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1 CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS Todos os seres vivos são agrupados de acordo com as suas características comuns, tornando possível conhecer e analisar a biodiversidade no planeta, entender graus de parentesco evolutivo entre indivíduos e perceber os momentos onde existiu necessidade de adaptação. CLASSIFICAÇÃO BÁSICA • Forma de Obtenção de Alimento . Autotróficos: seres vivos capazes de sintetizar o próprio alimento. Plantas, Algas, Bactérias. - Fotossintetizantes: seres que utilizam a energia luminosa para produzir matéria orgânica através da Fotossíntese. Exemplo: Plantas. - Quimiossintetizantes: utilizam compostos químicos inorgânicos para produzir matéria orgânica por Quimiossíntese. Exemplo: Bactérias. . Heterotróficos: seres vivos que NÃO são capazes de sintetizar o próprio alimento, devendo obter a matéria orgânica necessária para o seu metabolismo através do consumo de outros seres vivos ou de matéria orgânica produzida pelos autotróficos. - Herbívoros: seres que se alimentam de plantas. Exemplo: Vacas, Elefantes. - Carnívoros: seres que se alimentam de outros seres, geralmente através da caça ou de restos de animais. Exemplo: Leão, Hiena. • Nível Trófico . Produtores: são a base da cadeia alimentar, ocupando o 1º nível trófico. São os organismos autotróficos como as plantas e as algas. . Consumidores Primários: herbívoros que se alimentam dos Produtores. Exemplo: coelho. . Consumidores Secundários: carnívoros que se alimentam de Consumidores Primários. Exemplo: raposa. . Consumidores Terciários: carnívoros que se alimentam de outros carnívoros (Consumidores Secundários). Exemplo: águia. 2 . Apex Predator: animais no topo da cadeia alimentar, sem predadores. Exemplo: leão. . Decompositores: seres que contribuem para a reciclagem de nutrientes no ecossistema, alimentando-se de restos de carcaças de outros indivíduos. Exemplo: fungos. 3 TAXONOMIA A classificação básica dos seres vivos é feita em ordem decrescente (do maior para o menor): Existem 3 Domínios: . Bacteria – que inclui todos os organismos unicelulares e procariontes. Engloba bactérias que causam doenças ao homem e também as que se encontram em ambientes como água e solo. . Archaea – representado por organismos geralmente quimiossintetizantes e procariontes, que não encaixam no Domínio anterior. Muitos dos representantes são extremófilos – organismos capazes de viver em condições extremas – que acabam por estabelecer os limites de tolerância dos seres vivos às condições climáticas. 4 . Eucarya – inclui apenas organismos eucariontes, unicelulares, como os protozoários, ou multicelulares, como animais, fungos e plantas. … e 5 Reinos – Monera, Protista, Fungi, Planta e Animal. Exemplo para o ser Humano: . Domínio Eucarya, Reino Animalia, Filo Chordata (o ser humano possui notocorda que leva à formação da coluna vertebral – vertebrados), Classe Mammalia (a sua descendência mama – Mamíferos, Infraclasse Placentalia (mamífero cuja fêmea possui placenta), Ordem Primata, Família Hominidae, Género Homo, Espécie sapiens. Relações Ecológicas Interações que ocorrem entre os seres vivos. Fatores como: - a não produção de determinadas substâncias essenciais à sobrevivência - perda de informação genética numa população/espécie - processos metabólicos e manutenção do fluxo de energia … levam à necessidade de estabelecer relações entre seres vivos. As relações bióticas são categorizadas de acordo com o saldo Benefício/Prejuízo dos organismos envolvidos. CLASSIFICAÇÃO . Intraespecíficas – entre indivíduos da mesma espécie. . Interespecíficas – entre indivíduos de espécies diferentes. Em termos do que traz às espécies: . Harmoniosas – ou Positivas, quando trazem benefícios a todos os envolvidos, ou trazem benefícios a um sem causar prejuízo ao outro. . Não Harmoniosas – ou Negativas, quando causam algum prejuízo a algum dos envolvidos. 5 SIMBIOSE Qualquer tipo de interação próxima e de longa duração entre 2 organismos diferentes, que inclui o Mutualismo, o Parasitismo e o Comensalismo. A simbiose pode ser Obrigatória, quando os Simbiontes dependem um do outro para sobreviver, ou Facultativa quando podem viver de forma independente. MUTUALISMO Neste tipo de relação, indivíduos de espécies diferentes vivem associados, sendo dependentes ou não desta associação. Aqui, todos são beneficiados, sendo assim uma relação Harmoniosa. O mutualismo é uma parte fundamental da ecologia, já que estas interações são vitais para o funcionamento dos ecossistemas: 48% das plantas terrestres dependem de micorrizas para sobreviver; as florestas tropicais dependem de animais para dispersão de sementes. Exemplos de Mutualismo . Polinização – as plantas fornecem comida (néctar ou pólen) em troca de dispersão de pólen ou sementes por abelhas e beija-flores. 6 . Líquenes: associação entre algas e fungos. As algas fazem fotossíntese e dão aos fungos matéria orgânica que será o seu alimento. Já os fungos retêm água e sais minerais, além de protegerem as algas. . Flora Intestinal: também os humanos mantêm uma relação com bactérias que vivem no nosso organismo. As bactérias ajudam a digestão e a absorção de nutrientes, produzem vitaminas, ácidos gordos, ómega-3, inativam toxinas, regulam o sistema imunitário, a glucose no sangue e a pressão arterial. Em troca, garantem para si alimento e abrigo. Existem cerca de 100 triliões de bactérias em associação no nosso organismo, sendo que a maioria habita o nosso intestino. . Vacas ou Crocodilos e Aves: o gado solto está mais suscetível a parasitas como carrapatos, que o podem enfraquecer. Assim, algumas aves que comem insetos aproveitam estas situação; a ave alimenta-se com facilidade, diminuindo o incómodo da vaca. Já no caso dos crocodilos, as aves alimentam-se dos restos de comida nos seus dentes, evitando o incomodo de ter comida entalada, que pode apodrecer e trazer infeções. 7 . Micorrizas: relações que envolvem o fornecimento de nutrientes. Micorrizas – fungos que se associam a raízes; os fungos ajudam a maximizar a absorção de água e nutrientes, enquanto as raízes fornecem matéria orgânica. COMENSALISMO Aqui, apenas uma espécie é beneficiada sem causar prejuízo à outra. É considerada uma relação Harmoniosa, sendo um exemplo desta o tubarão e a remora. A remora fixa-se na parte ventral do tubarão, utilizando uma ventosa, sendo assim transportada e aproveitando os restos alimentares do tubarão. Também os urubus mantêm uma relação comensal com os humanos e outros mamíferos. A ave alimenta-se do desperdício humano, nas lixeiras ou de carcaças velhas. Outro exemplo é a relação mantida entre o homem e a Entamoeba coli, um protozoário que vive no intestino grosso e se alimenta de restos digestivos, sem causar doença. 8 PARASITISMO Num ecossistema, encontramos diversos tipos de relações entre os seus seres vivos, incluindo relações em que um organismo (parasita) é beneficiado às custas de outro (hospedeiro) – Parasitismo. O efeito de um parasita no hospedeiro pode ser Mínimo, sem lhe afetar as funções vitais – Piolhos, ou pode causar doenças graves e até mesmo a morte – vírus e bactérias. Nestes casos extremos, o parasita normalmente morre com o seu hospedeiro, mas, em alguns casos, o parasita pode- se ter reproduzidoe passado os seus descendentes, que podem ter infestado outros hospedeiros – Plasmodium. PARASITA: organismos que, com a finalidade de se alimentar, reproduzir ou completar o seu ciclo de vida, vivem em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro. Os parasitas são tipicamente muito mais pequenos que os seus hospedeiros, geralmente não o matam e vivem neles por extensos períodos temporais. São seres altamente especializados e reproduzem-se mais rapidamente que o hospedeiro. Todas as doenças infeciosas em animais são causadas por seres considerados parasitas – Parasitose. Os parasitas mais comuns são: vírus, bactérias, vermes, artrópodes, protozoários – agentes da malária, da doença do sono e disenteria. Podem ser classificados de diversas maneiras. Quanto à Especificidade Parasitária: • Estenoxenos – afetam somente uma espécie hospedeira ou um grupo de espécies muito próximas. Exemplo: Ascaris lumbricoides (lombrigas), Plasmodium (malária), Taenia. • Eurixenos – apresentam uma ampla variedade de hospedeiros. Exemplo: Toxoplasma gondii (toxoplasmose), Leishmania. Pela parte do corpo do hospedeiro que atacam: • Ectoparasitas – atacam a parte exterior do corpo do hospedeiro (piolhos, pulgas, carrapatos). 9 • Endoparasitas – vivem no interior do corpo do hospedeiro (ténias, vírus). • Hemoparasitas – vivem na corrente sanguínea (Plasmodium, tripanossomas). Outra classificação foca-se na necessidade de uma vida parasitária: . Parasitas obrigatórios – o parasita depende do hospedeiro para sobreviver (vírus). . Parasitas facultativos – não dependem do hospedeiro para sobreviver, mas escolhem parasitá-lo. Finalmente, quanto ao número de hospedeiros/Tipos de Ciclo Biológico: • Monoxenos – necessitam de apenas 1 hospedeiro para completar o seu ciclo de vida. Exemplo: Ascaris, Enterobius. 10 • Heteroxenos – necessitam de 2 ou mais hospedeiros para completar o seu ciclo de vida. Exemplo: Taenia, Plasmodium, Trypanosoma, Leishmania, Toxoplasma. HOSPEDEIRO: organismo que abriga um parasita no seu corpo, constituindo o seu habitat. O parasita pode ou não causar doença ao hospedeiro. Os hospedeiros podem ser: • Primários ou Definitivo: organismo que apresenta o parasita na sua fase adulta ou na sua forma sexuada. São imprescindíveis para o parasita. Exemplo: Schistosoma mansoni e Trypanosoma cruzi (Doença das Chagas), têm no ser humano o seu hospedeiro definitivo; já o do Plasmodium é o mosquito Anopheles. • Secundários ou Intermédios: apresentam o parasita em fases iniciais do seu crescimento, na sua fase de larva ou assexuada. Exemplo: no caso da ténia, o seu PLASMODIUM T. CRUZI 11 hospedeiro primário é o humano, mas o intermediário é o porco, onde se desenvolve no seu músculo. • Paraténico ou de Transporte: é o organismo que serve de reservatório temporário para a fase imatura do parasita, não sendo necessário para completar o seu ciclo de vida. Aqui, o parasita pode acumular em grande número, aumentando as suas possibilidades de sobrevivência e transmissão. Exemplo: Gnathostoma tem como hospedeiros definitivos mamíferos carnívoros. As fezes destes animais contaminam a água, onde o parasita inicia o seu desenvolvimento e pode ser ingerido por pequenos crustáceos. Estes crustáceos são ingeridos por peixes ou sapos (Hospedeiros secundários), que podem ser ingeridos imediatamente pelos carnívoros, ou por patos e cobras que se tornam Hospedeiros paraténicos. 12 • Reservatório: hospedeiros naturais que acolhem os parasitas, sem sofrer nenhum efeito prejudicial. No entanto, são fonte de infeção para doenças humanas. Exemplo: morcegos, macacos. VETORES: podem ser artrópodes, moluscos, entre outros veículos capazes de transmitir o parasita entre 2 hospedeiros. . Biológicos: quando o parasita se reproduz ou desenvolve nesse vetor. . Mecânico: quando o parasita não se reproduz nem desenvolve no vetor, sendo este apenas um transporte. . Inanimado/Fómites: quando o parasita é transportado por objetos como lenços, talheres, seringas. ZOONOSE: doenças procedentes de animais que saltam para humanos. Depois de saltar a barreira da espécie, o passo seguinte é o agente adquirir a capacidade de passar diretamente, sem passar por outro hospedeiro, de um ser humano para outro. Atualmente, sabemos que os reservatórios de onde nascem as epidemias humanas são aves, suínos, morcegos, entre outros, e que formas do vírus HIV que provocam SIDA saltaram a partir de macacos. 13 RELAÇÃO PARASITA/HOSPEDEIRO A interação parasita-hospedeiro ocorre por: . Infeção - quando ocorre a invasão e colonização do organismo hospedeiro por parasitas internos (Helmintos - Ténia, Protozoários - tripanossoma, giardia). A colonização do organismo pela flora normal, desde que mantida nas suas áreas normais, NÃO é uma infeção. No entanto, se estas bactérias colonizam outro local em que não deviam estar, passamos a ter infeção. - Infeção Sistémica: o parasita espalha-se pelos tecidos pela circulação sanguínea. - Infeção Localizada: o microrganismo mantém-se isolado num determinado local, como o sítio de uma ferida. - Infeção Primária: infeção inicial numa série de possíveis infeções. - Infeção Secundária: infeção que se apresenta após a primária. Por exemplo, a infeção primária pode enfraquecer o sistema imunitário, permitindo infeções secundárias – Oportunistas. . Infestação - quando o ataque é por parasitas externos, como os artrópodes (piolho, carrapato). Os parasitas influenciam as taxas de mortalidade, de crescimento, a fecundidade, o estado nutricional e o comportamento do hospedeiro. Assim, as diferentes populações de parasitas e