TCC CIÊNCIAS CONTABEIS

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A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES
Carlos Antônio da Silva Afonso¹
Camila Kretzmann²
RESUMO: As fraudes e a corrupção são consideradas problemas praticamente endêmicos no Brasil e no mundo por este motivo a demanda e a vigilância constante dos governos e dos órgãos de controle internos e externos são fundamentais, sendo de extrema necessidade a presença constante do auditor interno, para que haja confiança e credibilidade. A informação contábil é vital, fazendo da figura do auditor através de seu conhecimento e juntamente com seu desempenho, profissional de alta qualificação para a detecção das fraudes. A falta de legislação específica para auditoria de fraudes significa que a avaliação das mesmas tem sido consolidada dentro de outros trabalhos de auditoria contábil. Nos dias atuais, a auditoria necessita que seja instituído um molde que especifique a sua atuação no combate às fraudes para que o profissional de auditoria interna possa desenvolver e praticar os procedimentos de auditoria direcionados aos fatos que realmente apontam para as fraudes. Este trabalho pretende exibir estudos ligados diretamente com a auditoria interna no combate às fraudes, o que leva o fraudador a cometer tais crimes e, modos de prevenção para que tal situação possa ser antecipada pela auditoria interna.
Palavras-chave: Auditoria, Auditoria Interna, Prevenção; Fraude.
ABSTRACT: Fraud and corruption are considered to be practically endemic problems in Brazil and in the world, but unfortunately and mainly in our country its degree is much greater, for this reason the demand and constant vigilance of governments and internal and external control bodies Are essential, and the constant presence of the internal auditor is extremely necessary for trust and credibility. The accounting information is vital, making the figure of the auditor through your knowledge and coupled with your performance, highly skilled professional to detect fraud. The lack of specific legislation to audit fraud means that the evaluation of fraud has been consolidated in other accounting audits. Nowadays, the audit requires that a template be defined that specifies its action in the fight against fraud so that the internal audit professional can develop and practice audit procedures directed to the facts that really point to the frauds. This work intends to show studies linked directly with the internal audit in the fight against fraud, which leads the fraudster to commit such crimes and ways of prevention so that such a situation can be anticipated by Internal Audit.
Keywords: Audit, Internal Audit, Prevention; Fraud.
Introdução
	A Auditoria Interna desempenha funções muito importantes nas organizações. Segundo MORAIS e MARTINS (2003):
Podemos definir Auditoria Interna como uma função contínua, completa e independente, desenvolvida na empresa, por pessoal desta ou não, baseada na avaliação do risco, verifica a existência, o cumprimento, a eficácia, e a optimização dos controlos internos e dos processos de governação, ajudando o cumprimento de seus objetivos.
	Infelizmente, as fraudes não são privilégios desta época ou da sociedade atual.
	Nos dias atuais, percebe-se cada vez mais, que as fraudes também não são uma exclusividade de certas entidades ou de determinados ramos de negócios. 
	Vive-se hoje num mundo culturalmente e economicamente globalizado, onde as organizações enfrentam não mais uma concorrência local, regional ou setorial, mas uma concorrência a nível mundial. 
 	Nesse contexto, cada esforço desprendido de maneira eficaz, cada economia realizada nos processos produtivos fará grande diferença, como também, cada erro, falha, desvio, perda ou desperdício será um fardo cada vez mais pesado e difícil de suportar. 
 	No âmbito do ambiente de trabalho, provocam um clima de insegurança e desconfiança entre os funcionários e suas chefias, e no da direção geral da empresa, acendem suspeitas e desconfianças sobre a capacidade de gestão de seus administradores. 
 	No Brasil, as fraudes quase nunca eram percebidas por conta da enorme inflação que mascarava as perdas financeiras e ludibriava também os administradores que não observavam com mais atenção o problema. 
	Com o advento da estabilização da moeda brasileira, a partir do Plano Real, este problema tornou-se visível para a maioria das organizações e neste período, eram poucas as empresas que possuíam em seus quadros auditores internos ou mesmo, tinham a preocupação de contratar serviços de auditoria externa. 
