anterior), posterior (ligamentos sacrococcígeos posteriores) e laterais (ligamentos sacrococcígeos laterais). Dãoestabilidade à articulação sacrococcígea. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 16 2.4 – Músculos Os músculos atuantes na pelve podem ser classificados como: o Primários: músculos intrínsecos do diafragma pélvico. Serão descritos abaixo. o Secundários: músculos que apresentam fixações parciais na pelve. o Grupo dos abdominais o Quadrado lombar o Quadríceps o Sartório o Grácil o Iliopsoas o Grupo dos adutores o Glúteos (máximo, médio e mínimo) o Obturador externo o Gêmeos superior e inferior o Isquiotibiais o Piriforme *Tais músculos já estão amplamente descritos em apostilas anteriores, com exceção do piriforme e dos músculos do diafragma pélvico descritos logo abaixo. 2.4.1 – Piriforme Situa-se na parede posterior da cavidade pélvica. Tem fixação medial na face anterior do sacro (próximo aos forames sacrais anteriores), seu corpo preenche o forame isquiático maior e sua fixação lateral é na margem superior do trocânter maior do fêmur. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 17 É inervado pelos ramos anteriores de S1 e S2 e faz rotação lateral e abdução da coxa, além de estabilizar a cabeça do fêmur no acetábulo. O nervo isquiático apresenta relação íntima com as fibras desse músculo. Na grande parte dos indivíduos (85%) o nervo passa inferiormente ao piriforme, passando através do piriforme em apenas 1% dos casos. A porção fibular do nervo isquiático atravessa o piriforme e em 2 a 3% dos casos essa porção emerge superiormente ao músculo, passando em seguida posteriormente a Pontos-gatilho e zona de dor referida do músculo piriforme Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 18 ele. Alguns autores sugerem que o aumento da densidade das fascia do piriforme pode causar ciática, porém as evidências indicam que isso pode ocorrer não por uma condição de aumento de pressão e sim por reações químicas que podem irritar as fibras nervosas (Chila, 2010). É considerado um papel bastante relevante a esse músculo e seus envoltórios fasciais, pois sugere-se que suas fibras são responsáveis por proporcionar movimentos de torção do sacro sobre os ilíacos de maneira fisiológica durante a marcha e outros movimentos do tronco. Assim sendo, a fixação de disfunções em torção envolvem diretamente esse tecido e obviamente é necessário investigar problemas desse tipo em condições patológicas que o envolvem como, por exemplo, a chamada – síndrome do piriforme. 2.4.2 – Diafragma da pelve Formado pelos músculos do períneo como os isquicoccígeos e levantador do ânus e suas respectivas fáscias. Tais tecidos limitam a borda inferior da cavidade pélvica e sustentam importantes órgãos como a bexiga, o útero e o final do sistema digestório. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 19 Esse diafragma é atravessado pelo canal da vagina na mulher, pela uretra e pelo reto. Alguns autores sugerem a conexão fascial entre essa área com a parede abdominal tendo sua conexão na região púbica. Denominam essa cadeia como sendo a flexora do tronco. Sugerem que o aumento de densidade dessas fascias do assoalho pélvico pode causar uma flexão ou verticalização do sacro; retroversão pélvica assim como a abertura dos ilíacos devido à aproximação das tuberosidades isquiáticas. Tal situação poderia também resultar numa retificação da lordose lombar, rotação lateral dos membros e flexão dos joelhos. A cúpula diafragmática durante os movimentos respiratórios realiza movimentos em diversos planos. No caso descrito anteriormente com a retificação lombar, sua ação na fase inspiratória pode ficar mais concentrada na direção caudal, exercendo sobrecarga do assoalho pélvico, favorecendo aos processos de incontinência urinária e fecal. Essa condição de aumento de densidade das fascias do períneo pode provocar uma má nutrição celular e consequente atrofia e fibrose, deixando esses músculos incapazes de realizar suas funções cíclicas quando solicitados. Nos indivíduos com anteversão pélvica e aumento da lordose lombar, esse grupo de músculos também se encontra com sua atividade mecânica prejudicada estando tensionado excentricamente. 2.4.2.1 – Isquiococcígeos Têm fixação nas faces laterais do sacro e cóccix e na espinha isquiática. É inervado pelos nervos espinhais S4 e S5. Sustenta as vísceras pélvicas e flexiona o cóccix. 2.4.2.2 – Levantador do ânus Tem fixação anterior no corpo do púbis e posterior nas espinhas isquiáticas e na fascia obturadora e dá expansões fibrosas para o cóccix, paredes da próstata ou vagina e reto. É inervado pelo nível S4, nervo retal inferior e plexo coccígeo. Sustenta as vísceras e resiste ao aumento da pressão abdominal. Está dividido em músculo puborretal, pubococcígeo e iliococcígeo. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 20 Dá passagem à uretra (hiato urogenital), se mantém em contração na maior parte do tempo, pode ser contraído voluntariamente e deve relaxar para micção e defecação. 2.5 - Conexões fasciais importantes do sacro Existe uma lâmina de tecido conjuntivo disposta no sentido anteroposterior, denominada de lâmina sacro-reto-genito-púbica. Muitos autores de livros de anatomia denominam esta lâmina de forma compartimentada, dando o nome de acordo com as estruturas que são fixadas (ex: ligamento útero-sacral). Esta lâmina conecta de anterior para posterior: o púbis, a bexiga, o útero (somente nas mulheres), o reto, e o sacro. Músculos coccígeo e levantador do ânus Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 21 As tensões fasciais impostas por estes órgãos podem influenciar diretamente sobre a mobilidade do sacro. É bastante frequente observar nas mulheres com aumento da lordose lombar e o sacro horizontalizado (em flexão), o útero inclinado anteriormente ou antevertido. Da mesma forma nas mulheres com retificação da lordose lombar e o sacro verticalizado (em extensão), é comum observar o útero em retroversão. Disfunções sacrais recidivantes podem ser motivadas por tensões internas viscerais primárias. 2.6 – Neuroanatomia 2.6.1 - Plexo sacral Está localizado na parede pósterolateral da pelve menor, intimamente relacionado ao músculo piriforme. É formado pelos ramos anteriores de L4 a S4 e a maioria dos seus ramos sai da pelve pelo forame isquiático maior. Do plexo sacral saem fibras que vão formar os nervos: Glúteo superior (L4 a S1), Glúteo inferior (L5 a S2), Isquiático (L4 a S3), Cutâneo dorsal femoral posterior (S1 a S3) e Pudendo (S2 a S4). O nervo isquiático é o maior do corpo humano, passa anterior ao corpo do músculo piriforme, em seguida desce ao longo da face posterior da coxa para suprir a face posterior do membro inferior. Divide-se em nervo fibular comum e tibial. O nervo pudendo é o principal nervo do períneo e da sensibilidade dos órgãos genitais. Desce pelo forame isquiático maior e entra no períneo pelo forame isquiático menor. Inerva a pele e os músculos do períneo. O nervo glúteo superior inerva os músculos glúteos médio e mínimo e o tensor da fáscia lata. O nervo glúteo inferior inerva o músculo glúteo máximo. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 23 2.6.2 – Fibras parassimpáticas sacrais O sistema nervoso autônomo, em sua divisão parassimpática, apresenta funções mais localizadas nos órgãos voltadas ao metabolismo e conservação energética. A porção parassimpática apresenta fibras localizadas nos nervos cranianos III (oculomotor), VII (facial, IX (glossofaríngeo) e X (vago); e também nas fibras sacrais S2, S3 e S4. As fibras sacrais são destinadas a funções de alguns órgãos pélvicos: Porção distal do intestino grosso (colo descendente, sigmoide e reto): aumenta as contrações; Bexiga: contra as paredes (detrusor) e relaxa o esfíncter – micção; Órgãosgenitais (pênis, clitóris): promove a ereção; Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 24 Útero: pouca função. A inervação simpática desses órgãos tem suas origens em segmentos caudais do sistema, especialmente suas fibras lombares L1, L2. É necessário ter em mente alguns aspectos importantes seguindo o raciocínio osteopático: Disfunções das articulações sacroilíacas podem causar impacto negativo na atividade autonômica desses órgãos – REFLEXO SOMATOVISCERAL. Disfunções sacroilíacas podem ser secundárias a condições perturbadas desses órgãos, que poderiam ser estruturais (patológicas) ou funcionais (restrições fasciais viscerais) – REFLEXO VISCEROSOMÁTICO. É possível que alterações viscerais primárias causem, também por intermédio de reflexos viscerosomáticos, disfunções somáticas (facilitações) nos níveis medulares correspondentes à sua inervação simpática - níveis lombares altos nesse caso. 3- FISIOLOGIA ARTICULAR DO SACRO 3.1 - Biotipos Segundo Maigne (2006), os seres humanos podem ser divididos em três subtipos conforme a capacidade de movimentos das articulações, incluindo as sacroilíacas: Tipo dinâmico: corresponde a 25% da população. Apresentam movimentos amplos e grande adaptação à mobilidade em posição bípede. A superfície articular do sacro é côncava e esses indivíduos tem as curvaturas da coluna acentuadas. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 25 Tipo estático: corresponde a 25% da população. As superfícies articulares são planas. Esses indivíduos têm as curvaturas da coluna diminuídas. Tipo intermediário: é o tipo mais comum e ocorre em 50% dos humanos. As articulações sacroilíacas são mantidas por ligamentos potentes. 3.2 – Eixos de movimentos do sacro Existem diversos estudos que buscam esclarecer a mobilidade da articulação sacroilíaca, e com isso surgem várias teorias de diferentes autores responsáveis por estes estudos. Alguns sugerem diferentes eixos responsáveis pelos movimentos desta articulação. Para Bonnaire o principal eixo de movimento atravessa um ponto da superfície articular do sacro (eixo auricular). Farabeuf sugere que o eixo passe posteriormente à superfície auricular (eixo retroauricular). Outros autores criticam essas hipóteses e sugerem outras localizações desses eixos, como Delmas e Weisl. Tipo dinâmico com aumento de curvaturas Tipo estático com diminuição das curvaturas Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 26 Diferentes eixos da articulação sacroilíaca: 1 – Bonnaire; 2 – Farabeuf; 3 – Weisl e 4 – Mennel. Movimentos do sacro de acordo com Bonnaire Movimentos do sacro de acordo com Farabeuf Primeiro tipo de movimento do sacro de acordo com Weisl (86 a 88% dos indivíduos) Segundo tipo de movimento do sacro de acordo com Weisl (12 a 14% dos indivíduos) Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 27 Como já citado, muitos autores sugerem diversas situações que envolvem a mobilidade dessa articulação, o que pode tornar um pouco confusão a aplicação prática desses conceitos. Utilizamos como referência em nosso material, na busca de padronização, as nomenclaturas e também as sugestões de movimentos que são citadas no glossário de terminologias osteopáticas publicado pelo ECOP (Educational Council of Osteopathic Principles). Segundo o glossário do ECOP o sacro apresenta os seguintes eixos de movimentos: EIXOS TRANSVERSAIS – descritos por Mitchell (Chila, 2010) Eixo transverso superior (respiratório): eixo hipotético no qual o sacro se movimenta durante os ciclos respiratórios diafragmáticos. Atravessa o sacro de lado a lado, posteriormente às fixações da dura-máter no nível de S2. O sacro também realiza movimentos involuntários durante o chamado ritmo craniosacral (RCS) ou impulso rítmico craniano (IRC), e sugere-se que esses movimentos ocorram nesse eixo. Eixo transversal médio (postural): Eixo funcional que permite a flexão/extensão na posição ortostática, sentado, etc. Passa horizontalmente através do aspecto anterior do sacro no nível de S2. Eixo transverso inferior (inominado): eixo funcional de movimentos que passa de lado a lado numa linha através da interlinha articular inferior da sacroilíaca (polo inferior/braço maior). Esse eixo representa os movimentos do ilíaco sobre o sacro. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 28 OUTROS EIXOS Eixo anteroposterior (x): eixo formado na linha de intersecção do plano sagital e transversal. Eixo vertical (longitudinal): eixo hipotético formado pela linha de intersecção do plano mediosagital e coronal. Eixo oblíquo: eixo funcional hipotético que vai do polo superior (braço menor) da articulação sacroilíaca de um lado, para o polo inferior (braço maior) da sacroilíaca do outro lado. É denominado direito ou esquerdo dependendo do ponto de origem superior. 