hospedeiros envolvem-se numa dinâmica evolutiva cíclica – Coevolução – em que ambos produzem, ao mesmo tempo, novas variantes na tentativa de vencer o opositor – Teoria da Rainha Vermelha. TEORIA da RAINHA VERMELHA Hipótese evolutiva que propõe que uma espécie tem de estar constantemente a adaptar-se, a evoluir e a proliferar de modo a sobreviver quando confrontada com 14 outras espécies, evitando a extinção. Os parasitas causam danos elevados, são ubíquos (estão em todo o lado), evoluem rapidamente (ciclos de vida curtos) e possuem grandes populações e genomas flexíveis, tornando esta coevolução um processo fundamental para a sobrevivência do hospedeiro. INFEÇÃO O parasitismo não significa necessariamente doença. O que determina se o hospedeiro fica ou não doente são fatores como: . Patogenicidade do parasita – capacidade de um agente biológico causar doença num hospedeiro suscetível. Um parasita muito patogénico espalha-se facilmente. Um parasita pode ser considerado Primário, quando infeta o hospedeiro e este apresenta imediatamente sinais clínicos (Mycobacterium tuberculosis), ou como Secundário, quando o hospedeiro atua como reservatório, estando infetado por um longo período de tempo e somente apresentando resposta imunitária se existir um problema na sua imunidade (Staphylococcus aureus). . Infectividade – capacidade de se alojar e multiplicar no hospedeiro e de ser transmitido. . Virulência - grau de patogenicidade de um agente infecioso, que se expressa pela gravidade da doença, pela letalidade e produção de casos com sequelas. Refere-se aos mecanismos precisos utilizadospelo parasita para invadir e danificar tecidos do hospedeiro. . Imunogenicidade – capacidade de o parasita iniciar uma resposta imunitária no hospedeiro. 15 . Suscetibilidade do hospedeiro – ausência de resistência efetiva contra um determinado agente patogénico. . Resistência – quando o sistema imunitário consegue impedir a invasão/multiplicação do parasita, protegendo o organismo. FORMAS DE TRANSMISSÃO DE AGENTES INFECIOSOS Uma infeção começa com a exposição do hospedeiro ao agente infecioso, que habita em reservatórios como seres humanos ou animais, água, solo ou comida. O agente infecioso sai do seu reservatório e propaga-se de um hospedeiro infetado para outro. Os Portadores desempenham aqui um papel importante, já que transportam o agente sem apresentarem sintomas da doença. Os agentes infeciosos podem ser transmitidos de variadas maneiras: • Contacto Direto: inclui contacto entre hospedeiros, seja através de beijos ou relações sexuais, onde uma pessoa entra em contacto com a pele e fluidos corporais de outra pessoa. Uma grávida pode transmitir um agente infecioso ao seu feto – Transmissão Vertical –, durante a gravidez ou durante o parto. • Transmissão por Transfusão de Sangue Infetado • Transmissão de Gotículas: também pode ser considerada uma forma de contacto direto. Envolve a transmissão do agente por pequenas gotículas respiratórias, quando um hospedeiro infetado tosse ou espirra, que são depois inaladas por outro hospedeiro. • Contacto Indireto: envolve a transferência do agente infecioso através de um intermediário, como um objeto ou pessoas contaminados. O agente pode ser depositado num objeto inanimado – Fómites – que é depois utilizado por outra pessoa. Isto inclui partilha de brinquedos, talheres, contacto em superfícies comuns como maçanetas ou um teclado de computador. Se um médico ou 16 enfermeiro não trocar de luvas entre pacientes, também pode transmitir patógenes. • Transmissão Aérea (Airborne): ocorre quando agentes infeciosos estão presentes em pequenas partículas ou gotículas no ambiente, que podem percorrer distâncias maiores, permanecendo infeciosas durante algum tempo. • Transmissão Fecal-Oral: ocorre quando o agente infecioso está presente nas fezes de um hospedeiro infetado. As fezes vão, por sua vez, contaminar alimentos e água, que podem ser consumidos por outro hospedeiro. • Transmissão por Vetores: acontece quando um artrópode (mosquitos, moscas, pulgas) está envolvido na transmissão. Geralmente, o artrópode morde/pica um hospedeiro infetado, transmitindo o agente infecioso quando vai picar um novo hospedeiro. • Transmissão por outros animais: zoonoses.
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