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PREPARA AV2 - FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS Tema: o contexto histórico da formação da sociologia e as teorias clássicas. As sociologias francesas e alemã. O Iluminismo e as revoluções burguesas: o Iluminismo rompe com qualquer herança medieval, ao buscar na razão e, não na fé, as explicações para os fenômenos naturais. Os iluministas, então, propõem que se encontrem leis naturais de explicação não só dos fenômenos naturais, mas também dos fenômenos sociais. Uma nova forma de se enxergar as relações naturais entre homem e a natureza (que está em constante movimento); e fez com que se enxergasse essas relações como algo passível de mudança. Essas idéias vão influenciar duas grandes revoluções, que são chamadas de revoluções burguesas porque vão se constituir na consolidação do capitalismo como o modo de produção e sistema dominante da vida naquele século XIX. Depois ele se consolida mais uma vez e se torna o modo de produção dominante. A influencia das revoluções burguesas e industrial para o surgimento da sociologia guardada relação com a mesma ideia apontada no Iluminismo, ou seja, a importância da existência de uma ciência que pudesse ajudar a interpretar os movimentos próprios da sociedade. Então esses acontecimentos históricos compactuaram muito para a mudança na vida das pessoas. O desafio dos pensadores era interpretar cientificamente essas mudanças. Revolução Francesa: foi um movimento revolucionário adotado como uma referencia histórica da revolução da burguesia. A sua referência foi decretar o fim da monarquia absoluta, pois era o regime que sustentava o domínio dos senhores feudais. A frança do séc. XVIII vivia sob o regime da monarquia absoluta. A rev. francesa com a prisão e morte de Luis XVI põe fim ao antigo regime. A rev. francesa e os processos sociais ligados a ela, permitiram que a humanidade olhasse para a sociedade como um objeto da ciência. Além disso, os ideais iluministas de liberdade e igualdade passaram a guiar o ordenamento jurídico nos países democráticos. * O art. 1º da Declaração dos direitos do homem e do cidadão (Documento da frança revolucionário do séc. XVIII) - guarda lembrança com o art. 5º da CF/99. A rev. Francesa expressou o domínio político e ideológico da burguesia; que se consolidou no ponto de vista econômico, como: o séc. XIX foi marcado pela revolução industrial e pelo neocolonialismo, cujo as consequências se projetam pro séc. XX e XXI, desenvolvimento industrial sempre associado ao desenvolvimento científico criou uma nova sociedade; extremamente urbana com uma super produção de bens; e toda essa produção entrou em crise. A solução encontrada pelos países capitalistas foi expandir o seu domínio para países além da Europa. Esse processo histórico que se da o nome de neocolonialismo do séc. XIX. O neocolonialismo, diferente do colonialismo dos secs. XV e XVI, representa uma nova etapa do capitalismo. Do momento em que as nações europeias saíram em busca de matéria prima para sustentar as suas indústrias, de mercado consumidores para os produtos europeus e de mão de obra barata. Esse colonialismo se direcionou para a Africa e Asia, que foi partilhada entre as nações europeias; as Américas não entraram nessa partilha pois já haviam se tornado estados independentes. Esse cenário de expansão imperialista que surgiram algumas inéditas tentativas de explicação da realidade social. 1- A primeira delas foi, o chamado Darwinismo social: a transposição das teorias darwinistas para a explicação da realidade social. Essa corrente de pensamento dividiu as sociedades em raras superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos, através do que chamavam de “missão civilizadora”. Temos um grande eufemismo (diminuir tornar mais leve algo pesado, diminuir o impacto do peso). O darwinismo social, serviu sim, para justificar as ações imperialistas das nações europeias, através dessa lógica. Se os outros povos, seriam inferiores, caberiam aos superiores da Europa, levar a civilização aqueles povos. Foi nesse cenário de constantes conflitos econômicos, sociais, políticos e religiosos, marcado pela industrialização e pelo cientificismo (crença na razão como a forma principal de explicação da realidade), que nasce a sociologia. As abordagens sociológicas clássicas: a sociologia francesa, onde se deu as primeiras explicações científicas da realidade social. 