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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA E FORMAÇÃO - RJ Pós-Graduação em Psicologia Positiva: Uma Integração com o Coaching. COACHING E PSICOLOGIA POSITIVA RECIPROCAMENTE CONTRIBUTIVOS E INTENCIONALMENTE CATALISADORES DA MELHORIA DO BEM-ESTAR Por: Andréa Perez Corrêa Rio de Janeiro 2013 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA MONOGRAFIA COACHING E PSICOLOGIA POSITIVA RECIPROCAMENTE CONTRIBUTIVOS E INTENCIONALMENTE CATALISADORES DA MELHORIA DO BEM-ESTAR Por: Andréa Perez Corrêa Orientadora Profa. Dra. Mônica Portella Rio de Janeiro 2013 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos aqueles que, acreditando em minhas potencialidades, me incentivaram a seguir em frente nas descobertas do Coaching e da Psicologia Positiva, em especial, meus filhos: Gabriel, por sua aceitação e serenidade em relação às minhas ausências durante o curso e o período de elaboração da monografia e ainda por sua torcida, mesmo que velada, e Lucas, por sua sensatez, conhecimento, e paciência nos momentos de minhas reflexões e apoiando-me e preocupando-se comigo nas situações de maior dedicação; à minha cunhada Christiane, inspiradora na descoberta do Coaching, à minha mãe eterna coruja de sua cria e à minha orientadora Mônica Portella, por sua competência e dedicação à Psicologia Positiva. 4 DEDICATÓRIA Dedico este estudo a todas as pessoas que acreditam nas qualidades positivas dos seres humanos e que se empenham em nutrir a vida das pessoas com descobertas, crescimento e felicidade, na busca de um mundo melhor e de uma consciência mais elevada da condição da humanidade. E, em especial, dedico mais esta etapa de minha vida, aos seres espirituais que me acompanham nesta experiência terrena, ajudando-me e guiando-me para cumprir o verdadeiro propósito de minha missão. 5 RESUMO O presente estudo aborda dois temas centrais: o Coaching e a Psicologia Positiva. Por meio da definição e do detalhamento sobre o processo de Coaching, buscamos permitir uma compreensão do funcionamento deste processo, aglutinando o máximo quanto possível de informações teóricas sobre seus diversos modelos e tipos, objetivando possibilitar um amplo entendimento desta ocupação. Da mesma forma, mas sem a pretensão de esgotar o trato da matéria, apresentamos um conteúdo teórico sobre a Psicologia Positiva, e, ainda, uma evolução temporal, destacando, em especial, diversos avanços já alcançados em sua jornada até o presente. Além disso, devido à amplitude dos estudos existentes, procuramos destacar as teorias e trabalhos que embasariam de forma mais relevante o nosso argumento. Ao final, mostramos a nossa reflexão de que, reciprocamente, Coaching e Psicologia Positiva são contributivos, cada um oferecendo benefícios singulares à sua otimização e à sua eficácia, e, ainda, de que ambos são intencionalmente catalizadores da melhoria do bem-estar. 6 METODOLOGIA Com vistas a consubstanciar o argumento proposto, utilizamos, num primeiro momento, pesquisa bibliográfica de fontes secundárias, tais como artigos acadêmicos, estudos e trabalhos paradigmáticos, livros teóricos e sites de reconhecimento notório de entidades ícones e representativas, o que possibilitou a identificação dos critérios teóricos e conceituais sobre as definições e os aspectos que envolvem o processo de Coaching e da Psicologia Positiva, bem como subsidiou a elaboração de uma linha temporal, do passado ao futuro, desta última. Num segundo momento, por meio de apreciação teórica, fazemos uma análise qualitativa das informações levantadas de forma a alicerçar e justificar a abordagem sobre o tema foco desta monografia, com vistas à identificação de pontos de contato entre as duas matérias, a fim de identificar a reciprocidade contributiva, bem como a destacar a colaboração mútua para o propósito do bem-estar. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Coaching 10 CAPÍTULO II - Psicologia Positiva 44 CAPÍTULO III – Coaching e Psicologia Positiva Unidos em Prol do Bem-estar 110 CONCLUSÃO 132 BIBLIOGRAFIA CITADA 135 ÍNDICE 147 8 INTRODUÇÃO Coaching e Psicologia Positiva, podemos dizer, são dois seguimentos ainda em fase inicial de desenvolvimento, se considerarmos outros estudos já seculares em suas abordagens e teorias. Contudo, ambos têm como foco algo bem antigo: o ser humano. E além deste foco similar, concentram-se no que há de melhor em cada pessoa e nas possibilidades de maximização de suas forças, desejos, pensamentos, comportamentos e ações. Diante deste imenso campo de estudo, muito se tem a dizer sobre estas duas abordagens e é sobre elas que discorremos neste trabalho. Num primeiro momento, ocupamo-nos de abordar o Coaching, apresentando, no Capítulo I, várias definições de diversos autores reconhecidos nesta prática. Distinguimos também o Coaching de outros processos tais como: terapia, mentoring, treinamento entre outras. Esboçamos um apanhado de aspectos que permitem o entendimento de como o Coaching funciona, tais como: quem são os participantes deste processo e como ele se origina; como é a estrutura das sessões e qual é a sua duração e periodicidade, incluindo aí o período de duração do processo e também o layout das sessões, além de algumas informações pertinentes sobre a forma contratual. Ainda tratando do Coaching, destacamos vários modelos, tipos e nichos e também informações relevantes para embasar o nosso argumento. Num segundo momento, abordamos o tema da Psicologia Positiva, e iniciando o Capítulo II apresentamos diversas definições de teóricos, de estudiosos e de entidades de representatividade significativa sobre o que é a Psicologia Positiva. Já devidamente definida, destacamos algumas contribuições que os estudos da Psicologia Positiva proporcionam, a saber: as prevenções e as potencializações, detalhando cada uma delas, de forma a permitir a compreensão de seus resultados. Continuando a abordagem, assinalamos as formas de aplicação da Psicologia Positiva, em diversos âmbitos, bem como por meio de várias práticas que vem demonstrando eficácia em suas aplicações. De forma a elaborar a evolução da Psicologia Positiva na linha do tempo e de fazer uma prospecção futura de seus 9 horizontes, apresentamos, pontualmente, diversos fatos, circunstâncias, iniciativas, programas, marcos, movimentos entre outros que esboçam, tanto a história desta ciência de um pouco mais de uma década, como também o seu contexto atual, bem como as previsões e desejos de metas a serem atingidas futuramente. Para finalizar a abordagem da Psicologia Positiva, enumeramos com detalhes algumas teorias, descobertas e projetos de autores renomados, que trariam contribuição para a reflexão sobre a proposta de trabalho. No Capítulo III, fazemos uma análise qualitativa das informações contidas nos dois primeiros capítulos e assinalamos diversas afirmativas e reflexões de diversos autores, tanto da área de Coaching, como de Psicologia Positiva, de forma a embasar o nosso argumento de que o Coaching e a Psicologia Positiva são reciprocamente contributivos, no sentido de trocarem entre si benefícios de sua abordagem: no caso, do Coaching, beneficiando a Psicologia Positiva com a forma de condução de seu processo, voltada ao atingimentode metas através de ações indispensáveis e de relevância ao sucesso de resultados, ações estas essenciais às práticas; e intervenções sugeridas pela Psicologia Positiva e, ainda, destacando outras contribuições do Coaching; e, em contrapartida, a Psicologia Positiva, oferecendo um manancial riquíssimo de instrumentos e ferramentas com comprovação empírica, baseada em rigorosos critérios científicos, ao Coaching, cuja comprovação de eficácia, com relação à funcionalidade de seus instrumentos, é bastante carente, o que ocasiona, em muitos casos, descrédito à sua prática. Continuando neste capítulo, mostramos ainda que ambos Coaching e Psicologia Positiva, na essência, objetivam a mesma coisa: melhorar a vida das pessoas, facilitando o uso e o aprimoramento das potencialidades humanas positivas, em prol de uma vida mais significativa e cheia de propósito de forma a possibilitar a melhoria do bem-estar. Finalizando este trabalho, apresentamos a nossa conclusão quando tecemos nossas considerações finais sobre o tema desta monografia, destacando algumas reflexões. 10 CAPÍTULO I COACHING “O melhor que podes fazer pelos demais não é mostrar-lhes a tua riqueza, mas sim fazê-los ver sua própria riqueza” Goethe “Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir- lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.” Hermann Hesse A abordagem do tema Coaching é desafiadora, no contexto globalizado em que vivemos nos dias de hoje, devido à velocidade com que as coisas se transformam. E tratando-se o Coaching de um processo, supostamente novo na vida das pessoas e das organizações, neste contexto de mudanças múltiplas, a sua dinâmica de transformação é veloz, profunda e abrangente, o que faz com que, a cada nova pesquisa, encontre-se algo ainda mais novo. Essas transformações demonstram também que muita dedicação está sendo reservada ao crescimento, à divulgação e ao aprofundamento do processo de Coaching. Segundo Seligman (2011), nos Estados Unidos já são mais de 50 mil profissionais ganhando a vida como coaches. Diante dessas observações, esclarecemos que este capítulo tem por objetivo permitir o entendimento do que é, do que não é e como funciona o processo de Coaching, apresentando ainda os modelos, tipos e nichos que compõe o seu universo na atualidade, considerando que os dados apresentados permitirão a compreensão da proposta deste trabalho, abordada no Capítulo III desta monografia. 11 1.1 – O que é Coaching. Considerando a diversidade de modelos e escolas de Coaching, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, onde esta prática já é realizada, apresentar uma única definição de Coaching seria insatisfatório. Dessa forma, destacamos que consideramos pertinente uma apresentação de algumas definições, e não apenas de uma única, pois, em termos de Coaching, o trato de algo, mesmo que seja de sua definição, de forma absolutamente exata ou universalmente precisa, seria incorrer num despropósito ou um desserviço à própria natureza de seu processo. Para a escolha dessas definições, optamos por utilizar quatro critérios: - Primeiro: selecionar entre muitas, as que trariam uma noção bastante facilitadora sobre o que é Coaching; - Segundo: identificar as que permitissem uma postura reflexiva sobre essas definições; - Terceiro: que as definições não fossem específicas de modelos ou nichos, apesar de trazerem uma nuança desses; - Quarto: incluir as definições de algumas organizações / associações representativas de Coaching existentes no mundo. Diante dessas premissas, apresentamos, a seguir, as definições selecionadas, as quais estão identificadas por autores, por escolas ou por entidades representativas: - W. Timothy Gallwey da The Inner Game School of Coaching (2013): “Coaching é a arte de criar um ambiente, por meio de conversas e uma maneira de ser, que facilite o processo pelo qual uma pessoa pode se mover em direção a resultados desejados de uma forma gratificante.” (GALLWEY, 2013) - Sir John Whitmore da Performance Consultants International: 12 “Coaching é desbloquear o potencial das pessoas para maximizar seu próprio desempenho.” “É ajudá-las a aprender em vez de ensinar a elas.” (WHITMORE 2012). Ainda do autor, apresentamos: “o Coaching não é meramente uma técnica a ser executada e rigidamente aplicada em determinadas circunstâncias. É um modo de gerir, uma forma de tratar as pessoas, uma maneira de pensar, um modo de ser.” (WHITMORE, 2012) -Por Myles Downey da School of Coaching of London: “Coaching é a arte de facilitar o desempenho, aprendizado e desenvolvimento.” (DOWNEY, 2011) -Por Simon L. Dolan da School of Coaching of London: “O coaching é a arte de despertar a grandeza nas pessoas de forma a que honre a integridade do espírito humano. É tanto uma capacidade inata como uma habilidade que se ensina.” (DOLAN, 2012). -Por Andrea Lages e Joseph O`Connor da Lambent: “Coaching é uma metodologia, não uma ideologia. Trata-se de uma metodologia de mudança destinada a ajudar as pessoas (e através delas as empresas) a aprender, a desenvolver-se e a dar o melhor de si.” (LAGES & O’CONNOR, 2010). E ainda: “É um meio destinado a ajudar as pessoas a viver felizes e realizadas, alcançar seu potencial e desenvolver-se em toda a sua plenitude. Enfim, é uma maneira de ajudá-las a viver uma vida plena.” (LAGES & O’CONNOR, 2010). -Por Eliana Dutra da PRO-FIT Coaching e Treinamento: “Coaching é a conversa que leva à ação e à realização do que é almejado.” (DUTRA, 2010) -Por James Flaherty da New Ventures West: “O coaching é um meio de trabalhar com pessoas que as torna mais competentes e mais realizadas para que possam ser mais capazes de 13 contribuir em suas organizações e encontrar significado no que estão fazendo.” (FLAHERTY, 2010). -Por Robert Biswas-Diener da Accorn e Ben Dean da MentorCoach: “Coaching é sobre o aproveitamento do melhor das pessoas e sobre a inspiração para que vivenciem o seu potencial. Coaching é um chamado de despertar, desafiando as pessoas a acessar sua abundância interior.” (BISWAS-DIENER & DEAN, 2007): -Por Carol Kauffman do Institute of Coaching Harvard Medical School at McLean Hospital: “O coaching consiste em, ‘seguir a trilha dos sonhos’ e ‘cocriar’ uma trajetória rumo à otimização da satisfação da vida e do desempenho.” (KAUFFMAN, 2010) E ainda: “... coaching é levar clientes para uma jornada para descobrir quem eles são e quem eles querem ser, não apenas o que eles querem fazer.” (KAUFFMAN, 2011) -Por Robert Dilts da NLP University; Segundo o autor o coaching consiste: “...em explorar os pontos fortes das pessoas, ajudando-as a vencer obstáculos e limites pessoais para alcançar o seu melhor desempenho, e, permitindo-lhes funcionar de maneira mais eficaz como membros de uma equipe.” E ainda: “coaching é o processo de conduzir uma pessoa ou um grupo pelo caminho que leva de um estado presente a um estado desejado.” (DILTS, 2010) -Por Mônica Portella da PSI+ e Yuri Machado: “Coaching pode ser definido como um processo estruturado de desenvolvimento comportamental, focado em ações para se desenvolver ou 14 aprimorar as habilidades para a realização de metas e desejos.” (PORTELLA & MACHADO, 2010) -Pela International Coaching Federation: “Coaching é uma parceria entre o Coach (profissional treinado para entregar o processo de coaching) e o Coachee (pessoa que passará pelo processo de coaching), em um processo estimulante e criativo que os inspira a maximizar o seu potencial pessoal e profissional, na busca do alcance dosseus objetivos e metas através do desenvolvimento de novos e mais efetivos comportamentos.” (INTERNATIONAL COACHING FEDERATION – 2013). -Pelo Institute of Coaching Harvard Medical School at Maclean Hospital (2013): “Coaching é um processo de mudança que mobiliza forças e faz acontecer o potencial dos indivíduos e das organizações.” (INSTITUTE OF COACHING AT McLEAN HOSPITAL, 2013). -Pela Sociedade Brasileira de Coaching: “Coaching é um processo que visa elevar a performance de um indivíduo (grupo ou empresa), aumentando os resultados positivos, por meio de metodologias, ferramentas e técnicas conduzidas por um profissional (o Coach), em parceria com o cliente (o Coachee).” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING, 2009) -Por Rhandy di Stéfano do Integrated Coaching Institute: “Coaching é uma parceria focada na realização de suas metas. É um processo de desenvolvimento comportamental, focado em ações no sentido de desenvolver ou aprimorar suas próprias habilidades para a realização de suas metas e desejos.” (STÉFANO, 2013) As propostas de definição do que é Coaching em cada um desses modelos e tipos destacam algumas peculiaridades de suas respectivas metodologias, o que é absolutamente pertinente. Contudo com a análise 15 dessas definições, encontramos, mesmo que intrinsicamente inseridos numa análise semântica de significado, alguns aspectos ou condicionantes ou características em comum. São eles: - Do presente para o futuro: o processo de Coaching faz com que a pessoa saia de um estado atual e se projete e alcance um novo estado futuro, sendo este o resultado do atingimento de sua(s) meta(s); - Elemento gerador: para existir o início de um processo de Coaching é preciso que exista essencialmente algo que o origine: um sonho, uma circunstância, uma meta, um problema, uma reflexão, um desconforto ou um propósito; mesmo que não seja identificado pela pessoa que se submete ao processo, como no caso de Coaching em organizações; - Ação/Metas – para sair do estado atual e alcançar o estado que se pretende para o futuro, é preciso agir em direção a uma meta; é a ação que permitirá o alcance do que foi definido para ser atingido. Sem ação, nada se atinge no processo de Coaching. Somente serão alcançadas as metas através de sucessivas e comprometidas ações. Apresentamos, a seguir, uma definição própria de Coaching. (Quadro 1) Destacamos que esta definição restringe-se apenas ao trato do Coaching nas situações em que este ocorre de maneira formal entre o coach e o coachee. De forma a elucidar e embasar a formulação da definição a ser apresentada, destacamos algumas crenças e reflexões técnicas essenciais: 1) A arte é uma inspiração e uma forma de expressão - que envolve e sensibiliza o próprio artista e outras pessoas; 2) Crença na potencialidade humana – sobre isso, destacamos as duas citações que abriram este capítulo, as quais deixam clara a riqueza interior de cada ser humano. Cada pessoa no seu universo, 16 em sua vida, tem todas as potencialidades que precisa para ser quem precisa e quem deseja ser; 3) Aprendizagem inata - todo ser humano nasce com a condição de aprendizado; 4) A mudança é a única coisa permanente no universo - por isso precisamos a todo instante nos reconhecermos e nos adaptarmos a nós mesmos e ao que nos rodeia; 5) Uma mesma ação leva a um mesmo resultado – se queremos novos resultados, precisamos agir de forma diferente, pois senão nada acontecerá. 6) É no agora que realizamos o nosso futuro – a nossa transformação só pode ser implementada no hoje, se queremos realizar metas amanhã; 7) Fazemos e somos responsáveis por nossas escolhas: o tempo todo, estamos escolhendo algo e ninguém pode fazer por nós o que nos cabe; 8) Todos têm talentos e virtudes – todo o ser humano é originariamente valoroso. 9) É a consciência que nos faz perceber nossa humanidade - a atenção concentrada é que nos faz perceber quem somos e que nos permite fluir como seres humanos. 10) As pessoas nasceram para serem felizes – independentemente das metas, dos desejos, dos comportamentos e das ações, o que as pessoas buscam é a felicidade; “Coaching é a arte de facilitar um ser humano a promover por sua conta, por meio da aprendizagem, ações que efetivem as suas escolhas e que sustentem mudanças essenciais em qualquer segmento da sua vida, em prol da sua felicidade, pela percepção consciente, otimização e uso da sua potencialidade valorosa.” Quadro 1 - Proposta de definição de Coaching 1.2 – O que não é Coaching. 17 Apesar da compreensão que pode ser gerada a partir da leitura das definições do item 1.1. sobre o que é Coaching, é muito importante elucidar “o que não é Coaching”. Ainda existem muitas dúvidas a respeito do que é o Coaching. E deparamos com essas, quando o Coaching é confundido com outros processos pelos quais se submetem as pessoas e as organizações. Optamos por destacar neste trabalho os processos que mais se confundem com o Coaching, não descartando a existência de outros que possam, da mesma forma, conter similaridades, mas que também nem por isso são Coaching. No Quadro 2, apresentamos alguns desses processos, com algumas características e informações, de forma comparativa, o que permite confrontar as diferenças de cada um deles: Quadro 2 - Diferenças entre Coaching e Outras Modalidades, postado por Erika Figueira Vannuccini Fernandes no site Coaching e Desenvolvimento da empresa Alcance Coaching e Desenvolvimento, 2010. De forma a possibilitar o melhor entendimento do que não é Coaching, destacamos do quadro, as características que mais o difere das demais abordagens de trabalho. Quanto à abrangência e resultados, fica claro, pelas observações, que o processo de Coaching é aquele que mais permite o aumento de 18 perspectivas, opções e potencialidades dos que passam pelo seu processo. As demais abordagens são mais direcionadas a um determinado atingimento, a um determinado propósito. E também apresentam características de saneamento de deficiências, sejam de ordem profissional, empresarial e emocional ou de preenchimento de gaps de desempenho ou de performance. Com relação à abordagem e ao foco, o que mais enfatiza o trabalho do Coaching em comparação às demais é a ação vinculada ao que se deseja alcançar,às metas, sem busca das razões que levaram à situação presente. Por isso que difere da maioria, com exceção da consultoria, quando se ocupa apenas em abordar o presente e o futuro, sem ater-se ao passado, pois o essencial está na ação presente que permite a realização de metas no futuro. 1.3 – Como acontece o Coaching. A proposta deste item é apresentar informações que permitam o entendimento quanto à forma de funcionamento do Coaching, abordando diversas etapas do processo. Além disso, maior detalhamento sobre alguns pontos poderão ser vistos no item 1.4. 1.3.1 Onde se origina e quem participa do Coaching O processo de Coaching pode se originar simplesmente pela inciativa de alguém que deseja, de forma absolutamente particular, atingir um determinado objetivo em sua vida, seja de ordem financeira, patrimonial, profissional, emocional, espiritual, de melhoria de performance entre outros. A intenção é originada nesta pessoa, que, na linguagem do Coaching, é denominada de coachee, que procura a colaboração de um especialista de Coaching, designado como coach, o qual tem determinadas atribuições (Quadro 3) e competências e habilidades (Quadro 4), segundo a Sociedade Brasileira de Coaching (2009). Além disso, um coach ideal apresenta, entre 19 muitas, as seguintes características: comprometimento com seu trabalho e com o cliente; gera confiança; tem congruência vivendo a sua vida e seu trabalho alinhado comos seus valores; é treinável no sentido de estar aberto a ideias e feedback de seus clientes; tem um nível alto de generosidade e de compaixão; e entusiasma as pessoas ao seu redor. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING, 2009) De acordo com a Sociedade Brasileira de Coaching (2009), as pessoas escolhem fazer Coaching quando desejam: romper alguns limites pessoais, ampliar suas realizações profissionais, conquistar uma qualidade de vida melhor, ser mais feliz no amor, obter uma vida próspera, mais equilibrada e bem sucedida, entre outros.(SOCIEDADE BRASIELIRA DE COACHING, 2009) ALGUMAS ATRIBUIÇÕES DO COACH Utilizar procedimentos específicos para ajudar seus clientes a gerar mais realizações e resultados em suas vidas pessoal e profissional Focar na ação e buscar garantir a felicidade humana através de realizações e conquistas. Colaborar no aumento da concepção de mundo do coachee. Ser capaz de trazer mais felicidade, amor, realização, bem-estar e sucesso para as pessoas. Apoiar, estimular e acompanhar o cliente para que ele descubra quais ações deve empreender. Não fazer julgamentos sobre o coachee, e não se valer de ideias preconcebidas sobre fatos e situações. Quadro 3: elaborado com base em informações do Livro de Metodologia de Personal & Professional Coaching da Sociedade Brasileira de Coaching (2009). Já nas organizações, de um modo geral, os processos de Coaching são originados, na maioria das vezes, pela iniciativa da Direção ou das Gerências, que, verificando alguma necessidade de melhoria, seja ela de resultados, de performance de equipes, de planejamento, de liderança ou de relações interpessoais, buscam no Coaching uma forma de corrigir erros de processos ou maximizar potencialidades do negócio. ALGUMAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO COACH Comunicação Saber ouvir, perguntar, estabelecer empatia, gerar