 	Surgiu então problema real, uma questão a ser respondida: qual seria o papel da auditoria interna na prevenção, identificação e na apuração de fraudes contra as organizações?
Desenvolvimento
	A Auditoria Interna tem como finalidade desenvolver um plano de ação que auxilie a empresa/organização governamental a alcançar seus objetivos adotando metodologia ordenada e disciplinadora para aferir e melhorar a eficiência dos processos de gerenciamento de riscos com o objetivo de agregar valor e aperfeiçoar as operações e os resultados de uma organização.
	De acordo com artigo do Portal da Auditoria, publicado pela entidade em 22/dez/2016, 
“O objetivo geral da Auditoria Interna é avaliar e prestar ajuda a alta Administração e desenvolver adequadamente suas atribuições, proporcionando-lhes análises, recomendações e comentários objetivos, acerca das atividades examinadas. O auditor interno deve, portanto, preocupar-se com qualquer fase das atividades da empresa na qual possa ser de utilidade à Administração.”
(fonte: Portal da Auditoria. Disponível em: https://portaldeauditoria.com.br/o-que-e-auditoria-interna/)
	O auditor interno necessita ter preocupação com os detalhes em qualquer etapa das atividades da empresa que venha a ter utilidade para a Administração. Para alcançar este objetivo geral de serviços, é de extrema importância o desempenho de atividades específicas, tais como: revisar e aferir a eficácia e aplicação dos controles contábeis, financeiros e operacionais; também deve definir o alcance do cumprimento das normas, planos e procedimentos que estão vigorando; deliberar sobre a extensão dos controles da existência dos ativos da empresa e da sua proteção contra todo tipo de prejuízo; decidir sobre o grau de confiança das informações e dados contábeis ou de outra natureza organizados dentro da empresa; avaliar a qualidade obtida no cumprimento de tarefas determinadas; avaliar os riscos e a estratégia de negócios.
	O Instituto de Auditores Internos do Brasil, AUDIBRA (1992, p.48), registra: 
 (...) controles internos devem ser entendidos como qualquer ação tomada pela administração (assim compreendida tanto a Alta Administração como os níveis gerenciais apropriados) para aumentar a probabilidade de que os objetivos e metas estabelecidos sejam atingidos. A Alta Administração e a gerência planejam, organizam, dirigem e controlam o desempenho de maneira a possibilitar uma razoável certeza de realização.
	A Auditoria Interna é uma função de assessoria, por isso, o Auditor Interno não exerce autoridade direta sobre os outros membros da organização, cujo trabalho ele revisa e necessita ter liberdade para revisar e avaliar as normas, os planos, procedimentos e registros; mas seu trabalho de modo algum isenta os demais membros da Organização das responsabilidades que lhes foram designadas. Um dos aspectos mais importantes da Auditoria Interna é a independência. Segundo Attie (1998, p.33),
o auditor deve ser absolutamente independente e imparcial na interpretação de tudo que lhe for apresentado, atestando a cada dado um pronunciamento conclusivo. A independência necessita orientar o trabalho do auditor no sentido da verdade, evitando interesses, conflitos, vantagens, sendo factual em suas afirmações. Seu trabalho precisa ser encaminhado com observância às normas de auditoria e aos padrões e técnicas aplicadas ao exercício de sua função, valendo-se, se for o caso, de opiniões de outras profissões técnicas quando o momento assim o exigir.
	Estaindependência é fator determinante do valor e da amplitude dos serviços que a mesma obterá da função de Auditoria Interna. A função de Auditoria Interna é contínua, pois ela não está na organização para uma análise específica, em determinado tempo, com um determinado objetivo. Se um dos objetos da Auditoria Interna é o controle interno, isso implica na continuidade de suas funções. Ela também é completa, pois observa o todo organizacional e não parte da organização. A Auditoria Interna tem visão geral da organização.