1- O positivismo de Augusto Comte e sua influencia no Brasil: foi a primeira a definir precisamente o objeto da sociologia; a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Concebendo a ciência do social como uma física do social. Comte traz a especificidade do estudo cientifico da sociedade. E como ele faz isso: buscando uma lei geral explicativa do desenvolvimento da historia humana, essa lei cientifica ele deu o nome de lei dos três estados. Ele acreditava que sua principal contribuição foi a teoria de que a humanidade passou por três estágios de evolução histórica e cultural e de desenvolvimento intelectual. Comte não esta seguindo a trilha dos darwinistas sociais de uma maneira simplórias (pensar em superioridade ou inferioridade através de traços genéticos genéticos); no campo das ideias que se dá a evolução humana. Para Comte, as ideias conduzem e transformam o mundo e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da historia. O espirito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados: - Teológico: em que explicam os fatos por meio do pensamento religioso; - Metafísico: substitui os deuses por princípios abstratos, pela reflexão filosófica; - Positivo: é aquele em que há predominância das explicações cientificas. Busca-se descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns aos outros. Alguns traços marcantes do positivismo são: a excessiva valorização das ciências e dos métodos científicos; o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da humanidade; uma ação politica conservadora que justificava as relações desiguais entre as sociedades; um estado forte deveria conter as divergências e de dirigir as convergências e manter, a partir do uso da força por parte do governo e/ou do uso das leis mais duras, a coesão social, evitando sua desagregação. Essa ordem filosófica exerceu grande influencia na pensamento brasileiro da época, tendo sido adotada pelo movimento republicano. Prova disso é o lema da bandeira brasileira - “ordem e progresso”-, um dos principais preceitos do Positivismo, que afirma que, para que haja progresso, é preciso que a sociedade esteja organizada. A obra de Comte, da criação da sociologia, pondo ela como estudo cientifico da sociedade, é consolidada por Durkheim. 2- A sociologia cientifica de Émile Durkheim: herdeiro do positivismo de Augusto Comte, esse sociólogo Frances definiu o objeto da sociologia (como fator social) e desenvolveu diversos conceitos que mostram a influência do social sobre o individuo. Definição de fato social: “toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o individuo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”. Características: coercitividade, generalidade e exterioridade. “a sociedade é nosso cárcere, se dela nós não nos sentimos prisioneiros é porque a ela nos conformamos”. Regras relativas à distinção entre o normal e o patológico: para Durkheim a sociedade, como todo organismo vivo, apresenta estados normais e patológicos (saudáveis e doentes). O que seria um fato normal? aqueles que não extrapolariam os limites das condutas; dos acontecimentos mais gerais de determinada sociedade que refletem as condutas mais aceitas pela maior parte da população.Os fenômenos considerados patológicos são aqueles fenômenos que se encontram fora dos limites permitidos pela ordem social e moral vigente. Eles são transitórios e excepcionais assim como as doenças. Problematização: o que é considerado normal varia de sociedade para sociedade e ao longo da historia. Ex: as ideias de loucura, de desvio etc. Por essa razão, algumas condutas são criminalizadas, e outras não. Pois a ideia de crime é construída socialmente. Umas das criticas a teoria é que Durkheim não se preocupou em perceber as mudanças sociais. Coesão, solidariedade social e consciência coletiva: quando vai trabalhar a ideia de coesão, ele trabalha a partir de uma relação entre consciência individual e coletivas; e que a coletiva se impõe às individuais, e se impõem muito mais nas chamadas sociedades pré capitalistas. Ele vai trabalhar a partir da rev. industrial, uma mudança na evolução da sociedade; da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica. A solidariedade social para Durkheim é formada pelos laços que ligam os indivíduos, membros de uma sociedade, uns aos outros formando a coesão social. Há dois tipos diferentes de solidariedade social. Esses tipos tem relação com o “espaço" ocupado na mentalidade dos membros da sociedade pela consciência coletiva e pela