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2 Apostila de Direito Processual Penal Militar

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ESTADO DO ACRE 
POLÍCIA MILITAR DO ACRE 
DIRETORIA DE ENSINO 
CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS ADMINISTRATIVOS – CHOA 
 
 
Disciplina: Direito Processual Penal Militar – CHOA 2020 
Instrutor: 2º Ten QOMEC PM Pedro Castro da Silva 
 
EMENTA: 
• Noções sobre o Flagrante Delito (arts. 243 ao 253 do CPPM); 
• Aplicação da lei processual penal militar em tempo de paz; 
• Exercício e competência da PJM; 
• Noções de IPM (arts. 8 ao 28 do CPPM); 
• Responsabilidade do Encarregado do IPM e formalidades. 
 
FLAGRANTE DELITO (ARTS. 243 AO 253 DO CPPM) 
Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for 
insubmisso ou desertor, ou seja, encontrado em flagrante delito. 
O que é Flagrante? 
É uma circunstância jurídica a evidenciar ou presumir a autoria de um fato 
considerado ilícito penal militar, a permitir o imediato cerceamento de liberdade e 
apreensões de bens ou objetos relacionados com o crime praticado. (conceito do 
instrutor). 
Circunstâncias: – Art. 244 do CPPM 
FLAGRANTE PRÓPRIO 
a) está cometendo o crime; 
b) acaba de cometê-lo; 
É aquele que coincide com o momento em que o agente está cometendo o delito. O 
autor do delito é surpreendido no momento da execução, de modo que a 
autoridade ou pessoa que o detém enxerga claramente a autoria apontada para o 
detido. Também denomina-se flagrante próprio quando o agente é surpreendido no 
momento imediato após o cometimento do delito. 
 
FLAGRANTE IMPRÓPRIO 
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o 
seu autor; 
Ocorre quando o autor é perseguido logo após ter praticado a infração penal 
militar, em circunstâncias que indiquem sua autoria. 
 
FLAGRANTE PRESUMIDO/FICTO/ASSIMILADO 
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que 
façam presumir a sua participação no fato delituoso. 
Aquele em que o agente é surpreendido logo depois do fato delituoso na posse 
de instrumentos ou objetos que façam presumir ser ele o autor. 
 
A doutrina processual penal estabelece outras circunstâncias e define outros tipos 
de flagrante. Vejamos: 
 
FLAGRANTE ESPERADO 
O agente atua por sua livre e espontânea vontade, porém, a autoridade tem 
conhecimento da prática do ato antes de sua realização, posiciona-se na espreita, 
aguardando que o agente inicie a execução. 
 
FLAGRANTE FORJADO 
Constitui-se na geração, na criação de uma versão fantasiosa, em que é arquitetada 
ou inventada a ocorrência de um crime, imputando-o a uma pessoa e efetivando sua 
prisão. (Ilegal) 
 
FLAGRANTE PREPARADO OU PROVOCADO 
Situação em que o autor do da prisão em flagrante, embora sem coagir fisicamente 
o agente, adota postura de sorte a condicioná-lo à prática do delito. O autor do fato 
age com suas próprias energias e o fato efetivamente ocorre, mas sua vontade foi 
viciada por uma “armadilha”, criando a oportunidade para a prática do delito. (Crime 
impossível para maioria dos doutrinadores). 
SÚMULA 145 STF - Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia 
torna impossível a sua consumação. 
 
FLAGRANTE POSTERGADO 
Lei N.º 12850/2013 (Organização Criminosa) 
Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou 
administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela 
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a 
medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e 
obtenção de informações. (Deve ser previamente comunicado ao Juiz, que pode 
estabelecer os limites e comunicará o MP). 
 
As circunstâncias resultante de flagrante delito de crime militar exigem a elaboração 
do AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO – APFD. 
PRESIDÊNCIA DO APFD 
a) Art. 245 CPPM. Apresentado o preso ao comandante ou ao oficial de dia, de 
serviço ou de quarto, ou autoridade correspondente, ou à autoridade 
judiciária, será, por qualquer deles, ouvido o condutor e as testemunhas que o 
acompanharem, bem como inquirido o indiciado sobre a imputação que lhe é 
feita, e especialmente sobre o lugar hora em que o fato aconteceu, lavrando-
se de tudo auto, que será por todos assinado. 
 
b) Autoridade cujo fato é praticado em sua presença - Art. 249 do CPPM. 
Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra ela, no 
exercício de suas funções, deverá ela própria prender e autuar em flagrante o 
infrator, mencionando a circunstância. 
 
c) Autoridades de Polícia Judiciária Militar, conforme art. 7º do CPPM (Ler Art. 
7º do CPPM); 
 
d) Art. 250 CPPM. Quando a prisão em flagrante for efetuada em lugar não 
sujeito à administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil, 
ou pela autoridade militar do lugar mais próximo daquele em que ocorrer a 
prisão. 
 
O art. 250 do CPPM autoriza a autoridade de polícia judiciária civil lavrar o APFD de 
crime militar, quando o crime ocorrer em local não sujeito a administração militar. A 
doutrina a cerca dessa possibilidade alerta para os casos onde possam existir 
localidades longínquas e de difícil acesso onde não tenham representações de 
quarteis, ou unidades militares da força do militar, podendo a autoridade civil lavrar 
os procedimentos pertinentes e apresentar o preso na unidade militar que em serve 
o flagranteado ou em outra unidade militar. 
Havendo representação militar na localidade, o APFD deve ser presidido pela 
autoridade de polícia judiciária militar que é autoridade que tem atribuição para tal 
ato. 
 
OBS: Embora a lei elenque as autoridades com atribuições para presidência do 
APFD, deve ser observado a forma de organização da Polícia Judiciária Militar. Em 
alguns estados como é o caso do Acre a organização da Polícia Judiciária Militar é 
concentrada na Corregedoria Geral que a rigor detém a primazia das atribuições 
desses procedimentos. Em outros estados como é o caso da Polícia Militar de São 
Paulo o APFD pode ser elaborado na própria SJD (seção de justiça e disciplina). 
 
Requisitos para que se possa efetuar a prisão em flagrante 
1) Ser crime militar; 
“FÓRMULA” É crime militar? 
a) O fato previsto como delito encontra previsão na PARTE ESPECIAL do CPM? 
OU o fato é previsto como crime na lei penal? 
b) Há previsão das circunstâncias em um dos incisos do Art. 9º do CPM? 
c) O Sujeito Ativo pode ser processado e julgado pela Justiça Militar Estadual? 
 
