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SLIDE JURISDICAO E COMPETENCIA

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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
JURISDIÇÃO: CONCEITO E PRINCÍPIOS 
COMPETÊNCIA: CONCEITO E CRITÉRIOS
JURISDIÇÃO – CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 
Jurisdição – Etimologia: “juris” (Direito) + “dictum” (proferir)
Conceito ontológico: é o poder, derivado da soberania estatal, de “dizer o Direito”, isto é, de pronunciar, impositivamente, o Direito aplicável ao caso concreto. 
A quem é cometido o poder jurisdicional: em nossa Constituição, o exercício da jurisdição é precipuamente conferido ao Poder Judiciário; mas não exclusivamente. Há hipóteses em que o poder jurisdicional é conferido a órgãos alheios ao Judiciário. Ex: o Senado Federal, no processo e julgamento do presidente e vice-presidente da República, dos ministros do STF, do PGR, dos membros do CNJ e do CNMP, nos crimes de responsabilidade (art. 52, incisos I e II, da CF)
	
	OBS: Embora precipuamente cometido ao Poder Judiciário, há um órgão do Poder Judiciário que não exerce jurisdição: o CNJ. 
	O CNJ é órgão do Poder Judiciário (art. 92, inc. I-A, CF, incluído pela EC 45/2004), mas tem atribuição de controle administrativo e financeiro dos órgãos do Poder Judiciário e fiscalização do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes (art. 103-B, § 4º, I), etc.. 
	Seus atos, inclusive, sujeitam-se a controle jurisdicional. 
	
Características da jurisdição - A jurisdição apresenta algumas características ou atributos: a substitutividade, a exclusividade, a imparcialidade, o monopólio do Estado, a unidade, a coercibilidade e a instrumentalidade:
a substitutividade significa que o juiz, ao decidir, substitui a vontade dos conflitantes pela do Estado-juiz (Chiovenda); 
a exclusividade da jurisdição: Somente a atividade jurisdicional tem aptidão para, através da coisa julgada, tornar-se matéria indiscutível; 
a imparcialidade implica em que a jurisdição é equidistante das partes; 
é monopólio estatal - Apenas o Estado pode exercê-la, na condição de poder emanado da soberania; 
a unidadade é característica da jurisdição porque, como poder que é, sob o aspecto ontológico ela é una, monolítica; fragmenta-se em competências apenas sob o aspecto metodológico; 
a coercibilidade é atributo inerente à jurisdição porque ela é impositiva, ou seja, a submissão às decisões judiciais é obrigatória a todos; 
a instrumentalidade significa que a jurisdição não é um fim em si mesma, mas uma ferramenta de que se vale o Estado para a aplicação do Direito. 
2. JURISDIÇÃO – PRINCÍPIOS
	Como quaisquer outros institutos do Direito, a jurisdição está, também orientada por alguns princípios, dentre os quais destacam-se: 
	a) Princípio da Inércia - a jurisdição é inerte: o poder jurisdicional não atua "ex-officio". O juiz não pode agir sem provocação - "nemo judex sine actore" – nem fora dos limites da provocação. Daí a vedação dos julgamentos ultra ou extra petitum. 
	b) Princípio do juiz natural - A jurisdição será exercida, em cada caso, pelo órgão dela investido e pré-constituído na lei. Isso implica, primeiro, que ninguém será processado ou julgado senão pelo juízo competente; depois, que não se poderá, nem mesmo por lei, criar juízo ou tribunal de exceção (constituído especialmente para o julgamento de determinado caso); 
	c) Princípio da indeclinabilidade – A jurisdição é irrecusável pelo juiz. O órgão jurisdicional não pode se subtrair ao seu dever de julgar. Nem mesmo a alegação de lacuna da lei pode eximir o juiz de julgar. Fundamento constitucional: Art. 5º, inc. XXXV, da CF.; 
d) Princípio da indelegabilidade – O poder jurisdicional não pode ser transferido pelo seu titular a terceiro. O juiz não pode delegar ato de jurisdição (decisório ou não) que seja de sua competência nem mesmo a outro juiz. Esse princípio não é absoluto, já que há previsão de cartas de ordem, pelas quais os tribunais ou seus membros podem solicitar a prática de determinados atos processuais de sua competência a juízes de grau inferior (arts. 237, 260, 263, 264, 265, 231, inc. VI, do CPC. 
	Discute-se: as cartas precatórias são exceção à indelegabilidade da jurisdição? Parte da doutrina (Fred. Marques, etc.) vê na carta precatória uma exceção ao princípio, já que, ao expedi-la, o juízo deprecante estaria delegando ao deprecado a prática de ato processual em processo de sua competência. Para outros (Tourinho Filho, etc.), não há exceção, já que o juízo deprecante não delega jurisdição ao juízo deprecado, porque este último é quem já detém a competência para a prática do ato solicitado: o juiz deprecante não poderia delegar um poder que não tem. 
	A meu ver, é preciso distinguir as precatórias entre órgãos de mesma jurisdição material e de jurisdições materiais distintas: neste último caso, há exceção à indelegabilidade; no primeiro caso, não. 
e) Princípio da improrrogabilidade – É o outro lado da medalha: se a indelegabilidade proíbe que o órgão jurisdicional transfira a terceiro sua parcela de jurisdição, o juiz não pode prorrogar (isto é, ampliar) sua competência para invadir seara jurisdicional alheia. Ex: o STJ não pode julgar um juiz de Direito ou um promotor de Justiça, já que essa matéria é competência do Tribunal de Justiça do Estado respectivo. 
	Há exceções expressamente previstas na lei. No cível, v.g., os casos de incompetência relativa e de eleição de foro; no processo penal, os casos de deslocamento de competência em razão de crime permanente consumado em vários locais ou de conexão ou continência nos casos de concurso de delitos, se concorrem dois juízos igualmente competentes; 
f) Princípio da processualidade – Consagrado no brocardo “nulla poena sine judicio”, esse princípio, mais afeto à jurisdição penal, significa que não há exercício da jurisdição senão pela via do processo (devido processo legal). Embora titular do “jus puniendi”, o Estado só pode concretizá-lo provocando a jurisdição, por meio do processo. É a inevitabilidade da jurisdição penal. Esse princípio é complemento daquele do Direito Penal “nullum crimen, nulla poena, sine praevia lege”. Fundamenta-se no Art. 5º, LIII, LIV e LVII, C.F. 
3. COMPETÊNCIA – CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO
 
	A jurisdição, ontologicamente, é una (em essência, uma só). 
	Diante da impossibilidade do exercício da jurisdição, indistintamente, por um único órgão, sobre todo o território, sobre toda e qualquer matéria e sobre todas as pessoas, o ordenamento jurídico (da Constituição às leis de organização judiciária) distribui o poder jurisdicional em parcelas, entre os vários órgãos jurisdicionais. 
	Assim, enquanto “jurisdição” é um conceito ontológico, o termo “competência” é conceito metodológico: é a permissão legal para o exercício de uma fração do poder jurisdicional (Tornaghi). 
	Por isso, pode-se sintetizar: “competência” é a “medida de jurisdição” conferida a determinado juízo (João Mendes). 
Critérios – A própria legislação é que estabelece os critérios que vão definir a competência (feixe de jurisdição) de cada órgão. 
	Na esfera do processo penal pode-se, em resumo, afirmar que há 3 (três) critérios básicos ou principais e mais 3 (três) auxiliares. 
	Os três critérios básicos: Territorial (“ratione loci”); Material (“ratione materiae”); e Prerrogativa de Função (	“ratione personae”). Daí a fórmula de Walter Acosta: para conhecer a competência, deve-se responder a três indagações: de que natureza é o fato? Quem o praticou? Onde o praticou?
	Os três critérios auxiliares ou suplementares: Conexão/Continência; Prevenção; Distribuição. 
	
3.1 – Competência Territorial: Fixa a competência a partir de um prisma geográfico: o lugar, a área territorial (“ratione loci”). A jurisdição é distribuída em territórios (comarcas; seções judiciárias; zonas eleitorais, etc.). 
	A partir dessa divisão territorial, a competência é definida sob dois aspectos (arts. 69, I e II; arts. 70 e 72, todos do CPP): o local do crime (“forum delicti comissi”) ou o domicílio do acusado. 
Localdo crime – o CPP adotou a teoria da consumação (art. 70): considera-se lugar do crime para fins de fixação do foro competente, o lugar onde o crime se consumou (observar que o CP adotou, para fins de incidência da Lei Penal brasileira, a teoria da ubiquidade - art. 6º, CP). 
	Ocorre que também a tentativa 	é punível em nossa lei penal. E, no caso de tentativa, a competência fixa-se pelo lugar do último ato de execução (pois não há, na tentativa, a consumação), cf. art. 70, CPP. 
	Impõe-se, portanto, saber quando (e, portanto, onde) ocorre a consumação do delito. E a resposta é fornecida pelo Direito Penal: art. 14, inc. I, do CP. 
	Surgem algumas questões: 
	--- No crime de apropriação indébita (art. 168 do CP) e no de apropriação de coisa achada (art. 169, parág. único, inc. II, do CP): no do art. 168 é o momento subjetivo da inversão do ânimo da posse; no do art. 169, parág. único, II, é o do exaurimento do prazo de 15 dias para a restituição. 
	O momento subjetivo da inversão da posse revela-se por sinais objetivos exteriorizadores do ânimo do agente. 
Pode ocorrer, na apropriação de coisa achada, que o encontro da coisa se dê num lugar e o exaurimento do prazo para devolver em outro.
	--- Nos crimes de estelionato por emissão de cheques sem fundos – Súmula 521 do STF – Foro do local da agência bancária que recusa o pagamento do cheque. 
	--- Nos crimes formais, em que a consumação é antecipada, sendo o resultado naturalístico mero exaurimento do delito (ex: art. 317 do CP); e nos delitos de mera conduta, em que não há resultado naturalístico (ex: injúria oral; porte ilegal de arma; etc.) – A consumação se dá no momento mesmo da ação/omissão. 
	--- Nos crimes plurilocais, em que a ação verifica-se num lugar e o resultado ocorre em outro, há certa divergência quando o crime for preterdoloso: para alguns, o resultado culposo é mera condição objetiva de punibilidade pelo crime preterdoloso e, portanto, a consumação se deu no momento/lugar do resultado doloso antecedente (fixando-se aí a competência); para outros, porém, o resultado mais grave culposo é elementar do tipo e, pois, seu momento consumativo, cujo lugar é que determina o foro competente. 
	--- Nos denominados crimes à distância – aplicam-se as regras do art. 70, §§ 1º e 2º, do CPP. 
	--- Nos casos de tentativa: não havendo consumação, o art. 70 determina a fixação do foro competente pelo lugar do último ato de execução, o que impõe distinguir entre o que é ato de execução e ato meramente preparatório (este último, impunível). 
	--- Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais comarcas; ou quando incerto o local exato da consumação: resolve-se pelo critério auxiliar da prevenção (art. 70, § 3º, CPP). 
 	--- Também se resolve pela prevenção quando o lugar da consumação situar-se exatamente na divisa entre duas ou mais jurisdições. 
	--- Obs: uso de cartão bancário/crédito subtraído – se o cartão é usado para sacar dinheiro (furto): local da agência do titular, de onde saiu o dinheiro; se o cartão é usado como cartão de crédito/débito (estelionato): o foro é o do local onde o agente obteve a vantagem indevida. 
	--- A bordo de navios/aeronaves – porto ou aeroporto onde primeiro chegar; ou, se viagem daqui ao exterior, por último esteve (arts. 89 e 90, CPP). 
b) Domicílio do réu - Além do lugar da consumação, também é definidor da competência territorial o foro do domicílio do réu (arts. 72, 73 e 88 do CPP). 
	Obs: Os conceitos domicílio e residência seriam sinônimos? 
	- Para uma corrente (Espínola Filho, Paulo L. Nogueira), o CPP empregou os dois termos como sinônimos. O legislador processual não teria se preocupado com a distinção conceitual do D. Civil. 
	- Para outra corrente (Tornaghi, Tourinho Fº., etc.), são conceitos distintos, conforme a distinção feita pela lei civil. Se a lei civil faz essa distinção, a norma processual não pode ignorá-la. Ademais, a lei não deve conter palavras inúteis. Por fim, se o legislador não quisesse distinguir, bastaria fazer referência a uma delas. 
	- O Cód. Civil distingue: dos arts. 70 e 74, infere-se que domicílio é o lugar onde se fixa residência com ânimo definitivo. 
	- Se há distinção, é de se presumir que haja uma ordem: busca-se primeiro o domicílio. Não se logrando identifica-lo, pode ser o local da residência; seguindo, inclusive, a orientação do Direito Civil. 
	
Há 3 (três) hipóteses em que o domicílio (ou residência) do réu fixam a competência: 
	- 1. quando é desconhecido o lugar da infração (art. 72, caput, CPP). É hipótese distinta daquela do lugar incerto da infração (art. 70, § 3º, CPP), porque o lugar é totalmente ignorado, não sabido. Aquela outra situação (lugar incerto) resolve-se pela prevenção entre os foros possíveis do lugar da infração. 
	- 2. quando, mesmo conhecido o lugar da infração, esta for de ação penal de iniciativa privada e o querelante optar pela propositura da queixa no domicílio ou residência do querelado. Cuida-se de caso de foro de eleição no processo penal. É prerrogativa do titular da ação penal privada escolher entre o foro do lugar do crime (consumação) e o do domicílio do querelado (art. 73, CPP). 
	- 3. nos casos de crimes praticados fora do território brasileiro, se aplicável a lei penal brasileira, o foro competente é o da Capital do Estado onde por último residiu o acusado; ou, se nunca residiu no Brasil, o foro da Capital da República. Assim, o domicílio do réu estabelece a competência de foro no Brasil, se ele comete crime no exterior. Importa aqui, entretanto, não mais a comarca, e sim, a Capital do Estado. 
3.2 - Competência ratione materiae – O critério aqui considerado é a natureza do fato (espécie de crime), não mais o lugar. 
	a) - Na CF já se estabelece a competência do Júri (art. 5º, inc. XXXVIII) com status de garantia fundamental: crimes dolosos contra a vida. Lei infraconstitucional não pode subtrair da competência do Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Mas nada impede que a 
lei amplie a competência do Júri para incluir outros crimes. 
	Obs: Questão que tem suscitado questionamentos é o latrocínio quando o resultado morte é doloso. 
	b) – Competência da Justiça Militar da União – art. 124, CF: Julgamento dos crimes militares definidos em lei. Isso inclui o julgamento tanto de militares quanto de civis; não há restrição: o que importa é a natureza do crime e não a condição pessoal (civil ou militar) de quem o cometeu. Considerando, entretanto, que a CF permite aos Estados a criação de Justiças Militares Estaduais, a JM União só julga crimes militares “em detrimento de interesse da Administração Militar da União”. 
	c) – Competência da Justiça Militar dos Estados – Art. 125 § 4, CF: julga os crimes militares, praticados por militares estaduais. Há, portanto, uma restrição: a Justiça Militar Estadual não julga civis. 
	obs: Crimes militares: A doutrina distingue os crimes militares próprios e os crimes militares impróprios. 
	Próprios: Aqueles previstos exclusivamente no CPM (não há tipificação similar no CP ou em legislação penal especial). 
	Impróprios: Seu conceito se alargou com o advento da Lei n. 13.491/2017: tanto os que, previstos no CPM são também previstos no CP, como os previstos em qualquer Lei Penal esparsa, desde que cometidos nas circunstâncias do art. 9 do Código Penal Militar. 
	Discussão a respeito do crime doloso contra a vida, cometido por militar contra civil - Alcance da regra dos parágrafos 1 e 2 do art. 9 do CPM. 
	
	c) competência da Justiça Eleitoral – Crimes eleitorais (Código Eleitoral, Lei 9.504/97, etc.) 
	d) competência da Justiça Federal comum (art. 109 da CF) - Rol “numerus clausus” – Crimes políticos; crimes em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, autarquias e empresas públicas, ressalvadas as competências da J. Eleitoral e da J. Militar. Obs: excepcionam-se as contravenções penais. - Obs 2: art. 109, § 5º, CF. 
e) Competênciados JECRIM (Lei 9.099/95) – Previsão constitucional no art. 98, inc. I, CF. 
	Art. 60 da Lei 9.099/95 – julgamento das infrações de menor potencial ofensivo (definição legal: art. 61 da Lei 9.099/95): contravenções penais e crimes cuja pena máxima cominada não exceda 2 (dois) anos. 
	- Discussão doutrinária: concurso de crimes – pena resultante superior a dois anos. Posição do STJ: Afasta-se a competência do Juizado Especial Criminal. 
	- Não incidência da competência do JECRIM nos delitos constitutivos de violência doméstica e familiar contra mulher (art. 41 da Lei 11.340/2006: “... Independente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995.” O legislador quis preservar a política de especial repressão à violência de gênero no âmbito doméstico e familiar. 
	
3.3 - Competência ratione personae (foro por prerrogativa de função) - é fixada em razão das prerrogativas de que gozam os ocupantes de determinados cargos ou funções públicos. 
	Não se trata de privilégio. Não é uma deferência à pessoa física mas ao cargo ou função. Visa, de um lado, a preservar a dignidade e o respeito devidos a determinados cargos e, de outro lado, a assegurar julgamentos presumidamente mais isentos (imagina-se que os órgãos superiores, colegiados, sejam mais experientes e mais imunes a pressões ou influências externas que o juiz singular, de primeira instância). 
	Assim, os ocupantes de determinados cargos são julgados por Tribunais, e não por órgãos de primeiro grau. A C.F. e a legislação infraconstitucional podem estabelecer prerrogativas de foro. 
	Na Constituição Federal, fixa-se: 
	A) competência originária criminal do STF (art. 102 da CF): a) Nas infrações penais comuns (art. 102, inc. I, “b”): – O Presidente da República; o Vice-Presidente da República; os membros do Congresso Nacional; os próprios Ministros do STF e o Procurador-Geral da República; b) Nos crimes comuns e de responsabilidade (art. 102, inc. I, “c”): – Os Ministros de Estado (inclusive o AGU, que tem status de ministro; os comandantes das Forças Armadas; os membros do STJ, TSE e TST; os membros do TCU e os chefes de missão diplomática permanente (embaixadores e cargos equivalentes). 
	B) Competência originária criminal do STJ (art. 105, inc. I): a) nos crimes comuns, os governadores dos Estados e do Distrito Federal; b) nos crimes comuns e de responsabilidade os desembargadores dos TJs estaduais e do DF; os membros dos TCEs e do DF; os membros dos TRFs, TRTs e TREs; os membros do Ministério Público da União de segunda instância (exceto o PGR); os membros dos Tribunais de Contas Municipais (São Paulo, Rio de Janeiro, e outros que vierem a ser criados, eventualmente). 
	C) Competência originária criminal dos TRFs (art. 108, inc. I, “a”): nos crimes comuns e de responsabilidade, os juízes federais de sua área de jurisdição (inclusive os da Justiça Militar da União e os da Justiça do Trabalho) e os membros do Ministério Público da União (inclusive os promotores do MP Militar e os procuradores do Trabalho) de primeiro grau; ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (não julga os juízes e promotores eleitorais, em caso de prática de crime eleitoral – serão julgados pelos TREs). 
	D) Competência originária do TSE e dos TREs – A CF (art. 121) remete à lei complementar a fixação de suas competências. 
	O TSE julgará, nos crimes eleitorais, as pessoas que, nos demais crimes, são julgadas no STJ (critérios prerrogativa de função + material).
	Já os TREs julgarão, nos crimes eleitorais, os juízes eleitorais de primeiro grau, os membros do Ministério Público Eleitoral de primeiro grau e as pessoas que tenham foro por prerrogativa de função nos TJ estaduais e do DF, nas suas respectivas áreas territoriais. 
	E) Competência criminal originária dos TJs dos Estados e DF (arts.
96, inc. III, e 29, inc. X, CF): a) nos crimes comuns e de responsabilidade: os juízes estaduais e os membros do Ministério Público estadual (exceto, nos crimes de responsabilidade, o PGJ), ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (nesse caso, a competência será do TRE); b) nos crimes comuns, os prefeitos, também ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. 
	Obs: As Constituições dos Estados, sem contrariar a CF, podem estabelecer competência dos TJ estaduais por prerrogativa de foro. Assim, v.g., no Estado de São Paulo, o art. 74 da CE fixa a competência criminal originária do TJ para processar e julgar: a) nos crimes comuns, o Vice-Governador, os Secretários de Estado, os Deputados estaduais, o Procurador-Geral de Justiça (MP); o procurador-Geral do Estado, o Defensor Público Geral e os Prefeitos; b) nos crimes comuns e de responsabilidade, os juízes do TJ Militar, os juízes de Direito, inclusive militares, os membros do Ministério Público (exceto o PGJ), o Delegado-Geral de Polícia e o Comandante-Geral da Polícia Militar. 
	* De se observar que qualquer regra de competência fixada pela legislação infraconstitucional (aí incluídas as CEs) não poderá contrariar o que dispõe a CF. 
	Assim, por ex., embora a Constituição Paulista tenha fixado a competência do TJ para julgamento do Delegado Geral de Polícia, ou do Defensor Público Geral nos crimes comuns, se o crime praticado for doloso contra a vida, eles devem ser julgados pelo Tribunal do Júri (art. 5, inc. XXXVIII, CF, estabelece a competência do júri para crimes dolosos contra a vida e tal regra não pode ser derrogada pela C. Estadual)
	Se um juiz de Direito ou um promotor de Justiça comete crime doloso contra a vida, aí sim, será julgado no TJ, não pelo Júri, porque o foro por prerrogativa de função, nesses casos, é fixado já na CF. 
	
	* Se o detentor de foro por prerrogativa de função em uma área territorial pratica o crime em área jurisdicional diversa (ex: juiz federal de Caxias, RS – 4ª Região, comete lesão corporal em São Paulo) – será julgado pelo Tribunal a que estiver sujeito (no caso, o TRF 4), desde que a prerrogativa de foro não decorra de norma infraconstitucional estadual, que não pode vigorar em outra unidade da Federação. 
Foro por prerrogativa de função e a exceção da verdade – art. 85 do CPP: Há crimes contra a honra que admitem, como meio de defesa processual, a exceção da verdade. São os delitos de calúnia e, em alguns casos, a difamação. 
	Nessas hipóteses, se a vítima, que figura como querelante, goza de foro por prerrogativa de função, caso o querelado queira opor a exceção da verdade, sendo esta admitida, deverá ser julgada pelo órgão superior competente para julgamento de crimes eventualmente praticados pelo querelante excepto (art. 85 do CPP). 
	Embora o art. 85 mencione jurisdição do STF ou Tribunais de Apelação (em razão da época da edição do CPP), a regra deve ser seguida para todos os casos de foro por prerrogativa de função. Assim, v.g., no caso de governador de Estado ou de membro do MP da União, que é julgado no STJ. 
	A exceção da verdade deve ser apresentada no prazo (10 dias) da defesa preliminar escrita (art. 396 do CPP). 
	Predomina o entendimento de que a competência do Tribunal limita-se ao julgamento da exceção, do que decorre: sua admissão e processamento deve ocorrer na instância inferior (para Tourinho, só a admissão; o processamento já deve ser no Tribunal). 
	Ademais, o Tribunal só julga a exceção, e não a ação (STF). 
3.4 – Competência por Conexão/Continência – critério suplementar. 
	Há conexão quando há pluralidade de infrações ligadas por um vínculo juridicamente relevante, que pode ser, segundo a doutrina, de 3 (três) naturezas: intersubjetiva, objetiva ou instrumental (probatória). 
	Há continência nos casos de um só crime de que são acusadas várias pessoas (concurso de pessoas), ou um só fato que constitua mais de uma violação penal, em concurso (hipóteses de “aberratio ictus”, de “aberratio delicti” e de concurso formal de crimes), cf. art. 77, inc. II, CPP. 
	A conexão pode ser (art. 76 do CPP): I. intersubjetiva (quandoo nexo entre os diversos delitos decorre da pluralidade de pessoas como agentes das várias infrações) por concurso, por simultaneidade ou por reciprocidade; II. objetiva (quando uma infração é cometida em relação lógica com a outra, seja sequencial ou teleológica), seja para facilitar ou assegurar a execução da outra, ou para ocultar ou garantir a impunidade da outra, etc. O critério é objetivo, leva em conta os próprios fatos em si; III. Instrumental (probatória), quando a prova de uma reflete de tal forma na prova da outra que é conveniente sejam apreciadas e julgadas conjuntamente, para evitar decisões contraditórias, v.g., no furto precedente à receptação. 
	Na continência, uma causa está contida na outra. São os casos de concurso de pessoas (art. 29 do CP); de concurso formal de infrações (art. 70 do CP); de “aberratio ictus” ou erro na execução (art. 73, última parte, CP) e de “aberratio delicti” (art. 74 do CP). 
	Crime continuado (art. 71 do CP)? Na verdade, não está previsto na regra do art. 77 do CPP. Não é hipótese de continência, embora alguns defendam que se equipara ao concurso formal. Pode, entretanto, enquadrar-se em hipótese de conexão probatória, já que, dados os requisitos do art. 71 do CP, é relevante a prova de uma infração em relação à prova de outra, para demonstrar a semelhança de modus operandi, tempo, lugar, etc.. 
	Havendo conexão ou continência, estabelece o art. 79 do CPP, para evitar decisões contraditórias, para favorecer a economia processual, facilitar a produção da prova, etc., que haverá “unidade de processo e julgamento”, ou seja, deverão ser objeto de um mesmo processo. Assim, v.g., se cada pessoa estiver sujeita a um juízo diferente (por prerrogativa de função), ou se cada fato conexo for de competência de um órgão diverso (por ex., pelo lugar da consumação), é preciso que se estabeleça, segundo critérios legais, qual dos juízos será o competente para julgar esse processo unificado. 
	O art. 78 do CPP fixa critérios para a determinação da competência em casos de conexão/continência: 
	a) concorrendo o Júri e um outro órgão da Justiça Comum – prevalece a competência do Júri (nem poderia ser diferente, dado o status constitucional da competência do Tribunal do Júri); 
	b) concorrendo órgãos jurisdicionais igualmente competentes (mesma categoria), há 3 (três) critérios a seguir: 
	b.1 prepondera a jurisdição do lugar onde for cometido o crime mais grave. Pouco importa, aqui, a quantidade de infrações, mas a sua gravidade (o que se afere pela sanção cominada); 
	b.2 se os crimes forem de igual gravidade, prevalece o foro do local onde cometido o maior número de infrações. Nesse caso, como não há um crime mais grave que outro, é a quantidade de infrações penais o fator determinante do foro competente; 
	b.3 se iguais o número de infrações e a gravidade (v.g., quatro estelionatos, sendo dois em cada comarca), resolve-se pela prevenção; 
	c) concorrendo jurisdições de graus distintos, prevalece a de grau mais elevado, que atrai a competência da inferior; 
	d) concorrendo a jurisdição comum e a especial, prevalece esta. 
	Obs: no concurso entre a jurisdição comum Federal e a jurisdição comum Estadual, a rigor deveriam ser aplicadas as regras do art. 78, inc. II, a, CPP, já que são jurisdições de mesma categoria. É o que defende boa parte da doutrina (ex: Frederico Marques). Entretanto, o STJ fixou entendimento cristalizado na Súmula 122, estabelecendo que, na conexão entre crimes de competência da Justiça Estadual e da Justiça Federal, a competência é desta última (o fundamento é de que a Justiça Federal comum, como tem sua competência estabelecida em rol taxativo, no art. 109 da CF, apresenta um caráter de Justiça “especial” se cotejada com a jurisdição estadual, cuja competência é genérica, residual).
	Obs: não haverá união de processo e julgamento se o concurso for entre crime de competência da Justiça Militar e crime de competência da Justiça Comum (art. 79, inc. I, CPP) – Não se aplica a regra da prevalência da justiça especial, e haverá separação de processos e de foro. Não quis o legislador ampliar, nem em caso de conexão/continência, a competência da Justiça Militar. 
	Obs: Se, o jmesmo diante do disposto no art. 79 do CPP, forem instaurados processos distintos: art. 82 – Juiz prevalente deverá avocar o processo que tramita no outro Juízo, antes da sentença definitiva. Há discussão sobre o significado dessa expressão, sentença definitiva no art. 82. 
	Para uma corrente (Espínola Fº, Frederico Marques, etc.), o termo “sentença definitiva” no art. 82 é a sentença transitada em julgado, de modo que poderia, assim, o juiz competente avocar os autos do outro juízo, mesmo se já houver sentença de primeiro grau, ainda pendente de recurso. 
	Para outros (Tourinho Fº, etc.) entretanto, o termo é empregado como sinônimo de sentença de primeiro grau, já que não seria concebível um juiz avocar processo e rever sentença já proferida por outro de mesmo grau de jurisdição. 
3.5 – Competência por Prevenção: - Critério auxiliar de fixação de competência – Art. 83 do CPP. Recorre-se a ela quando, utilizados os demais critérios, ainda assim restam dois ou mais juízos concorrentes, com competência equivalente. 
	Prevenção: emitologia = prevenire, isto é, “vir antes”. É sinônimo de antecipação. 
	Ocorre quando um órgão jurisdicional, dentre outros igualmente competentes, antecipa-se aos demais na prática de um ato processual, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou queixa. 
	De se observar: 
	a) o que fixa a prevenção é a prática de ato jurisdicional; 
	b) só há prevenção quando concorrem juízos de igual competência; assim, a prevenção não pode se sobrepor a outro critério; 
	c) o ato jurisdicional pode ser praticado antes mesmo do início do processo (anterior à propositura da ação penal). 
	
3.6 – Competência por Distribuição – Resolve-se por distribuição a competência quando, usados todos os demais critérios, ainda houver pluralidade de juízos igualmente competentes e nenhum tiver se tornado prevento. 
	Distribuir é partilhar, dividir. É a divisão de serviços, de forma equitativa, entre os juízes igualmente competentes, considerando não só a quantidade, mas a qualidade (natureza do crime) dos processos. 
	A precedência na distribuição constitui verdadeira forma de prevenção (art. 75, parág. único, do CPP). 
Competência – Questões: 
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