	A auditoria deve ser desenvolvida na empresa; por ser um departamento interno, deve-se ter em mente que o auditor interno é um funcionário da organização, trabalhando para seus interesses, é um colaborador da mesma, surge como um instrumento de controle da própria organização. Deverá ser baseada na Avaliação de Risco, pois cabem ao auditor interno a avaliação e o feedback da implementação dos processos de gestão de risco verificando o diferente grau de entendimento e aceitação das áreas da organização cujo esses processos são de interesse.
	Cabe a Auditoria Interna a verificação do cumprimento dos planejamentos estratégicos e operacionais verificando o cumprimento dos mesmos e consequentemente o cumprimento dos objetivos organizacionais. 
	Como bem explica Rasmussen (1988, p. 1):
Desde os tempos remotos da história da civilização do homem, nas épocas do classicismo, pré-colombiano, idade média até a época atual, os homens que possuem poderes, em certas circunstâncias, têm abusado destes poderes para se enriquecer e lesar as instituições das quais obtiveram confiança e poder.
	As fraudes começam sempre em pequenas quantidades e aumentam de acordo com a confiança de quem as comete. Pode ser encoberta temporariamente ou permanentemente. Conforme Mortimer Dittenhofer (apud TCE BA, 1995, p. 69), 
a fraude e/ou desvio de fundos, é conhecido como, provavelmente, o maior causador de despesas não registradas do governo e de negócios. Os registros parecem indicar que estes crimes podem ser feitos por quase todo o tipo de empregado. Não parece ter um tipo específico de pessoa. Não existe um perfil característico. Todo tipo de gente pode cometer esse tipo de crime.
	Os controles internos com muitas falhas, elevada rotatividade de funcionários, acesso restrito a certos documentos, contas inativas são apontadas como facilitadores de ações ilícitas. A grande maioria dos atos de fraude encontra-se na falsificação de cheques e documentos e no roubo de ativos. Existem mais maneiras de se cometer fraude, tais como: espionagem industrial e empresarial, cartão de credito, compra para uso pessoal, uso indevido de informações obtidas ilegalmente, golpes através da internet (o mais utilizado meio de fraude atualmente), pagamento de propinas o que está levando nosso País à pior crise de todos os tempos, contas de despesas em viagem, notas fiscais “frias”, roubos de ativos e falsificação de cheques/documentos/balanços. (fonte: http://conic-semesp.org.br/anais/files/2015/trabalho-1000020759.pdf)
	A Auditoria Interna é importante para a organização, pois consegue prevenir e combater fraudes, como também norteia os caminhos pelos quais a empresa deve seguir, determinando falhas que geram as fraudes e proporcionando uma conclusão para empresa que possa melhorar seus serviços e a qualidade dos processos.
	Atualmente, a competição entre as empresas é bastante acirrada e as mesmas tem que estar sempre mantendo atenção redobrada em relação às mudanças no cenário de mercado que possam vir a trazer problemas para a organização, assim sendo, a auditoria interna opera como um identificador de possíveis erros, identificando possíveis fraudes contribuindo com seu conhecimento e com conceitos para conseguir resultados, e não apenas desempenhar atividades de controles internos.
	Para prevenir a ocorrência de fraudes é sabido que o empenho e participação das empresas são importantíssimos e tem que ser muito mais eficiente e eficaz do que é atualmente, é necessário que se tome diversos tipos de precauções, até porque nos dias atuais, existe um fraudador que assusta não só as empresas, mas principalmente aos cidadãos em geral, que é um fraudador cibernético. Para este fraudador quase não existe fronteiras, ele pode mudar os dados de uma pessoa que irá ser contratada por uma organização, começando a fraude antes mesmo antes de o candidato passar a funcionário. Para que um fraudador não passe a funcionário, as empresas tem que ser muito rigorosas em suas contratações, verificar a vida do cidadão, seu comportamento, instituir meios para a verificação constante da contabilidade determinando se ela está sendo executada de forma correta e se as operações estão sendo devidamente registradas, controlar com rigor os sistemas da folha de pagamento, contas a pagar, contas a receber, instalações de câmeras, implantação e revisão dos controles internos e revisão da qualidade do ambiente do negócio. 
