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cv 1 SUMÁRIO 1 AUDITORIA INTERNA E EXTERNA .......................................................... 2 2 AUDITORIA GOVERNAMENTAL ............................................................... 3 3 AUDITORIA PRIVADA ................................................................................ 3 4 AUDITORIA INTERNA ................................................................................ 4 5 AUDITORIA EXTERNA............................................................................... 5 6 PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A AUDITORIA INTERNA E A EXTERNA ................................................................................................................... 7 6.1 Auditoria Interna ................................................................................... 7 6.2 Auditoria externa .................................................................................. 8 7 AUDITORIA CONTÁBIL.............................................................................. 9 8 AUDITORIA OPERACIONAL .................................................................... 11 9 AUDITORIA INTEGRADA ......................................................................... 13 10 SEMELHANÇAS ENTRE AUDITORIA INTERNA E EXTERNA ............ 13 11 NOTA CURIOSA ENTRE AUDITORIA INTERNA X AUDITORIA EXTERNA 14 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 16 12 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................. 19 13 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................. 30 2 1 AUDITORIA INTERNA E EXTERNA Fonte: www.jrmcoaching.com.br Nos últimos anos, tem sido muito comum encontrar-se tanto na literatura técnica, como nos debates, seminários, congressos e outros eventos acadêmicos, uma vasta enumeração de tipos de auditoria. Esse fato decorre da não-existência de uma classificação uniforme, que seja aceita por todos, para a atividade auditoria. Contudo, sem pretender esgotar a matéria, adotar-se-á, neste trabalho, a seguinte classificação por conveniência didática: Quanto ao Campo de atuação: - Governamental - Privada Quanto à Forma de realização: - Interna - Externa Quanto ao objetivo dos trabalhos: - Contábil ou Financeira - Operacional - Integrada 3 2 AUDITORIA GOVERNAMENTAL A auditoria governamental atua diretamente sobre a administração da coisa pública. Ela está diretamente relacionada com o acompanhamento das ações empreendidas pelos órgãos e entidades que compõem a administração direta e indireta das três esferas de governo. Normalmente é realizada por entidades superiores de fiscalização, sob a forma de Tribunais de Contas ou Controladorias, e organismos de controle interno da administração pública. Vale mencionar que alguns consideraram a atividade de fiscalização auditoria fiscal realizada pelos órgãos responsáveis pela arrecadação dos tributos como uma espécie de auditoria governamental. A auditoria fiscal pode ser conceituada como o conjunto de procedimentos técnicos, pautados em normas profissionais, aplicados por prepostos dos governos federal, estaduais e municipais com objetivo de verificar se os impostos, taxas e contribuições devidos aos cofres públicos estão sendo reconhecidos e recolhidos em conformidade com a legislação pertinente, assim como outras funções correlatas. Entre outras, os auditores fiscais podem possuir as seguintes atribuições: Constituir créditos tributários por meio de lançamentos de ofício com lavratura de autos de infração; Planejar, coordenar e executar atividades de fiscalização de receitas governamentais, principalmente as relacionadas com tributos; Efetuar revisões fiscais e contábeis; Planejar, coordenar e executar atividades de elaboração e divulgação de atos normativos, de elaboração de pareceres sobre a interpretação e a aplicação da legislação tributária e de orientação aos contribuintes. 3 AUDITORIA PRIVADA A auditoria privada é toda aquela cujo campo de atuação se dá no âmbito da iniciativa particular, que objetiva o lucro, de uma maneira geral. 4 4 AUDITORIA INTERNA A administração da empresa, com a expansão dos negócios sentiu a necessidade de dar maior ênfase às normas ou aos procedimentos internos, devido ao fato de que o administrador, ou em alguns casos, proprietário da empresa, não poderia supervisionar pessoalmente todas as atividades. Entretanto, de nada valia a implantação desses procedimentos internos sem que houvesse o acompanhamento, no sentido de verificar se estes estavam sendo seguidos pelos empregados da empresa. Adicionalmente, o auditor externo ou independente, além de sua opinião ou parecer sobre as demonstrações contábeis, passou a emitir um relatório-comentário, no qual apresentava sugestões para solucionar os problemas da empresa, que chegaram ao seu conhecimento no curso normal de seu trabalho de auditoria. Entretanto o auditor externo passava um período muito curto na empresa e seu trabalho estava totalmente direcionado para o exame das demonstrações contábeis. Para atender a administração da empresa, seria necessária uma auditoria mais periódica, com maior grau de profundidade e visando também às outras áreas não relacionadas com contabilidade (sistema de controle de qualidade, administração de pessoal etc.). Portanto, surgiu o auditor interno como uma ramificação da profissão de auditor externo e, consequentemente, do contador. O auditor interno é um empregado da empresa, e dentro de uma organização ele não deve estar subordinado aqueles cujo o trabalho ele examina. Além disso, o auditor interno não deve desenvolver atividades que ele possa vir um dia examinar, como por exemplo, elaborar lançamentos contábeis), para não interferir em sua independência. A auditoria interna é a auditoria realizada por profissionais empregados da própria entidade auditada, portanto, parcialmente independente, e que, além das informações contábeis e financeiras, se preocupa também com os aspectos operacionais. Normalmente, a auditoria interna se reporta à presidência da organização, funcionando como um órgão de assessoramento. Segundo Nieva apud Guzmán (19.., p. 37), a auditoria interna é, em livre tradução, assim conceituada: 5 Atividade independente de avaliação de uma organização, mediante a revisão de sua contabilidade, finanças e outras operações que servem de base a administração da empresa. Também se pode dizer que é um controle gerencial que funciona medindo e avaliando a eficácia de outros controles. Segundo o Escritório do Auditor Geral do Canadá – OAG, a Auditoria Interna é a “revisão e avaliação, sistemática e independente de todas as operações, incluindo as atividades administrativas, com a finalidade de informar a administração sobre a eficiência, eficácia e economia das práticas internas de gestão e dos controles”. A INTOSAI, no glossário anexo às suas Normas (1995, p. 37), afirma que a auditoria interna é: O meio funcional pelo qual os dirigentes de uma entidade certificam-se, com base em fontes internas, de que as atividades pelas quais são responsáveis estão sendo executadas de forma a minimizar a probabilidade de ocorrência de fraudes, erros ou práticas ineficientes e antieconômicas. A auditoria interna possui várias das características de auditoria externa, entretanto pode perfeitamente seguir as orientações emanadas do órgão ao qual deve apresentar seus relatórios. O CFC, através da Resolução n.º 986/03, apresentou o seguinte conceito: A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integradosao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. A atividade de Auditoria Interna está estruturada em procedimentos, com enfoque técnico, objetivo sistemático e disciplinado, e tem por finalidade agregar valor ao resultado da organização, apresentando subsídios para o aperfeiçoamento dos processos, da gestão e dos controles internos, por meio da recomendação de soluções para as não-conformidades apontadas nos relatórios. É oportuno salientar que a auditoria interna não se limita somente aos aspectos contábeis de uma organização, logo deve ser realizada, preferencialmente, por uma equipe multi e interdisciplinar. 