novas 20 opções e entendimentos. Motivação Ser automotivado, autotransformador, flexível, saber motivar, apoiar, entusiasmar, dar suporte, aumentar o nível de autoconfiança e autoestima. Planejamento Gerar foco, saber planejar, segmentar sonhos e objetivos. Transformação Entender o processo de mudança e transformação humanas, promover melhorias contínuas em si e nos outros. Visão Sistêmica Entender de processos e metodologias, ter estrutura e seguir passos e etapas para gerar resultados continuamente. Ética e Caráter Ter valores, crenças e caráter. Quadro 4: elaborado com base em informações do livro de Metodologia de Personal& Professional Coaching da Sociedade Brasileira de Coaching (2009). Na maioria das vezes, a área de recursos humanos nas organizações é que procura adequar as necessidades apontadas pela Direção e Gerências a uma empresa ou profissionais de Coaching que possam realizar o trabalho. Em geral nas organizações, os empregados a serem submetidos ao processo de Coaching são indicados de forma compulsória e não por iniciativa própria. As designações dos participantes do processo de Coaching, no caso das organizações, são as mesmas que na situação particular: coach e coachee. De acordo com a Sociedade Brasileira de Coaching (2009), as empresas buscam o processo de Coaching quando querem: que seus profissionais sejam mais eficientes e eficazes, aumentar as vendas e a qualidade do trabalho, resolver conflitos entre equipes, criar um novo mindset (modelo mental) voltado para resultados, conquistas, realização e participação, entre outros. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING, 2009). É importante destacar que em ambas as situações, particular ou organizacional, o processo de Coaching pode se dar entre um coach e mais de um coachee. Isso acontece no caso de Coaching em grupo, quando há apenas um objetivo a ser atingido com o processo, ou seja, uma questão única a ser trabalhada por todos. (DUTRA, 2010) Como exemplo: um grupo de pessoas (coachees) que tenham o mesmo objetivo de emagrecer ou, no caso 21 de uma indústria, onde há um grupo de operários que sejam submetidos a um processo de melhoria de resultados de produção de algum produto. O Coaching em grupo é uma boa opção para: grupo de pessoas que não se conhecem e querem tratar de uma situação similar, grupo de pessoas que já se conhecem e pretendem desenvolver uma mesma competência, sócios que querem desenvolver a empresa, entre outros. (DUTRA, 2010). Apesar do tempo de maturidade do grupo para um aprofundamento das questões abordadas ser mais demorado que no Coaching individual, a troca de experiências e o posicionamento pessoal são ponto alto do Coaching em grupo, quando já se tem uma maior convivência. (LEITE, 2013) No que se refere aos coachees, não há quase nenhuma restrição quanto a submeter-se a um processo formal de Coaching. Excluem-se crianças, tendo em vista que as metodologias utilizadas requerem entendimento cognitivo. Segundo Lages e O’Connor (2010), o Coaching pressupõe que o cliente seja capaz de refletir sobre seu próprio pensamento e subentende responsabilidade social, não sendo possível isso às crianças. Além disso, os coachees não devem ter problemas graves de saúde física ou mental preferencialmente, pois isso também os impediria de se conduzir durante o processo de Coaching, já que eles precisam estar atuantes em suas vidas pessoal e/ou profissional. (LAGES & O’CONNOR, 2010) Para alguns autores, o Coaching foca numa população non clinical (não clínica), ou seja, que não apresentam problemas ou diagnósticos clinicamente significativos. (GARMAN, WHISTON & ZLATOPER apud STOBER & GRANT, 2006) Contudo o indispensável, por parte do coach, é analisar se tanto o coachee, bem como o que este objetiva são realmente próprios e adequados ao processo. Como o Coaching ainda é uma prática nova, comparada a outros processos mais antigos, como os indicados no item 1.2 ainda há muita inadequação quanto à escolha do processo de Coaching. Daí a importância de o profissional desta área, de forma ética, analisar se o caso é pertinente ao processo. 22 1.3.2 As Sessões Para que a prática do Coaching aconteça, é necessário que coach e coachee tenham momentos de encontros, sejam eles presenciais ou não. A esses encontros é dada a denominação de sessão e é sobre isso que trata este item. 1.3.2.1. Tempo e horário das sessões O processo de Coaching é realizado por meio de sessões entre o coach e o coachee de aproximadamente 1 (uma) hora, podendo acontecer de durarem menos ou mais tempo, dependendo da proposta da sessão, e em alguns casos, do modelo que é usado. O horário das sessões fica a critério da disponibilidade das partes e a assiduidade e pontualidade das mesmas devem ser tratadas com responsabilidade por ambas, sendo essencial que sejam ininterruptas. 1.3.2.2. Quantidade de sessões O tempo de duração de um processo de Coaching varia de acordo com a metodologia utilizada pelo profissional. O importante é que seja definido um tempo previsto, pois o coaching, como um processo, tem início, meio e fim. (DA PAULA, 2011) Na maioria dos modelos de Coaching, uma das características quanto ao processo é a rapidez com que os resultados são alcançados. Dessa forma, o que encontramos nas propostas de trabalho existentes no mercado é uma quantidade média de sessões, que pode variar de 10 a 15, dependendo do andamento do processo, do comprometimento e da prontidão do coachee e, logicamente, da conduta e protocolo utilizados pelo coach. O habitual é contratar 10 (dez) sessões inicialmente. (DINSMORE & SOARES, 2011) 23 Sempre deverão ser avaliadas para definição da quantidade de sessões, as variáveis do processo, como a complexidade da meta, o nível de envolvimento do cliente com o processo e sua motivação para promover a mudança requerida no processo. (DINSMORE & SOARES, 2011) Essa quantidade média de sessões podeser reduzida, nos casos em que se chega aos resultados esperados antes do tempo previsto e negociado, ou ampliada, no caso de ainda serem necessários alguns encontros para o fechamento do processo com sucesso. 1.3.2.3 Periodicidade das sessões As sessões ocorrem, na maioria dos modelos, semanalmente, mas no caso de empresas, às vezes, opta-se para que as sessões sejam quinzenais em função da falta de tempo dos coachees indicados ao processo de Coaching. O intervalo de 15 (quinze) dias nas empresas também é essencial para que haja tempo para serem tomadas as medidas negociadas. Quando o coachee está realmente dedicado e empenhado no assunto do processo que o esteja mobilizando, pode-se optar por sessões semanais. (DINSMORE & SOARES, 2011) Após o término do processo negociado inicialmente, quando há a necessidade, ou o desejo do coachee ou ainda dependendo do objetivo, às vezes de longo prazo, poderão ser realizadas sessões de manutenção, se de comum acordo do coach e do coachee, em datas com interstícios mais ampliados, geralmente de 2 em 2 meses, por exemplo. . 1.3.2.4 Local das sessões Quando o Coaching é realizado de forma presencial, o local das sessões é definido em comum acordo entre as partes, não necessitando de instalações muito sofisticadas em termos de equipamentos; devendo, 24 preferencialmente, trazer conforto e possibilitar que ambos se sintam à vontade e acolhidos. Na sessão presencial, em função do contato direto com o coachee, o processo é mais acelerado que nas situações à distância. Isso se deve, principalmente pela possibilidade de o coach poder perceber a linguagem não- verbal do cliente. (DINSMORE & SOARES, 2011) Mesmo que o processo se desenrole em sessões não presenciais, é essencial que os primeiros contatos sejam feitos de forma presencial, para que gere um clima de maior confiança indispensável ao processo. (DINSMORE & SOARES, 2011) A psicogeografia (a posição do coach e do coachee) também é importante. Geralmente sentam-se em um ângulo de 90 a 120 graus em relação um ao outro e a distância varia de acordo com a cultura. (LAGES & O’CONNOR, 2010) Na maioria das situações de Coaching, as sessões são realizadas em salas ou locais onde não haja interrupções ao andamento dos trabalhos, seja em local empresarial ou particular. (DINSMORE & SOARES, 2011) Nas sessões não presenciais, que podem ser realizadas por telefone ou de forma virtual, por Skype, e-mail ou redes sociais, o local onde esteja o coach ou o coachee não importa; o que é essencial é que estejam utilizando o meio combinado na hora marcada e que não haja circunstâncias que gerem interrupções. O Coaching por e-mail deve ser evitado, pois em função das dificuldades de transcrição em palavras, no caso de muitos, para expressar fatos, emoções, comportamentos, pensamentos, entre outros, podem ocorrer diversos erros interpretativos. (DINSMORE & SOARES, 2011) Isso também pode ocorrer em outras formas não presenciais que utilizem unicamente a linguagem escrita. 1.3.2.5 Layout das sessões O formato das sessões varia, dependendo da metodologia e do modelo utilizados por cada tipo de Coaching. E como são muitas as escolas de Coaching no Brasil e no mundo existe uma variedade imensa de formatos. 25 O que podemos identificar é que, na maioria dos casos, as sessões são formadas de pelo menos quatro momentos distintos, conforme Quadro 5. No caso da primeira sessão e, às vezes, até da segunda sessão é importante ressaltar que é um momento em que há o trato de informações e acordos sobre o processo de Coaching, quando serão firmados os compromissos por ambas as partes, além de, em alguns casos, já serem sugeridos ou aplicados assessments (ferramentas de avaliação de perfil e características profissionais) ou avaliações (que podem ser da situação de vida ou de qualidades) sobre o coachee. Em função disso, seu formato varia significativamente de profissional para profissional, ou de modelo para modelo. LAYOUT DAS SESSÕES ABERTURA Geralmente, é o momento quando é verificado o que aconteceu depois da última sessão até aquele momento de encontro; e/ou quando é definido o que será abordado e tratado na sessão. DESENVOLVIMENTO Quando será abordado o tema da sessão, com a aplicação da metodologia escolhida pelo coach. RESULTADO E ACOMPANHAMENTO Momento em que o coach verifica quais foram os aprendizados e resultados obtidos pelo coachee com a sessão e ainda quando se avalia o desenvolvimento do processo como um todo. Aqui são feitos os feedbacks. NEGOCIAÇÃO DO PÓS-SESSÃO É a hora de definir se haverá ou não alguma tarefa, usualmente denominada como “to do” (do inglês, traduzindo: fazer) a ser realizada pelo coachee até a próxima sessão ou até uma determinada data negociada. Quadro 5: Apresentação dos momentos que compõem geralmente uma sessão de Coaching. 1.3.2.6 Contrato Como já dito nos itens anteriores, o processo de Coaching ocorre entre duas pessoas ou mais, sendo o coach o prestador do serviço solicitado, seja por uma pessoa particularmente ou por uma empresa. Dessa forma, na maioria dos casos, muitos coaches preferem o firmamento de um contrato formal, por escrito, no qual serão incluídas todas as condicionantes sugeridas pelo coach ou acordadas pelas partes, 26 bem como o detalhamento do serviço a ser prestado e o que cabe ao coach e ao coachee de fazerem. (DINSMORE & SOARES, 2011) O que é essencial é que seja realmente firmado um contrato psicológico, pois isso é que gera realmente um vínculo real entre o coach e o cliente. Nos casos em que isso é possível, este tipo de postura leva o cliente a efetivamente comprometer-se consigo mesmo. (DINSMORE & SOARES, 2011) No caso da contratação do serviço de Coaching por empresas, o contrato formal é sempre utilizado, considerando a formalidade do processo, e em função da necessidade de ser absolutamente registrado tudo que tiver sido acertado na negociação entre o coach ou a empresa de Coaching e a área de recursos humanos ou a direção da empresa. Neste caso, pela empresa, a parte envolvida no contrato, pode ou não ser um coachee, como no Coaching de contratação particular. No mundo dos negócios, as transações comerciais são regidas por contratos entre as partes e no Coaching isso se dá da mesma forma, (DINSMORE & SOARES, 2011) 1.4 Modelos, Tipos e Nichos de Coaching. Este item tem como proposta apresentar o que são os modelos, os tipos e os nichos de Coaching, bem como tentar esclarecer o que os particulariza, quanto ao uso e à aplicação. Para tratar desses três itens que compõe o assunto Coaching, consideramos pertinente - apesar de não encontrar nada que legitime de forma teórica esta afirmação- diferenciar o que é modelo de Coaching, tipo de Coaching como de nicho de Coaching. A intenção desta especificação é apenas de esclarecer as inúmeras definições, categorias e termos que cercam o assunto. Arriscamo-nos a hierarquizar estes três itens conforme apresentado na Figura 1. 1.4.1 Modelos 27 Podemos dizer que é de um modelo, também chamado de escola, que emana a filosofia, a conduta, a metodologia, o protocolo, e a sistemática do trabalho de Coaching, sendo, em sua maioria, alicerçados por áreas do conhecimento, doutrinas filosóficas e algumas ciências. PIRÂMIDE HIERÁRQUICA DE MODELO, TIPO E NICHO DE COACHING. Figura 1: Os itens 1.4.1., 1.4.2. e 1.4.3. esclarecem a composição da pirâmide. Muitos dos modelos tomam emprestados conceitos, teorias, técnicas e ferramentas de outros estudos, a fim de possibilitar a prática do Coaching da maneira que acreditam ser a mais eficaz. Os modelos podem ser utilizados em diversos tipos de Coaching , pois é do modelo que emana o arcabouço necessário para que o trabalho seja desenvolvido e, porisso, o inserimos no topo da pirâmide. Na maioria das vezes, o coach escolhe um determinado modelo, com o qual realizará os diversos tipos de Coaching que se propõe a desenvolver e em determinado ou determinados nichos. É difícil encontrar um coach que utilize mais de um modelo. Ele até pode utilizar ferramental de alguns modelos, mas, na sua conduta, com certeza, prevalecerá um deles. Outros coaches, por sua vez, se utilizam de modelos próprios, por acreditarem na pertinência de customização de seu trabalho como coaches ou por não se reconhecerem em nenhum dos modelos existentes. Modelo Tipo Nicho 28 Dessa forma, optamos por apresentar os modelos de Coaching que durante as pesquisas aparecerem de forma mais incidente, utilizando a nomenclatura mais conhecida no mercado. 1.4.1.1 JOGO INTERIOR O modelo do Jogo Interior foi apresentado pelo Sir W. Timothy Gallwey, em 1974 quando da publicação da primeira edição de seu livro O Jogo Interior de Tênis, e é considerado como o marco fundamental para o início do Coaching que conhecemos hoje. (LAGES & O`CONNOR, 2010) Definindo W.Timothy Gallwey como o “pai do coaching” por muitos, John Whitmore (2010) afirma que Gallwey tenha sido, talvez, o primeiro a demonstrar um simples, mas abrangente, método de Coaching que podia ser prontamente aplicado a quase todas as situações. (WHITMORE. 2010), Para Gallwey (2013), o Coaching requer um ingrediente essencial que não pode ensinado: focar não somente nos resultados externos, mas também na pessoa que está sendo treinada- liderado ou coachee. Na abordagem do Jogo Interior, Coaching pode ser definido como a facilitar a mobilidade. (GALLWEY, 2013) Segundo Gallwey (2013), em toda atividade humana existem duas arenas de combate: uma interna (Jogo Interior) e outra externa (Jogo Exterior). (GALLWEY, 2013) O Jogo Interior ocorre dentro de nossa mente e é jogado contra obstáculos como medo, insegurança, lapsos de foco e os conceitos de limitação e suposições. Esse Jogo Interior é jogado para a superação destes obstáculos autoimpostos, que acabam sendo considerados como interferências para que o indivíduo acesse todo o seu potencial. (GALLWEY, 2013) Este Jogo Interior acontece entre o que ele chama de Self 1 1, que é a voz que dá os comandos e que faz os julgamentos; seria o sabe-tudo que não confia no Self 2; e o Self 2, que segundo Gallwey (2013) é o próprio ser humano, que encarna todo o nosso potencial desde o nosso nascimento, e 1 Leia-se: Ego 29 ainda todas as capacidades que já adquirimos e as que ainda serão adquiridas por nós. (GALLWEY, 2013) Além disso, é no Self 2 que se encontra a capacidade natural