consciência individual. A consciência individual é aquilo que é próprio do individuo, que o faz diferente dos demais. São crenças, hábitos, pensamentos, vontades que não são compartilhados pela coletividade, mas que são especificamente individuais. A consciência coletiva é representada pelo “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à media dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria. São as crenças, os costumes, as ideias que todos que vivem em um mesmo grupo compartilham uns com os outros. Solidariedade mecânica: era aquela que predominava nas sociedades pré capitalistas (simples ou tradicionais), onde os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes. Nelas, a consciência coletiva exercer todo o seu poder de coerção sobre o individuo. Neste tipo de sociedade predomina o direito repressivo. Solidariedade orgânica: é aquela típica das sociedades capitalistas (complexas ou modernas), bondem pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornam interdependentes. Neste tipo de sociedade há predomínio do direito restitutivo. Sociologia alemã: com as contribuições de Karl Marx e Max Weber. A contribuição marxista à análise social: ao contrário de Comte e Durkheim, Marx não teve como preocupação a elaboração de uma disciplina sociológica, visto que seu pensamento englobava uma série de disciplinas, como a economia, historia, e a filosofia. Entretanto, suas ideias tiveram enorme impacto nas ciências sociais - constituindo-se numa das fontes mais importante da sociologia e da ciência politica. Por essa razão Marx é um dos autores mais lidos e discutidos nas ciência politicas, proporcionando acalorados debates entre seus adeptos e seus detratores. A grande preocupação de Marx foi compreender a sociedade capitalista que, como se sabe, tinha se tornado o modelo hegemônico de produção da riqueza humana após a rev. industrial. Relações sociais de produção: ele percebeu que, no capitalismo, havia uma minoria que comandava a produção e a distribuição dos bens materiais e uma maioria a ela subordinada. Foi a partir dessa constatação que Marx buscou entender esse desequilíbrio. A estrutura de uma sociedade se forma a partir do conjunto de suas relações de produção e delas derivam outros tipos de relações sociais, como as religiosas, as culturais, as jurídicas etc. Para Marx, há uma relação de complementariedade entre a estrutura (a base material da sociedade) e da superestrutura (as demais esferas da vida social), determinada pelas contradições do modo de produção capitalista, que faz com que, em ultima instancia, o contexto econômico acabe por influenciar de forma decisiva como operam os outros domínios do social. Alienação e luta de classes: A alienação significa separação. Para Marx os trabalhadores ja são alienados na própria origem da vida econômica. O bem produzido não pertence ao trabalhador, que ;e separado do produto final do seu trabalho. O conceito de ralação pode ser estendido às relações politicas, visto que o proletariado ficaria excluido dos processos decisórios no âmbito da politica. Luta de classes é o confronto entre duas classes antagonistas quando lutam por seus interesses de classe. Na visão Marxista, no modo de produção capitalista, a relação antagônica se faz entre o burguês, que é o detentor dos meios de produção, do capital, e o proletariado que nada possui e só vive porque vende sua força de trabalho. Para transformar esse saldo de coisas, é necessária a consciência de classe. O papel do Estado na perspectiva marxista: pra isso é importante lembrar o conceito de ideologia. Ideologia como o processo de tornar os interesses da classe dominante, particulares da classe burguesa, como gerais, se sobrepondo aos da classe dominada. Na perspectiva marxista, o Estado é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual resume toda a sociedade civil de uma época; segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo Estado e adquirem através dele uma forma politica. A grande crítica que Marx faz é a idéia de que o Estado Liberal, era visto como garantidor do bem comum; ele vai afirmar que isso não se deu com a consolidação do capitalismo; Marx afirma que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivos: (i) organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado; (ii) favorecer os negócios da classe dominante. Dessa forma, para Marx, não existe Estado representativo do conjunto da sociedade. Seu papel do Estado é ser representante dos