	O foco da Auditoria Interna precisa a mudar diante das muitas alterações que o ambiente empresarial e o regulatório sofrem. O ambiente atual é uma mistura da necessidade contínua de requisitos de conformidade com a exigência de providenciar orientações valiosas para o negócio.
	Os desafios atuais da Auditoria Interna são significativos, uma vez que atualmente é exigida uma nova postura ainda mais decisiva para uma resposta adequada nas organizações, tais como: nos mercados voláteis e instabilidade financeira continuam a atormentar as economias globais; a maior complexidade do modelo de negócio; o aumento das exigências regulamentares e expectativas das partes interessadas; uma maior abrangência na intervenção da Função de Auditoria Interna; o ritmo da mudança tecnológica acelerado; o crescente escrutínio público e necessidade de gestão de reputação; os novos riscos de negócio. É exigida uma maior abrangência na intervenção da função de Auditoria Interna, sendo a mesma sendo chamada a ter um papel de relevância para além da sua responsabilidade nas tradicionais áreas operacionais de controle interno, incluindo aí um maior envolvimento no desenho de controles em novas áreas sem comprometer a sua independência, uma revisão independente de temas especializados, uma avaliação de riscos emergentes e eficiência dos processos, um papel consultivo em transações estratégicas na organização. O aumento das exigências regulamentares termos de transparência e disponibilidade da informação, força do modelo de governação, adequação da gestão do risco e ambiente de controle interno e foco no reforço de responsabilidades das funções de controle que, nomeadamente a garante da confiabilidade e qualidade da informação produzida, verificação da idoneidade e diversidade de habilidade dos Órgãos de Administração e fiscalização em forma e apropriado, conduta comportamental dos recursos operacionais. 
Considerações Finais
	As auditorias internas precisam urgentemente definir um plano de trabalho para o futuro da profissão e também de realizar a difícil tarefa de identificar riscos que possam vir a impedir a empresa de atingir seus objetivos estratégicos. A auditoria interna precisa de uma legislação própria e fundamentalmente de uma reciclagem para acompanhar a rapidez com que os novos negócios surgem. Os profissionais auditores internos precisam atualizar-se, estudar os novos momentos vividos em nosso país e no mundo. 
	Não há como fazer isso sem que os auditores estejam capacitados. É preciso que fique claro para os auditores onde estão as ameaças e os pontos sensíveis do negócio, onde há baixa visibilidade e onde pode haver um problema cuja extensão ainda não está clara. O auditor precisa entender o que precisa melhorar. Sem as novas ferramentas e a formação adequada é difícil esperar que o auditor possa agregar valor ao negócio e evitar que se instale na organização um ambiente vulnerável a fraudes e desvios. As companhias buscam soluções de negócios cada vez mais alinhadas com as novas tecnologias, procurando uma diferença positiva que a destaque neste mercadocompetitivo e novas estratégias, mas os investimentos de capacitação de auditores nessa área ainda são modestos. São necessidades de melhorias que devem ser destacadas e debatidas e dessas ponderações deverão surgir formas de trabalhar e evitar surpresas negativas. Um plano realista, seguro e que agregue valor dependerá muito dessa conversa aberta e franca entre o auditor interno e a administração da organização. 
	Manter a sua independência é primordial para a auditoria interna, e para alcançar seus objetivos tem que estar próxima do dia a dia dos negócios, deixar de lado as incertezas somente para a agitada conjuntura do País, que parece mais política que econômica. De acordo com Andrich (2016), debater, identificar as ameaças e planejar de forma sincronizada formam a rota do melhor caminho a seguir. 
Referências Bibliográficas
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AUDIBRA – Instituto dos Auditores Internos do Brasil. Normas brasileiras para o exercício da auditoria interna. 2. ed. São Paulo: Audibra, 1992.
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RASMUSSEN, U. W. Desvios, desfalques e fraudes nas transações de compras nas empresas: uma análise transacional da aplicação dos controles internos na atividade de administração de materiais. São Paulo: Aduaneiras, 1988.
¹ Pós Graduando em Gestão Financeira – Auditoria e Controladoria pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo. Email: silvaafonsoc@gmail.com
² Doutora em Economia pela Esalq/Usp. E-mail: