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Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro

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TEMA: A IMPORTÂNCIA INDÍGENA NA FORMAÇÃO DO BRASIL
CONTRIBUIÇÃO INDÍGENA E 
AFRICANA NA FORMAÇÃO DO 
POVO BRASILEIRO
CONTRIBUIÇÃO INDÍGENA E 
AFRICANA NA FORMAÇÃO DO 
POVO BRASILEIRO
Todos os direitos reservados à Editora Grupo UNIASSELVI - Uma empresa do Grupo UNIASSELVI
Fone/Fax: (47) 3281-9000/ 3281-9090
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011.
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Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Conteudista
Thiago Rodrigo da Silva
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Ensino Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Eloisa Amanda Rodrigues
Revisão:
José Roberto Rodrigues
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados.
1A Importância Indígena na Formação do Brasil
1 INTRODUÇÃO
A importância da presença indígena na formação da sociedade brasileira 
contemporânea é uma das principais temáticas que as crianças aprendem nas 
escolas de primeiras letras. O dia 19 de abril é comemorado nos anos iniciais do 
Ensino Fundamental e mesmo na pré-escola, quando as crianças usam cocares 
feitos de papel nas cabeças e aprendem que o índio vive nu, tem várias mulheres 
e foi muito importante para a vida brasileira, pois dele vêm muitos hábitos 
cotidianos, como tomar banho todo dia e dormir na rede, além de parte de nossa 
alimentação. Outra questão que se aprende nos bancos escolares, mas em geral 
nos anos fi nais do ensino básico, é que muitos dos nossos topônimos têm origem 
indígena: Maracanã, Morumbi, Paraná, Pacaembu, Paranaguá, Araguaia, etc. 
O Brasil é uma nação que está em um contínuo processo de formação. 
Isto porque somos um povo que teve como principal característica cultural 
a mestiçagem. Todavia, a presença negra e a presença indígena não são 
devidamente contempladas nos compêndios escolares de história ou mesmo 
nas expressões artísticas veiculadas pela grande mídia eletrônica, como o rádio, 
a televisão e o cinema. O indígena, neste sentido, é sempre representado 
longe de suas características básicas como ser humano. Podemos observar dois 
tipos ideais socialmente construídos no imaginário nacional sobre o índio: uma 
exaltação positiva (bom selvagem) ou negativa (bárbaro), em tons exagerados. 
Estas exaltações revelam muito do preconceito socialmente construído ao 
longo de séculos de história.
Uma primeira visão existente e profundamente negativa sobre o indígena 
é a do mesmo como um bárbaro canibal e polígamo. Pois seria esta a principal 
característica de uma idealização conservadora: o índio como um depravado 
sexual e ser sem dignidade, capaz até de se alimentar de carne humana. Esta 
idealização conservadora, além de ver o indígena com as características já 
descritas, ainda a ele se atribui outras facetas antagônicas à civilização ocidental 
de matriz europeia. Enquanto o europeu colonizador seria progressista, 
trabalhador e ético, o indígena seria a antítese: preguiçoso, espertalhão, um 
típico mau caráter.
Uma segunda visão do indígena seria a pautada no mito do bom selvagem. 
Um ser em perfeito contato com a natureza e ainda não maculado pelo mal 
trazido pela civilização ocidental. Enquanto o ser humano ocidental estaria 
sofrendo ou sendo agente dos males trazidos pelo progresso econômico, 
como a poluição, a corrupção dos valores morais, trazidos pela ganância de 
lucro traduzido em uma busca desenfreada por dinheiro e status, os indígenas 
viveriam em uma espécie de paraíso: um regime de total coletividade de bens e 
alimentos, sendo seu cotidiano saudável e marcado pela pureza de princípios e 
caráter ilibado. A principal característica do mito do bom selvagem criado em 
torno da vida indígena é o ideal de liberdade.
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados.
2 Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro
FIGURA 1 – INDÍGENA
FONTE: Disponível em: <http://www.fi ocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/
direitosdoindio.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.