 
2) Presença de uma das hipóteses do artigo 244 do CPPM. 
Ler art. 244 do CPPM 
3) Cominação de pena de detenção ou de reclusão para o delito em tese praticado – 
Art. 55 do CPPM; 
Há crimes militares em que a pena cominada não é restritiva de liberdade, portanto, 
nesses casos não há a confecção do Autor de Prisão em Flagrante Delito. 
Ex.: arts. 198, 201 e 204 do CPM; 
4) Prova da materialidade da infração penal militar. 
Certeza da existência do delito 
A prisão em flagrante deve atender ao Fumus comissi delicti (ou fumaça da 
existência de um crime). Isto é, deve haver provas da existência do crime. 
5) Conhecimento do autor do fato. 
Pairando dúvidas sobre a autoria, obviamente, não se poderá efetuar a prisão em 
flagrante delito, facultando-se por outro lado, a instauração de IPM. 
6) Detenção física do autor do fato. 
Há a necessidade de que o autor do fato esteja sob custódia da autoridade de 
polícia judiciária militar, presumindo a anterior captura por alguém com autorização 
ou dever trazidos pela lei. 
Não se pode lavrar o auto de prisão em flagrante delito quando se conhece a autoria 
do delito, mas o autor se encontra foragido. 
Exceção: autor internado em hospital, com a devida escolta. 
7) Certeza da inexistência de uma causa excludente de ilicitude e - de culpabilidade. 
Segundo a doutrina, considerando que a Constituição prestigia a liberdade individual 
e considerando os requisitos do artigo 244 reporta-se à ocorrência de um crime, a 
autoridade deverá fazer uma análise acerca do conceito analítico de crime, 
ingressando por seus elementos genérico, ou seja, fatotípico, antijurídico e 
culpável. 
Desta forma, a existência de excludente de ilicitude ou de culpabilidade podem 
impedir a prisão em flagrante delito, devendo a autoridade prestigiar a instauração 
de IPM em detrimento da prisão em flagrante delito. 
Exclusão de crime CPM 
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento do dever legal; 
IV - em exercício regular de direito. 
 
8) Não haver vedação legal para a prisão em flagrante delito – 
Observar questões de imunidades e outras penas não restritivas de liberdade. 
Ex.: Fuga após acidente de trânsito 
 Art. 281. Causar, na direção de veículo motorizado, sob administração militar, ainda 
que sem culpa, acidente de trânsito, de que resulte dano pessoal, e, em seguida, 
afastar-se do local, sem prestar socorro à vítima que dêle necessite: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, sem prejuízo das cominadas nos arts. 
206 e 210. 
Isenção de prisão em flagrante 
Parágrafo único. Se o agente se abstém de fugir e, na medida que as circunstâncias 
o permitam, presta ou providencia para que seja prestado socorro à vítima, fica 
isento de prisão em flagrante. 
Portanto, havendo todas as hipóteses elencadas acima, deverá ser lavrado o APFD. 
Contudo, há caso em que pela analise da autoridade de polícia judiciária militar 
responsável pela Lavratura do APFD pode entender pela não ocorrência de crime 
militar ou pela não participação do apresentado ou pela ausência das circunstâncias 
do art. 244 do CPPM ou outro requisito. Sempre que houver esses casos deverá ser 
elaborado DESPACHO NÃO RATIFICADOR DA PRISÃO EM FLAGRANTE, 
também chamada de APDF negativa, conforme preceitua o art. 247 § 2º do CPPM. 
 
Existindo Flagrante Delito se divide em quatro momentos distintos: 
- Captura 
- Condução Coercitiva 
- Lavratura do Auto de Prisão em Flagrante 
- Recolhimento à prisão 
OBS: Deserção e Insubmissão, tem procedimentos próprios não é lavrado APFD. 
 
LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
A prisão em flagrante delito é materializada pela redução a termo das diligências 
efetivadas, de forma organizada e em ordem cronológica. Será responsabilidade do 
escrivão a montagem do APDF, bem como a numeração, rubrica e anulação do 
verso das folhas em branco. 
 
ESTRUTURA: (a estrutura do APFD não tem um modelo definido, algumas polícia 
utilizam modelos normatizados em suas organizações, segue abaixo, alguns 
elementos indispensáveis para o APFD, que podem sofre variações de ordem das 
peças conforme melhor organização do operador) 
Autuação - capa 
1) “Peça inaugural” – Portaria 
 a) Identificação da autoridade responsável pela elaboração, exposição dos 
fatos, a qualificação do preso, a capitulação do delito praticado, indicação das peças 
anexas e a assinatura da autoridade e do escrivão. 
2) Designação e Compromisso do escrivão 
 Art. 11 e Paragrafo único e 245 CPPM 
 
3) Comunicação Imediata à Justiça Militar – Malote/e-mail/Ofício 
 Mensagem comunicando que o preso está sendo autuado em flagrante delito, 
deverá ser encaminhada à Justiça Militar, sendo juntado aos autos o comprovante 
de envio. 
4) Recibo de preso 
5) Inquirição Sumária do Condutor 
6) Termo de declarações (ofendido) 
7) Inquirição Sumária das Testemunhas 
8) Auto de Qualificação e Interrogatório (oitiva do preso por último) 
Forma e requisitos do interrogatório 
Art. 306. O acusado será perguntado sobre o seu nome, naturalidade, estado, idade, 
filiação, residência, profissão ou meios de vida e lugar onde exerce a sua atividade, 
se sabe ler e escrever e se tem defensor. Respondidas essas perguntas, será 
cientificado da acusação pela leitura da denúncia e estritamente interrogado da 
seguinte forma: 
a) onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta e de 
que forma; 
b) se conhece a pessoa ofendida e as testemunhas arroladas na denúncia, desde 
quando e se tem alguma coisa a alegar contra elas; 
c) se conhece as provas contra ele apuradas e se tem alguma coisa a alegar a 
respeito das mesmas; 
d) se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer dos 
objetos com ela relacionados e que tenham sido apreendidos; 
e) se é verdadeira a imputação que lhe é feita; 
f) se, não sendo verdadeira a imputação, sabe de algum motivo particular a que 
deva atribuí-la ou conhece a pessoa ou pessoas a que deva ser imputada a prática 
do crime e se com elas esteve antes ou depois desse fato; 
g) se está sendo ou já foi processado pela prática de outra infração e, em caso 
afirmativo, em que juízo, se foi condenado, qual a pena imposta e se a cumpriu; 
h) se tem quaisquer outras declarações a fazer. 
Art. 308. O silêncio do acusado não importará confissão, MAS PODERÁ 
CONSTITUIR ELEMENTO PARA A FORMAÇÃO DO CONVENCIMENTO DO JUIZ. 
(artigo inconstitucional) 
* O indiciado não presta o compromisso de dizer a verdade. 
Observar: 
Lei 13.867/2019 (abuso de autoridade) Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, 
pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar 
sigilo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Parágrafo único. (VETADO). 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: (Promulgação partes 
vetadas) 
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de 
seu patrono. 
 