3.3 – Categorias de movimentos do sacro O sacro realiza movimentos importantes funcionais nos três planos de espaço. Sua mobilidade pode ocorrer simultaneamente em múltiplos planos de espaço. Realiza movimentos funcionais anteroposteriores, rotacionais e também de inclinações. Esses movimentos são Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 29 influenciados pela marcha, pelos movimentos do tronco e também dos membros inferiores que repercutem sobre os ilíacos e consequentemente sobre o sacro. Durante o parto natural também ocorrem os movimentos denominados de nutação e contra-nutação do sacro. Considerando os eixos descritos anteriormente, é possível distinguir 4 categorias de movimentos do sacro (Chila, 2010): 1) Movimentos posturais 2) Movimentos respiratórios 3) Movimentos inerentes 4) Movimentos dinâmicos 1. Movimentos posturais: Movimentos de flexão e extensão que o sacro realiza, através do eixo transverso postural, nas posições sentado e em pé. A nomenclatura de flexão e extensão se dá pelo ponto de referência da porção anterior da base do sacro. Flexão (inclinação anterior, nutação) ocorre com o deslocamento anterior da base do sacro. Extensão (inclinação posterior, contra-nutação) ocorre quando a base sacral se desloca no sentido posterior. * A terminologia da mobilidade sacral segue a mesma referência usada para a mobilidade vertebral, a região mais anterosuperior do corpo (no caso do sacro, a sua base). A flexão e extensão postural podem ser denominadas como base anterior – flexão; ou base posterior – extensão. Isso previne confusões com a denominação de flexão/extensão que ocorrem como consequência ao ritmo craniosacral. Quando uma pessoa está sentada e inclina seu tronco anteriormente, a base do sacro move-se anteriormente (flexão). Quando o indivíduo está em pé e começa a se inclinar Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 30 anteriormente, a base do sacro começa a se deslocar anteriormente (flexão) aumentando a tensão nos ligamentos sacrotuberais. Quando continua a inclinação anterior, a pelve se desloca posteriormente em relação aos pés, causando deslocamento posterior da base sacral (extensão) no final do movimento. 2. Movimentos respiratórios: O diafragma influencia diretamente a mobilidade do sacro causando movimentos que ocorrem através do eixo transverso superior (respiratório). Quando ocorre a inspiração, a curvatura lombar lordótica reduz, levando a base sacral posteriormente como consequência (extensão). Na expiração ocorre o oposto, a base se desloca anteriormente – flexão. 3. Movimentos inerentes: Essa terminologia está relacionada à posição do sacro em relação aos movimentos de flexão/extensão da sincondrose esfenobasilar (SEB) no crânio durante o impulso rítmico craniano (IRC). Na flexão da SEB a base do sacro se desloca posteriormente– flexão do sacro no IRC. Na extensão da SEB a base do sacro se desloca anteriormente – extensão do sacro no IRC. É importante ressaltar que o movimento do sacro é relacionado ao IRC para não causar confusão ao leitor, comparando aos movimentos descritos anteriormente. 4. Movimentos dinâmicos: Movimentos dinâmicos de toda a pelve que ocorrem durante a marcha. Durante a marcha também ocorrem movimentos do sacro. Na fase de apoio há aumento da compressão na articulação sacroilíaca homolateral e abertura da contralateral. Quando a descarga de peso ocorre num membro, a inclinação homolateral lombar provoca um eixo oblíquo unilateral pelo deslocamento de peso para essa sacroilíaca. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 31 A base do sacro então acaba se deslocamento anteriormente no lado oposto, acompanhando a rotação anterior do ilíaco. No próximo passo dado, o processo se reverte ao modo que ocorre a mudança de deslocamento de massa para o outro membro inferior. Sendo assim, a base do sacro é constantemente deslocada anteriormente em um lado e em seguida no outro, através de eixos oblíquos. Juntamente a isso, ocorrem as rotações alternadas dos ilíacos: lado de apoio – rotação posterior; lado oposto – rotação anterior. A figura abaixo representa o que ocorreria com o sacro e os ilíacos na fase de apoio do membro inferior direito na marcha. Quando é realizada a combinação de flexão do tronco com inclinação lateral, o sacro faz uma torção posterior, que será descrita a seguir no texto. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 32 3.4 – Movimentos específicos do sacro 3.4.1 – Movimentos no plano sagital – flexão e extensão 3.4.1.1 – Extensão bilateral Ocorre sobre o eixo transverso médio (postural). A base sacra se desloca no sentido posterior e superior – ao longo do braço menor. O ápice (ângulos inferolaterais - AILs) no sentido anterior e superior – ao longo do braço maior. O sacro se desloca no sentido cefálico como um todo. Esse movimento ocorre no final da fase de flexão do tronco quando a lordose lombar se retifica levando a base sacral no sentido posterior. 3.4.1.2 – Flexão bilateral Ocorre sobre o eixo transverso médio (postural). A base sacra se desloca no sentido anterior e inferior – ao longo do braço menor. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 33 O ápice (ângulos inferolaterais - AILs) no sentido posterior e inferior – ao longo do braço maior. O sacro se desloca no sentido caudal como um todo. Esse movimento ocorre na extensão do tronco quando a lordose lombar é aumentada, levando a base sacral no sentido anterior. 3.4.2 – Torções do sacro As torções podem ser simplesmente divididas em torções anteriores ou posteriores. ANTERIORES Nas torções anteriores o sacro roda para o mesmo lado do seu eixo oblíquo: torção esquerda sobre o eixo oblíquo esquerdo - TEE torção direita sobre o eixo oblíquo direito - TDD Nesses casos, uma das bases do sacro se desloca anteriormente durante o movimento, que é funcional da marcha. POSTERIORES Nas torções posteriores o sacro roda para o lado oposto do seu eixo oblíquo: Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 34 torção esquerda sobre o eixo oblíquo direito - TED torção direita sobre o eixo oblíquo esquerdo - TDE. Hipoteticamente esses movimentos ocorrem com a combinação de movimentos de flexão e rotação/inclinação do tronco. 3.4.2.1 – Torção esquerda sobre o eixo oblíquo esquerdo (TEE) Os movimentos de torção sacral se caracterizam por movimentos associados de rotação e inclinação do sacro sobre os eixos oblíquos. O sacro se movimenta em TEE durante a fase de apoio do pé esquerdo, como descrito anteriormente nos movimentos do sacro durante a marcha. A TEE é um movimento produzido sobre o eixo oblíquo esquerdo. Esse eixo oblíquo esquerdo, que passa pelo braço menor (polo superior) esquerdo e pelo braço maior (polo inferior) direito, é produzido hipoteticamente pelo piriforme direito. A base sacra direita se desloca no sentido anterior e inferior e o AIL esquerdo no sentido posterior e inferior. O sacro roda para esquerda, e se inclina brevemente para o lado esquerdo, pois o movimento caudal/inferior é mais amplo no braço maior esquerdo do que no braço menor direito. Torção esquerda sobre o eixo oblíquo esquerdo (TEE) Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 35 3.4.2.2 – Torção direita sobre o eixo oblíquo direito (TDD) Movimento de rotação direita do sacro produzido sobre o eixo oblíquo direito. Esse eixo oblíquo direito, que passa pelo braço menor (polo superior) direito e pelo braço maior (polo inferior) esquerdo, é produzido hipoteticamente pelo piriforme esquerdo. O sacro se movimenta em TDD durante a fase de apoio do pé direito, como descrito anteriormente nos movimentos do sacro durante a marcha. A base sacra esquerda se desloca no sentido anterior e inferior e o AIL direito no sentido posterior e inferior. O sacro roda para direita, e se inclina brevemente para o lado direito, pois o movimento caudal/inferior é mais amplo no braço maior direito do que no braço menor esquerdo. 