O ideal de liberdade indígena, presente tanto nos discursos positivos 
e negativos sobre os primeiros habitantes do Brasil, afi rma que os indígenas 
não se submeteram à escravidão porque preferiam morrer a ser reduzidos 
ao papel de escravos. Enquanto o negro teria pouca capacidade de viver em 
liberdade (um ser passivo), o indígena seria o retrato de alguém com profunda 
gana de independência, constituindo um homem ativo e dinâmico. 
Estas são marcas perenes, na história brasileira, do contato entre a 
civilização ocidental e os indígenas. Desde os primeiros contatos entre os 
pioneiros portugueses e os indígenas, esta dupla visão, tanto do índio canibal 
quanto do índio bom selvagem, estava presente. Podemos citar autores dos 
séculos XV ao XVII que indicam esta dupla idealização em seus dois polos 
antagônicos.
O padre jesuíta Antônio Vieira, um dos principais oradores do mundo 
barroco ibérico seiscentista, possui sermões nos quais defende a necessidade 
de se catequizar o indígena, recompensando com o reino dos céus para aqueles 
que da catequese indígena, direta ou indiretamente, fi zessem parte.
O Espírito Santo, que hoje desceu sobre os apóstolos e os 
ensinou, para que ensinassem ao mundo, desça sobre todos 
vós e vos ensine a querer ensinar ou deixar ensinar aqueles a 
quem deveis a doutrina, para que eles por vós e vós por eles, 
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3A Importância Indígena na Formação do Brasil
conseguindo nesta vida (tão caro vos custa) a graça, mereçais 
gozar na outra com grandes aumentos a glória. (VIEIRA, 1959, 
p. 152) 
Por outro lado, o padre jesuíta Fernão Cardim, autor do livro História 
das Gentes e das Terras do Brasil, cuja primeira edição é datada do século 
XVI, afi rma a visão dos indígenas como canibais, descrevendo em pormenores 
o ritual.
Morto o triste, levaram-no a uma fogueira que para isto está 
prestes, e chegando a ela, em lhe tocado com a mão dá uma 
pelinha pouco mais grossa que véu de cebola, até que todo 
fi ca mais limpo e alvo que nem um leitão pelado, e então se 
entrega ao carniceiro ou magarefe, o qual lhe faz um buraco 
abaixo do estômago [...]. (CARDIM, 2009, p. 197). 
Mesmo decorridos alguns séculos, a presença indígena na sociedade 
brasileira é incompreendida, sendo presente a permanência de estereótipos 
como os relatados nos textos acima descritos. Estas visões antagônicas são 
ainda presentes no debate a respeito das demarcações das reservas, como 
também nas discussões dos profi ssionais universitários das ciências humanas, e 
revelam o quanto a permanência de mitos a respeito dos indígenas é útil para 
os mais distintos posicionamentos políticos e acadêmicos. 
Porém, ao invés de reduzirmos o debate a estes pontos, ou seja, a visão 
positiva e negativa do indígena, nos permitiremos repensar algumas “verdades 
cristalizadas” sobre o indígena na sociedade brasileira, desmentindo certos 
mitos sociais, em especial o da ausência de escravidão indígena. 
A escravidão indígena foi uma constante realidade no Brasil até o século 
XIX. A escravidão foi muito presente nos extremos sul e norte da América 
Portuguesa. Em São Paulo de Piratininga e São Vicente, os bandeirantes foram 
os principais promotores de tal cativeiro. Pois muitas das entradas ao interior, 
vencendo a Serra do Mar, tinham como principal função abastecer as cidades 
coloniais do Brasil Meridional com os indígenas cativos (RIBEIRO, 2005, p. 98-
105). 
Na região amazônicaa presença indígena é culturalmente muito 
marcante. Em relação à utilização da mão de obra indígena, esta foi a principal 
força de trabalho nas chamadas reduções. As reduções eram um tipo de 
aldeia que fi cava sob a jurisdição de uma ordem religiosa. Os jesuítas foram os 
principais religiosos na missão catequética na colônia luso-brasileira e foram 
muitas as polêmicas que envolviam os religiosos e os colonos sobre o cativeiro 
indígena. Em especial, pelos religiosos possuírem uma teologia elaborada na 
Península Ibérica no século XVI e que negava ser cristão escravizar índios. Em 
1561 houve a denominada grande querela entre o intelectual Sepúlveda e 
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4 Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro
o frei Bartolomeu de Las Casas. “O frei dominicano defendia a liberdade 
dos nativos americanos, enquanto Sepúlveda era favorável à utilização dos 
indígenas como escravos a serviço da colonização” (HOFFNER, 1977, p. 74). 