 
Art. 7, inciso III 8.906/94 (Estatudo do OAB) – Art. 7º São direitos do advogado: 
 
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se 
acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados 
incomunicáveis; 
 
VI - ingressar livremente: 
 
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de 
registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da 
presença de seus titulares; 
 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, 
autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos 
à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
 
 
9) Certidão de Garantias Constitucionais 
Artigo 5 incisos: (CF) 
XLIX – Respeito de sua integridade física e moral – Realizar Exame de Corpo de 
Delito; 
LXI – Ser somente preso em flagrante ou por ordem judicial fundamentada, com 
exceção das transgressões e crimes propriamente militares – NOTA DE CULPA. 
Art. 247 CPPM. Dentro em vinte e quatro horas após a prisão, será dada ao preso 
nota de culpa assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do 
condutor e os das testemunhas. 
Recibo da nota de culpa 
§ 1º Da nota de culpa o preso passará recibo que será assinado por duas 
testemunhas, quando ele não souber, não puder ou não quiser assinar. 
LXII – ter sua prisão e o local onde ela está em curso comunicados imediatamente a 
um juiz, à família ou outra pessoa por ele indicada – Referenciar meio de 
comunicação a Justiça Militar e comunicação a pessoa indicada pelo preso. 
LXIII** – ser informados de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, 
sendo-lhe assegurado a assistência da família e de advogado. 
“Art. 16-A do CPPM. Nos casos em que servidores das polícias militares e dos corpos de 
bombeiros militares figurarem como investigados em inquéritos policiais militares e demais 
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da 
força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as 
situações dispostas nos arts. 42 a 47 do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 
(Código Penal Militar), o indiciado poderáconstituir defensor. 
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da 
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 
(quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausência de nomeação de defensor pelo 
investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que 
estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que esta, no prazo de 
48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. 
§ 3º (VETADO). 
§ 4º (VETADO). 
§ 5º (VETADO). 
§ 6º As disposições constantes deste artigo aplicam-se aos servidores militares vinculados 
às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos 
investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.” 
 
LXIV – identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório 
policial - NOTA DE CULPA. 
Lei 13.867/2019 (abuso de autoridade) Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se 
falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua 
detenção ou prisão: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em 
sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou 
atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função. 
 
LXV – ter prisão ilegal imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. 
LXVI – não ser levado à prisão no caso de cabimento de liberdade provisória com ou 
sem fiança. 
LER O ARTIGO – A liberdade provisória com fiança nos crimes militares: uma 
releitura de aplicação da lei penal castrense, a partir de novos valores 
constitucionais no contexto da lei 13.491/2017. Autor: Pedro Castro da Silva. 
10) Juntada de provas pessoais 
Termo de Juntada 
- Oitivas anteriores (por exemplo, uma queixa anterior da vítima) 
- Autos de reconhecimento de pessoa 
- Auto de reconhecimento de coisa 
- Autos de reconhecimento fotográfico etc. 
Cada juntada deverá, ser precedida do termo de juntada em que se esclareça, qual 
documento é aquele, como foi obtido, qual a sua pertinência para o caso, e detalhes 
que, em geral, são desconhecidos de juízes, promotores de justiça, advogados etc. 
Ex: RSO – explicar que se trata de um relatório de serviço operacional, que registra 
que o acusado era o encarregado da viatura e que, no momento da ocorrência, 
estava atendendo determinada ocorrência. 
11) Juntada de provas materiais 
Da mesma forma, cada juntada deverá, ser precedida do termo de juntada 
- Autos de exibição e apreensão, 
- Autos de arrecadação, 
- Mandado de busca e apreensão, etc. 
Ex: Faço a juntada do auto de exibição e apreensão de uma prancheta, contendo, 
entre outros documentos descritos, uma folha de sulfite com a seguinte anotação, 
“98273-9374”, a qual segundo a vítima, trata-se do número de seu telefone. 
12) Exame de corpo de delito e exames periciais 
Quando a infração deixar vestígio, obrigatoriamente deverá ser realizado exame de 
corpo de delito. 
- Realização de perícias: 
- Não esquecer de formular os quesitos aos peritos 
- Se a perícia for realizada em qualquer outro lugar que não no Instituto de 
Criminalística e Instituto Médico Legal, deverá ser realizada a designação e 
compromisso dos peritos (art. 47 e seguintes do CPPM). 
- Caso na infração seja constatado que a conduta do acusado causou um prejuízo 
patrimonial à vítima, dever ser realizada uma perícia de avaliação desse prejuízo. 
Por ex., se o acusado de concussão exige que a vítima entregue um relógio, este 
deverá ser avaliado e preferencialmente fotografado. 
- Todo material apreendido a ser submetido à perícia, deve ser acondicionado de 
forma apropriada para mantê-lo com a mesma integridade com que foi colhido ou 
apreendido. 
13) Relatório 
Art. 27. Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto de 
flagrante delito constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exame 
de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua 
avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos, 
com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz 
competente, nos termos do art. 20. 
* Não há necessidade de homologação 
 
14) REMESSA DOS AUTOS 
Podem ocorrer duas hipóteses: 
 Não há necessidade de diligências, oitivas, e juntada de laudos: neste caso, 
devem os autos ser remetidos: 
1. Original: ao MM Juiz de Direito da Vara de Auditoria da Justiça Militar do Estado 
do Acre. 
2. Cópias para: 
a. Corregedoria PM 
b. arquivo na unidade apuradora. 
 Havendo a necessidade de realização de diligências, oitivas ou a juntada de 
laudo já requisitado: 
1. Cópia do APFD deverá ser imediatamente encaminhada ao MM Juiz de Direito da 
Vara de Auditoria da Justiça Militar do Estado do Acre, comunicando a prisão e a 
necessidade de continuidade das medidas de polícia judiciária militar, devendo ser 
utilizado o prazo prescrito no art. 251, segunda parte, do CPPM. 
 Nesta hipótese todas as folhas do APFD devem receber o carimbo de “CÓPIA”. 
Após o término do prazo de 5 dias, os autos originais relatados devem ser 
encaminhados a tal juiz. 
2. As demais cópias devem ser encaminhadas, ao final, da forma acima 
mencionada. 
 
AUDIENCIA DE APRESENTAÇÃO 
A audiência se tornou obrigatória após a apreciação e aprovação, pelo Supremo 
Tribunal Federal (STF) da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
(ADPF) 347 que pedia o reconhecimento da violação de direitos fundamentais da 
população carcerária. Em fevereiro de 2015, o Conselho Nacional de Justiça lançou 
um projeto para garantir a realização da audiência de custódia, e em dezembro 
entrou em vigor a Resolução CNJ n. 213/2015, que regulamenta tais audiências no 
Poder Judiciário. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR EM TEMPO DE PAZ] 
(Ler arts. 1 ao 4 do CPPM) 
 
Aplicação da lei processual penal militar no Tempo 
O art. 2º do Código de Processo Penal comum consagra que “A lei processual penal 
aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência 
da lei anterior”, consagrando o princípio do efeito imediato, princípio da aplicação 
imediata ou princípio do tempus regit actum no processo penal. 
Exemplificando: se uma lei processual recém-criada fixa novas regras para a citação 
do réu ou para a intimação de seu defensor, o chamamento já realizado sob a égide 
da antiga norma é válido e não precisa ser refeito. As intimações futuras 
imediatamente passam a ser regidas pela lei mais recente. 
 
O art. 5º do CPPM traz disposição semelhante, ao dizer que as “normas deste 
Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos pendentes, 
ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior”. 
 
A nova norma processual tem aplicação imediata, preservando-se os atos praticados 
ao tempo da lei anterior (tempus regit actum). 
 
A ressalva do art. 5º menciona o art. 711 do CPPM, segundo o qual nos processos 
pendentes na data da entrada em vigor do CPPM, observar-se-á o seguinte: 
 a) “aplicar-se-ão à prisão provisória as disposições que forem mais favoráveis 
ao indiciado ou acusado; 
 b) o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, 
será regulado pela lei anterior, se esta não estatuir prazo menor do que o fixado 
neste Código; 
 c) se a produção da prova testemunhal tiver sido iniciada, o interrogatório do 
acusado far-se-á de acordo com as normas da lei anterior; 
 d) as perícias já iniciadas, bem como os recursos já interpostos, continuarão a 
reger-se pela lei anterior”. 
 
Tratam-se de regras de transição que visam não prejudicar o acusadoe, ao 
mesmo passo, garantir a instrução criminal, em acepção expressa do princípio favor 
rei. 
 
Normas processuais penais materiais: são aquelas que, apesar de estarem no 
contexto do processo penal, regendo atos praticados pelas partes durante a 
investigação policial ou durante o trâmite processual, têm forte conteúdo de Direito 
Penal. E referido conteúdo é extraído da sua inter-relação com as normas de direito 
material, isto é, são normalmente institutos mistos, previstos no Código de Processo 
Penal, mas também no Código Penal, tal como ocorre com a perempção, o perdão, 
a renúncia, a decadência, entre outros. 
Uma vez que as regras sejam modificadas, quanto a um deles, podem existir 
reflexos incontestes no campo do Direito Penal. Imagine-se que uma lei crie nova 
causa de perempção (inércia do querelante no curso da ação pena privada). Apesar 
de dizer respeito a situações futuras, é possível que, em determinado caso concreto, 
o querelado seja beneficiado pela norma processual penal recém-criada. Deve ela 
ser retroativa para o fim de extinguir a punibilidade do acusado, pois é nítido o seu 
efeito no direito material (art. 107, IV, CP). Além dos institutos com dupla previsão 
(penal e processual penal), existem aqueles vinculados à prisão do réu, 
merecedores de ser considerados normas processuais penais materiais, uma vez 
que se referem à liberdade do indivíduo. Note-se que a finalidade precípua do 
processo penal é garantir a correta aplicação da lei penal, permitindo que a culpa 
seja apurada com amplas garantias para o acusado, de forma que não tem 
cabimento falar em prisão cautelar totalmente dissociada do contexto de direito 
material. A prisão cautelar somente tem razão de existir, a despeito do princípio da 
presunção de inocência, porque há pessoas, acusadas da prática de um crime, cuja 
liberdade poderá colocar em risco a sociedade, visando-se, com isso, dar 
sustentação a uma futura condenação. É o que se verifica pelo próprio sistema que 
autoriza – ou não – a decretação de prisões cautelares, cujo sentido se dá na 
medida em que têm à frente a hipótese de aplicação de penas privativas de 
liberdade e em regime fechado. Não teria o menor sentido decretar a prisão 
preventiva de um acusado por contravenção penal ou por delito cuja pena cominada 
é de multa, por exemplo. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR NO ESPAÇO 
A aplicação da lei processual penal militar brasileira no espaço encontra íntima 
relação com a aplicação no espaço da lei penal militar, embora aquela não 
acompanhe literalmente esta, havendo um certo descompasso em relação à 
extraterritorialidade. 
Aplica-se o principio da territorialidade e extraterritorialidade 
incondicionada. 
 
Evidentemente, parafraseando Jorge César de Assis (2004, p. 24), se o Código de 
Processo Penal Militar é o instrumento pelo qual se aplica o Código Penal Militar e 
este diploma adota, como regra geral, a extraterritorialidade, inevitavelmente o 
CPPM deve também ter sua aplicação além do território nacional. 
Para doutrina a lei penal militar acompanha os militares brasileiros, estaduais ou 
federais, onde quer que estes se encontrem no cumprimento de sua missão 
constitucional, seja no território nacional, ou fora do território nacional. A lei penal 
militar deve ser aplicada sem prejuízo de Convenções, ou Tratados Internacionais, 
que foram subscritos pelo Brasil. 
O fato de o infrator estar sendo processado ou mesmo que tenha sido julgado pela 
justiça estrangeira também não impede a aplicação do código penal militar, em 
razão do princípio da extraterritorialidade incondicionada que foi adotado pela 
legislação militar brasileira. 
 
Interpretação da Lei processual penal – Art. 2º do CPPM - A lei de processo penal 
militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os termos 
técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente 
empregados com outra significação. 
 
Interpretação extensiva ou restritiva 
§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, 
quando for manifesto, no primeiro caso, quea expressão da lei é mais estrita e, no 
segundo, que é mais ampla, do que sua intenção. Casos de inadmissibilidade de 
interpretação não literal 
§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando: 
a) cercear a defesa pessoal do acusado; 
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a 
natureza; 
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao 
processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOÇÕES DE IPM (ARTS. 8 AO 28 DO CPPM) 
 
Inquérito Policial Militar 
Sobre o inquérito policial militar (IPM), aproxima-se ele do inquérito policial 
comum. Há, no entanto, algumas peculiaridades dignas de nota. 
Nos casos de crimes de deserção (art. 187 do CPM) e de insubmissão (art. 183 do 
CPM), em regra, não há a instauração de IPM, e sim a apuração pela instrução 
provisória de deserção (IPD) ou instrução provisória de insubmissão (IPI), com 
procedimento próprio. 
No caso de prisão em flagrante delito, nos termos do art. 27 do CPPM, se o APFD 
for suficiente para a propositura da ação penal, dispensa-se a instauração de IPM. 
O IPM é instaurado por portaria, por uma autoridade de polícia judiciária militar 
originária (art. 7º do CPPM) ou por autoridade por ela delegada, prevalecendo o 
critério territorial para a definição da atribuição de instauração. Essa instauração, no 
entanto, pode ser de ofício ou por provocação, conforme dispõe o art. 10 do CPPM, 
traduzindo-se pela determinação, pelo requerimento ou pela requisição. Anote-se 
que, nesse artigo, não há previsão de o juiz requisitar a instauração, mas apenas o 
membro do Ministério Público, em alinho ao sistema acusatório. 
Encarregado do inquérito policial militar é a autoridade que conduz as investigações, 
zelando pela busca do esclarecimento do fato apurado, de forma imparcial, dando 
ao feito o impulso oficial necessário. 
Conforme dispõe o art. 15 do CPPM, o encarregado do inquérito policial militar 
deverá ser, sempre que possível, um oficial de posto não inferior ao de capitão ou 
capitão-tenente. Na prática, tem-se verificado que a delegação tem recaído sobre 
oficial subalterno, o que não macula a inquisa, posto que a lei processual penal 
militar utiliza-se da expressão “sempre que possível”, deixando ao talante da 
autoridade delegante a conveniência ou não de escolher um capitão para conduzir 
as investigações. Seguindo as orientações iniciais do CPPM quando tratou da 
polícia judiciária militar, a delegação da condução de inquérito policial deverá 
respeitar o grau hierárquico ou a antiguidade do indiciado. 
O encarregado do inquérito policial militar é auxiliado pelo escrivão que pode ser 
designado ainda na portaria do procedimento, pela autoridade originária ou delegada 
que o instaurou, ou pelo encarregado, quando do recebimento dos autos. Há, 
também, parâmetros para a designação do escrivão, condensados no art. 11 do 
CPPM. 
Os prazos para o encerramento do IPM estão previstos no art. 20 do CPPM, que 
dispõe que o inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver 
preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou 
no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da 
data em que se instaurar o inquérito, ou seja, da portaria de instauração. No caso de 
indiciado solto, o prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade 
militar superior à instauradora (originária), desde que não estejam concluídos 
exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à 
elucidação do fato. A solicitação deverá ser feita em tempo hábil, de forma que a 
concessão ocorra antes de expirar-se o primeiro prazo. Caso ainda sejam 
necessárias diligências, os autos devem seguir para o juiz, coma possibilidade de 
devolução à autoridade de polícia judiciária militar, assinando-se prazo não superior 
a vinte dias, nos termos do art. 26 do CPPM. 
Chegando os autos à autoridade judiciária, será aberta vista ao Ministério Público 
para que delibere sobre qual medida promoverá (denúncia, arquivamento, 
diligências etc.). Percebe-se que o destinatário do inquérito é o Ministério 
Público, titular que é da ação penal pública (art. 129, I, CF). Por essa razão, em 
algumas Auditorias já ocorre o trâmite direto entre a autoridade de polícia judiciária 
militar e o promotor de justiça para quem foi distribuído o caderno investigatório. 
Neste caso, em verificando a necessidade de diligências, o próprio promotor restitui 
o caderno à polícia judiciária, fixando prazo adequado para seu cumprimento, por 
analogia, assim entendemos, ao art. 26 do CPPM. 
Os artigos 12 e 13 do CPPM consignam um verdadeiro roteiro de possibilidades 
investigativas no IPM, não havendo, obviamente, um rol exaustivo. No art. 12, estão 
as medidas preliminares ao inquérito, que buscam assegurar a atividade 
investigatória, a saber: 
 a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a 
situação das coisas, enquanto necessário; 
 b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o 
fato; 
 c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244; 
 d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias”. 
Já no art. 13, há a indicação das ações que formam o IPM, na seguinte 
conformidade: 
 a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido; 
 b) ouvir o ofendido; 
 c) ouvir o indiciado; 
 d) ouvir testemunhas; 
 e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações; 
 f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a 
quaisquer outros exames e perícias; 
 g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, 
destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação; 
 h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e 185 a 
189; 
 i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, 
peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a 
liberdade de depor, ou a independência para a realização de perícias ou exames. 
 
Há, ainda, a possibilidade do parágrafo único do art. 13, segundo o qual para 
“verificar a possibilidade de haver sido a infração praticada de determinado modo, o 
encarregado do inquérito poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde 
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a 
hierarquia ou a disciplina militar”. 
Muito polêmica é a previsão do art. 14 do CPPM ao dispor que em “se tratando da 
apuração de fato delituoso de excepcional importância ou de difícil elucidação, o 
encarregado do inquérito poderá solicitar do procurador-geral a indicação de 
procurador que lhe dê assistência”. Deve-se sempre lembrar que o Ministério 
Público, por força constitucional, tem por funções institucionais, entre outras, a de 
“exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar” (art. 
129, VII, CF) e de “requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito 
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais” (art. 
129, VIII, CF). Assim, não é possível, à luz da CF, que o promotor de justiça dê 
assistência à autoridade de polícia judiciária militar, posto que, em verdade é o seu 
fiscal e dela requisita diligências. Tenha-se, por fim que aqui, como em outros 
dispositivos do CPPM, faz-se menção ao membro do Ministério Público como 
“procurador”, mas a designação está imprópria, posto que a carreira do Ministério 
Público Militar (MPM), ramo do Ministério Público da União (MPU), foi organizada em 
três níveis: promotor, procurador e subprocurador-geral de Justiça Militar (a lei 
fala “da” e não “de” justiça militar, mas é importante lembrar que o MPM não integra 
a Justiça Militar), neste último caso oficiando junto ao Superior Tribunal Militar, em 
Brasília (art. 118, VIII, VII e VI, da LC nº 75/93). 
Outro dispositivo inconstitucional é o art. 17 do CPPM que trata da 
incomunicabilidade do indiciado, posto que é evidente o direito de o indiciado 
entender-se com seu advogado, até mesmo, hoje, por imposição da Lei nº 8.906/94 
(Estatuto da Advocacia), em seu art. 7º, XXI. Em nossa compreensão, essa 
constatação não afasta o sigilo do IPM, trazido pelo CPPM, no art. 16, até mesmo 
para curar da imagem, honra etc. do próprio indiciado. Obviamente, esse sigilo 
também não se opõe ao advogado, ao menos em relação às peças já constantes do 
caderno de investigação, ressalvando-se diligências em curso e em apartado, 
como o caso da interceptação telefônica, em alinho ao que dispõe a Súmula 
Vinculante nº 14 do STF. 
Recepcionado em parte foi o art. 18, entendendo-se que a detenção pelo 
encarregado do IPM do indiciado, independentemente de prisão em flagrante e de 
ordem judicial, somente seria possível nos crimes militares próprios (CF, art. 5º, 
LXI), surgindo aqui uma outra dificuldade, vez que a lei não define o que são crimes 
propriamente militares. 
O artigo 22 do CPPM consigna que o inquérito será encerrado com minucioso 
relatório, em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas 
ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o 
fato delituoso e, na conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de 
crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência 
da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais. 
No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu 
encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe 
homologue ou não a solução. 
Embora o § 1º do art. 22 do CPPM mencione a possibilidade de aplicação de 
penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, se a julgar necessária, 
não tem sido admitido a aplicação automática de punição administrativa de militar 
em decorrência das investigações apuradas via IPM. 
Como dito no IPM, regra, não há contraditório e ampla defesa, portanto, toda 
punição disciplinar deve ser decorrente de processo administrativo ou processo 
disciplinar próprio que garanta ao acusado o direito constitucional da ampla defesa e 
contraditório. 
Assim, três são as preocupações do encarregado do inquérito na conclusão de seu 
trabalho: indicar infração disciplinar existente, que deve ser convenientemente 
processada de acordo com o estatuto disciplinar de cada instituição; avaliar a 
existência de crime militar; avaliar a necessidade de decretação de prisão 
preventiva, nos termos do art. 255 do CPPM. 
Encerrando as principais disposições sobre o IPM, tem-se o art. 28, que trata da 
dispensabilidade deste procedimento, nas seguintes hipóteses: 
 a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou 
outras provas materiais; 
 b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, 
cujo autor esteja identificado; 
 c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar. 
 
A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito, embora 
conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado. 
 