de aprender dos seres humanos e de desenvolver outras novas. A postura do Self 1 é que acaba por interferir no nosso processo natural de aprendizagem. A não confiança do Self 1 no Self 2, ocorre, mesmo sendo este último ego inconsciente, automático, extremamente competente (GALLWEY, 2013; 1996,). Downey (2011) em seu livro Coaching Eficaz descreve o Self 1 e o Self 2, usado pela School of Coaching, da seguinte forma: “Self Um": é a voz internalizada de nossos pais, professores e outros em posição de autoridade. Ele procura controlar o Self Dois e não confia nele. O Self Um se caracteriza por tensão, medo, dúvida e tentar demais. Self Dois é o ser humano completo, com todo o seu potencial e capacidade, incluindo a capacidade inata de aprender. Caracteriza-se pela concentração relaxada, alegria e confiança.” (DOWNEY, 2011) Em termos simples, o Jogo Interior pode ser resumido em uma fórmula (Quadro 6). Quadro 6: Fórmula do Jogo Interior – Adaptado do Quadro constante de GALLWEY, W. Timothy. Apostila The Inner Game Basics Para Coaches& Líderes. The Inner game International School, (2013) Desempenho (Performance) é igual ao Potencial menos as Interferências. Conforme a fórmula, o Desempenho pode ser melhorado com a diminuição das interferências, sendo, essas, no Jogo Interior, geradas pelo Self 1. (GALLWEY, 2013). Aprofundando o tema do Jogo Interior, Gallwey (2013) desenvolve uma abordagem de aprendizagem e treinamento, com os seguintes princípios: consciência (não julgadora, mas sim curativa); confiança (no Self 2 do aluno P = p – i Performance = Potencial menos Interferências 30 e do coach quanto ao processo de aprendizagem natural) e escolhas (nas mãos do aluno ou coachee, visando manter a escolha de um resultado desejado com responsabilidade). (GALLWEY, 2013) De forma a vincular a pertinência do uso do Coaching, Gallwey (2013) afirma o seguinte: “O Jogo Interior nasceu no contexto do coaching, mas refere-se sobre a aprendizagem. Os dois caminham de mãos dadas. O Coach facilita a aprendizagem. (...) É essencial no Coaching do Inner Game que o Coach tente enxergar o ponto de vista da pessoa que está sendo trabalhada.” (GALLWEY, 2013) Muitas escolas de Coaching utilizam conceitos do Jogo Interior em suas abordagens até nos dias atuais, além da The Inner Game School. 1.4.1.2. G.R.O.W. ou COACHING PARA PERFORMANCE O G.R.O.W. é utilizado por vários coaches, em diversos nichos de Coaching e, no mercado, é tratado como um modelo. Dessa forma, trataremos, neste trabalho, o G.R.O.W. como um modelo, considerando esta forma de interpretação dada aos profissionais do ramo. É importante destacar que o modelo G.R.O.W. foi criado originalmente por Graham Alexander, que também levou o Jogo Interior para a Europa na década de 80. (LAGES & O’CONNOR, 2010) O modelo G.R.O.W. foi apresentado por John Whitmore em 1992 quando da publicação da primeira edição de seu livro Coaching para Performance – Aprimorando Pessoas, Desempenhos e Resultados. Tendo sido treinado por Gallwey, Whitmore, com a prática do Coaching nos esportes, começou a ser questionado por seus treinandos de tênis e de ski, sobre a possibilidade de utilizar os métodos do Inner Game em suas empresas. (WHITMORE, 2010). Atendendo à demanda, Whitmore aplicou o método no campo dos negócios, tendo, ao longo dos anos de experiência, adequado e 31 adaptado os primeiros métodos e, como os demais expoentes dessa área, foi influenciado profundamente pela escola de Gallwey. (WHITMORE, 2010). Cabe destacar que o G.R.O.W. compõe uma das bases do Coaching para Performance definido por John Whitmore (2010), que é composto da seguinte forma: CONTEXTO: Consciência e Responsabilidade HABILIDADES: Questionamento Eficaz Escuta Ativa SEQUÊNCIA: G.R.O.W. (detalhado mais a seguir) (WHITMORE, 2010) Whitmore (2010) considera como um dos princípios básicos do Coaching a CONSCIÊNCIA, primeiro elemento básico, produto de atenção direcionada, concentração e clareza; e a RESPONSABILIDADE, outro conceito ou objetivo básico do Coaching. Para ele, as duas são qualidades essenciais para a melhoria da performance e do aprendizado em qualquer atividade. (WHITMORE, 2010). Para Whitmore (2010), as perguntas são as maiores geradoras de CONSCIÊNCIA e RESPONSABILIDADE, afirmando ainda que: “Fazer perguntas fechadas impede as pessoas de pensar. Fazer perguntas abertas as leva a pensar por si mesmas.” (WHITMORE, 2010). E, ainda, considera que tanto a CONSCIÊNCIA quanto a RESPONSABILIDADE aumentam mais quando se pergunta que quando se ordena. Isso resulta que a forma de interação básica do Coaching é a INTERROGATIVA. (WHITMORE, 2010) Partindo das conclusões acima, chegou à necessidade de saber o que perguntar e em que ordem. Foi então que definiu o mnemônico G.R.O.W. (crescimento na língua inglesa), que se trata de uma sequência de questionamentos que segue quatro tópicos distintos, conforme apresentado no Quadro 7. Whitmore (2010) destaca que o G.R.O.W. fora do contexto de CONSCIÊNCIA eRESPONABILIDADE e da habilidade de produzir questionamentos para gerá-las, tem pouco valor e afirma que o argumento 32 mais forte para utilizar a sequência G.R.O.W. é o de que funciona. (WHITMORE, 2010). MODELO G.R.O.W. GOAL (Meta) Definir a meta não só para a sessão, mas também para curto e longo prazos REALITY (Realidade) Explorar toda a situação atual do coachee. OPITIONS (Opções) Explorar estratégias alternativas ou cursos de ação. WHAT/WHEN/WHO/WILL o QUE deve ser feito, QUANDO, por QUEM, e o VOU fazer Quadro 7: elaborado com base nas informações constantes em WHITMORE, John. Coaching para Performance, 2010). 1.4.1.3. COATIVO O modelo coativo surgiu com a publicação do livro Co-Active Coaching, de Laura Whitworth, Henry Kimsey-House e Phil Sandahl. Este modelo explora o tipo específico de relacionamento gerado pelo Coaching e focaliza mais a perspectiva do cliente. Nesta proposta, o poder de uma pergunta não está na pergunta em si, mas no seu impacto no cliente. (LAGES & O’CONNOR, 2010). Neste modelo, o Coaching é definido como um relacionamento de possibilidades e este relacionamento é verdadeiro, sigiloso e seguro. Apresenta 4 pedras fundamentais:(LAGES & O’CONNOR, 2010) “1 - O cliente é naturalmente ativo, engenhoso e íntegro; 2 - O coaching coativo aborda integralmente a vida do cliente; 3 - A agenda provém do cliente; 4 - O relacionamento do coaching é uma aliança projetada.” (LAGES & O’CONNOR, 2010). O coach coativo ajuda o cliente a: perceber que ele está avaliando uma questão por um clima limitado; assumir outras perspectivas; penetrar nas diferentes perspectivas, de modo que estas se tornem reais e não meros 33 exercícios acadêmicos; escolher as perspectivas que deseja; criar um plano para abordar a situação; zelar pelo compromisso do cliente com o plano e tomar as ações necessárias. (LAGES & O’CONNOR, 2010). O propósito do Coaching coativo é atender às necessidades do cliente e ajudá-lo a obter os resultados que deseja. (DOLAN, 2012). Um bom exemplo histórico de Coaching coativo vem de Sócrates que sempre que um pupilo fazia uma pergunta, ele respondia com outra pergunta, e assim de forma perpétua, até que o próprio pupilo encontrasse a resposta por si próprio. (DOLAN, 2012). 1.4.1.4. COMPORTAMENTAL Segundo Lages e O’Connor (2010), Coaching comportamental transfere o foco para o comportamento exterior do cliente e não nas metas, valores e motivações interiores e não focaliza os pensamentos e as emoções que o originam. Apesar de várias modalidades de Coaching atingirem mudança de comportamento, no caso do Coaching do modelo comportamental, este é a base de todo o processo. (LAGES & O’CONNOR, 2010). Segundo o Behavioural Coaching Institute (2013) o Coaching comportamental pode ser definido como a ciência ou a arte de facilitar a performance, a aprendizagem e o desenvolvimento individual ou da equipe, que por sua vez ajuda ao crescimento da organização. A meta global do Coaching de comportamento é ajudar pessoas a aumentar a sua eficácia e felicidade no trabalho, nos estudos e/ou no contexto social. (BEHAVIOURAL COACHING INSTITUTE, 2004). O Coaching comportamental integra pesquisas de muitas disciplinas num modelo amigável e validado de prática. Ele incorpora conhecimento da psicologia (comportamental, social, desenvolvimento, industrial e organizacional) sistemas teóricos, filosofia existencial, educação e gerenciamento e liderança. .(BEHAVIOURAL COACHING INSTITUTE, 2004). O modelo de Coaching comportamental enfatiza os diversos aspectos de comportamento e de aprendizagem, sendo alguns deles os seguintes: 34 - Grande parte do nosso comportamento humano é aprendido; - Todos os comportamentos resultam em consequências positivas e negativas para o indivíduo e para aqueles que estão à sua volta; - Cada indivíduo afeta e é afetado pelo meio e pelas mudanças constantes pelas quais eles estão passando; - Avaliar os eventos do ambiente e as interações entre comportamento e ambiente; e - Aplicar técnicas de comportamento validadas. (BEHAVIOURAL COACHING INSTITUTE, 2004). 1.4.1.5 ONTOLÓGICO Rafael Echeverria (2012), criador da proposta conhecida como Coaching ontológico, em nível mundial afirma que: “O coaching ontológico é uma prática particular que tem como um de seus objetivos principais expandir o poder dos indivíduos, para que lhes seja possível incidir tanto em suas vidas, na sua maneira de ser, como em seus respectivos ambientes.” (ECHEVERRIA, 2012) É estritamente uma prática que está aberta a possibilidade de uma transformação profunda vivida pelo coachee, como uma mudança significativa do tipo de ser que era previamente. O Coaching ontológico aponta para recuperar nossa vontade de poder, para expandir nossa capacidade de ação. (ECHEVERRIA, 2012) O modelo ontológico focaliza o “modo do ser” do cliente e não o seu comportamento. Este modelo baseia-se no estudo da Ontologia, que se refere ao estudo do ser, da natureza e da qualidade da existência – não de algo em que pensamos, mas de algo que vivemos. No caso, este “modo de ser” é que determina o comportamento, gerando o que sentimos, dizemos e fazemos. Por isso, o Coaching ontológico, termo utilizado pela primeira vez por Fernando Flores, objetiva mudar o modo de ser do cliente. (LAGES & O’CONNOR, 2010). 35 No Coaching ontológico, a linguagem é uma tecnologia por meio da qual podemos fazer as coisas; ela é vista como ação – a criação de compromissos com o futuro. E é aí que o Coaching ontológico ajuda os clientes a ver como usam inadvertidamente as palavras e auxiliam a identificar uma maneira de utilizar a linguagem de uma forma a criar uma realidade melhor. (LAGES & O’CONNOR, 2010). O Coaching ontológico centra-se em todos os aspectos da comunicação (que são aspectos essenciais do “modo de ser”) para produzir mudanças na percepção e no comportamento. (DOLAN; 2012) Segundo Magnus (2013), o Coaching ontológico é a arte de acompanhar os coachees em um processo de aprendizagem, buscando expandir o poder de ação, a efetividade e o bem-estar, através de auto- interpretações e ainda da interpretação dos outros e do ambiente que nos cerca, ou seja, a maneira como habitamos o mundo. (MAGNUS, 2013) 1.4.1.6 PNL – Programação Neuro-Linguística O Coaching do modelo PNL é aquele que se utiliza das contribuições da Programação Neuro-Linguística. As habilidades da PNL são perfeitamente compatíveis com o Coaching. (LAGES & O’CONNOR, 2010). E quanto a esta compatibilidade, cabe dizer o que engloba a PNL: “A PNL estuda três áreas que lhe conferem o nome: - Neurologia – a mente como pensamos - Linguística – como usamos a linguagem e de que maneira ela nos afeta. - Programação – De que maneira sequenciamos nossas ações para atingirmos metas.” (LAGES & O’CONNOR, 2004). A PNL é o estudo da maneira como a linguagem afeta o nosso modo de pensar e, consequentemente, as nossas ações. Apesar de a PNL não ter 36 sido desenvolvida especificamente para aplicação na área de Coaching, este é um bom veículo para muitas ferramentas de PNL. Por sua característica pragmática, a PNL se concentra no “como fazer” e no “o que fazer” e esta é uma imensa contribuição para o processo de Coaching. (LAGES & O’CONNOR, 2010). O Coaching implica mudança e a PNL considera dois tipos de mudança: a simples – acontece no nível do comportamento, da capacidade; e a geradora – acontece no nível neurológico das crenças e dos valores. (LAGES & O’CONNOR, 2010). Para o Coaching com PNL o que importa é notar o que funciona e dar liberdade e escolha aos coachees no contexto no qual normalmente eles não tem escolha, ou tem escolhas que não são satisfatórias. (PHILLIPS & ZUBLENA, 2012) Além da compatibilidadeda PNL com o processo de Coaching, a PNL gera maneiras úteis de gerar bons coaches, através das técnicas de sua abordagem. (LAGES & O’CONNOR, 2010). 1.4.1.7 INTEGRAL Muitas abordagens de Coaching afirmam que suas metodologias abrangem o ser humano de forma integral. Entretanto, o Coaching integral está associado à estrutura de modelo integral, originário, principalmente da obra do escritor e filósofo Ken Wilber. (LAGES & O’CONNOR, 2010). O Coaching integral não foca apenas na conquista de uma meta, ele proporciona a construção e o desenvolvimento, sustentavelmente, de competências, habilidades e novas maneiras de ser que possibilitam a sua aplicação em diversos campos da vida pessoal e profissional. (EDWARDS, 2012) O modelo integral origina-se a partir de uma ideia de perspectiva e sua finalidade é ser um modelo que abranja o indivíduo, a sociedade e a cultura. São três perspectivas: o “eu” – o ponto de vista do observador, de quem fala, a primeira pessoa; o “você”, a pessoa com quem se fala, a segunda pessoa; e o 37 “ele” ou “ela”, a pessoa ou a coisa da qual se fala. A partir dessas 3 perspectivas, se desenvolve um modelo de quatro quadrantes. (Quadro 7) (LAGES & O’CONNOR, 2010). O Coaching integral tem como objetivo levar em consideração todos os quadrantes quando trabalha com o cliente, a fim de juntos chegarem à conclusão de como o coachee pode se desenvolver em cada quadrante. .(LAGES & O’CONNOR, 2010). No quadrante SUPERIOR ESQUERDO a pessoa se vê através de uma perspectiva interna; a maneira como você se sente do ponto de vista subjetivo. O quadrante SUPERIOR DIREITO é a pessoa sendo vista de uma perspectiva externa. O quadrante INFERIOR ESQUERDO representa o entendimento e os sentimentos que são compartilhados; é o nós. O quadrante INFERIOR DIREITO é o sistema social; é visto por perspectiva externa. .(LAGES & O’CONNOR, 2010). Interior Exterior Interior- Individual SUPERIOR ESQUERDO Exterior Individual SUPERIOR DIREITO Interior-Coletivo INFERIOR ESQUERDO Exterior-Coletivo INFERIOR DIREITO Quadro 7: Modelo de Quadro Quadrantes, adaptado do livro Como o Coaching Funciona de LAGES & O´Connor, 2010. O modelo integral tem diversos outros aspectos em sua abordagem sendo os quadrantes apenas um deles, mas o aprofundamento deste tema seria foco de outra proposta de estudo. 1.4.1.8 PSICOLOGIA POSITIVA Individual Coletivo 38 O Coaching baseado na Psicologia Positiva, inicialmente, foi chamado de Coaching da Felicidade Autêntica2 (LAGES & O’CONNOR, 2010), e hoje é conhecido como Positive Psychology Coaching (Coaching de Psicologia Positiva) e, no Brasil, é chamado também como Coaching Positivo. Seligman e Dean em parceria produziram o Authentic Happiness Coaching Program, que, entre 2003 e 2005, treinou profissionais de 19 países. (BISWAS-DIENER & DEAN, 2007). O curso combinava os conceitos do livro Felicidade Autêntica de Seligman e o foco em Coaching de Dean. (MEANING AND HAPPINESS, 2008) Estudiosos como Robert Biswas-Diener, Carol Kauffman, Alex Linley e Anthony Grant vêm se dedicando para desenvolver o Coaching de Psicologia Positiva. (SO, 2009) Segundo Biswas-Diener e Dean (2007), a Psicologia Positiva se ajusta naturalmente com o Coaching, à medida que ambos repousam na suposição de que as pessoas são basicamente saudáveis, engenhosas e motivadas para o crescimento. (BISWAS-DIENER & DEAN, 2007) Kauffman (2010) afirma que a Psicologia Positiva é uma ciência que pode servir de suporte ao Coaching em muitos aspectos, considerando tratar- se de um estudo das condições e dos processos que contribuem para o florescimento ou o funcionamento ótimo das pessoas, grupos e instituições, e isso é o Coaching também oferece. (KAUFFMAN, 2010) Os coaches que usam os princípios da Psicologia Positiva focam no uso potencial das forças do cliente, tais como otimismo, gratidão e criatividade, e buscam aprimorar o seu bem-estar dia após dia. Coaches magistrais dividem diversas técnicas, emprestadas da Psicologia Positiva, para melhorar a experiência de vida de seus clientes. (MOORE, 2010) Positive Psychology Coaching é uma abordagem cientificamente enraizada para auxiliar os clientes a aumentar o bem-estar, aprimorar e aplicar suas forças, melhorar a performance, e alcançar metas valorosas. (POSITIVE PSYCHOLOGY COACHING INSTITUTE, 2013) 2 AHC, do inglês Authentic Happiness Coaching. 