Porém, a importância do indígena para a formação do Brasil não se deu 
apenas como braço cativo ao trabalho. A própria colonização do território 
só foi possível devido a um complexo sistema de alianças realizadas entre 
os indígenas e os portugueses, denominado pelo antropólogo Darcy Ribeiro 
(2005) como “cunhadismo”. O “cunhadismo” foi uma forma de aliança entre 
as tribos indígenas e o colonizador português, na qual um português se casava 
com uma mulher indígena e assim possibilitava, aos lusitanos, aliados nas guerras 
coloniais. Sendo o exemplo típico a Confederação dos Tamoios, na qual lusos e 
franceses se aliaram a tribos distintas visando dominar a Baía de Guanabara. 
FIGURA 2 – RITUAL INDÍGENA
FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/indios-brasileiros /
populacao-indigena-3.php>. Acesso em: 20 set. 2012.
 Na época da colonização portuguesa, o idioma mais falado no território 
do Brasil meridional era a denominada língua geral. Esta era uma normatização 
do idioma tupi-guarani realizada pelos religiosos catequistas, com o objetivo 
de evangelizar os indígenas. “Grande parte dos bandeirantes, responsáveis 
pela penetração no interior do território, não falava português, mas sim a 
língua geral” (RODRIGUES, 1985, p. 41). 
A língua portuguesa se tornou o idioma falado no Brasil devido a um 
decreto do Marquês de Pombal, no documento denominado Diretório dos 
Índios do Grão-Pará e Maranhão, que também atingiu as reduções do sul da 
colônia portuguesa. Através deste documento, a jurisdição sobre os indígenas 
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5A Importância Indígena na Formação do Brasil
saiu da tutela dos religiosos e passou para o domínio do Estado português. 
Entre as disposições do novo documento legal estava a obrigatoriedade de 
se ensinar a língua portuguesa aos indígenas. Este é um dos principais dados 
que os estudiosos atribuem à infl uência indígena na formação do português 
falado no Brasil.
Uma importante visão que devemos ter sobre os indígenas é que os 
mesmos não foram um grupo único. Assim como na Europa existem diversas 
famílias linguísticas, como os idiomas latinos, nórdicos ou eslavos, por exemplo, 
entre os nativos americanos o mesmo ocorre. Existem quatro troncos 
linguísticos entre os indígenas brasileiros. Os indígenas do tronco tupi-guarani 
habitavam o litoral e foram aqueles com os quais os portugueses tiveram o 
primeiro contato no processo de colonização. A língua geral provinha de uma 
variante do tupi-guarani. 
A guerra era uma presença na vida indígena colonial. Por vezes, as guerras 
tinham funções sociais específi cas, como no caso dos Tupinambás, em relação à 
conquista de mulheres da tribo vizinha e do estabelecimento de solidariedades. 
Existia também um ritual de paz denominado Kuarup, no qual se realizavam 
festividades, danças, trocas de presentes e alianças realizadas através de 
casamentos entre membros de tribos distintas (FERNANDES, 2005). 
Com o processo de independência e a constituição do Império do Brasil, 
a situação dos indígenas se agravou, pois a principal ordem que trabalhava 
diretamente com os índios, a Companhia de Jesus, havia sido expulsa das terras 
dominadas por Portugal por um decreto pombalino. Além disto, o papa Clemente 
VII extinguiu a Ordem dos Soldados de Jesus. Os jesuítas foram substituídos por 
padres da Ordem do Oratório. Porém, os oratorianos não tiveram o mesmo 
destaque dos seguidores de Santo Inácio de Loiola (BOXER, 2002).