5 AUDITORIA EXTERNA A auditoria externa ou auditoria independente surgiu como parte da evolução do sistema capitalista. No início, as empresas eram fechadas e pertenciam a grupos de familiares. Com a expansão do mercado e o acirramento da concorrência, houve 6 a necessidade de a empresa ampliar suas instalações fabris e administrativas, investir no desenvolvimento tecnológico e aprimorando os controles e procedimentos internos em geral, principalmente visando à redução de custos, portanto, tornando mais competitivos seus produtos no mercado. Entretanto, para processar todas essas mudanças seria necessário um volume de recursos impossível de ser obtido por meio das operações lucrativas da empresa ou patrimônio de seus proprietários. Por conseguinte, a empresa teve de captar esses recursos junto a terceiros, principalmente mediante a empréstimos bancários a longo prazo, e abrindo seu capital social para novos acionistas. No entanto, esses futuros investidores precisavam conhecer a posição patrimonial e financeira da empresa, a capacidade de gerar lucros e como estava sendo efetuada a administração financeira dos recursos na empresa. Essa necessidade de informação era para que o investidor pudesse avaliar a segurança, a liquidez e a rentabilidade de seu futuro investimento. A melhor forma de o investidor obter essas informações era, por meio das demonstrações contábeis da empresa. Como consequência, as demonstrações contábeis passaram a ter importância muito grande para os futuros aplicadores de recursos. Como medida de segurança contra a possibilidade de manipulação de informações, os futuros investidores passaram a exigir que essas demonstrações fossem examinadas por um profissional independente da empresa e de reconhecida capacidade técnica. Esse profissional, que examina as demonstrações contábeis da empresa e emite sua opinião sobre estas, é o auditor externo ou auditor independente. É importante citar que, apesar de ser muito divulgada, não existe uma definição consensual do que vem a ser auditoria externa. Em um sentido amplo, pode-se dizer que é a auditoria sobre a área financeira e outras, realizada por profissionais independentes. De acordo com o Glossário de termos e expressões utilizados em matéria de auditoria externa das finanças públicas da INTOSAI, elaborado por Everard e Wolter (1986,187), tem-se que a Auditoria Externa é a: Auditoria realizada por um organismo externo e independente da entidade controlada, tendo por objetivo, por um lado, emitir parecer sobre as contas e a situação financeira, a regularidade e a legalidade das operações e/ou sobre a gestão financeira e, por outro, elaborar relatórios correspondentes. 7 Ela também pode ser conceituada como sendo a auditoria realizada por profissionais qualificados e externos à empresa auditada, ou seja, que não são empregados da administração, normalmente sob a forma de firmas de auditoria, com o objetivo precípuo de emitir uma opinião independente, com base em normas técnicas, sobre adequação ou não das demonstrações contábeis, assim como, em certos casos, um relatório sobre a regularidade das operações e/ou sobre o resultado da gestão financeira e administrativa. Também conceituada como auditoria independente, é a auditoria realizada por especialistas contratados pela organização fiscalizada, ou por imposição normativa. Normalmente, os auditores externos realizam contábil, que segundo o CFC, representa o conjunto de procedimentos técnicos que têm por objetivo a emissão de parecer sobre a adequação das demonstrações contábeis, conforme os Princípios Fundamentais de Contabilidade, as Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação específica, no que for pertinente. No Brasil, a prática da Auditoria Externa está regulamentada pelo CFC, pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM e pelo Banco Central do Brasil – BACEN. Consoante o art. 177 da Lei n.º 6.404/76, as demonstrações financeiras das companhias abertas devem observar as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e são obrigatoriamente auditadas por auditores independentes ou externos registrados na mesma Comissão. 6 PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A AUDITORIA INTERNA E A EXTERNA Apresenta-se a seguir um quadro comparativo entre as principais diferenças conceituais entre a Auditoria Interna e a Auditoria Externa. 6.1 Auditoria Interna É executada por empregado da organização ou empresa auditada. Portanto, é realizada por profissionais que possuem uma independência relativa. É oportuno ressaltar que tem sido comum a terceirização dos serviços de auditoria interna. 8 Objetiva atender às necessidades e aos interesses da administração. Logo a extensão (escopo) dos seus trabalhos será sempre definida em função dos anseios da alta direção. A avaliação das operações e do sistema de controle interno é realizada para, entre outras finalidades, desenvolver, aperfeiçoar e para induzir ao cumprimento de políticas e normas. Normalmente não se restringe aos assuntos financeiros. As fases dos exames são subdivididas em relação às áreas operacionais e às linhas de responsabilidade da administração. O auditor direciona seus exames para a identificação de erros e fraudes. O auditor interno possui uma independência relativa, pois na qualidade de empregado da empresa auditada, ele somente deve ser independente em relação às atividades e às pessoas cujo trabalho está sob escopo do seu exame, devendo subordinar-se às necessidades e aos interesses da administração. As áreas da empresa auditada são continuadamente revisadas. A periodicidade é definida pela administração. 6.2 Auditoria externa O profissional que a realiza não possui qualquer vínculo empregatício nem relação de interesse com a empresa auditada. Os objetivos fundamentais são atender às necessidades de terceiros interessados pela empresa auditada, notadamente os acionistas que nela estão investindo capital, no que tange a adequação das informações contábeis, bem como atender aos objetivos da administração. A revisão das operações e do controle interno é realizada para atender as normas de auditoria e para determinar a extensão (escopo) do exame das informações contábeis. O exame normalmente está limitado aos aspectos financeiros. O enfoque está voltado para as principais contas do balanço patrimonial e para as demonstrações contábeis. O auditor deve planejar seus trabalhos de modo a identificar erros e fraudes que ocasionem efeitos relevantes nas demonstrações contábeis. 9 O auditor externo deve ser independente em relação a empresa auditada, não podendo ser influenciado por fatores estranhos, por preconceitos ou quaisquer outros elementos materiais ou afetivos que resultem em perda, efetiva ou aparente, de sua independência. As informações comprobatórias das demonstrações contábeis são auditadas periodicamente, geralmente em base anual. 7 AUDITORIA CONTÁBIL O CFC, através da Resolução n.º 820/97, que aprova as Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis, apresentou o seguinte conceito para a auditoria contábil: A auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto deprocedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica. Conforme o citado Glossário elaborado por P. Everard e D. Wolter, tem-se o seguinte conceito: Auditoria relativa ao plano da organização, aos procedimentos e documentos que se referem à proteção dos ativos e à confiabilidade das contas e dos balanços financeiros. Esta auditoria é, consequentemente, concebida com a finalidade de fornecer uma garantia razoável que: a) As transações e o acesso aos ativos sejam efetuados em conformidade com as autorizações; b) As transações sejam registradas quando necessário; c) A contabilização dos ativos seja comparada com a existência física a intervalos razoáveis e que sejam tomadas as medidas adequadas relativamente as todas as diferenças não justificadas. A Auditoria Contábil representa o conjunto de procedimentos técnicos aplicados de forma independente por um profissional habilitado, segundo normas preestabelecidas, com o objetivo de se emitir uma opinião sobre se as demonstrações contábeis tomadas em seu conjunto, em relação aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e as normas brasileiras de contabilidade, bem como sobre assuntos financeiros relacionados. 10 Portanto, o foco central dos trabalhos da auditoria contábil são os exames das demonstrações contábeis com o objetivo de se emitir uma opinião sobre sua adequação. Isto se deve ao fato de que essas demonstrações objetivam retratar, em determinada data, a situação orçamentária, financeira, econômica e patrimonial de uma organização, logo a sua adequada elaboração vai possibilitar um completo diagnóstico das condições dessa mesma entidade. O objetivo da auditoria contábil é a emissão de um parecer independente, que tem por limite os objetivos da auditoria (demonstrações contábeis) e não representa garantia de viabilidade futura ou de eficácia da administração na gestão dos negócios. Segundo o CFC, o parecer da Auditoria Contábil é de exclusiva responsabilidade de contador registrado nesse Conselho profissional, que deve realizar seu trabalho assegurando o devido controle de qualidade. Os requisitos que o auditor deve adotar para o controle da qualidade dos seus trabalhos, conforme o CFC, são: O pessoal designado deve ter a competência e habilidade profissionais compatíveis com o requerido no trabalho realizado; O pessoal designado deve ter o nível de independência e demais atributos definidos nas Normas Profissionais de Auditor Independente para ter uma conduta profissional inquestionável; O trabalho de auditoria deverá ser realizado por pessoal que tenha um nível de treinamento e de experiência profissional compatível com o grau de complexidade das atividades da entidade auditada; e O auditor deverá planejar, supervisionar e revisar o trabalho em todas as suas etapas, de modo a garantir aos usuários de seus serviços a certeza razoável de que o trabalho foi realizado de acordo com as normas de controle de qualidade requeridas nas circunstâncias. Em um resumo gráfico do processo da auditoria contábil, tem-se: 11 Fonte: www.guidantmanagement.com 8 AUDITORIA OPERACIONAL É a tradução da performance audit dos americanos. Refere-se ao conjunto de procedimentos auditoriais que são aplicados com o objetivo de se avaliar o desempenho e a eficácia das operações, dos sistemas de informação e de organização, dos métodos de administração; examinar a propriedade e o cumprimento das políticas administrativas da empresa auditada, além de analisar a adequação e a oportunidade das decisões estratégicas. É o exame que pode abranger todos os níveis de uma administração sob o ponto de vista da economia, eficiência, eficácia e efetividade. É também denominada de Auditoria de Otimização de 12 Recursos, Auditoria de Desempenho ou de Resultados. Segundo alguns, a auditoria operacional também é uma expressão sinônima para a auditoria de gestão. A auditoria operacional surgiu da necessidade de melhorar os informes apresentados pelos auditores no que se refere aos resultados da gestão privada e pública, em face das limitações das informações financeiras. Os objetivos principais da Auditoria Operacional são: apresentar sugestões para melhorar a gestão dos recursos e identificar aspectos de ineficiência, desperdícios, desvios e abusos. Em um resumo gráfico, tem-se: Fig. 04 – Processo de auditoria operacional Fonte: www.guidantmanagement.com 13 9 AUDITORIA INTEGRADA A auditoria integrada corresponde a tradução adotada em Portugal e no Brasil para a Comprehensive Audit dos canadenses. A literatura técnica internacional vem definindo a Auditoria Integrada mais como um conceito do que como uma técnica propriamente dita, na qual são envolvidos aspectos relacionados, mas individualmente distinguíveis no que se refere a accountability, quais sejam: exame de demonstrações contábeis ou financeira e exames de economia, eficiência e eficácia na gerência dos recursos. O termo Auditoria Integrada, consoante a OLACEFS (1981, p. 20), é utilizado pelo Escritório do Auditor Geral do Canadá para descrever um “enfoque de auditoria de escopo ampliado com objetivo de revisar sistematicamente e emitir relatórios sobre as relações de responsabilidade de prestar contas e sobre as atividades de apoio, os sistemas e controles utilizados pela administração no cumprimento dos seus deveres e obrigações”. Logo, pode-se denominar a Auditoria Integrada como Auditoria de Amplo Escopo. 10 SEMELHANÇAS ENTRE AUDITORIA INTERNA E EXTERNA Procedendo-se uma análise comparativa entre a Auditoria Interna e a Externa, chega-se à conclusão que elas têm muitas semelhanças, quais sejam: Utilizam-se praticamente das mesmas técnicas: - Formulam sugestões de melhorias para deficiências encontradas. - Modificam a extensão de seus trabalhos de acordo com as suas observações e a eficiência dos sistemas contábeis e de controle interno existentes. A seguir, uma visão significativa dessas semelhanças: 14 11 NOTA CURIOSA ENTRE AUDITORIA INTERNA X AUDITORIA EXTERNA Fonte: www.guidantmanagement.com A auditoria contábil é uma atividade exercida por meio de técnicas e procedimentos de forma sistematizada para avaliar e examinar os procedimentos e as operações praticadas na execução da escrituração contábil, esta atividade se conclui no relatório técnico onde o auditor emite seu parecer a respeito do que foi verificado. Há dois tipos de atividades de auditoria mais comuns, a auditoria operacional e a financeira/contábil. Na auditoria operacional a relação com a contabilidade é mais indireta, pois o objetivo neste tipo de auditoria é analisar controles e procedimentos operacionais da administração e sua consequência na contabilidade. Já na auditoria financeira o auditor expressa sua opinião sobre as demonstrações financeiras e a aplicação dos princípios de contabilidade. As informações que fundamentam a auditoria devem ser obtidas de fontes independentes, pois devem prestar credibilidade ao trabalho, portanto o auditor deve sempre dar preferência a documentos, arquivos ou papéis de origem externa e hesitar quando os mesmos forem obtidos dentro da própria empresa. A técnica da circularização, por exemplo, permite confirmar as informações contidas na escrituração contábil com terceiros. Em casos onde a informação de terceiros não 15 seja possível, o auditor deve ir a fundo para verificar a exatidão das informações na contabilidade, para isso ele pode se valer da contagem física. Num exemplo de circularização, o auditor em nome da empresa emite uma carta solicitando a clientes e fornecedores a confirmação dos débitos/créditos com a empresa numa determinada data. A contagem físicaé bem comum ser aplicada ao final de cada ano no inventário dos estoques, mas também deve ser usada para verificar o saldo de caixa de forma periódica para evitar problemas e fraudes no controle de caixa. A auditoria pode ainda ser interna ou externa. A auditoria interna segue orientação da diretoria da empresa e está subordinada aos controles, normas e procedimentos internos da empresa, já a auditoria externa é mais independente, pois aborda as informações de maneira mais imparcial já que não leva em conta as políticas internas da empresa, mas sim as técnicas e princípios que norteiam a contabilidade. Entretanto, uma não elimina a necessidade da outra, pois apesar de suas funções serem similares o destaque e a forma de encontrar as informações são diferentes. Além disso, as auditorias interna e externa numa mesma organização tendem a se completarem possibilitando maior segurança na representação patrimonial na contabilidade e possibilita a resolução preventiva de problemas que muitas vezes só serão detectados após o fechamento do exercício contábil. Com a internacionalização das normas contábeis há uma maior importância em se aplicar as auditorias e se certificar que a realidade da empresa esteja espelhada nas demonstrações financeiras. 16 BIBLIOGRAFIA Introdução à auditoria – breves apontamentos de aula. Salvador. 1998, 348p. _____. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 1992. 304p. _____. Performance auditing at the Swedish National Audit Bureau. Stockholm, 1993. 202p. _____. Resoluções CFC n.º 820 e 821/97. Brasília: CFC, 1997. 88p. _____. Value for money handbook. 1997. 64p. ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: Um Curso Moderno e Completo. São Paulo: Atlas. 6 ed. 592p. ARAÚJO, Inaldo da Paixão S. Introdução à auditoria operacional. 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INTRODUÇÃO Com a expansão das empresas as demonstrações contábeis passaram ter maior importância para os donos das empresas para as pessoas que tivessem interesse em investir nessas empresas. Com isso houve a necessidade de confirmar a veracidade das informações emitidas pelas empresas. Esta confirmação só poderia ser emitida por um auditor. Com o crescimento das empresas, aumentou também as informações analisadas pela administração e estas deveriam ser constantes, pois auxiliariam nas tomadas de decisões, por isso grandes empresas começaram a ter dentro de suas organizações uma Auditoria Interna com a finalidade de trazer melhorias para o controle interno e garantir eficiência e eficácia na gestão da empresa. Posteriormente, são revisados as operações e controle interno para determinar a extensão do exame e a fidedignidade das demonstrações financeiras, realizado por um auditor externo. Assim realizou-se uma pesquisa bibliográfica para evidenciar os objetivos e as diferenças entre a Auditoria Interna e Externa. A EVOLUÇÃO DA AUDITORIA NO BRASIL http://www.univale.com.br/portalnovo/images/root/anaisadmix/5.pdf 20 A primeira empresa de Auditoria que se instalou aqui no Brasil foi no ano de 1909. Segundo Attie(1992, p.34), no Brasil o desenvolvimento da Auditoria teve suas influências, entre elas pode-se citar: • Filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras; • Financiamento de empresas brasileiras através de entidades internacionais; • Crescimento das empresas brasileiras e necessidades de descentralização e diversificação de suas atividades econômicas; • Evolução do mercado de capitais; • Criação das normas de auditoria promulgadas pelo Banco Central do Brasil em 1972. Mas apenas em 1976 que a Auditoria deu um grande passo para sua consolidação. Segundo Magalhães, Lunkes, Muller (2001, p.18) Essa consolidação aconteceu com o surgimento da Lei das Sociedades por Ações (lei n 6404) com a lei de Comissão de Valores Mobiliários (lei n 6385). A primeira porque estabeleceu com obrigatoriedade para empresas de capital aberto ter suas demonstrações contábeis por auditores independentes. A segunda porque estabeleceu a fiscalização para as atividades dos auditores independentes. Com a evolução dos sistemas as empresas que no início pertenciam a grupos familiares precisavam expandir seus negócios e, para isso, necessitavam de investimentos de terceiros, abrindo seu capital para novos acionistas. Mas estes necessitavam de informações precisas sobre os investimentos e capital da empresa para só assim poder investir com segurança. Diante disso, as demonstrações contábeis passaram a ter grande importância para os investidores, principalmente, para os acionistas minoritários que aplicavam suas economias na bolsa de ações. A evolução da Auditoria junto ao desenvolvimento econômico é que gerou as grandes empresas formadas por capitais de muitas pessoas, que tem na informação dos registros contábeis a proteção ao seu patrimônio. Hoje a Auditoria não é somente um instrumento de mera observação, mas também de orientação, interpretação e de previsão de fatos, tornando-se dinâmica, porém, ainda, em evolução. 21 CONCEITO DE AUDITORIA Auditoria é um exame cuidadoso e independente das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor, cujo objetivo é averiguar se elas estão de acordo com as disposições planejadas e/ou estabelecidas previamente, se foram implementadas com eficácia e se estão adequadas com os objetivos traçados pela empresa. De acordo com Gil (1879, p.59): Auditoria é uma função administrativa que exerce a verificação/ constatação/ validação, via testes e analises dos resultados dos testes, com consequente emissão de opinião, em momento independente das demais três funções administrativas (planejamento, execução, controle), consoante os três níveis empresariais principais (operacional, tático e estratégico). Pode-se conceituar Auditoria como exame das demonstrações contábeis e todos os documentos, livros, registros que foram utilizados para sua elaboração. Para apurar com exatidão os registros contábeis e a realidade das operações da empresa. Segundo Franco, Marra (1985, p.20). (...) Os exames são efetuados de acordo com as normas de Auditoria usualmente aceitas e incluem os procedimentos que os auditores julgarem necessários, em cada circunstância, para obter elementos de convicção, com o objetivo de comprovar se os registros contábeis foram executados de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos e se a demonstrações contábeis delas decorrentes refletem adequadamente a situação econômico- financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e outras situações nelas demonstradas. Depois de feito o exame das demonstrações contábeis o auditor expressa sua opinião emitindo seu parecer, certificando a veracidade das demonstrações financeiras preparadas pela empresa auditada. A Auditoria é a técnica utilizada pela contabilidade para poder atingir plenamente sua finalidade. OBJETIVOS DA AUDITORIA 22 Para realização de uma Auditoria o profissional da área necessita de seguir alguns objetivos. Segundo Machado (1993, p.9), o auditor deve seguir esses objetivos: a) Verificar a situação econômica e patrimonial de uma empresa, através de suas demonstrações contábeis; b) Analisar a estrutura operacional existente de uma entidade, oferecendo sugestões com vistas ao seu aperfeiçoamento e racionalização de suas atividades; c) Revisar a estrutura administrativa existente na entidade, verificando a existência de uma adequada linha de autoridade e responsabilidade, perfeitamente definida entre os departamentos, levando em conta a necessária segregação de funções. Depois da utilização desses objetivos o auditor poderá emitir seu parecer. Este deverá expressar a opinião do auditor sobre as demonstrações contábeis. O auditor deve verificar se as demonstrações foram preparadas de acordo com os princípios da contabilidade geralmente aceitos e, se esses princípios, foram aplicados na documentação examinada, referente ao exercício anterior. A Auditoria é solicitada para apurar a responsabilidade e resguardar a integridade dos diretores ou executivos e também serve para dar uma satisfação e propiciar uma garantia aquele que mantêm relações com a entidade. Dessa forma, a Auditoria é a peça fundamental na verificação das demonstrações contábeis, sinalizando falhas que nos alertam para a necessidade de mudanças. AUDITORIA INTERNA Com a expansão dos negócios as empresas tiveram a necessidade de uma pessoa que além de revisar os controles internos e os procedimentos operacionais, também auxiliasse na administração e na execução das atividades. Surgiu então o auditor interno, para realizar uma Auditoria mais periódica, com maior grau de profundidade e visando também outras áreas não relacionadas com a contabilidade, para verificar se as normas internas vêm sendo seguidas. Paralelamente o auditor interno executa auditoria contábil. Segundo Almeida (1986, p.5) 23 O auditor interno é um empregado da empresa, e dentro de uma organização ele não deve estar subordinado aqueles cujo trabalho examina. Além disso, o auditor interno não deve desenvolver atividades que ele possa vir um dia examinar (como por exemplo, elaborar lançamentos contábeis), para que não interfira na sua independência. O auditor interno é funcionário da empresa, mas como executa auditoria contábil e operacional, deve ter certa independência dentro da entidade. Se for subordinado ao departamento contábil ou administrativo, pode sofrer pressões quando da execução de seus trabalhos. Para ter o maior grau possível de independência, deve ser subordinado à presidência da empresa. Em empresas de grande porte, existe um verdadeiro departamento de Auditoria Interna. O trabalho do auditor interno ajuda a empresa fazer o planejamento estratégico para alcançar maior desempenho nos planos, metas, objetivos e políticas traçadas pela empresa. Segundo o Audibra (Instituto dos Auditores Interno no Brasil): A missão básica da Auditoria Interna é; emitir a opinião conclusiva ou considerações a respeito das operações examinadas, avaliarem os fluxos dos sistemas, plano de controle interno e desempenho da organização ou de qualquer de seus segmentos; auxiliar a Alta Administração e demais membros do corpo gerencial da organização a se desincumbirem de maneira eficaz de suas responsabilidades. A empresa que utiliza a ferramenta da Auditoria Interna é beneficiada na questão de liderança, eficácia na manutenção e criação de controle interno etc. A empresa que não dispõe de controle administrativo o seu sistema de contabilidade é considerado por muitos sem valor, por não poder depositar sua confiança em suas informações e em seus relatórios. A Auditoria Interna como sendo uma atividade de avaliação independente, trabalha em parceria com administradores e especialistas. Segundo Paula (1999, p.32): (...) deverá avaliar aeficiência e a eficácia dos sistemas de controle de toda a entidade, agindo proativamente, zelando pela observância às políticas traçadas, e provocando melhorias, fornecendo subsídios aos proprietários e administradores para tomada e decisão, visando ao cumprimento da missão da entidade. Sendo assim o auditor deve avaliar se os métodos usados para conseguir cumprir as metas traçadas pela empresa estão sendo eficiente, se não estiver o auditor deve indicar os métodos para a produção da empresa, para que esta consiga ter resultado eficaz. 24 OBJETIVOS DA AUDITORIA INTERNA A Auditoria Interna tem como objetivo principal prestar ajuda à Administração, possibilitando-lhe o conhecimento da forma como desenvolve suas atividades, oferecendo condições para um desempenho adequado de suas obrigações, proporcionando análise, apreciações, recomendações e comentários objetivos e/ou convenientes acerca das atividades investigadas. Conforme afirma Almeida (1996, p.26), os objetivos da Auditoria Interna são os seguintes: • Verificar se as normas internas estão sendo seguidas; • Verificar a necessidade de aprimorar as normas internas vigentes; • Verificar a necessidade de novas normas internas; • Efetuar Auditoria das diversas áreas das demonstrações contábeis e em áreas operacionais. O auditor interno deve seguir as normas de Auditoria, mesmo sendo empregado da empresa o auditor não deve deixar que administração interfira na execução das suas funções, permitindo o exame de todos os atos por ela praticados. O auditor interno pode prever o exame de alguns fatos contábeis, antes deles ser registrado, no sentido de assegurar sua legitimidade e evitar correções futuras. São as seguintes as responsabilidades do auditor interno: - Observar com maior rigor do que qualquer outro empregado, os regulamentos internos da empresa; - Manter alto padrão de comportamento moral e funcional; - Ser discreto, não se utilizando de fatos apurados para proveito próprio; - Reportar eventuais sugestões sobre possíveis melhorias de sistemas de controle ou trabalho; - Só reportar fato que possam ser comprovados por documentos verificados e que não possam ser contestados; - Manter sempre presente perante os setores que audita não tem função de espião ou fiscal, mas sim de empregado categorizado, que tem funções definidas dentro da organização. A Auditoria Interna conhecida também como Auditoria Operacional realiza o exame dos controles internos e avalia a eficiência e eficácia da gestão, promove 25 melhorias nos controles operacionais e na gestão de recursos. A Auditoria faz recomendações nesses controles para atingir a eficiência administrativa. Segundo Crepaldi (2009, p.40) “... é preciso aumentar a eficácia gerencial por meio de recomendações compatíveis, aplicáveis e inovadoras, aumentar a eficácia e eficiência do processo auditorial e trazer benefícios efetivos para entidade auditada. ’’ O objetivo da Auditoria Interna é beneficiar a empresa com um melhor controle de seu patrimônio, procurando reduzir a ineficiência, negligência, incapacidade etc. Com essa ferramenta de controle administrativo a empresa se beneficiara dos diagnósticos, quanto à obediência as normas e procedimentos internos, possíveis áreas de risco, possibilitando a administração tomar as decisões necessárias. Portanto essa ferramenta tão preciosa – auditoria interna proporciona maior segurança ao funcionamento correto das operações. AUDITORIA EXTERNA A Auditoria Externa surgiu com a necessidade que os investidores tinham de ter informações sobre a veracidade das demonstrações contábeis que a empresa dispõe. Com isso, os investidores passaram a exigir que as demonstrações da empresa fossem examinadas por um profissional independente que não tivessem nenhum vínculo empregatício ou parentesco com a empresa, garantindo qualquer tipo de interferência não pessoal no seu parecer. Este profissional é o auditor externo que tem maior grau de independência e executa a Auditoria contábil. Seu objetivo na empresa auditada é emitir sua opinião sobre as demonstrações financeiras examinadas. Segundo Almeida (1988, p.13): Para atingir esse objetivo o auditor externo necessita planejar adequadamente o seu trabalho, avaliar o sistema de controle interno, relacionando com a parte contábil e proceder à revisão analítica das contas do ativo, passivo, despesas e receitas, a fim de estabelecer a natureza, datas e extensão dos procedimentos de Auditoria, colher as evidências comprobatórias das informações das demonstrações financeiras e avaliar essas evidências. A Auditoria Externa das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a 26 adequação com que estas representam à posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as mutações do patrimônio líquido e as origens e aplicações de recursos da entidade auditada, seguindo as Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação específica. Segundo Crepaldi (2009, p.286): ...o auditor independente necessita planejar adequadamente seu trabalho, avaliar o sistema de controle interno relacionado com a parte contábil e proceder à revisão analítica das contas do ativo, passivo, despesas e receitas, a fim de estabelecer a natureza, datas e extensão dos procedimentos de auditoria, colher as evidências comprobatórias das informações das demonstrações financeiras e avaliar essas evidências. É importante frisar que a existência de Auditoria Externa não elimina a necessidade da Auditoria Interna e tampouco a recíproca é verdadeira, já que suas funções e objetivos são diferentes. Entretanto, um trabalho conjugado entre as Auditorias pode ser por ambas utilizadas para se evitar a duplicidade do trabalho. Os objetivos da Auditoria Externa são: • Comprovar a exatidão dos registros contábeis; • Propor soluções para o aperfeiçoamento do controle interno e do sistema contábil da entidade; • Verificar a correta apresentação e divulgação das demonstrações contábeis; • Emitir parecer (opinião) sobre as demonstrações contábeis auditadas. Esses são os passos que o auditor externo segue para examinar as demonstrações contábeis, cujos elementos básicos são: • Balanço Patrimonial; • Demonstração do Resultado de Exercício; • Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados; • Demonstração das origens e aplicações de recursos; • Notas explicativas. Pode-se dizer que existem vários motivos para que as empresas contratem um auditor. Citam-se a seguir alguns para melhor entendimento do assunto. • Obrigação legal; • Como medida de controle interno; 27 • Imposição de bancos e fornecedores; • Atender as exigências da própria empresa; • Futura venda da empresa; • Fusão da empresa; • Consolidação das demonstrações contábeis. O auditor independente também examina e mede o grau de confiança do controle interno que se pode atribuir às demonstrações financeiras, porém não se preocupa em identificar e prevenir fraude, a não ser que as mesmas afetam substancialmente as demonstrações contábeis em exame, em conformidade com a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 700/91, que aprovou as normas de auditoria independente das demonstrações contábeis, dispondo nos itens 11.1.4.3 e 11.1.4. 4, a obrigação e a responsabilidade que o auditor independente deve considerar em relação às fraudes e erros: 11.1.4.3 – Ao detectar erros relevantes e quaisquer fraudes no decorrer dos seus trabalhos, o auditor tem a obrigação de comunicá-los à administração da entidade e sugerir medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não sejam adotadas. 11.1.4.4 – A responsabilidade primária na prevenção e detecção de fraudes e erros é administração da entidade, através da implementaçãoe manutenção de adequado sistema contábil e de controle interno. Entretanto, o auditor deve planejar seu trabalho de forma a detectar fraudes e erros que impliquem efeitos relevantes nas demonstrações contábeis. Logo se conclui que a Auditoria Externa não é realizada para detectar fraudes, erros ou para interferir na administração da empresa, ou ainda, reorganizar o processo produtivo ou demitir pessoas ineficientes. Naturalmente, no decorrer do processo de Auditoria, o auditor pode encontrar fraudes ou erros, mas o seu objetivo não é este. Seu objetivo é emitir um parecer. Segundo Almeida (1996, p.32): O auditor externo deve examinar as demonstrações contábeis de acordo com as normas de Auditoria geralmente aceitas; portanto, não é seu objetivo principal detectar irregularidades (roubos, erros propositais, etc.); conquanto essas possam vir a seu conhecimento durante a execução do serviço de Auditoria. (...) cumpre ressaltar que durante a execução do serviço de Auditoria o auditor externo tem acesso a muitas informações 28 confidências da empresa (salários, sistema de apuração de custos, sistema de produção, política de vendas, etc.) Como qualquer outro profissional, o auditor externo deve manter sigilo dessas informações, mesmo dentro da própria empresa. Como medida de sigilo profissional, o auditor externo não deve permitir que terceiros tenham acesso a seus papéis de trabalho sobre a empresa. O auditor externo tem que ter independência absoluta, não de vê aceitar imposições da empresa, quanto aos procedimentos adoados na realização da Auditoria, nem quanto às conclusões a que deve chegar. Na Auditoria Externa ou Independente o auditor tem um contrato de prestação de serviço, o auditor examina as demonstrações contábeis alguma área específica ou procedimento predefinido como objeto de trabalho especial. Sua finalidade é emitir parecer sobre a adequação das demonstrações contábeis e esse parecer deve ser independente. Embora operando em diferentes graus de profundidade/extensão‚ a Auditoria Interna e a Auditoria Externa têm interesses comuns, daí a conexão existente no trabalho de ambas. Notadamente no campo contábil, os exames são efetuados, geralmente, pelos mesmos métodos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da evolução das empresas, passou a ser exigido uma comprovação dos resultados. Para executar este trabalho as empresas estão contratando um profissional de Auditoria para examinar as demonstrações contábeis e confirmar se essas informações fornecidas pela empresa são verídicas. Hoje, com a situação em que se vive é extremamente necessária a presença de um auditor dentro da empresa. Para confiar aos interessados (sócios, acionistas, investidores, bancos, etc.). Neste artigo procurou-se demonstrar as principais diferenças entre Auditoria Interna e Externa, a principal está no direcionamento do seu trabalho. A primeira trabalha para atender as necessidades da administração. Já a Auditoria Externa principalmente para o interesse de terceiros. 29 O auditor externo certifica a veracidade dos fatos, o auditor interno auxilia os gestores no desempenho de suas funções, fornecendo-lhes subsídios para tomada de decisão. No momento em que se vive acirrada competitividade entre as organizações, a segurança proporcionada pelos controles e informações fidedignas podem representar o sucesso ou o fracasso empresarial. 30 13 LEITURA COMPLEMENTAR 2 Autores: Geraldo José Pinheiro e Luís Roberto Silva Cunha Disponível em: http://internet.sefaz.es.gov.br/informacoes/arquivos/publicacoes/publicacao_11.pdf Acesso: 29 de novembro de 2016 A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA NA DETECÇÃO DE FRAUDES Geraldo José Pinheiro Luís Roberto Silva Cunha * RESUMO Neste artigo os autores estabelecem uma inter-relação entre o evento fraudes e o papel a ser realizado pela auditoria no sentido de sua identificação e minimização das causas de sua ocorrência. Alguns aspectos de análise do presente artigo foram extraídos de pesquisas realizadas por instituições conceituadas em nível nacional e internacional que atuam na área de auditoria e áreas afins. É evidenciado ainda pelos autores que a função do auditor por essência está diretamente associada ao conhecimento e descoberta da fraude. Trata-se de uma análise reflexiva para propiciar ao segmento empresarial a magnitude quantitativa das fraudes, e a relevância da variável auditoria como ferramenta indispensável para contrapor este “câncer“, possibilitando a continuidade operacional do empreendimento. Palavras-chave: Fraudes; Fraudes-Brasil; Auditoria – Práticas corruptas; Auditoria – Práticas criminais. INTRODUÇÃO Em decorrência da evolução das fraudes seja no aspecto quantitativo, seja no aspecto qualitativo atingindo mundialmente empresas públicas e privadas em países desenvolvidos e emergentes ocasionando perdas substanciais nos respectivos patrimônios, associado à rara literatura sobre a matéria e as recentes pesquisas que apresentam números contundentes, sentimo-nos estimulados a investigar e evidenciar o inter-relacionamento da auditoria e a sua correspondência biunívoca com o fenômeno fraudes. O enfoque do presente trabalho é apresentar a classe empresarial de forma delimitada a função da auditoria ao nível necessário a permitir, o discernimento sobre as possibilidades de aplicação na prevenção e descoberta das fraudes. Obviamente, não é nossa pretensão conferir aos administradores, conhecimentos específicos sobre a matéria, mas o suficiente a permitir uma reflexão para a decisão de 31 implementar a utilização da auditoria como elemento estratégico para minimizar as fraudes nas organizações. O escopo do presente artigo, inicialmente explicita alguns conceitos de auditoria de forma sintética em seus três tipos no que tange a relação da entidade com o auditor: Auditoria interna, Auditoria Externa e Auditoria Governamental. Em seguida é abordada a conjuntura de fraudes em nível internacional e nacional evidenciando a generalização das fraudes e o inter-relacionamento da auditoria antes, durante e posteriormente a ocorrência da fraude nas empresas, conforme dados extraídos em diversas pesquisas realizados por instituições renomadas que atuam na área de auditoria e áreas afins. Finalmente são apresentadas algumas considerações finais para reflexão. A FUNÇÃO DA AUDITORIA A origem latina do termo auditoria, que vem de audire (ouvir), foi ampliado pelos ingleses como auditing para denominar a tecnologia contábil da revisão. Para atender o mundo globalizado, de uma sociedade moderna composta pelas grandes organizações, com o desenvolvimento econômico dos países, gerando crescente complexidade na administração dos negócios, onde as transações são contabilizadas em real-time, sujeitas às determinações fiscais e legais, e devido à criação de normas regulamentadoras da profissão, o conceito de auditoria tem-se ampliado ao longo do tempo. Apresentamos a título de ilustração, alguns conceitos atuais de auditoria. Segundo Attie (1998, p.25), “a auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e a eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado”, ou de forma ampliada de acordo com Sá (1998, p.25), Auditoria [...] é uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorrido, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados. Podemos observar que a auditoria poderá apresentar-se de diversas formas, conforme as suas características peculiares. Assim de acordo com os fins a que se 32 destina, aauditoria pode ser realizada para confirmar a exatidão das demonstrações contábeis, permitir melhor controle administrativo, atender as exigências legais, verificar o cumprimento das obrigações fiscais, entre outros, apurar erros e fraudes (Franco e Marra, 1992, p. 163). Muitas empresas entendem que o objeto principal de uma auditoria é de apenas de descobrir e de protege-la contra fraudes e de evitar multas fiscais, esquecendo da importância dos objetos básicos como da eficácia e eficiência. Alguns autores como Lopez (apud Sá. 1998, p.29), entendem que a auditoria tem objetos básicos e secundários. Os primeiros seriam os da opinião da fidedignidade das demonstrações contábeis e até extracontábeis, e o segundo, relativo a matéria como, os das descoberta de erros e fraudes, informações sobre o controle interno, assistência econômico-financeira e outras. Geralmente nas auditorias que tem também a finalidade da apuração de erros e fraudes, ocorrem as revisões integrais dos documentos relativos à conta examinada e dos registros contábeis, confundindo-se com a perícia contábil, que consiste num exame localizado de menor extensão (Franco e Marra, 1992, p.172). Quanto à relação da entidade auditada com o auditor, podemos classificar a auditoria da seguinte maneira: Auditoria interna, auditoria externa e auditoria governamental. A auditoria interna é executada por funcionários da empresa de forma permanente e com absoluta independência, cujo objetivo principal é atender à administração da empresa na implementação e vigilância nas normas internas definidas, avaliando e aperfeiçoando com sugestões o controle interno. O auditor interno para alcançar o seu objetivo, também deve ter uma atenção permanente na identificação das possíveis fraudes. A auditoria externa é aquela exercida por profissional liberal ou independente, sem qualquer subordinação com a empresa, tendo como objetivo primordial expressar a opinião se as demonstrações financeiras estão apresentadas de acordo com princípios de contabilidade geralmente aceitos e se esses princípios foram aplicados de forma consistente em relação ao período anterior. O auditor independente também examina e mede o grau de confiança do controle interno que se pode atribuir às demonstrações financeiras, porém não se preocupa em identificar e prevenir fraude, a não ser que as mesmas afetam 33 substancialmente as demonstrações contábeis em exame, em conformidade com a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 700/91, que aprovou as normas de auditoria independente das demonstrações contábeis, dispondo nos itens 11.1.4.3 e 11.1.4. 4 , a obrigação e a responsabilidade que o auditor independente deve considerar em relação às fraudes e erros: 11.1.4.3 – Ao detectar erros relevantes e quaisquer fraudes no decorrer dos seus trabalhos, o auditor tem a obrigação de comunica-los à administração da entidade e sugerir medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não sejam adotadas. 11.1.4.4 – A responsabilidade primária na prevenção e detecção de fraudes e erros é da administração da entidade, através da implementação e manutenção de adequado sistema contábil e de controle interno. Entretanto, o auditor deve planejar seu trabalho de forma a detectar fraudes e erros que impliquem efeitos relevantes nas demonstrações contábeis. A auditoria governamental diverge da auditoria contábil quanto aos objetivos, entretanto quanto aos procedimentos e as fontes de informações se assemelham. De forma genérica poderíamos atribuir a sua responsabilidade ao auditor fiscal e auditor interno das três esferas governamentais, federal, estadual e municipal. O auditor fiscal tem o objetivo de observar o cumprimento das obrigações tributárias, trabalhistas e sociais, ao examinar a situação de um contribuinte. Infelizmente em diversas vezes, identifica um fato gerador do imposto, que é mantido oculto e de forma ilícita, com a finalidade do não pagamento do tributo. O auditor interno ao realizar a auditoria das contas pública ou a auditoria financeira e orçamentária tem como finalidade principal, o exame e o julgamento da legalidade das contas e das gestões administrativas. Ultimamente devido ao uma maior regulamentação das gestões e contas públicas, as irregularidades originadas por fraudes vêm aparecendo em maior grau em nossa mídia, o que requer cada vez mais, uma maior especialização desses profissionais. Como podemos verificar, para não encontrarem dificuldades no exercício de suas funções, o auditor interno, o auditor independente, bem como o auditor fiscal, deve conhecer como se praticam as fraudes e os casos mais frequentes, ou seja, conforme Sá (1982, p.16), “é necessário um auditor saber como analisar as possibilidades de ocorrência de fraudes, para identificar os seus indícios, sendo esse conhecimento, condição essencial para sua formação profissional. ” 34 O CENÁRIO, TENDÊNCIAS E A INTER-RELAÇÃO COM A AUDITORIA A relevância do estudo relativo a fraudes, não tem sido objeto de investigação metodológico-científica na mesma ordem de grandeza que o fenômeno tem sido mensurado em recentes pesquisas através de conceituadas instituições que atuam nos meios empresariais. Dados da pesquisa realizada pela KPMG (98) citado por HSN Consult (1999), constataram que a média de fraudes nas empresas canadenses é de US$ 1 ,3 milhões, sendo que naquele país 36% dos canadenses acham que a fraude representa o maior problema empresarial. Nos Estados Unidos o valor médio anual das perdas é de US$ 568 mil por empresa. Outro dado interessante da Peat Marwick Thorne citado por Nepomuceno (2001, p.21) evidencia que os países supramencionados e a Inglaterra, historicamente são líderes mundiais em fraudes empresariais. Neste aspecto, o elevado índice de fraudes empresariais nos EUA remonta aos fins do século XIX, período coincidente com o abandono da responsabilidade na detecção de fraudes pelos auditores quando da regulamentação da profissão. O somatório das perdas individuais em nível microeconômico atingiu número considerável tanto nos países anglo saxões quanto em países latinos. No caso do Brasil é primordial uma reflexão sobre o volume de fraudes conforme observado via mídia e na própria conjuntura política nacional. Os números da pesquisa da KPMG (2000), realizada entre 150 empresas com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 5 bilhões revelaram que 80% das empresas reconheceram que sua empresa havia sido afetada por fraude, e destas, dois terços acredita que o nível de fraudes aumentará nos próximos anos. De acordo com dados da GBE – Peritos & Investigadores Contábeis (1997), as perdas com fraudes nas empresas brasileiras (1% do faturamento) não estariam refletindo corretamente a realidade desse problema. A experiência da GBE e dados coletados pessoalmente junto a algumas empresas pesquisadas indicam que as perdas devem estar entre 6% e 7% do faturamento. Os números impressionam, e induzem a alguns questionamentos. O valor em dinheiro perdido em fraudes nas empresas brasileiras conforme os dados apresentados acima, justificaria um estudo metodológico científico para identificar as razões destas perdas. O valor é superior à totalidade da carga tributária nacional 35 Caberia uma indagação do porquê? Diferentemente do que ocorre em relação à carga tributária, não se verifica uma reação do segmento empresarial no sentido de reclamar estas perdas junto a sociedade através dos canais competentes. Seria desconhecimento da ordem de grandeza dos números? Essa fenomenologia ocorre de forma dissipada? Ou diversas empresas quando detectam a fraude sequer tem condições de punir os faltosos, pois as mesmas praticam algum tipo de fraude através de sonegação de impostos, adulteração de produtos e subtração de pesagens conforme registrado por Sá (1982,p.28). Souza & Bergamasco (2001), descrevem em seu artigo “Os tormentos dos impostos”, alguns pensamentos e atos realizados por alguns empresários brasileiros: Se eu der nota de tudo o que vendo e atender a todas as normas legais do Fisco, da vigilância sanitária e da área trabalhista, simplesmente pago para abrir as portas”, argumento de uma empresária da capital paulista, dona de um restaurante. Uma pequena indústria alimentícia, localizada na cidade de São Paulo, por pressão dos clientes, vende sem nota 5% do seu faturamento anual de R$ 1 , 5 milhão. O industrial se explica da seguinte forma: “Alguns preferem vir até a fábrica para buscar a mercadoria, montando esquemas e rotas alternativas para driblar eventuais comandos de fiscalização da Fazenda. Novamente indagaríamos alguns questionamentos. Quantas fraudes desse tipo ocorrem diariamente no país? Essas empresas citadas possuem algum controle interno? Caso positivo, como funciona e qual a eficiência dos respectivos controles? Essas empresas, em algum momento, já foram auditadas por um auditor interno, por um auditor independente, ou até mesmo por um auditor fiscal? Quais seriam as soluções para minimizarmos a ocorrência das fraudes? Dentre as possibilidades de fraude, se a empresa exerce atividades ilícitas para sua continuidade, possibilita analogamente, o surgimento de um ambiente propício para a ocorrência de fraudes cuja intensidade poderá significar a própria descontinuidade operacional da entidade. A fraude caracteriza-se pela ação intencional e com dolo praticada por agentes internos ou externos a entidade de forma não autorizada com vistas a atentar contra os ativos empresariais suprimindo destes resultados empresariais. Segundo Sá (1982, p.15) “Fraude não é apenas o furto comum, pela subtração direta de bens, mas toda forma de lesão ao direito de terceiros, tramada através de artifícios, executados através de métodos e práticas desonestas”. 36 A intensidade do fenômeno deve inferir no meio empresarial a interpretação da fraude como algo que possui relação adjacente à própria existência da entidade. Neste sentido a empresa deve operar na concepção “do Ciclo de Vida de Fraude e projetos de busca e garimpagem de fraudes” conforme GIL (1999, p.76) em três macro momentos distintos: 1) prever a existência de fraudes enquanto da ocorrência das atividades normais da organização; 2) buscar evidências de indícios e provas relativas a fraudes e 3) adotar medidas corretivas quanto à punibilidade dos responsáveis e coniventes de fraudes comprovadas. “Toda organização deve desenvolver seu modelo de convívio, combate a eventos de fraudes”. Vale ressaltar neste ponto, em particular, algumas considerações sobre conivência, seus efeitos colaterais chegam a inspirar em certos autores a crença de que toda fraude se opera dentro de um regime de conivência. “A fraude, dificilmente tem um só culpado, quer ativa, quer passivamente” (Sá, 1982, p.26). Em outra abordagem, segundo Gil (1999, p.46) “Conivência é a não adoção de uma atitude proativa por profissional exercendo função ou cargo na empresa; quando da ocorrência de eventos fora de padrões da normalidade, formais ou informais junto à operacionalização das linhas de negócios organizacionais”. Atitudes negligentes e posturas complacentes na adoção de medidas corretivas de fraudes identificadas, sobretudo ações referente à punibilidade dos responsáveis são consideradas práticas de conivência, neste aspecto, é curioso o dado extraído de pesquisa da CEPEX – Centro de Pesquisa de Executivos realizado em 805 empresas industriais, comerciais e prestadoras de serviço que revela a postura das empresas após a descoberta das fraudes, em 36% dos casos as empresas não adotaram quaisquer providências no sentido de recuperar suas perdas (Canal Executivo, 2001). Neste aspecto, Gil (1999, p.87), entende que a conduta das empresas pode estar associada ao fato que a imputação de culpabilidade é o momento mais desgastante e infrutífero do ciclo de vida das fraudes. É primordial as empresas investirem na detecção de fatos antecedentes com aplicação de medidas preventivas e defectivas, medidas corretivas significam reconstruir estragos acontecidos. Empresas que priorizam o elemento punição diante das fraudes, “certamente terão vida curta, não conseguirão sobreviver e não terão capacidade de competição em virtude do dispêndio de energia em um momento em que jamais conseguirão ressarcimento integral das perdas sofridas”. O ambiente propício à fraude ocorre 37 quando há sincronismo direto entre a intenção da agressão aos ativos e a falha nos parâmetros de sensibilidade na detecção de fraudes. Em relação ao “teste do fraudador”, a experiência demonstra que inicialmente ocorre um teste dos controles, e uma vez efetivado, paulatinamente se aumenta a dosimetria para fraudar. (Sá, 1982, p.26). Vale registrar que nos eventos de fraudes, há estreita sintonia entre fraudadores e coniventes de um lado e organizações vítimas de outro. Empresas que não estabelecem estratégia para combate a fraudes são frequentemente alvo de maior incidência de fraudes, tanto em termos quantitativos de acontecimentos, quanto na intensidade dos danos. Neste aspecto, as diversas pesquisas analisadas não são consensuais em relação às áreas mais importantes para detecção de fraudes, seja controle interno, auditoria interna, auditoria externa, investigação especial, etc. Pesquisa da KPMG (2000) indica que 93% das organizações pretendem aprimorar seus controles internos. De fato, uma prática relevante para o combate às fraudes implica na mensuração do risco, pelos profissionais que possam vir a ser vítimas potenciais com base nos parâmetros de sensibilidade determinados nos cenários de fraudes e sua probabilidade de ocorrência na empresa. A despeito de toda a evolução tecnológica advinda da informática, a possibilidade de entrada de dados simultânea e a forma como os dados são introduzidos nos sistemas dificulta o profissional da área administrativa a visualização de fraudes. Pessoas jurídicas tem como objetivo primordial a continuidade operacional e os esforços devem ser envidados no sentido da manutenção das atividades empresariais da pessoa jurídica com responsabilidade social em relação a sociedade da qual é parte integrante. Atitudes fraudulentas podem anular todo o esforço de uma organização empresarial, embora admitida a sua possibilidade e existência fática, a fraude deve estar compartimentada a situações de exceção. Por todo estado de espírito que estão imbuídos os funcionários em promoverem a eficiência operacional de uma instituição, pública ou privada, a fraude atua como um câncer em uma entidade que deve ser continuamente controlado e ou extirpado, sob pena de ao atingir determinada magnitude propiciar a descontinuidade operacional. 