3.4.2.3 – Torção direita sobre o eixo oblíquo esquerdo (TDE) Ocorre quando os ilíacos estão estabilizados, e com a combinação dos movimentos de flexão e rotação direita do tronco que repercutem sobre o sacro. Torção direita sobre o eixo oblíquo direito (TDD) Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 36 A TDE é um movimento produzido sobre o eixo oblíquo esquerdo. Esse eixo oblíquo esquerdo, que passa pelo braço menor (polo superior) esquerdo e pelo braço maior (polo inferior) direito, é produzido hipoteticamente pelo piriforme direito. A base sacral direita se desloca no sentido posterior e superior e o AIL esquerdo no sentido anterior e superior. O sacro roda para a direita e também se inclina para a direita, pois o movimento cefálico que ocorre no braço maior esquerdo é mais amplo que o movimento que ocorre no braço menor direito. 3.4.2.4 – Torção esquerda sobre o eixo oblíquo direito (TED) Ocorre quando os ilíacos estão estabilizados, e com a combinação dos movimentos de flexão e rotação direita do tronco que repercutem sobre o sacro. A TED é um movimento produzido sobre o eixo oblíquo direito. Esse eixo oblíquo direito, que passa pelo braço menor (polo superior) direito e pelo braço maior (polo inferior) esquerdo, é produzido hipoteticamente pelo piriforme esquerdo. A base sacral esquerda se desloca no sentido posterior e superior e o AIL direito no sentido anterior e superior. O sacro roda para a esquerda e também se inclina para a esquerda, Torção direita sobre o eixo oblíquo esquerdo Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 37 pois o movimento cefálico que ocorre no braço maior direito é mais amplo que o movimento que ocorre no braço menor esquerdo. 3.4.3 - Movimentos inerentes do sacro durante o RCS/IRC Além de realizar movimentos durante o parto e adaptando-se aos movimentos do tronco, o sacro também apresenta mobilidade causada pelo ritmo craniosacral (RCS) ou impulso rítmico craniano (IRC), pois a dura-máter é o tecido que propaga as tensões que se iniciam no crânio. Esses movimentos ocorrem através do eixo respiratório do sacro descrito anteriormente. Na fase de flexão do ritmo, a tensão dural imposta no crânio induz o sacro a realizar o movimento de flexão – base posterior e ápice anterior. Na fase de extensão do ritmo ocorre a diminuição das tensões durais levando o sacro à posição de extensão – base anterior e ápice posterior. Torção esquerda sobre o eixo oblíquo direito 3.4.4 – Movimentos do sacro no parto: nutação e contra-nutação Durante o parto natural o sacro se movimenta no plano sagital sobre o eixoformado pelos ligamentos interósseos, nos movimentos de nutação e contra-nutação. Esses movimentos apresentam a mesma fisiologia dos movimentos posturais de flexão e extensão, porém manteremos essa denominação descrita inferiormente como os movimentos que somente ocorrem durante o parto. Durante a nutação a base sacra se desloca no sentido anterior e inferior e o ápice do sacro no sentido posterior e superior. Durante a contra-nutação a base sacra se desloca no sentido posterior e superior e o ápice sacro no sentido anterior e inferior. Fase de flexão do ritmo craniosacral Fase de extensão do ritmo craniosacral Nutação Contra-nutação Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 39 4 – FISIOLOGIA ARTICULAR DO CÓCCIX 4.1 – Flexão do cóccix Durante a flexão a região inferior do cóccix se dirige no sentido anterior. Ocorre durante o parto, quando o cóccix acompanha o movimento do sacro. É realizado pelos músculos isquiococcígeos. 4.2 – Extensão do cóccix Durante a extensão a região inferior do cóccix se dirige no sentido posterior. Pequeno movimento que ocorre durante o parto, quando o cóccix acompanha o movimento do sacro. 4.3 – Inclinação/rotação do cóccix Pequenos movimentos que ocorrem por tração dos ligamentos sacroespinhal e sacrotuberal. 5- DISFUNÇÕES SOMÁTICAS DO SACRO São disfunções de mobilidade do sacro em relação aos ilíacos. Nestas disfunções os ilíacos podem estar livres, portanto seus testes de mobilidade podem ter resultado negativo. Certamente também pode estar acompanhadas de disfunções ilíacas – iliosacrais. É interessante Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 40 buscar a diferenciação de importância das disfunções sacroilíacas ou iliosacrais quando ambas estão presentes, buscando as disfunções primárias através dos testes de mobilidade. * utilizaremos os termos: disfunção SACROILÍACA – fixação do sacro em relação ao ilíaco e; disfunção ILIOSACRAL – fixação do ilíaco em relação ao sacro. As disfunções sacrais podem manifestar dor ao caminhar, ao alterar decúbito, dor lombar baixa, ciatalgias e dores nos glúteos em disfunções de torção sacra. Além disso, podem provocar repercussões diretas sobre o occipital por meio da dura-máter, e também em vísceras dos sistemas digestório, reprodutor, e urinário pelas tensões fasciais que correlacionam essas estruturas. Podemos distinguir quatro categorias de disfunções do sacro: 1. Disfunções bilaterais (posturais): a. Flexão (anterioridade) bilateral b. Extensão (posterioridade) bilateral 2. Disfunções unilaterais (traumáticas ou adaptativas): a. Flexão (anterioridade) unilateral b. Extensão (posterioridade) unilateral 3. Disfunções em torção: a. Torções anteriores: TEE ou TDD b. Torções posteriores: TDE ou TED 4. Alteração estrutural do sacro: a. Torção intraóssea: repercussão da escoliose no sacro. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 41 5.1 - Disfunção de extensão bilateral (posterioridade bilateral) O mecanismo disfuncional é uma flexão lombar brusca ou adaptativa à retificação lombar (disfunção postural do sacro). Ocorre sobre o eixo transverso médio (postural). O sacro está fixado nos polos superiores (braços menores) das articulações sacroilíacas. O paciente tem dificuldade em manter a postura ereta e pode buscar posição antálgica de flexão. As disfunções bilaterais normalmente estão relacionadas à estática do indivíduo. Dessa forma, para seu tratamento, é necessária uma abordagem global sobre o corpo. Localmente é essencial o trabalho sobre os tecidos fasciais para normalizar a mobilidade do sacro, além das correções feitas sobre as facetas articulares das sacroilíacas. Fixada pelo aumento da densidade fascial: dos piriformes, músculos do períneo e glúteos máximos. As bases sacras estão fixadas no sentido posterior e superior. Os AILs se encontram fixados no sentido anterior e superior. Isso faz com que o sacro seja deslocado no sentido cefálico. Achados na extensão bilateral: Palpando as referências em prono: bases simétricas (entre si) e rasas; AILs simétricos (entre si) e profundos. O teste de flexão sentado é negativo pois a fixação é bilateral, não existe assimetria no teste. O spring test na região das bases sacrais é positivo, pois as mesmas recusam o deslizamento anterior. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 42 No teste de extensão em prono (Mitchell): as bases do sacro recusam o deslizamento anterior e os AILs não realizam o deslizamento posterior como deveriam. No teste de Gillet encontra-se fixação bilateral das SIs, geralmente em seus braços menores. 5.2 - Disfunção de flexão bilateral (anterioridade bilateral) O mecanismo disfuncional é uma extensão lombar brusca ou adaptativa à hiperlordose lombar (disfunção postural do sacro). Ocorre sobre o eixo transverso médio (postural). O sacro está fixado normalmente nos polos inferiores (braços maiores) das articulações sacroilíacas. O paciente tem dificuldade em flexionar o tronco. As disfunções bilaterais normalmente estão relacionadas à estática do indivíduo. Dessa forma, para seu tratamento, é necessária uma abordagem global sobre o corpo. Localmente é essencial o trabalho sobre os tecidos moles para normalizar a mobilidade do sacro, além das correções feitas sobre as facetas articulares das sacroilíacas. Fixada pelo aumento da densidade fascial: dos paravertebrais lombares. As bases sacras estão fixadas no sentido anterior e inferior. Os AILs se encontram fixados no sentido posterior e inferior. Isso faz com que o sacro seja deslocado no sentido caudal. Achados na flexão bilateral: Palpando as referências em prono: bases simétricas (entre si) e profundas; AILs simétricos (entre si) e rasos. O teste de flexão sentado é negativo pois a fixação é bilateral, não existe assimetria no teste. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 43 O spring test na região das bases sacrais é negativo, pois as mesmas encontram-se deslocadas anteriormente e aceitam agravar a posição. No teste de extensão em prono (Mitchell): as bases do sacro aceitam o deslizamento anterior e os AILs realizam o deslizamento posterior como deveriam. No teste de Gillet encontra-se fixação bilateral das SIs, geralmente em seus braços maiores. 5.3 - Disfunção de extensão unilateral (base sacra posterior unilateral) Disfunção unilateral traumática ou adaptativa do sacro, com componente maior de inclinação do que de rotação. O mecanismo disfuncional pode ser pós chicote (como ocorre em acidentes automobilísticos), onde há compressão do sacro pelas vértebras lombares em flexão. O movimento de flexão e também adaptação ao ilíaco posterior podem ser as fontes desta disfunção. Ocorre sobre o semi-eixo transverso médio (postural), onde a base sacra se fixa no sentido posterior e superior e o AIL homolateral se desloca no sentido anterior e superior. O sacro está em inclinação contralateral à fixação. Paciente apresenta falsa perna curta homolateral e a extensão lombar está restrita. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 44 Achados no exemplo da imagem - extensão unilateral direita: a base sacra direita está fixada no sentido posterior e superior. O AIL direito se encontra fixado no sentido anterior e superior. Isso faz com que também ocorra uma inclinação lateral esquerda do sacro, pelo deslocamento superior proporcionados pelos 2 braços articulares direitos. Palpando as referências em prono: bases assimétricas - direita rasa e esquerda profunda; AILs assimétricos – direito profundo e superior; e esquerdo raso e inferior. O teste de flexão sentado é positivo a direita. O spring test na região das bases sacrais é positivo a direita, pois a base direita recusa-sedeslocar anteriormente. No teste de extensão em prono (Mitchell): a base direita não aceita o deslocamento anterior na extensão do tronco. No teste de Gillet encontra-se fixação unilateral da SI no lado direito. Podem estar fixados os dois braços articulares, mas geralmente nessa disfunção o braço menor está restrito. 5.4 - Disfunção de flexão unilateral (Base sacra unilateral anterior) Disfunção unilateral traumática ou adaptativa do sacro, com componente maior de inclinação do que de rotação. O mecanismo disfuncional pode ser um trauma na base sacra (unilateral), uma adaptação a uma perna curta homolateral. O movimento de extensão e também adaptação ao ilíaco anterior podem ser as fontes desta disfunção Ocorre sobre o semi-eixo transverso médio (postural), onde a base sacra se fixa no sentido anterior e inferior e o AIL homolateral se desloca no sentido posterior e inferior. O sacro está em inclinação homolateral à fixação. Paciente apresenta falsa perna longa homolateral e a flexão lombar está restrita. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 45 Achados no exemplo da imagem - flexão unilateral direita: flexão unilateral direita: a base sacra direita está fixada no sentido anterior e inferior. O AIL direito se encontra fixado no sentido posterior e inferior. Isso faz com que também ocorra uma inclinação lateral direita do sacro, pelo deslocamento inferior proporcionados pelos 2 braços articulares direitos. Palpando as referências em prono: bases assimétricas - direita profunda e esquerda rasa; AILs assimétricos – direito raso e inferior; e esquerdo profundo e superior. O teste de flexão sentado é positivo a direita. O spring test na região dos AILs sacrais é positivo a direita, pois o AIL direito recusa-se deslocar anteriormente. Nas bases o teste é negativo pois ambas anteriorizam-se. No teste de extensão em prono (Mitchell): a base esquerda e direita aceitam o deslocamento anterior na extensão do tronco. No teste de Gillet encontra-se fixação unilateral da SI no lado direito. Podem estar fixados os dois braços articulares, mas geralmente nessa disfunção o braço maior está restrito. 5.5 – Disfunção em torção direita sobre o eixo oblíquo direito (TDD) Disfunção que pode ocorrer durante a marcha, movimentos do tronco ou de forma adaptativa. Existe um aumento da tensão fascial do piriforme esquerdo e dos músculos lombares Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 46 direitos (como ao pisar num buraco sem tê-lo visto). O sacro se fixa rodado e inclinado para direita, com movimento sobre o eixo oblíquo direito. Paciente pode sentir dor ao caminhar e apresenta falsa perna longa direita. A base sacra esquerda se encontra deslocada no sentido anterior e inferior, e o AIL direito no sentido posterior e inferior, como mostra a imagem abaixo. No plano sagital o sacro faz uma breve inclinação lateral à direita, pois o movimento é mais amplo no braço maior (inferior) direito. Essa disfunção também pode ser chamada de torção anterior à esquerda, pois a base esquerda se encontra fixada em anterioridade. Achados na TDD: Palpando as referências em prono: bases assimétricas – esquerda profunda e direita rasa; AILs assimétricos – direito raso e inferior; e esquerdo profundo e superior. O teste de flexão sentado é positivo a esquerda, pois revela o lado da fixação da base do sacro. O spring test na região dos AILs sacrais é positivo a direita, pois o AIL direito recusa-se deslocar anteriormente. Nas bases o teste é negativo pois ambas anteriorizam-se. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 47 No teste de extensão em prono (Mitchell): a base esquerda e direita aceitam o deslocamento anterior na extensão do tronco. No teste de Gillet encontra-se fixação bilateral das SIs. No lado esquerdo encontra-se uma fixação no braço menor; no lado direito uma fixação no braço maior. Isso caracteriza um eixo oblíquo direito do sacro. 5.6 – Disfunção de torção esquerda sobre o eixo oblíquo esquerdo (TEE) Disfunção que pode ocorrer durante a marcha, movimentos do tronco ou de forma adaptativa. Existe um aumento da tensão fascial do piriforme direito e dos músculos lombares esquerdos (como ao pisar num buraco sem tê-lo visto). O sacro se fixa rodado e inclinado para esquerda, com movimento sobre o eixo oblíquo esquerdo. Paciente pode sentir dor ao caminhar e apresenta falsa perna longa esquerda. A base sacra direita se encontra deslocada no sentido anterior e inferior, e o AIL esquerdo no sentido posterior e inferior, como mostra a imagem abaixo. No plano sagital o sacro faz uma breve inclinação lateral à esquerda, pois o movimento é mais amplo no braço maior (inferior) esquerdo. Essa disfunção também pode ser chamada de torção anterior à direita, pois a base direita se encontra fixada em anterioridade. Achados na TEE: Palpando as referências em prono: bases assimétricas – direita profunda e esquerda rasa; AILs assimétricos – esquerdo raso e inferior; e direito profundo e superior. O teste de flexão sentado é positivo a direita, pois revela o lado da fixação da base do sacro. O spring test na região dos AILs sacrais é positivo a esquerda, pois o AIL esquerdo recusa-se deslocar anteriormente. Nas bases o teste é negativo pois ambas anteriorizam-se. No teste de extensão em prono (Mitchell): a base esquerda e direita aceitam o deslocamento anterior na extensão do tronco. No teste de Gillet encontra-se fixação bilateral das SIs. No lado direito encontra-se uma fixação no braço menor; no lado esquerdo uma fixação no braço maior. Isso caracteriza um eixo oblíquo esquerdo do sacro. 5.7 – Disfunção de torção esquerda sobre o eixo oblíquo direito (TED) Disfunção que ocorre por movimentos forçados do tronco que combinam flexão e rotação/inclinação do tronco. Um exemplo seria levantar algum objeto do solo, quando há contração do piriforme esquerdo (realizando o eixo direito do sacro) pelo apoio maior sobre o pé esquerdo e dos músculos lombares direitos para inclinar o tronco e estabilizar o movimento do membro superior esquerdo. O sacro se fixa em rotação esquerda sobre o eixo oblíquo direito. O piriforme esquerdo hipoteticamente materializa o eixo oblíquo direito. A base sacra esquerda está posterior e superior e o AIL direito está anterior e superior. No plano sagital ocorre uma breve inclinação esquerda do sacro, pois o movimento do braço maior (inferior) direito é maior. Essa disfunção também pode ser chamada de torção posterior à esquerda, pois a base esquerda se encontra fixada em posterioridade. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 49 Achados na TED: Palpando as referências em prono: bases assimétricas – direita profunda e esquerda rasa; AILs assimétricos – esquerdo raso e inferior; direito profundo e superior. O teste de flexão sentado é positivo a esquerda, pois revela o lado da fixação da base do sacro. O spring test na região das bases sacrais é positivo a esquerda, pois a base esquerda recusa-se deslocar anteriormente. Nos AILs o teste é negativo pois ambos anteriorizam-se. No teste de extensão em prono (Mitchell): a base esquerda recusa-se a anteriorizar. No teste de Gillet encontra-se fixação bilateral das SIs. No lado esquerdo encontra-se uma fixação no braço menor; no lado direito uma fixação no braço maior. Isso caracteriza um eixo oblíquo direito do sacro. 5.8 – Disfunção de torção direita sobre o eixo oblíquo esquerdo (TDE) Disfunção que ocorre por movimentos forçados do tronco que combinam flexão e rotação/inclinação do tronco. Um exemplo seria levantar algum objeto do solo, quando há contração do piriforme direito (realizando o eixo esquerdo do sacro) pelo apoio maior sobre o pé Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 50 direito e dos músculos lombares esquerdos parainclinar o tronco e estabilizar o movimento do membro superior direito. O sacro se fixa em rotação direita sobre o eixo oblíquo esquerdo. O piriforme direito hipoteticamente materializa o eixo oblíquo esquerdo. A base sacra direita está posterior e superior e o AIL esquerdo está anterior e superior. No plano sagital ocorre uma breve inclinação direita do sacro, pois o movimento do braço maior (inferior) esquerdo é maior. Essa disfunção também pode ser chamada de torção posterior à direita, pois a base direita se encontra fixada em posterioridade. Achados na TDE: Palpando as referências em prono: bases assimétricas – esquerda profunda e direita rasa; AILs assimétricos – direito raso inferior; esquerdo profundo e superior. O teste de flexão sentado é positivo a direita, pois revela o lado da fixação da base do sacro. O spring test na região das bases sacrais é positivo a direita, pois a base direita recusa-se deslocar anteriormente. Nos AILs o teste é negativo pois ambos anteriorizam-se. No teste de extensão em prono (Mitchell): a base direita recusa-se a anteriorizar. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 51 No teste de Gillet encontra-se fixação bilateral das SIs. No lado direito encontra-se uma fixação no braço menor; no lado esquerdo uma fixação no braço maior. Isso caracteriza um eixo oblíquo esquerdo do sacro. 5.9 – Torção intraóssea do sacro Trata-se de uma alteração estrutural óssea do sacro – adaptação da escoliose. É uma torção intrínseca, uma deformidade das fibras ósseas do sacro que ocorre em adaptação às escolioses vertebrais. É uma deformidade que faz com que o sacro tenha suas referências ósseas palpatórias dispostas como se fosse uma disfunção dupla unilateral do sacro (flexão unilateral de um lado e extensão unilateral do outro). Esta alteração na morfologia óssea pode ou não ser acompanhada de perda de mobilidades das SIs. Numa torção intraóssea direita do sacro há uma deformidade em extensão unilateral do lado direito e uma disfunção em flexão unilateral do lado esquerdo. Isto gera uma rotação direita e principalmente uma inclinação esquerda do sacro. Disfunção de torção intraóssea direita do sacro Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 52 Há repercussão importante sobre os ilíacos que se adaptam em torção, sendo um ilíaco anteriorizado no lado da flexão unilateral do sacro e outro posteriorizado ao mesmo lado da extensão unilateral do sacro. A coluna lombar normalmente apresenta uma convexidade no lado da inclinação do sacro, pois realiza uma inclinação oposta. O objetivo do tratamento Osteopático é diminuir a tensão sobre as fibras ósseas e fasciais periarticulares que fixam uma eventual perda de função/mobilidade local. Para isso utiliza-se, além do tratamento global, localmente uma técnica direita na qual encontra-se a barreira fascial e amplia-se a mesma até atingir o limite funcional dos tecidos. Não faz o menor sentido utilizar técnicas de thrust com a meta de corrigir essa alteração anatômica. 6 - DISFUNÇÕES SOMÁTICAS DO CÓCCIX 6.1 – Disfunção de flexão do cóccix Nesta disfunção a região inferior do cóccix está fixada na posição anterior. Causada por traumatismos diretos (cair sentado, pancada na região posterior do cóccix) ou por disfunções viscerais (reto, útero, bexiga) por suas relações com o períneo. Fixada pelo aumento da tensão fascial do períneo e elevador do ânus. Paciente pode apresentar dor ao ficar na posição sentada, ao flexionar o tronco e no músculo elevador do ânus. 6.2 – Disfunção de extensão do cóccix Nesta disfunção a região inferior do cóccix está fixada na posição posterior. Causadas por traumatismo direto durante a fase de expulsão do parto. ***É possível encontrar desvios laterais e torsionais no cóccix durante sua palpação e avaliação. Isso mostra componente de tensões extrínsecas causadas por fascias circundantes. Sendo assim sugere-se uma abordagem completa no que se refere às articulações vizinhas, vísceras e fascias adjacentes para normalizar a mobilidade do cóccix. As manipulações internas do cóccix são indicadas em raríssimos casos e devem ser evitadas ao máximo. 7 – POSSÍVEIS CAUSAS DE DOR E/OU LIMITAÇÃO DE MOVIMENTO NA ARTICULAÇÃO SACRO-ILÍACA TRAUMA/ CONDIÇÕES DEGENERATIVAS o Fratura: quadril, sacro e cóccix; o Luxação do cóccix o Anquilose, hiperostose o Estiramento/ruptura ligamentar; o Estiramento/ruptura muscular Artrose: degeneração das articulações sacro-ilíacas; Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 54 Coccidínea; Hipermobilidade articular INFLAMATÓRIA o Espondilite anquilosante METABÓLICA o Osteoporose; o Doença de Paget; o Osteomalácia INFECÇÕES o Tuberculose TUMORES – benignos e malignos SÍNDROMES o Síndrome do piriforme DISFUNÇÕES MECÂNICAS LOCAIS o Disfunções somáticas dos ilíacos ou do sacro; DOR REFERIDA VISCERAL (útero, bexiga, sigmóide, válvula íleo-cecal, próstata). 7.1 – Sacroileíte Inflamação da articulação sacroilíaca de causa reumática, traumática, degenerativa, infecciosa ou por sobrecarga articular (hipermobilidade). Paciente apresenta dor local que pode ser referida para região posterior da coxa e perna homolaterais, que pioram ao caminhar e movimentar o tronco. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 55 7.2 – Espondilite anquilosante Reumatismo crônico, inflamatório, com sintomas localizados nas articulações sacroilíacas e na coluna vertebral. Evolui para anquilose articular por calcificação ligamentar. Mais comum nos homens, entre 15 e 35 anos. Na fase inicial o paciente apresenta dores lombares e na região dos glúteos, bilaterais, que são maiores à noite (característica inflamatória) e são rebeldes aos tratamentos biomecânicos. Há infiltrado sinovial que gera erosão do osso subcondral, lesão cartilaginosa e, à radiografia, aumento da interlinha articular na sacroilíaca. Na fase tardia o paciente apresenta anquilose na coluna vertebral (sindesmófitos) e na articulação sacroilíaca, com diminuição importante da mobilidade global da coluna. 7.3 – Artrite infecciosa Raras nesta região, porém geram aumento da interlinha articular da sacroilíaca à radiografia e estado febril. Paciente apresenta dor sacral e lombar, além de ciatalgias. Pode ser uni ou bilateral. 8 – AVALIAÇÃO DO SACRO 8.1 - Testes ortopédicos 8.1.1 – Teste de Patrick Paciente em decúbito dorsal, com abdução e rotação lateral da coxa do lado a ser testado (a região lateral do tornozelo repousa sobre a região anterior distal da coxa). Avaliador de frente para o paciente, à altura da pelve, comprime a região do joelho do lado a ser tratado na direção do solo. O teste é considerado positivo se gerar dor na região da articulação sacroilíaca do lado testado. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 56 8.1.2 – Teste do flamingo Paciente em pé, avaliador pede que fique sob apoio unipodal. O teste é considerado positivo se gera dor na articulação interpúbica ou sacroilíaca e sugere lesão/inflamação no local de dor. Este teste pode ser potencializado pedindo ao paciente que salte sobre o apoio unipodal. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 57 8.1.3 – Teste de Gaenslen Paciente em decúbito lateral, com o lado a ser testado para cima, avaliador em pé atrás do paciente. Deve-se pedir ao paciente que “abrace” o joelho do membro inferior que não vai ser testado e realizar extensão da coxa do lado a ser testado, enquanto estabiliza a pelve. O teste é considerado positivo se gera dor na articulação sacroilíaca e sugere lesão/inflamação no local de dor. 8.2 - Testes osteopáticos de mobilidade articular Existem diversos testes de mobilidade para o sacro. A avaliação funcional do sacro nãonecessariamente deve seguir um protocolo de testes que seriam aplicados de forma progressiva. O avaliador pode iniciar essa avaliação por posição do paciente, executando todos os testes que podem ser feitos em cada uma das posições em seguida chegar a sua conclusão final. Exemplo: Em pé: Teste de flexão em pé; Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 58 Teste de Gillet; Teste de inclinações laterais. Sentado: Teste de flexão sentado; Quick scan; Teste de inclinações laterais Decúbito ventral: Palpação estática dos pontos de referência do sacro Spring test; Teste de Mitchell; Essa análise deve ser feita num contexto global da pelve, incluindo os ilíacos, púbis, coulna lombar e até mesmo as fascias e vísceras relacionadas. 8.2.1 – Palpação das referências do sacro Independente do momento escolhido, o avaliador deve realizar a palpação dos 4 pontos de referência do sacro para perceber seu posicionamento espacial. Lembra-se sempre que uma disfunção somática apresenta 4 critérios clínicos – TART (tensão [aumento da densidade], assimetria, restrição, aumento da sensibilidade). Com a palpação estática devem-se buscar as assimetrias, aumento da densidade e da sensibilidade. Os testes de mobilidade confirmam se existe uma restrição, fechando o diagnóstico por completo. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 59 As bases devem ser palpadas com os polegares bilateralmente, com uma palpação totalmente posterior, buscando assimetrias anteroposteriores comparando uma a outra. Os AILs (ângulos inferolaterais) devem ser palpados também bilateralmente, com uma palpação posterior buscando as assimetrias anteroposteriores. Também deve-se palpar essas referencias nas suas bordas inferiores buscando assimetrias cefalocaudais. 8.2.2 – Quick scan para articulação sacroilíaca Este teste informa se o sacro ou o ilíaco está em disfunção, porém não informa qual é a disfunção. Paciente sentado, avaliador atrás do paciente, fixa o tronco do paciente com a mão anterior e comprime a articulação sacroilíaca do paciente com a mão posterior. Realizar as compressões bilateralmente e comparar a elasticidade das articulações. A articulação que apresente barreira restritiva importante pode apresentar disfunção. 8.2.3 – Spring test do sacro Paciente em decúbito ventral, avaliador à altura da pelve do paciente. Deve posicionar o pisiforme da mão medial reforçado por sua mão lateral em cada um dos pontos de referências posteriores do sacro: Base direita e esquerda AIL direito e esquerdo O avaliador deve realizar translações anteriores em cada ponto de referência deixando seu tronco cair no sentido do solo. Deve-se comparar a capacidade de translação anterior da base direita com a base esquerda, e também fazer o mesmo com os AILs. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 61 8.2.4 – Teste de polegares ascendentes (Piedallu) para o sacro Esse teste é realizado em pé para avaliar a mobilidade ILIOSACRAL e sentado para avaliar a mobilidade SACROILÍACA. Serve perfeitamente como um diagnóstico diferencial para buscar as restrições mais marcantes entre os ilíacos e o sacro. Esse teste tradicionalmente revela o lado de fixação da base do sacro. Porém pode-se realizar uma variável descrita inferiormente para buscar a restrição maior no nível da base (braço menor) ou AIL (braço maior). Paciente sentado, e avaliador atrás do paciente. Inicialmente deve-se tomar contato com os polegares sobre a borda inferior das EIPSs bilateralmente, com o intuito de analisar a mobilidade no nível do istmo da articulação SI. Em seguida, pede-se ao paciente que faça flexão máxima do tronco. Quando os polegares sobem de maneira simétrica e com a mesma amplitude no final da flexão, o teste é negativo – não existe fixação SI. Quando um dos polegares sobe com mais velocidade e amplitude que o outro, significa que existe fixação da SI nesse lado. Importante ressaltar que nesse teste a restrição é indicada pelo movimento mais amplo e veloz do polegar comparando-se ao lado oposto, causado por suposta pré-tensão fascial da SI homolateral. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 62 Variável para buscar os pontos de maior restrição entre os braços menores e maiores: Para testar os braços menores o avaliadores deve agora posicionar seus polegares nas bases sacrais bilateralmente e pedir novamente flexão máxima do tronco percebendo os deslocamentos dos polegares no final do movimento. Para testar os braços maiores os polegares devem estar posicionados sobre os ângulos inferolaterais (AILs) bilateralmente. Durante o movimento do tronco do paciente o avaliador deve acompanhar o deslocamento da fáscia da região que está palpando. o Nas disfunções bilaterais esse teste é negativos pois não existe assimetria de movimentos dos polegares. o Nas disfunções unilaterais de flexão ou de extensão o teste é positivo unilateralmente à fixação. o Nas disfunções em torção o teste é positivo inicialmente no lado da fixação da base sacral, porém também nota-se problema no AIL do lado oposto. 8.2.5 – Teste de Gillet para o sacro Este teste informa se o sacro está em fixado e em qual braço articular, porém não dá o diagnóstico final do tipo de disfunção. Pode ser feito para testar a mobilidade ILIOSACRAL (como descrito no módulo) e também SACROILÍACA. Para testar a mobilidade SACROILÍACA esquerda: Paciente em pé, com as mãos apoiadas sobre uma superfície estável. Avaliador sentado atrás do paciente. Posiciona inicialmente seu polegar da mão esquerda sobre a EIPS do ilíaco esquerdo que servirá como referencia. A mão direita deve inicialmente tomar contato com o polegar no processo espinhoso de S2 para que possa ser testado o movimento no nível central (istmo) da SI. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 63 Pedir para o paciente flexionar o membro inferior direito, realizando flexão de quadril pouco acima de 90 graus. Nesse caso o sacro deve se movimentar em relação ilíaco esquerdo que é ponto fixo. Sendo assim, caso a SI esquerda esteja livre, o polegar esquerdo fica parado e o direito se desloca caudalmente em relação ao esquerdo. Caso isso ocorra, o avaliador deve passar a avaliar a SI do lado oposto invertendo as mãos e pedindo flexão do outro membro inferior. Caso o polegar direito não se desloque caudalmente como deveria, é necessário buscar analisar a mobilidade no braço menor e maior da SI esquerda. - Para o braço menor: polegar direito no nível do processo espinhoso de S1 e polegar esquerdo no osso ilíaco no mesmo nível de S1 para manter uma referência. - para o braço maior: polegar direito no nível do processo espinhoso de S3 ou S4 e polegar esquerdo no osso ilíaco no mesmo nível de S3 ou S4 para manter uma referência. Após tomar esse novo contato o avaliador deve novamente pedir a flexão do membro inferior direito passando pouco dos 90 graus de flexão do quadril. Quando o polegar direito não se deslocar caudalmente em relação ao esquerdo, existe uma fixação nesse braço articular. Sacro e cóccix COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA Página 64 Lembrando que só é necessário avaliar os braços maior e menor, caso a mobilidade no nível de S2 esteja restrita. É necessário avaliar as duas sacroilíacas para saber os locais de restrição. o Nas disfunções bilaterais esse teste é positivo bilateralmente nos braços menores (extensão bilateral) e menores (flexão bilateral); o Nas disfunções unilaterais de flexão ou de extensão o teste é positivo unilateralmente à fixação. o Nas disfunções em torção o teste é positivo encontrando uma fixação no braço menor de um lado e maior do outro. 8.2.6 – Teste da inclinação do tronco para o sacro Esse teste é utilizado para saber o comportamento