O Império promoveu uma imigração em massa de colonos europeus 
trazidos das mais diferentes regiões da Europa, como os alemães, italianos 
e espanhóis. Muitas das colônias formadas no Brasil Meridional e que foram 
povoadas por europeus não ibéricos e seus descendentes foram criadas em 
terras antes ocupadas por indígenas. No sul do Brasil foi comum a presença da 
fi gura do bugreiro, o homem encarregado de matar índios para a colonização 
do território. Uma das principais formas do bugreiro provar seus homicídios 
era cortar a orelha do cadáver indígena. Esta prática comum no século XIX 
contrasta com a absorção que a literatura fez do indígena. 
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6 Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro
FIGURA 3 – ÍNDIOS
FONTE: Disponível em: <http://portalamazonia.globo.com/new-structure/view/scripts/
noticias/noticia.php?id=80592>. Acesso em: 20 set. 2012.
O romantismo foi uma corrente literária dos novecentos que tinha no 
nacionalismo uma das suas principais ideologias. Uma corrente de origem europeia 
e vinculada à reorientação social dos Estados Nacionais da Europa após a era 
napoleônica. Os ideólogos literatos românticos tinham nos cavaleiros medievais 
uma forma de exaltação da coragem, da bravura e do patriotismo. Heróis como 
a francesa Joana D’arc e o espanhol El Cid eram rememorados. Como o Brasil 
não teve uma Idade Média, fez-se uma vinculação destes “nobres ideais morais” 
dos cavaleiros andantes com os indígenas. Assim, muito do chamado romance 
indigenista, que teve em I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, e nos romances Iracema 
e O Guarani, ambos da autoria de José de Alencar, seus principais títulos, eram 
adaptações à brasileira do nacionalismo europeu. José de Alencar foi senador 
do Império e dono de escravos. Com isto, podemos pensar que a idealização 
do indígena servia como modo ideológico de se manter as relações sociais de 
exclusão que caracterizaram o Brasil no século XIX. 
A situação do indígena durante o Brasil Império é atualmente alvo 
de estudos de teses universitárias nas ciências humanas, que tentam suprir a 
lacuna de informações sobre a atuação social das tribos indígenas. Muitas das 
revoltas sociais do período regencial, como a Balaiada e a Cabanagem, tiveram 
ampla participação de índios desenraizados de suas tribos originais. Também 
é provável a participação indígena na Guerra do Paraguai. Porém, são estudos 
novos, que ainda estão passando pelo crivo acadêmico e que lançam novas 
luzes sobre a importância deste segmento social.
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7A Importância Indígena na Formação do Brasil
A condição indígena mudou radicalmente de aspecto com o advento 
da República, pois os sucessivos governos republicanos demonstraram uma 
conduta distinta na relação com os indígenas daquelas dos tempos da Colônia 
e do Império. Um marco fundamental da alteração da relação entre indígenas 
e o Estado Nacional Brasileiro foi a Missão Rondon. 
Cândido Mariano da Silva Rondon foi um militar de carreira 
do Exército que em vida atingiu o posto de Marechal. Sua 
contribuição para a causa indígena é inestimável e começou 
quase ao acaso. Em 1898 foi incumbido, como ofi cial, de levar 
os cabos telegráficos do Rio de Janeiro para Cuiabá, a capital 
de seu Estado natal, o Mato Grosso. Porém, para realizar a 
expedição em pontos até então pouco explorados do sertão, 
teve de entrar em contato com diversas tribos indígenas. 
Porém, ao invés de matar os indígenas, como era usual, Rondon 
teria dito a frase símbolo de sua militância: “Morrerei se 
preciso, matarei jamais!” Os militares da Missão Rondon tinham 
métodos distintos para contatar os índios, como irradiar sons 
musicais com gramofones em plena fl oresta. As primeiras 
imagens cinematográfi cas feitas dos indígenas foram realizadas 
pela Missão Rondon. A missão também teve a incumbência de 
demarcar as fronteiras brasileiras. Isto ampliou o contato com 
os indígenas das regiões do Pantanal e da Amazônia (RIBEIRO, 
2005, p. 147-148). 
Os sertanistas receberam este legado e foram capazes de ampliar o 
contato do dito homem branco com os nativos da terra brasileira. Os irmãos 
Cláudio e Orlando Villas-Boas foram os principais sertanistas brasileiros, com 
uma fundamental militância a favor dos índios habitantes do Parque Nacional do 
Xingu. O antropólogo Darcy Ribeiro também teve função destacada no estudo 
e no contato com as sociedades indígenas. Na década de 1950 foi o fundador e 
diretor do Museu Nacional do Índio, sediado na cidade do Rio de Janeiro. 
No ano de 1919 foi criada a primeira instituição, pelo Governo Federal, 
com o estrito objetivo de auxiliar o indígena. Trata-se do Sistema de Proteção 
ao Índio (SPI). O SPI era um órgão que teve como principal articulador Rondon. 
Porém, após alguns anos Rondon se afasta do órgão e o mesmo acaba sendo 
esvaziado. Em 1968 o SPI foi substituído pela Fundação Nacional do Índio 
(Funai), órgão do Governo Federal que até hoje tem a função de zelar pelo 
bem-estar destas populações. 
Com o desenvolvimentismo dos anos 1960-70, as populações indígenas 
sofreram com um aumento da presença de “homens brancos” em locais 
que eram tradicionalmente fl orestas. Desde fi ns do século XIX houve uma 
designação para povoar o interior do Brasil comandada pelo Estado. As capitais 
estaduais Belo Horizonte (1895) e Goiânia (1942), além da capital federal 
Brasília (1960), foram cidades planejadas com a função de povoar o interior e 
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8 Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro
ser ponta de desenvolvimento de áreas pouco exploradas economicamente. 
Nos anos 1970 os governos militares incentivaram o povoamento do Pantanal 
e da fl oresta amazônica, transformando estas áreas em locais de produção de 
gado e soja. A fl oresta e seus habitantes, as tribos indígenas, sofreram muito 
com a devastação e o assassinato de índios que lutavam pela demarcação das 
suas terras, indevidamente exploradas pelos sulistas. 
Com a Constituinte, em 1988, muita coisa a respeito dos indígenas 
mudou, pois foram criadas legislações específi cas. Porém, os indígenas 
continuaram a ser considerados tutela do Estado. Assim, muitos indígenas não 
possuem acesso à cidadania, como o direito ao voto. Um ponto polêmico é 
o da não obrigatoriedade dos indígenas em aprender o português. Isto é, as 
escolas nas aldeias devem ensinar a língua da tribo, não sendo obrigatório aos 
professores o ensino do idioma ofi cial do Estado Nacional Brasileiro. Em relação 
à busca por cidadania, durante a Constituinte de 1988 existiu um parlamentar 
indígena, o Juruna. Porém, acabou se tornando muito mais uma fi gura caricata 
do que um líder dos povos na luta por direitos e acesso à cidadania. 
2 O COTIDIANO INDÍGENA NA ATUALIDADE
Na atualidade o cotidiano das populações indígenas é muito diferente 
daqueles descritos nos relatos dos portugueses que aportaram nas terras das 
costas do Pau-Brasil no século XVI. Não temos necessariamente os mesmos 
rituais, as mesmas guerras e festas de paz que existiam nos séculos passados. 
Toda a expansão do Brasil rumo ao interior foi feita em contato/confl ito com 
as populações ameríndias. Com isto, a população indígena foi se aculturando, 
sendo infl uenciada por hábitos e costumes dos homens brancos, assim como 
o homem branco também se infl uenciou com a presença cultural indígena. O 
indígena de hoje possui uma vida que não se opera da mesma forma que nos 
tempos das grandes navegações, porque a vida social e cultural se modifi cou 
ao longo dos séculos. Muitos eventos, como a exploração da mão de obra, a 
catequização e, por fi m, as demarcações de terras, ocorreram. 
As demarcações de terras indígenas são um grave problema social. 
Isto porque muitas das aldeias têm um riquíssimo subsolo, ambicionado por 
empresários nacionais e por companhias multinacionais. Entidades de defesa 
do meio ambiente das mais variadas nacionalidades também utilizam os povos 
indígenas como massa de manobra em suas politicagens. Assim, o indígena 
sofre o duplo preconceito, pois apenas serve de modo idealizado como bom 
selvagem ou então é o estorvo a impedir o lucro capitalista. Ao que parece, 
não tem serventia como aquilo que é: um ser humano que merece respeito e 
dignidade. 
Algumas populações indígenas sofrem com problemas gravíssimos e de 
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9A Importância Indígena na Formação do Brasil
difícil solução, como os suicídios cometidos por jovens de tribos nos Estados 
de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Assim como o alcoolismo impera 
em algumas aldeias. Porém, existem locais nos quais o acesso às benesses 
governamentais, casado com lideranças competentes e responsáveis, gerou 
bons resultados. Tribos que possuem acesso à tecnologia, às informações do 
mundo globalizado e, ao mesmo tempo, mantendo as suas tradições. Algumas 
universidades possuem uma política de cotas para os alunos indígenas. Com 
isto se busca assegurar ao indígena uma forma de acesso ao Ensino Superior.
Além do Governo Federal, através da Funai, existem outros órgãos que 
atuam nesta temática. Entre os órgãos existentes podemos citar as inúmeras 
Organizações Não Governamentais (ONGs), que militam de múltiplos modos 
no amparo a estas populações. Outros são os órgãos ligados às igrejas cristãs e 
que estão há muitos anos fazendo trabalhos, tanto os ainda ligados aos ideais 
evangelizadores quanto os adeptos dos novos conceitos antropológicos de 
relatividade cultural e respeito das diferenças civilizacionais. 
As igrejas ligadas ao ideal evangelizador, em geral, são as denominações 
evangélicas. Alguns exemplos são os das igrejas protestantes brasileiras 
(Assembleia de Deus), quanto aquelas advindas dos Estados Unidos da América 
(batistas, adventistas, etc.). Todavia, a Igreja Católica possui o principal órgão 
não governamental que lida com os indígenas e se relaciona aos novos métodos 
antropológicos de relatividade cultural. Trata-se do Conselho Indigenista 
Missionário (Cimi), uma entidade que atua nas mais variadas ações em defesa 
dos primeiros habitantes da terra brasileira. O bispo de São Félix do Araguaia 
e Vale do Xingu, D. Pedro Casaldáliga, é um dos principais nomes em relação 
aos direitos indígenas, com forte atuação junto aos órgãos dos governos 
estrangeiros e brasileiros em relação à defesa das reservas indígenas. 
O dia a dia indígena hoje, em muitas tribos, não faz jus às representações 
sociais e escolares dos indígenas. O andar nu pelas matas foi substituído, em 
muitos casos, pelas roupas e hábitos ocidentais. Assim como a escolarização 
está a cada dia aumentando em relação a toda a população, e os indígenas, 
apesar de em grau menor, acompanham este processo geral da sociedade 
brasileira. A visão estereotipada está cedendo lugar a uma visão mais realista 
dos indígenas brasileiros. Esta visão mais realista é auxiliada com as investigações 
científi cas a respeito dos indígenas. 
3 PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A TEMÁTICA INDÍGENAA produção científi ca brasileira sobre a temática indígena é vasta e 
está ainda em processo de expansão. A maior parte dos estudos é realizada 
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10 Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro
 por antropólogos, seguidos em menor monta pelos sociólogos e historiadores. 
As fontes de estudo são variadas, dependendo da disciplina do conhecimento 
à qual o pesquisador está vinculado.
Em relação aos indígenas históricos, como os dos primeiros anos do Brasil 
Colonial, as principais informações sobre os indígenas são aquelas retiradas 
dos relatos de viajantes que estiveram no Brasil nos séculos XVI, XVII e XVIII. 
Existem muitas crônicas históricas sobre a vida indígena na colônia. A Carta de 
Pero Vaz de Caminha, a Relação do Piloto Anônimo, a História do Brasil de 
frei Vicente Salvador, o Tratado das Terras e Gentes do Brasil, de Fernando 
Cardim, a História da Província de Santa Cruz, de Pero de Magalhães Gândavo, 
a História da América Portuguesa, de Sebastião da Rocha Pitta, e os Sermões 
do Padre Antônio Vieira, são alguns exemplos destas informações sobre os 
indígenas. 