interesses da burguesia. Por isso, Marx chega a chamar o estado de um coletivo ilusório. A sociologia compreensiva de Max Weber: ele parte do princípio de que a sociedade não é apenas algo exterior aos indivíduos. Ao contrário, ela seria o resultado de uma imensa rede de reações entre os seus membros. Entender a motivação das ações sociais é o grande desafio. Para ele, era necessária a compreensão do sentido subjetivo das acoes dos indivíduos, que se relacionam com os demais membros da sociedade ou grupo é a base da sociologia Weberiana. Neste sentido, para Weber a sociologia seria uma ciência compreensiva. No sentido de compreender os sentidos das ações sociais. Ação social: conduta humana dotada de determinado sentido. A partir da percepção do valor que cada individuo atribui à sua ação, Weber construiu uma tipologia das ações sociais, classificando-as em quatro tipos: (i) Ação racional com relação a fins (no sentido de objetivo): motivada por fins objetivos, ou seja, para atingir seus fins, o indivíduo planeja e executa seus planos utilizando-se dos meios que considera mais adequados para tingir seus objetivos. (ii) Ação racional com relação a valores: aqui, a racionalidade não atua no sentido de possibilitar um ganho imediato ou a médio prazo, mas o reforço dos princípios que são mais nobres para o indivíduo. Motivada por crenças em valores morais, religiosos, políticos etc. Neste tipo de ação o que importa para o individuo é seguir os princípios que mais lhe são caros, não importando o resultado de sua conduta; o que lhes impele é a lealdade aos valores que orientam sua conduta. (iii) Ação afetiva: é uma ação marcada pela irracionalidade, guiada por uma conduta emocional; em que sentimentos como raiva, paixão, desejo, ciúmes orientam essa conduta. Muitas vezes, o resultado dessas ações não é esperado pelo agente, em virtude da irracionalidade de seu ato. Os crimes passionais são exemplos clássicos. (iv) Ação tradicional: guiado pela tradição, costumes arraigadosque fazem com que os indivíduos ajam em função deles. É uma especia de reação a estímulos habituais. Para Weber é difícil perceber ate que ponto o agente age conscientemente ao empreender esse tipo de ação. A grande teoria de Weber é que as sociedades passariam por um processo de racionalização, de burocratização, ou seja, o Estado moderno seria cada vez mais racional; mais impessoal e menos sendo administrado por agentes, ou indicados por costumes ou tradições. E justamente a partir dessa percepção é que ele vai chamar de teoria da dominação. As formas de dominação: a dominação deve ser entendida segundo Weber, como uma probabilidade de mando e de legitimidade deste (ou seja, não é toda e qualquer dominação que é legítima). A crença é condição fundamental para que a relação entre aquele que manda (domina) e aquele que obedece (dominado) se realize. Portanto, não é toda e qualquer relação de poder que é legitimada, é preciso que aquele que obedece acredite voluntariamente naquele que tem o poder de mando. O poder é sempre uma probabilidade, pois depende de outro para ser exercido. Weber define tres tipos de dominação: (i) A dominação racional legal ou burocrática (mais presente nos estados modernos) é exercida dentro de um quadro administrativo composto de regras e leis escritas que devem ser seguidas por todos, não havendo privilégios pessoais. Ela é baseada em relações impessoais e apoia-se na crença de uma “legitimidade de ordens estatuídas e nos direitos de mando dos chamados a exercer autoridade legal”. (ii) A dominação tradicional repousa na crença das tradições, costumes que existem desde de outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes senhoriais tradicionais. O quadro administrativo, este caso, pode ser recrutado, não pela competência técnica, mas por vínculos pessoais e laços de fidelidade. (iii) A dominação carismática pode ser caracterizada pelo seu caráter de tipo extraordinário e irracional. Weber define carisma como uma qualidade pessoal que faz este individuo ser reconhecido como um líder por seus seguidores. Os carismáticos, geralmente, são profetas religiosos, políticos, demagogos. Entretanto, Weber aponto para a possibilidade de a liderança carismática ser absorvida, neutralizada. Tal fenômeno denomina-se rotinização do carisma. Para que isso ocorra são necessárias mudanças profundas, pois implicam mudanças profundas, pois implicam a transformação da autoridade carismática em tradicional ou racional-legal.