Em Regra geral, também não há que se falar em nulidades no curso do inquérito 
policial militar, afetando o processo penal militar, dada sua característica de peça 
informativa. 
Não se podem aceitar alegações de que uma inquisa seja nula de pleno direito, 
como já se ouviu, porquanto, no plano doutrinário, clara é a posição de não ser 
possível o reconhecimento de nulidade nos procedimentos de polícia judiciária. 
Nesse sentido, Manoel Messias Barbosa leciona (2004, p. 33): 
Oinquérito policial é peça meramente administrativa, cuja função única é servir de 
base para o oferecimento da denúncia. Assim, qualquer vício porventura existente 
na fase inquisitorial não atinge o processo regular e posteriormente instaurado, 
servindo, quando muito, para relaxar a prisão em flagrante. Assentada a 
jurisprudência no sentido de que quaisquer falhas ou inobservância de 
mandamentos legais em inquérito policial não têm o condão de erigir-se em 
nulidade, não indo além de simples irregularidade [...]. 
Na mesma linha, sustentam Alexandre Cebrian e Victor Gonçalves (2012, p. 580): 
A nulidade pode alcançar todo o processo, parte dele ou apenas determinado ato, 
mas sempre derivará da inobservância do modelo legal quando já instaurada a ação 
penal, uma vez que eventuais irregularidades ocorridas na fase da investigação não 
atingem o processo. Desse pacífico entendimento doutrinário não diverge a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: “A jurisprudência desse Supremo 
Tribunal Federal firmou o entendimento no sentido de que ‘o inquérito policial é peça 
meramente informativa, não suscetível de contraditório, e sua eventual 
irregularidade não é motivo para decretação da nulidade da ação penal’ (HC 
83.233/RJ, rel. Minº Nelson Jobim, 2ª Turma, DJ 19.03.2004)’ (STF – HC 99.936/CE 
– 2ª Turma – Rel. Min. Ellen Gracie – Dje – 232 11.12.09)”. O reconhecimento da 
ilicitude de determinada prova produzida durante o inquérito não gera a nulidade da 
ação penal e sim o desentranhamento de referida prova dos autos. 
Em conclusão, não é cabível a alegação de nulidade do inquérito policial militar, 
podendo eventuais irregularidades detectadas, no máximo, servir para invalidar um 
ato específico, para resultar em seu desentranhamento, ou para argumento de 
valoração de provas pelo Poder Judiciário. 
Não se esqueça, entretanto, que a ação penal militar, arrimada em peças de polícia 
judiciária militar que tenham uma afronta desarrazoada a direitos fundamentais, 
passará por severo crivo, podendo ser reconhecida a nulidade. Nulidade, frise-se, na 
ação penal militar e não no inquérito policial militar (ou outro procedimento). Assim, 
embora se sustente que não haja nulidade no inquérito, as provas nele produzidas 
devem primar pela fidelidade ao que se compreende sobre a teoria da prova ilícita, 
sob pena de causar um danoso efeito na ação penal militar. 
Nessa linha, por exemplo, tem-se no STF o Recurso em Habeas Corpus nº 
122.279/RJ, julgado em 12 de agosto de 2014, e o Habeas Corpus nº 136.331/RS, 
julgado em 13 de junho de 2017. 
Nesses dois casos, uma peça colhida no curso do exercício de polícia judiciária 
militar sem alertas aos indiciados do direito ao silêncio e de que não estava obrigado 
a produzir prova autoincriminatória, como, aliás, comanda o § 2º do art. 296 do 
CPPM, foi suficiente para anular o processo penal militar. 
 
RESPONSABILIDADE DO ENCARREGADO DO IPM E FORMALIDADES 
 
Atribuições do Encarregado de IPM 
O primeiro ato de um encarregado é analisar o que vem expresso na portaria de 
instauração. Não deverá o encarregado se imiscuir em investigações que não sejam 
conexas com o que está delimitado na portaria. 
Caso vislumbre o cometimento de situações que não estão devidamente expressas 
na portaria deverá o encarregado relatar o fato ao oficial com atribuição de instaurar 
o IPM e este verificará se aditará a portaria já em vigor, ou se instruirá uma nova 
portaria com novo encarregado para investigar os novos fatos. 
Poderá ainda, caso não vislumbre o cometimento de crime, instaurar outro 
procedimento administrativo que possa verificar o que houve de real. 
Lobão, explicita como será: 
É defeso ao encarregado do inquérito exercer atividade 
investigatória e fato delituoso não mencionado na portaria ou 
na delegação. Outros fatos exigem nova portaria e novo 
inquérito, e se for o caso, nova delegação, mas poderá ser 
admissível o aditamento à portaria. Em caso de urgência, 
cabível a delegação por meio de telegrama ou telex e 
confirmada, posteriormente, com a remessa do original ato de 
delegação. 
 
 
As atribuições do encarregado não são obviamente, numerus clausus, e sim 
exemplificativas de acordo com o art. 13 do CPPM, que assim diz: Art. 13. O 
encarregado do inquérito deverá, para a formação deste: 
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido; 
b) ouvir o ofendido; 
Este é aquele a quem foi dirigida a autoria e materialidade, em tese, de uma 
atividade típica penal militar. Caso, a infração seja em detrimento de pessoa jurídica, 
será ouvido seu representante legal. A audição do Ofendido é fator primordial para a 
elucidação dos fatos, pois ele sofreu a ação delituosa. Em tese, o ofendido será o 
que mais trará as riquezas de detalhes. 
Suas declarações, por óbvio, não serão a expressão da verdade, pois, deverá ser 
ponderado com todo o restante probatório para chegar a um relatório que mais se 
evidencie o que de fato ocorreu. 
c) ouvir o indiciado; 
Entendemos que o termo “Indiciado” traz uma carga de culpa antecipada a quem 
está sobre vistas investigativas, uma vez que pode ocorrer que ao final do IPM no 
relatório o encarregado peça o arquivamento e com isso não passou o militar de 
mero investigado e não chegou sequer a ter indícios sobre sua conduta. Cremos ser 
o termo investigado mais adaptado ao estado democrático de direito. 
O investigado será militar ou civil, a quem é imputado determinado fato delituoso. 
Indiciado, se diz daquele que paira certos indícios. Está é, sem dúvida, a audição a 
qual o encarregado mais se debruçará, pois a ela será ponderado todos os outros 
fatos. O investigado será ouvido, não como alguém a qual o encarregado terá pré-
julgamentos, como se fosse realmente o culpado, mas sim com perquirição de se 
fazer justa ponderação. 
O investigado, ao ser ouvido, pode ou não estar acompanhado por advogado, uma 
vez que do ato não lhe resultará nenhuma sanção/punição. Caso o investigado não 
queria falar nada ele terá direito ao silêncio e não auto incriminar-se. 
Vale relembrar que a lei de abuso de autoridade Lei Federal nº 13.869/2019 em seu 
art. 15 Paragrafo único, inciso I, considera abusiva o prosseguimento de oitiva de 
interrogado que invocou o direito ao silêncio. 
Portanto, para dar o devido cumprimento de forma sistêmica as normas, faz-se 
necessária cautela durante o interrogatório. Importante frisar que não é ao todo 
proibido questionamentos durante interrogatório, primeiro o encarregado deve 
informar ao investigado a necessidade de alguns perguntas e que lhe é permitido o 
direito de silêncio correspondente a cada pergunta que lhe será feita. Isso porque, 
pode haver perguntas que venham a interessar ao investigado a resposta, como álibi 
ou estratégia de defesa. Contudo, se o investigado se mostrar irresignado e invocar 
o direito ao silêncio, mesmo antes de lhe ser perguntado qualquer das inquisições e 
sobre tudo que lhe venha ser questionado, deverá ser respeitado e 
consequentemente encerrado a oitiva, sob pena, de incorrer o encarregado do IPM 
em abuso de autoridade. 
Há que ser observado também durante o IPM todas as normas atinentes aos direitos 
do advogado, constante da Lei Federal nº 8.906/1994 (Estatuto da OAB), 
especialmente, o art. 7º já referenciado quando da APFD e do art. 16-A do CPPM. 
O investigado só poderá ser ouvido durante o dia, exceto em caso de urgência 
inadiável, no período compreendido entre as 07:00 horas da manhã e as 18:00 
horas da tarde. 
O escrivão deverá, na audição do investigado, assentar a hora inicial e final do feito, 
pois o investigado não poderá ser ouvido por mais de 04 horas consecutivas, a qual 
lhe será dado 30 minutos de descanso. Caso o depoimento não termine às 18:00 
horas, ele deverá ser retomado no dia posterior, desde que seja dia útil, segunda-
feira a sexta-feira, mas caso não seja dia útil, mas é de urgência,o encarregado 
deverá motivar seu ato e poderá exercer a audição, conforme o art. 19 do CPPM: 
 
Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência 
inadiável, que constará da respectiva assentada, devem ser ouvidos 
durante o dia, em período que medeie entre as sete e as dezoito horas. 
§ 1º O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das 
inquirições ou depoimentos; e, da mesma forma, do seu encerramento 
ou interrupções, no final daquele período. 
§ 2º A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas 
consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre 
que tiver de prestar declarações além daquele termo. O depoimento 
que não ficar concluído às dezoito horas será encerrado, para 
prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do 
inquérito. 
§ 3º Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para 
o primeiro dia que o for, salvo caso de urgência. 
 
O interrogatório do investigado será correlato a algumas perguntas que podem vir a 
elucidar o fato criminal a ele imputado. Quando houver a negativa de autoria, serão 
feitas as perguntas do art. 306, do CPPM, que se dá em sede de acusação, mas 
usual também na seara investigativa. 
Tais procedimentos deverão ser aplicados às testemunhas conforme o caso 
concreto. 
d) ouvir testemunhas; 
Serão ouvidas pessoas que tomaram ciência do fato delituoso e com ele tiveram 
contato direto ou indireto. Paulo Rangel assim define testemunha “… indivíduo 
chamado a depor, demonstrando sua experiência pessoal sobre a existência, a 
natureza e as características de uma fato, pois face estar em frente ao objeto 
(testis), guarda na mente, sua imagem…”. 
Já o doutrinador Tourinho Filho ensina que “A prova testemunhal, sobretudo no 
Processo Penal, é de valor extraordinário, pois dificilmente, e só em hipóteses 
excepcionais, provam-se infrações com outros elementos de prova” (…) “como 
qualquer outro meio de prova, a testemunhal é relativa. 
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações; 
O encarregado deverá fazer o reconhecimento de pessoas e coisas quando 
pairarem dúvidas nos dizeres do ofendido ou outra dúvida plausível. É possível o 
reconhecimento fotográfico, por vídeo ou outro meio que faça identificar o 
investigado, pois nem sempre o investigado se fará deixar apresentar, ao vivo, o que 
não é ele obrigado, uma vez que a ninguém é obrigado produzir provas contra si 
mesmo. 
A acareação é o ato do encarregado quando este entender que os depoimentos não 
estão em consonância, o encarregado fará a acareação para dirimir tais dúvidas. 
Fará os envolvidos ficarem frente a frente e colocará todos os pontos discordantes. 
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a 
quaisquer outros exames e perícias; 
Alguns crimes deixam rastros, vestígios. Quando tal crime assim for identificado, 
deverá o encarregado pedir o auxílio da Polícia Científica para que proceda ao 
exame de corpo de delito. Para Tornaghi Exame de corpo de delito é O exame de 
corpo de delito refere-se à materialidade do fato, mas não à autoria; a confissão se 
relaciona com a autoria mas não prova a materialidade do fato. 
Parece que a jurisprudência se antecipou às leis no reconhecimento dessas 
verdades. A literatura está repleta de decisões absolutórias proferidas em casos em 
que o réu havia confessado, mas o teor da confissão não estava confirmado pelo 
exame de corpo de delito, ou porque esse inexistisse ou porque o desautorizasse. 
Caso reste vislumbrado algum vestígio na suposta infração, o exame de corpo de 
delito será de suma importância e haverá nulidade se ausente o exame de corpo de 
delito em certos crimes que deixam vestígios. 
O exame de corpo de delito pode ser direto ou indireto (MAGALHÃES NORONHA, 
2002). Diz-se direto aquele feito diretamente nos vestígios materiais deixados pela 
infração penal militar. Diz-se indireto, quando não houver mais vestígios e será 
suprido pelos testemunhos de quem presenciou os fatos. 
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, 
destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação; 
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e 185 a 
189; 
 
Fato inusitado se dá com relação ao art. 176, vejamos: 
Art. 176. A busca domiciliar poderá ordenada pelo juiz, de ofício ou a 
requerimento das partes, ou determinada pela autoridade policial militar. 
 
De comandamento com duvidosa constitucionalidade, tendo em vista o CPPM ser 
anterior a nova ordem constitucional, quem em seu art. 5, diz: XI – a casa é asilo 
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, 
durante o dia, por determinação judicial; 
A autoridade policial militar, de acordo com a constituição em vigor, não pode emitir 
mandado de busca e apreensão em domicílio alheio, e caso isso ocorra é patente 
abuso de autoridade. Na situação de determinar tal entrada os militares não deverão 
cumprir tal ordem, pois é patente sua ilegalidade. Contudo, pode a autoridade 
policial militar, em caso de flagrante delito, determinar diligências a fim de 
apreensões de objetos relacionados com o crime, desde que respeitado o estado de 
flagrância do delito. 
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, 
peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a 
liberdade de depor, ou a independência para a realização de perícias ou exames. 
 
Se, necessário, o encarregado deverá tomar as medidas que acharem pertinentes 
para o correto andamento do IPM, sem nenhuma interferência externa prejudicial a 
descoberta de fatos e circunstâncias. 
Caso, testemunhas, peritos ou ofendido estiverem sendo ameaçados por quaisquer 
motivos, deverá representar junto ao ministério público e ao judiciário militar para 
que proceda ao remédio processual militar para agir contra tais males. 
Além do acima dito, o encarregado deverá também para uma melhor elucidação dos 
fatos tomar as medidas que seguem constante nos Art. 300 – consignação de 
perguntas e respostas. Art. 301 – observância de normas do processo judicial na 
apuração do fato delituoso. Art. 321 – requisição de perícia e exame. Art. 323, 
parágrafo único – procedimento de novo exame. Art. 328 – infração que deixa 
vestígios. Art. 329 – oportunidade do exame. Art. 331 – exame pericial incompleto. 
Art. 345 – exame de instrumentos do crime. Art. 347 – notificação das testemunhas. 
Art. 349 – requisição de militar ou funcionário público. Art. 356 – testemunhas 
suplementares. Art. 357 – testemunhas não computadas. Art. 391 – juntada da fé de 
ofício ou antecedentes. 
 
Detenção do Investigado 
O processo penal militar, indiscutivelmente, na questão de detenção do Investigado 
no curso de IPM, possui grande controvérsia jurídica, e por isso devem, tais normas, 
serem interpretadas à luz do estado democrático de direito a qual estamos 
submetidos. Vejamos o art. 18, do CPPM, que assim diz: 
 
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar 
detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-
se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá 
ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, 
Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do 
encarregado do inquérito e por via hierárquica. 
 