As fontes de informação sobre o indígena brasileiro durante o Império 
são as que estão sob a guarda dos arquivos públicos. Por vezes, certidões 
de batismo e casamento das igrejas em que se reconhecem alguns indícios, as 
listagens dos recrutamentos militares e congêneres. No século XX, além da 
documentação produzida pelos departamentos estatais específi cos, como SPI 
e Funai, existem inúmeros relatos etnográfi cos dos antropólogos. 
Os antropólogos brasileiros e estrangeiros realizam os chamados 
trabalhos de campo. Trata-se de visitas às aldeias, nas quais os pesquisadores 
passam por um processo de aculturação, vivendo de acordo com os hábitos 
e costumes dos indígenas. Neste trabalho eles escrevem um relato diário, 
em um caderno, no qual apontam suas experiências e abordam as questões 
relativas às observações sobre o cotidiano, as diferenças e as semelhanças 
culturais com os indígenas. Neste sentido, os relatos antropológicos auxiliam 
na compreensão das diferentes nações. 
A sociologia utiliza dos relatos antropológicos e históricos em seus 
estudos com os indígenas. Porém, o sociólogo realiza em geral o trabalho de 
gabinete, não tendo uma vinculação direta com o relato etnográfi co. Por sua 
vez, os historiadores trabalham tanto com os índios históricos quanto com os 
do presente, utilizando as entrevistas de história oral, nas quais gravam as falas 
dos indígenas sobre temas do interesse da pesquisa a ser realizada. 
Muitos dos estudos realizados pelas ciências humanas sobre os indígenas 
foram publicados em livros. Podemos citar alguns exemplos: A função social 
da guerra na sociedade tupinambá, do sociólogo Florestan Fernandes, é um 
clássico sobre o tema. Os índios e a civilização e O Processo Civilizador, de 
autoria de Darcy Ribeiro, são livros importantes. Na atualidade, Viveiros de 
Castro possui importantes trabalhos na área. Pierre Clastres, em O Infortúnio 
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados.
11A Importância Indígena na Formação do Brasil
do Guerreiro Selvagem, é um exemplo de estrangeiro que trabalhou na área. 
Em relação aos indígenas do sul do Brasil, Sílvio Coelho dos Santos escreveu 
trabalhos importantes. John Manoel Monteiro, nos Segredos Internos, abordou 
as questões sobre a escravidão indígena. Manoela Carneiro da Cunha organizou 
o principal livro da atualidade. Trata-se da História dos Índios do Brasil, uma 
obra coletiva, em que muitos dos principais pesquisadores retratam a história 
dos indígenas brasileiros desde as remotas épocas coloniais até o presente. 
Muitos outros pesquisadores trabalharam com a temática, porém 
estes são alguns dos principais títulos para os que desejam aprofundar seus 
conhecimentos. A importância do conhecimento sobre eles é fundamental. 
Os indígenas são importantíssimos na atualidade brasileira e merecem maior 
respeito e consideração por parte da sociedade brasileira. 
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12 Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro
AUTOATIVIDADE
1 Leia a afi rmação do antropólogo Darcy Ribeiro (2005, p. 58) e responda:
“O europeu que, forçando a tradição bíblica, fi zera do deus dos hebreus o rei 
dos homens, agora tinha que incluir aquela indianidade pagã na humanidade 
do passado, entre os fi lhos de Eva expulsos do paraíso, e do futuro, entre os 
destinados à redenção eterna”. 
Qual a diferença entre as posturas das igrejas cristãs no atual relacionamento 
das mesmas com as tribos indígenas?
2 Leia a afi rmação do antropólogo Darcy Ribeiro (2005, p. 147) e responda:
“Fundado nos princípios políticos de Augusto Comte, mas superando-
os largamente, Rondon e seus companheiros estabeleceram um corpo de 
diretrizes que por décadas orientaram uma política indigenista ofi cial”. 
Por que as ações da Missão Rondon e dos sertanistas representaram uma 
modifi cação radical na relação do Estado brasileiro com os indígenas?
3 Leia a afi rmação do historiador José Honório Rodrigues (1989, p. 41) e 
responda:
“O tupi era a língua doméstica, familiar e corrente dos colonos, e o português a 
língua ofi cial, que as crianças, mamelucos e também fi lhos de índios aprendiam 
nas escolas mas não falavam em casa”. 
O que foi o Diretório dos Índios do Grão-Pará e Maranhão?
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13A Importância Indígena na Formação do Brasil
REFERÊNCIAS
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BOXER, Charles. O Império Marítimo Português. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
CABRAL, Sérgio. Pixinguinha: uma biografi a. Rio de Janeiro: Relmé Dumará, 2000. 
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FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder. São Paulo: Ed. Globo, 2003.
FAUSTO, Bóris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2002.
FERNANDES, Florestan. A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá. Rio 
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1969.
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VARNHAGEN, Francisco Adolfo. Textos seletos. São Paulo: Ática, 1979. 
VIANNA, Francisco José Oliveira. Populações do Brasil Meridional e Instituições 
Políticas do Brasil. Brasília: Ed. Senado, 1982. 
VIEIRA, Antônio. Sermões. Porto: Ed. Lello e Irmãos, 1959.
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14 Contribuição Indígena e Africana na Formação do Povo Brasileiro
GABARITO 
1 Leia a afi rmação do antropólogo Darcy Ribeiro (2005, p. 58) e responda:
“O europeu que, forçando a tradição bíblica, fi zera do deus dos hebreus o rei 
dos homens, agora tinha que incluir aquela indianidade pagã na humanidade 
do passado, entre os fi lhos de Eva expulsos do paraíso, e do futuro, entre os 
destinados à redenção eterna”. 
Qual a diferença entre as posturas das igrejas cristãs no atual relacionamento 
das mesmas com as tribos indígenas?
R.: As igrejas cristãs possuem, em geral, duas posturas distintasna 
relação com as tribos indígenas. Existem aquelas que se mantêm 
ligadas ao ideal de evangelização e outras que partem do conceito 
antropológico de relatividade cultural e respeito às diferenças. Entre 
as que se relacionam aos ideais de evangelização, podemos citar as 
igrejas pentecostais (Assembleia de Deus) e vindas ao Brasil com as 
missões norte-americanas (batistas e adventistas). O principal órgão da 
maior igreja cristã brasileira, a Igreja Católica, é o Conselho Indigenista 
Missionário (Cimi) e se relaciona aos novos métodos antropológicos de 
relatividade cultural. 
2 Leia a afi rmação do antropólogo Darcy Ribeiro (2005, p. 147) e responda:
“Fundado nos princípios políticos de Augusto Comte, mas superando-
os largamente, Rondon e seus companheiros estabeleceram um corpo de 
diretrizes que por décadas orientaram uma política indigenista ofi cial”. 
Por que as ações da Missão Rondon e dos sertanistas representaram uma 
modifi cação radical na relação do Estado brasileiro com os indígenas?
R.: A Missão Rondon inovou a relação com os indígenas, pois ao invés 
de tratá-los com violência e ser um promotor do contínuo massacre a 
estas populações, buscou métodos pacíficos no relacionamento com os 
índios. Os sertanistas, entre os quais se destacaram os irmãos Villas-Boas, 
continuaram o legado iniciado pelo Marechal Rondon e seus soldados.
3 Leia a afi rmação do historiador José Honório Rodrigues (1989, p. 41) e 
responda:
“O tupi era a língua doméstica, familiar e corrente dos colonos, e o português a 
língua ofi cial, que as crianças, mamelucos e também fi lhos de índios aprendiam 
nas escolas mas não falavam em casa”. 
O que foi o Diretório dos Índios do Grão-Pará e Maranhão?
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15A Importância Indígena na Formação do Brasil
R.: O Diretório dos Índios foi um documento datado do século XVIII, 
expedido pelo Marquês de Pombal e que retirou a jurisdição dos 
indígenas, durante o Brasil Colonial, da responsabilidade das ordens 
religiosas, dentre as quais se destacaram os jesuítas. No lugar dos 
religiosos, agentes do Estado português deveriam se responsabilizar 
pelos mesmos. A principal consequência foi a obrigatoriedade do 
ensino da língua portuguesa nas aldeias, terminando assim a utilização 
da língua geral na maior parte do território brasileiro.

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