38 De acordo com a tipologia dos enfoques a serem identificados para detecção de fraudes apresentadas por Gil (1999, p. 91) a análise deve ser: Sistêmica – com conhecimento detalhado do modelo organizacional e sua respectiva tecnologia de controles e particularmente seu ambiente e sua plataforma de informática. Quantitativa – deve antever a existência de fraudes e propor atuação com análise de risco, indicadores de qualidade operacional e da segurança, estatísticas, erros intencionais/ não intencionais, gráficos de tendências de fraudes, dimensionamento de sinais exteriores de riqueza, parâmetros que necessariamente devem utilizar a informática para a quantificação. Comportamental – Os dados de pesquisa são consensuais em identificar que a maioria das ações fraudulentas são de origem interna, ou seja, são arquitetadas por profissionais que integram o quadro de funcionários e colaboradores da empresa. Neste aspecto torna-se fundamental o papel dos recursos humanos para verificação de antecedentes(Background checks), inclusive em relação a fornecedores, prestadores de serviço, terceirizados, investidores, etc. Um grande número de fraudes ocorre com funcionários que detêm algum grau de confiança. A pesquisa da KPMG (2000) demonstra que 50% dos envolvidos na fraude ocupam posição de gerência e ou supervisão e 49% pessoal de suporte. Na conquista da confiança os fraudadores desenvolvem o marketing da eficiência, e se mostram desprendidos de interesses, solícitos, eficientes e minuciosos em prestar contas. A administração deve estar atenta aos aspectos comportamentais das táticas de bajulação aos superiores, subserviência, aplauso e “sorrisos” irrestrito as ações da chefia, ausência total de crítica, chantagens emocionais e gratidão acima do normal (Sá, 1982, p.31). Alguns sinais de alerta podem ser verificados pela mudança do estilo de vida, discrepância entre salário e bens e diferenças de ajustes em inventários. Fraudes sofisticadas estão às vezes cobertas por elevado número de documentos falsos, procurando pela forma encobrir o vazio da essência. Caso típico foi recentemente divulgado na imprensa, onde um contabilista detalha com requintes o processo de falsificação de documentos de uma empresa de ex-senador cassado, o qual substituiu na contabilidade os valores da conta “receitas de empresas coligadas” por “contrato de mútuo/venda de imóveis” a fim de encobrir o vínculo do réu com empresas coligadas. 39 O perfil das fraudes no Brasil tem sofrido algumas alterações em relação a características dos fraudadores passando de atividade individual para atuação em grupo com formação de verdadeiras quadrilhas caracterizando uma nova etapa de fraudes no país. Segundo informações de um diretor da GBE Peritos & Investigadores Contábeis foi identificado uma empresa do ramo de papel e celulose cujo esquema envolveu 17 pessoas. O profissional contábil deve atentar especialmente para as disponibilidades, pois representa o conjunto de contas mais visado pelos fraudadores conforme Com a finalidade de observamos quais são as relações existentes entre as auditorias e as fraudes, procuramos identificar nas pesquisas já mencionadas o inter- relacionamento da auditoria antes, durante e posterior a descoberta da fraude. A HSN Consult 1999 examina como as fraudes são detectadas (GRÁFICO 2), onde apresenta alguns dados relevantes, entre eles, o percentual considerável de 44% de auditoria externa e de auditoria interna, como os responsáveis pela identificação das fraudes nas empresas. Um outro dado interessante, é que 46% dos entrevistados questionam a imparcialidade da auditoria interna. A pesquisa realizada pela GBE Peritos & Investigadores Contábeis (1997), evidencia que apenas 27% das empresas têm auditorias internas, e que a maioria delas depositam a confiança pela proteção contra as fraudes fornecida pelos auditores externos (TABELA 3). Foi constatado também que as auditorias internas das empresas se encontram com o seu quadro de funcionários reduzidos, despreparados e desprovidos de fontes de informações externas para identificar e examinar crimes financeiros. Em relação à utilização da auditoria externa e da auditoria interna nas empresas, pesquisa realizada pela KPMG do Brasil, apresenta indicadores que as auditorias são pouco usadas, na prevenção das fraudes. No GRÁFICO 3, o percentual acumulado de red-flags (sinais de alerta) revelados pelos entrevistados, como a diferença ou ajustes de inventários, a falta de verificação a conciliação de extratos 40 bancários e de contas a receber de clientes, demonstra que mais da metade das fraudes poderiam ser evitadas com o auxílio da auditoria. A procura dos empresários pelas auditorias independentes e internas para investigar a fraude, aumenta após a sua descoberta, uma vez reconhecido a deficiência do controle interno, o mesmo precisa ser melhorado para detectar futuras fraudes (GRÁFICO 4). CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre as diversas atividades executadas pela função de auditoria, destacamos a importância da visão do auditor para a continuidade operacional do ente auditado. O status da função auditoria não deve ser restrito apenas à fidedignidade das demonstrações contábeis das auditorias independentes ou implementação de controles e normas internas pelo auditor interno. Os auditores governamentais, embora adstritos ao cumprimento da lei, sempre que possível, devem observar os princípios que primam pela continuidade operacional. Neste sentido, a fraude representa atualmente um elevado obstáculo a sobrevivência das empresas devido ao seu crescimento vertiginoso nos últimos anos e ao seu aprofundamento, o qual certamente influenciará negativamente nas atividades empresariais. Os números revelam que a intensidade da fenomenologia de fraudes não está restrita apenas aos países subdesenvolvidos ou “emergentes”. De fato, a crise de valores morais é mundial e as atividades fraudulentas atingem de forma generalizada às instituições públicas e privadas exigindo neste contexto, uma nova performance da função de auditoria em face da elevação considerável das fraudes nas duas últimas décadas e a tendência ao seu aprofundamento seja no aspecto qualitativo, seja no aspecto quantitativo. No Brasil a situação não é distinta, embora o problema já fosse considerado por diversos autores anteriormente, ainda são incipientes os dados sobre o tema, devido às dificuldades de mensuração do fenômeno e o número de pesquisas terem se intensificado ao final da última década. As organizações devem partir da premissa que a realização das atividades coexiste simultaneamente com fraudes em maior ou menor grau. Os red-flags ainda representam sintomas fundamentais para a detecção de fraudes e os profissionais de 41 auditoria podem mais facilmente identificar este tipo de agressão aos ativos, muito embora, os dados revelarem que são pouco utilizados no aspecto de prevenção, aliás, instante que deve ser privilegiado, pois além de constrangimento dificilmente se consegue recuperar o “leite derramado”. Os controles internos apresentam defasagem em relação à contínua evolução das fraudes, os mesmos são objeto de choque heterodoxo de revisão de procedimentos somente após a ocorrência de fraudes. Embora as pesquisas tenham divergência em espécie, ambas são coincidentes em gênero no que se refere ao fato das auditorias (interna e externa) serem as ferramentas mais propícias para a descoberta e tomada de ações em relação às fraudes. Entendemos que o fenômeno fraudes é de domínio público ainda incipiente e consequentemente de difícil solução. O auditor deve olhar para a fraude como doença organizacional e, portanto, responsável pela inadequada ocorrência das transações que refletem diretamente no resultado das demonstrações as quais o mesmo vai confirmar. O senso crítico apurado e constante contribui sobremaneira para evitar a ocorrência de atos fraudulentos. As técnicas de auditagem de análise documental, amostragem em parâmetros estatísticos, circularização, levantamentos quantitativos em estoques e outros são primordiais para identificar e minimizar as causas do evento. No entanto as considerações aqui registradas não se restringem ao campo imaginário e utópico de que apenas os aspectos técnicos são suficientes, torna-se imperioso uma mudança de comportamento empresarial nos aspectos éticos através esforços perfeitamente viáveis, sobretudo se houver consciência de que a fraude consome recursos causando deterioração na relação interna e afetando imagem e competitividade. 42 BIBLIOGRAFIA 2001.LARANJEIRA, Fátima. Fraudes nas empresas ficam mais sofisticadas. Fonte: ATTIE, William. Auditoria, conceitos e aplicações. 3 ª edição. São Paulo: Ed. Atlas, 1998. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Interpretação técnica NBC T 11 – it – 03 fraude e erro. Dispõe
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