Fica demonstrado que no direito processual penal militar, há uma prisão que não se 
encontra em nenhuma outra legislação pátria, porque dela não se torna necessária a 
análise judicial, tão somente que este venha a ser comunicada, e nem que precise o 
infrator estar em flagrante delito, pois ela pode ser decretada pelo encarregado do 
IPM. 
No atual estado democrático de direito, a regra é a liberdade, de todosindistintamente, além de haver vários remédios para coibir a constrição ao abuso 
contra este direito. 
A constituição federal, em seu art. 5, Inc. LXI, diz que: LXI – ninguém será preso 
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade 
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente 
militar, definidos em lei; 
Vemos que em relação às pessoas civis somente haverá prisão por ordem 
fundamentada judicial ou em flagrante delito em seus diversos tipos, mas no caso de 
militares, na prática de crimes propriamente militares ou transgressões disciplinares 
militares, a carta política vigente diz que é possível sua prisão sem flagrante e sem 
ordem judicial, mas que deve o poder judiciário competente avisado. 
Tal condição se aplica somente nos casos de crimes propriamente militares e 
infrações disciplinares militares. Sobre transgressões disciplinares atentar para a 
recentes modificações introduzidas pela Lei Federal nº 13.967/2019 que veda 
medidas restritiva de liberdade como sanções disciplinares, sendo, portanto, 
atualmente, vedado a restrição de liberdade como sanção disciplinar para os 
militares estaduais. 
Além do que, por expressa disposição constitucional não cabe esse tipo de restrição 
quando o crime é impropriamente militar ou crimes militares cometidos por civis, 
conforme demonstrado. 
Tal espécie de detenção que pode ser decretada pelo encarregado do IPM, e vem a 
ser definida como uma prisão cautelar, uma vez que, não há sequer, processo 
ainda, pois poderá ser decretada pelo próprio encarregado do IPM. 
Há quem entenda que esse tipo de prisão é inconstitucional, sob o argumento que 
não se pode compactuar que uma ordem de prisão, venha a ser decretada por 
agente público que, às vezes, pode nem ter conhecimento jurídico necessário a 
execução do ato, e os motivos que os fizeram assim agir, o que seria um retrocesso 
ao direito processual militar constitucionalizado. 
Os prazos para essa prisão serão de 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogada por 
mais 20 (vinte) dias a critério da autoridade detentora das atribuições de polícia 
judiciária militar a que esteja subordinado o encarregado de IPM, ou seja, o pedido 
fundamentado e motivado será endereçado ao comandante da Região, Distrito 
Naval ou Zona Aérea. Importante frisar que tal pedido será por meios das vias 
hierárquicas, onde a autoridade delegante do IPM encaminhará a solicitação às 
autoridades retro mencionadas não poderá o encarregado pedir diretamente. 
Cremos ser tal ato necessário para a fiscalização dos atos do encarregado do IPM. 
Caso o encarregado opte por executar tal prisão, deverá imediatamente comunicar o 
fato ao juiz competente que analisará a manutenção ou o relaxamento. 
O STM já se manifestou sobre essa prisão em sede de IPM pelo encarregado e 
disse que: 
JURISPRUDÊNCIA 
ORGÃO: STM 
JULGADO: PROC: HCOR NUM: 032456-9 UF: RJ DECISÃO: 
09/02/1998 EMENTA: prisão de militar apoiada no Art. 18 do CPPM. Inexistência de 
constrangimento ilegal a ser corrigido pelo remédio constitucional. Habeas Corpus 
indeferido. Acórdão. STM. 
 
Sobre tal medida Jorge de Assis, assim se posiciona: 
 
Por sua vez, o art. 18 do Código de Processo Penal Militar 
merece interpretação conforme a Constituição. Segundo o art. 
18 do CPPM, independentemente de flagrante delito, o indiciado 
poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até 30 
dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária 
competente. Esse prazo poderá ser prorrogado por mais 20 dias, 
pelo Comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, 
mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito 
e por via hierárquica. A primeira vista, poder-se-ia pensar que o 
art. 18 do CPPM também não fora recepcionado pela 
Constituição Federal, por prever que uma autoridade não 
judiciária possa decretar a prisão de alguém, 
independentemente de flagrante delito. No entanto, não se pode 
olvidar que o próprio inciso LX I do art. 5a da Carta Magna 
estabelece que ninguém será preso, senão em flagrante delito 
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária 
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei. Excepcionando a 
Constituição Federal a necessidade de prévia autorização 
judicial nessas duas hipóteses – transgressão militar ou crime 
propriamente militar –, forçoso é concluir que o art. 18 do CPPM 
foi recepcionado em relação ao crime propriamente militar, 
hipótese em que é possível a expedição de mandado de prisão 
pelo próprio encarregado do inquérito policial militar (CPPM, art. 
225). Porém, em se tratando de crimes impropriamente militares, 
é inviável a decretação de prisão por encarregado, sendo 
imprescindível prévia autorização judicial, salvo no caso de 
flagrante delito. 
 
Por seguinte, diz o parágrafo único, do art. 18: 
 
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do 
inquérito solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, 
justificando-a, a decretação da prisão preventiva ou de 
menagem, do indiciado. 
 
A prisão Preventiva deverá ser requerida nos casos previstos do art.254 e 255 do 
CPPM e suas particularidades legais. Já a Menagem é um instituo legal militar e de 
aplicação na justiça militar. Menagem é uma espécie de favor concedido a aqueles 
que estão processados na justiça castrense, mas que não foram lançados no rol dos 
culpados, e estes deverão assumir o compromisso de permanecer no local indicado 
pela autoridade judiciária militar competente. 
Poderá ser cumprida em uma cidade, quartel, ou mesmo em casa, o que arrefece os 
rigores do cárcere. No entanto, o período de menagem em residência ou cidade, não 
será computado na pena conforme preceitua o art. 268 do CPPM. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ASSIS, Jorge Cesar de. Comentários ao código penal militar. Curitiba: Juruá, 
2008. 
 
ASSIS, Jorge Cesar de. Curso de direito disciplinar militar: da simples 
transgressão ao processo administrativo. Curitiba: Juruá, 2009. 
 
GIULIANI, Ricardo Henrique Alves. Direito processual penal militar. Porto Alegre: 
Verbo Jurídico, 2009. 
 
LOBÃO, Célio. Direito penal militar. Brasília: Brasília Jurídica, 2006. 
 
LOBÃO, Célio. Direito processual penal militar. Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: Método, 2009. 
 
As referências acima são orientações para o estudo, contudo, têm diversos outros 
autores que tratam de processo penal militar e por vezes foram citados durante a 
apostila, tais autores e bibliografias são de livre consulta para melhor aprendizado, 
FIQUEM A VONTADE PARA ESTUDAR. 
 
As perguntas da prova serão extraídas unicamente do material disposto nesta 
apostila. 
 
Caso a TURMA (completa) queira poderar ser realizada uma AULA EM VÍDEO 
CONFERÊNCIA, exclusivamente, para tirar dúvidas. Caso seja anseio da turma 
informar a coordenação do curso sobre o interesse, que seja agendado dia e hora. 
 
Em caso de outras dúvidas pode ser feito contato telefônico com o instrutor por meio 
do Tel. 68 98120-1567/99217-7978 (whatssap e ligações). 
 
 
Bom Estudo e Boa Sorte a todos!

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