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Seminário de Biomol Introdução de células tronco O que são células tronco: Células-tronco (CT) podem ser definidas como células com grande capacidade de proliferação e auto renovação, capacidade de responder a estímulos externos e dar origem a diferentes linhagens celulares mais especializadas (diferenciação). Assim, teoricamente, estas células poderiam ser multiplicadas no laboratório e induzidas a formar tipos celulares específicos que, quando transplantados, regenerariam o órgão doente. (A importância do uso das células tronco para a saúde pública por Lygia da Veiga Pereira, 2008) Propriedades das células tronco: Possuem três propriedades: não são especializadas, são capazes de se dividir e de renovar-se por longos períodos e podem gerar tipos celulares especializados. (Junqueira, R., 2005) Outra propriedade que está sendo estudada é a plasticidade dessas células: possibilidade de que as células-tronco de um tecido podem dar origem a tipos celulares de tecidos completamente diferentes (Junqueira, R., 2005), como por exemplo as células tronco hematopoiéticas darem origem a células do músculo cardíaco ou a células nervosas no cérebro. Seu papel em um organismo vivo é manter e reparar o tecido em que se encontram. (Junqueira, R., 2005) Função das células tronco: A função das células-tronco e das células precursoras não é a de desempenhar as funções especializadas das células diferenciadas, mas sim de produzir as células que irão realizar essas funções. As células-tronco em geral estão em pequeno número. Embora não sejam terminalmente diferenciadas, as células- tronco dos tecidos adultos são, contudo, especializadas. Sob condições normais, elas expressam estavelmente uma série de reguladores de transcrição que asseguram que sua progênie diferenciada seja do tipo adequado. (Alberts) Tipos de células tronco: Totipotentes: são capazes de se transformar em qualquer tipo de célula adulta Multipotentes ou pluripotentes: São capazes de diferenciar-se em quase todos os tipos de células Oligopotentes: poucos tecidos Unipotente: apenas um tecido As células tronco embrionárias podem ser totipotentes até o 4º dia de vida (mórula), e pluripotentes a partir do 5º dia (blastocisto). Células tronco induzidas: Células diferenciadas reprogramadas para voltarem ao estágio de célula tronco embrionária. Células tronco embrionárias: As CTE são toti ou pluripotentes e são encontradas no embrião, apenas quando este se encontra no estágio de blastocisto (4 a 5 dias após a fecundação), em um aglomerado celular conhecido como Massa Celular Interna que dará origem a tecidos e órgãos necessários ao desenvolvimento do feto. Células tronco adultas: As CTA são derivadas de organismo adulto e estão presente somente em compartimentos celulares restritos. São multipotentes, capazes de se diferenciarem em um número restrito de tipos celulares (LEVIN et al., 2004). Possuem menor auto renovação e habilidade de se diferenciar em múltiplas linhagens, comparando com as CTE. (FUCHS; SEGRE, 2000). Uma população, chamada células-tronco hematopoiéticas, forma todos os tipos de célula sanguínea do corpo. Uma segunda população, chamada de células do estroma da medula óssea (mesenquimais), foi descoberta alguns anos mais tarde e geram osso (Figura 8), cartilagem, gordura e o tecido conjuntivo fibroso. (Junqueira, R., 2005) O tecido do cordão umbilical é uma fonte rica de células-tronco mesenquimais (cartilagens, ossos e tecidos adiposo) que dão origem a vários tecidos do nosso corpo. O sangue do cordão umbilical, por sua vez, é uma fonte rica de células-tronco hematopoiéticas, que dão origem ao sangue e ao sistema imunológico. Por causa destas diferenças funcionais, o sangue do cordão e o tecido do cordão podem ajudar o corpo humano no tratamento de diversas doenças. As células-tronco adultas (CTA) mais facilmente disponíveis e comumente utilizadas nas clínicas de fertilização são as células-tronco hematopoiéticas, cujas principais fontes são a medula óssea e o sangue de cordão umbilical. As células-tronco embrionárias (CTE) são definidas por sua origem e são derivadas do estágio do blastocisto (4 a 5 dias após a fecundação) do embrião. (Ribeiro, E. M.; Andreade, E. M. F.; Arruda, A. P. Terapia com células tronco 2005) Divisão: Quando a célula-tronco se divide, cada célula-filha tem uma escolha, ou elas permanecem como células-tronco, ou se encaminham para uma via irreversível que leva à diferenciação terminal, normalmente por meio de uma série de divisões de células precursoras. (Alberts - Fundamentos da biologia molecular e celular) células extraídas do sangue do cordão umbilical são de origem hematopoiética e só podem dar origem a células do sangue e do sistema imunológico. Existe alguma diferença entre as CTH extraídas da medula óssea, sangue de cordão umbilical e sangue periférico? O sangue de cordão umbilical é uma fonte alternativa de CTH. Ele proporciona CTH mais imaturas (mais jovens) do que o sangue periférico e a medula óssea. Além disso, as células do cordão umbilical são obtidas de forma indolor ao doador, não havendo a necessidade de utilização de medicamentos para a mobilização das células, não necessita de uma compatibilidade completa entre doador e receptor, está disponível imediatamente quando necessário, e também por ser um material rotineiramente descartado durante o parto. Introdução de terapia celular Conceito: A terapia celular é a troca de células doentes por células novas e saudáveis, e este é um dos possíveis usos para as células-tronco no combate a doenças. Em teoria, qualquer doença em que houver degeneração de tecidos do nosso corpo poderia ser tratada através da terapia celular. Para pesquisas de células-tronco, todos os tipos são necessários para análise pois cada uma delas têm um potencial diferente a ser explorado e, em muitos casos, elas podem se complementar. Usos aprovados Vários fatores são levados em consideração para um transplante alogênico (usando células-tronco de doadores familiares ou não relacionados) ou autólogo (usando as próprias células-tronco/ Nestes casos, a medula óssea é tratada, de modo a ficar isenta de quaisquer células doentes antes de serem devolvidas ao paciente) de células-tronco hematopoética: é preciso saber se a doença já entrou em remissão com quimioterapia ou radioterapia; se a origem da doença é genética ou tem pré-disposição genética; e se existe doador disponível, entre outros. Para algumas doenças, o transplante de células hematopoéticas (independentemente da fonte celular ser a medula óssea ou o sangue do cordão) é a única modalidade que oferece chances de cura. Para outras doenças, o transplante não seria a primeira opção, ficando reservado para situações nas quais outras terapias não obtiveram sucesso ou nas quais a doença é muito agressiva. Transplante de células-tronco hematopoiéticas: Também conhecido como transplante de medula óssea, esse é o uso mais antigo das células-tronco. Quando o transplante é feito, a ideia é justamente substituir essas células- tronco, para que as novas células produzidas pela medula óssea sejam saudáveis. Esse tratamento é usado para doenças como leucemia, linfomas, anemias, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, entre outras. Uma delas é o tratamento contra a leucemia, que é um tipo de câncer que afeta a produção das células de defesa do organismo, os chamados glóbulos brancos ou leucócitos. O tratamento é praticamente igual ao convencional, uma vez que se faz necessária a quimioterapia e seus efeitos colaterais. A diferença é que após a quimioterapia, que tem como função “matar” as células tumorais, é feita a infusão das células-tronco, que farão a função das outras células. Efeitos colaterais: A doença enxerto-versus-hospedeiro é uma das complicações mais graves do transplantealogênico de células-tronco. Isso acontece quando as células do sistema imunológico do doador atacam as próprias células do paciente. Como é realizada a coleta das CTH? Medula Óssea: Através de punção, aspira-se o conteúdo da medula. Pode ser realizado para pequenos volumes (10 ml) no esterno e para grandes (200 ml) na bacia. Procedimento não realizado pelo CCB. Sangue Periférico: Utiliza-se um aparelho de leucoferese, que filtra o sangue e capta as CTH, quando estas são mobilizadas da medula óssea por meio de medicamento, http://www.minhavida.com.br/temas/medula-%C3%B3ssea http://www.minhavida.com.br/saude/temas/leucemia separando-as em frasco apropriado. Procedimento não realizado pelo CCB. Sangue de Cordão Umbilical: Após o nascimento, o cordão umbilical é seccionado próximo ao bebe. Este então é levado para os primeiros cuidados, enquanto um profissional treinado pelo CCB entra em campo e punciona a veia do cordão umbilical, retirando todo sangue nele contido e armazenando-o em bolsa própria, que acompanha o kit de coleta. Após a dequitação da placenta, fora do campo médico coletam-se mais alguns ml de sangue que ficam nos vasos que circundam a placenta. Como fica a questão da compatibilidade das CTH? Para a realização de transplante autólogo (do paciente para ele mesmo) de CTH não há risco de rejeição, pois as células utilizadas são do próprio paciente. Porém para transplante alogênico (de outra pessoa para o paciente), é necessário que haja compatibilidade entre doador e receptor. Tal compatibilidade é verificada em exames de histocompatibilidade (HLA) a partir de amostras de sangue periférico do doador e do receptor. A probabilidade de um indivíduo encontrar um doador ideal entre parentes é de 35%. Devido à grande mistura de raças no Brasil, a probabilidade de encontrar um doador compatível em bancos de medula óssea nacionais gira em torno de 0,1%, e essa chance é ainda menor se a busca por um doador for feita em bancos internacionais. Pesquisas Pesquisas atuais estão comprovando a pluripotencialidade das células tronco adultas, colocando em questão o uso medicinal dessas células em bases totalmente novas. A utilização desse tipo de célula elimina não apenas as questões ético-religiosas envolvidas no emprego das células-tronco embrionárias, mas também os problemas de rejeição imunológica, já que células-tronco do próprio paciente podem ser usadas para regenerar seus tecidos ou órgãos lesados. (IMPORTANTE!!!) Até 2011, pelo menos 220 amostras já haviam sido liberadas por bancos de cordão privados para o uso em um ensaio clínico de utilização autóloga (da própria pessoa) em crianças com diferentes afecções, incluindo lesões cerebrais e diabetes tipo 1 entre outras12. Criação de órgãos para transplante: Muitos cientistas estudam como criar órgãos inteiros, direcionando células-tronco para se diferenciarem formando tecidos para órgãos específicos. Se forem usadas células do próprio paciente, não há risco de rejeição deste novo órgão. No entanto, o desafio dessa linha de http://cordvida.com.br/new/por-que-armazenar/lista-de-doencas-sangue#ref pesquisa é fazer com que as células se diferenciem para os diferentes tecidos que podem compor um mesmo órgão, já que eles são estruturas complexas. Tratamento do câncer: Alguns estudos no Reino Unido têm buscado formas de transformar as células-tronco em potenciais destruidoras de tumores de câncer. Para tanto, cientistas ativam o gene TRAIL nessas células, o que as torna semelhantes às células imunes. Essas células acabam sendo atraídas pelos tumores e fazem com que as células tumorais "se suicidem". Por enquanto essa terapia só foi estudada em ratos, mas conseguiu curar alguns deles completamente do câncer de pulmão. Medicamentos usando células-tronco: Já existem alguns medicamentos que usam as células-tronco em terapias celulares. O primeiro a ser aprovado para comercialização no mundo foi o Prochymal® (remestemcel-L), já aprovado no Canadá, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Japão e em processo de avaliação nos Estados Unidos. Ele tem potencial para ser usado no tratamento de algumas doenças, como doença de Crohn, infarto agudo do miocárdio, DPOC e diabetes, entre outras, com estudos ainda em fase inicial. Tratamento do diabetes tipo 1: Pesquisadores norte-americanos estão testando como usar as células-tronco para ajudarem o pâncreas a recuperar sua função de produzir insulina, habilidade perdida por pessoas com diabetes tipo 1. Para tanto, eles estão injetando células-tronco em cápsulas que são colocadas no pâncreas e desempenham as funções das células-beta desse órgão sem serem atacadas pelo sistema imunológico. Os testes já foram realizados com sucesso em camundongos e na primeira fase do estudo, entre 2003 e 2011, tratou-se 25 pacientes e 21 pararam de usar insulina, um resultado inédito no mundo. A longo prazo, porém, apenas dois permanecem sem precisar das injeções Entendimento dos transtornos do espectro autista: Pesquisas brasileiras também estudam os transtornos do espectro autista com o auxílio das células- tronco. Nesse caso, o intuito não é utilizá-las para tratamento em si, mas ajudar os especialistas a entenderem melhor como funcionam os neurônios dos autistas. Para tanto, eles fazem a reprogramação celular de células da polpa de dente ou células do sangue de pessoas com autismo, transformando-as novamente em células pluripotentes (células pluripotentes induzidas). Depois, essas células são induzidas a se tornarem neurônios. Com isso, é possível reproduzir exatamente como são os neurônios de crianças com e sem autismo. O próximo passo e usar esses modelos para testar novas drogas. Terapias experimentais e ensaios clínicos com células-tronco Há muitos casos em que ainda não foi demonstrado que a terapia é de fato segura e/ou eficaz. É o caso da aplicação de células-tronco em lesões da medula espinal, diabetes tipo I, doenças cardíacas e outras condições. Ainda não há evidências suficientes de que essas terapias são benéficas aos pacientes e por isso muitos http://www.minhavida.com.br/saude/temas/cancer http://www.minhavida.com.br/saude/temas/cancer-de-pulmao http://www.minhavida.com.br/saude/temas/doenca-de-crohn http://www.minhavida.com.br/saude/temas/infarto http://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes http://www.minhavida.com.br/temas/insulina http://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes-tipo-1 http://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes-tipo-1 http://www.minhavida.com.br/temas/transtornos-do-espectro-autista http://www.minhavida.com.br/saude/temas/autismo estudos estão em andamento para investigar se o uso de células-tronco nessas doenças é seguro e traz resultados. Esse uso experimental tem algumas características importantes: O tratamento é completamente gratuito ao paciente. Considera-se antiético comercializar uma terapia quando ainda não se sabe se ela funciona de fato. O tratamento é aprovado por um Comitê de Ética, órgão responsável por assegurar a segurança e bem estar dos indivíduos pesquisados. No Brasil, eles são caracterizados pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O tratamento é conduzido por médicos e outros profissionais especialistas no transtorno e seus tratamentos. O paciente precisa assinar um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Neste termo, o paciente é informado de todos os riscos e desconfortos a que está sujeito, e possíveis benefícios são apresentados de maneira realista. O médico e a instituição que conduzem o estudo assumem responsabilidade pelo acompanhamento a longo prazo do paciente, incluindo tratamento médico caso surjam complicações. Infelizmente, muitas empresas comercializam terapias com células-tronco para as mais diversas doenças, mesmo sem possuir embasamento médico ou científico para esse fim. É sempre importante distinguir tratamentos consagrados detratamentos experimentais. Estudos investigando o uso de células-tronco nas mais diversas patologias estão em andamento. Alguns dos mais promissores incluem o uso dessas células para curar formas de cegueira, diabetes tipo I, lesão medular e esclerose múltipla. Obstáculos a serem enfrentados para que as células-troncos possam ser usadas no tratamento de doenças Alegações provocativas e conflitantes deixam o público (e a maioria dos cientistas) confusos quanto à viabilidade de tratamentos com células-tronco. Caso as restrições legais e de financiamento nos EUA e em outros países fossem removidas de imediato, os médicos seriam capazes de começar tratamentos com células-tronco no dia seguinte? Provavelmente não. Muitos obstáculos técnicos precisam ser superados e muitas questões sem resposta precisam ser solucionadas antes de podermos utilizar as células-tronco com segurança. Por exemplo, a simples identificação de uma célula-tronco verdadeira pode ser complicada. Precisamos primeiro saber se as células em estudo realmente possuem a capacidade de atuar como a fonte, ou como o "tronco", para outros tipos de célula, enquanto permanecem em estado genérico. Mas, mesmo com exames minuciosos e exaustivos, não é possível distingui-las por sua aparência. É seu comportamento que as define. Mesmo com os resultados testes sendo positivos ou, pelo menos, promissores, as pesquisas de células-tronco e suas aplicações para tratar doenças ainda estão em estágio inicial. É preciso utilizar métodos rigorosos de pesquisa e testes para garantir segurança e eficácia a longo prazo. Quando as células-tronco são encontradas e isoladas, é necessário proporcionar as condições ideais para que elas possam se diferenciar e se transformar nas células específicas necessárias no tratamento escolhido, e, para esse processo, é necessário bastante experimentação e testes. Além de tudo, é necessário o desenvolvimento de um sistema para entregar as células à parte específica do corpo e estimulá-las a funcionar e se integrar como células naturais do corpo humano. Apesar de ter sua eficiência comprovada em vários tipos de doenças, os mecanismos responsáveis pelo sucesso da terapia com CT ainda não são completamente compreendidos. Para que as células possam atuar no local da lesão, o primeiro passo é seu estabelecimento no local – isto é, as CTs devem fazer o “homing” no sítio adequado, e não dispersarem-se pelo organismo ou ficarem retidas em outros órgãos. Em segundo lugar, elas devem ser estimuladas a exercerem suas funções de reparo. A questão do microambiente ou nicho adquire importância fundamental. São conhecidos hoje vários tipos de fatores solúveis, liberados por células presentes no sítio da lesão, que atraem e estimulam as células-tronco. Como as células-tronco embrionárias utilizam o embrião, grupos religiosos e antiaborto são contra o uso destas células, por defenderem que a vida começa na concepção e, portanto, ao se utilizar de embriões para se isolar as células- tronco, uma vida estaria sendo eliminada. Portanto, existe uma discussão ética sobre o uso destas células.
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