39 1.4.2 – Tipos Escolhido o modelo com o qual será desenvolvido o processo de Coaching, caberá ao profissional escolher o tipo ou tipos com os quais o profissional desenvolverá o seu trabalho. São diversas as distinções feitas na literatura quanto á categorização dos tipos de Coaching e, por isso, optamos por apresentar as distinções entre os diversos tipos, a partir das naturezas pelas quais consideramos que poderiam ser particularizados e, dessa forma, diferenciados uns dos outros. As distinções, encontradas na literatura consultada, podem ocorrer das formas a seguir: - Quanto ao controle do processo, temos: COACHING INDIVIDUAL – a própria pessoa determina que metas atingir e tem total controle do processo, desde a contratação, duração e tudo mais;(DUTRA, 2010) COACHING CORPORATIVO – a meta objeto do Coaching deverá está alinhada essencialmente aos interesses da empresa, e o controle do processo está todo nas mãos da administração organizacional. (DUTRA, 2010) - Quanto à distinção do coach, temos: COACHING INTERNO – nas situações de Coaching corporativo, podemos ter processos realizados por coaches internos, da mesma empresa dos coachees; (DUTRA, 2010). COACHING EXTERNO – nas empresas, além da possibilidade de uso de coaches internos, pode-se contratar coaches externos, como é o que acontece com os processos de Coaching individual, em que o coachee contrata um profissional do ramo para atendê-lo. (DUTRA, 2010) COACHING MISTO – nas organizações, de forma a aproveitar as vantagens de cada um dos tipos de uso de coaches internos e externos, opta- se por utilizar as duas formas. (DUTRA, 2010) 40 -Quanto aos coachees, temos: COACHING INDIVIDUAL – quando existe apenas um coachee passando pelo processo com o coach nas sessões; COACHING EM GRUPO – quando existem mais de um coachee passando pelo processo de Coaching juntamente nas sessões. (DUTRA, 2010) - Quanto ao assunto, Sobre a natureza do assunto, do foco das metas de cada processo de Coaching, é que recai a maioria das distinções dos tipos de Coaching. Em muitos dos casos, o uso da categorização de tipos de Coaching está neste aspecto: o tema, o assunto dos objetivos do processo. Dessa forma, temos os seguintes tipos de coaching que se destacam no mercado com maior incidência, a partir da pesquisa realizada: COACHING DE VIDA (conhecido mesmo no Brasil como Life Coaching) - Coaching de vida ou Coaching pessoal é uma prática com objetivo de ajudar os clientes a conseguirem atingir metas pessoais. Os objetivos podem trabalhar com quase todas as esferas da vida. (DOLAN, 2012) Este processo de Coaching trata da vida do cliente em todas as suas dimensões – aspectos pessoais e profissionais, saúde e relacionamentos. (LAGES & O`CONNOR, 2004). Os clientes de Coaching de vida são geralmente menos resistentes e são coachees que tem processos mais flexíveis de duração, pois não há limite de tempo determinado como geralmente ocorre no caso de Coaching nas organizações. Entretanto, o contrato deve ser muito bem explicado, pois no entusiasmo do que conseguir, pode não ser dada a atenção devida aos aspectos da contratação. (DUTRA, 2010) A função principal do Coaching de vida é ajudar as pessoas, individualmente, em pares ou em grupo, a alcançarem o que desejam em suasvidas, para que atinjam uma vida duradoura. (DOLAN, 2012) COACHING EXECUTIVO 41 -O Coaching executivo é a relação individual, one to one, entre o coach e o cliente, com objetivos intrapessoais do coachee dentro do contexto organizacional. . (DOLAN, 2012) O Coaching executivo é para executivos e empresários com potencial para chegarem longe na carreira e/ou chegarem com menos estresse ao legado que pretendem deixar. .(DUTRA, 2010) Este tipo de Coaching lida com pessoas que detêm poder e autoridade na organização; executivos de ponta que são submetidos ao momento decisório a todo tempo e buscam os coaches para buscar uma orientação. Geralmente, não há ninguém na organização a quem possam recorrer para tomar decisões, pois eles é que estão no topo da hierarquia. O investimento no Coaching executivo pode ser extremamente lucrativo, pelas decisões que podem vir a serem tomadas a partir do processo. (LAGES & O`CONNOR, 2004). COACHING EMPRESARIAL - O Coaching empresarial visa orientar as pessoas, gerentes ou membros de equipes, nos assuntos ligados ao trabalho. Ele se concentra nos indivíduos e não nos sistemas de negócios, mas consequentemente provocará impactos de melhorias nestes. De alguma forma, o Coaching empresarial acaba por invadir o campo do Coaching de vida, uma vez que é impossível separar o trabalho da vida de cada um. (LAGES & O`CONNOR, 2004). COACHING DE CARREIRA - Este modelo de Coaching é aplicado a pessoas que desejam encontrar um emprego, mudar o rumo da carreira ou de carreira, ou mesmo retornar ao mercado de trabalho depois de alguma interrupção. É habitual que os coaches que atuam com este tipo de Coaching trabalhem com agências especializadas em realocação de pessoal. A carreira também pode ser abordada pelo Coaching de vida. (LAGES & O`CONNOR, 2004). COACHING ESPORTIVO 42 Este é o modelo utilizado para a área dos esportes. Foi neste campo que surgiu o Coaching e, ainda, é tradicionalmente associado à área esportiva. Todos os atletas importantes atualmente tem o apoio de um coach. (LAGES & O`CONNOR, 2004). O Coaching esportivo, em função da tradução do termo “coach”, como treinador, pode ser interpretado como sendo o processo de desenvolvimento pelo qual passa o atleta quanto á sua performance no que se refere ao aprimoramento da sua melhoria técnica, física e de resultados do esporte que pratica. Além desta conotação, o Coaching esportivo busca favorecer o atleta no sentido de conseguir um equilíbrio favorável à melhoria de sua performance quanto aos aspectos de ordem cognitiva, comportamental e emocional. 1.4.3 Nichos A partir dos tipos de Coaching, há ainda o que poderíamos chamar de um desmembramento, tendo em vista a demanda do mercado, originada pelo interesse de novos e latentes clientes, o que acaba por gerar o que é chamado figurativamente como nicho de Coaching. Segundo o Relatório de Nichos do One Day Mastery – O Coach Especialista (2011), nicho poderia ser definido como: “Uma necessidade que muitas pessoas têm que o seu produto e serviço preenchem” (SHEPHERD & Co, 2011). Esse desmembramento de nichos ocorre mais no tipo de Coaching de vida ou life coaching, devido à abrangência de sua temática. Tendo como foco a vida como um todo, o Coaching de vida proporciona possibilidades de nichos numa progressão quase geométrica. E, em função disso, é que, a cada dia, em que façamos uma pesquisa no mercado, deparamo-nos com novos nichos. No já referido Relatório de Nichos do One Day Mastery – O Coach Especialista (2011), são apresentados 3 Mega-Nichos, considerando que, nos grandes hits da indústria de informação e conhecimento, provavelmente de 43 80% a 90% dos nichos se enquadram nestas categorias. São elas: Saúde & Fitness, Relacionamentos e Negócios & Dinheiro. (SHEPHERD & Co, 2011) Ainda no mesmo relatório, estes Mega-Nichos englobariam os nichos constante do Quadro 8. NICHOS DE COACHING SAÚDE E FITNESS Perda Natural de Peso; Stress; Ganho Muscular; Exercícios de Baixo-Risco; Perda de Gordura; Nutrição Orgânica; Cura Natural; Bem-Estar; A terceira Idade; e Qualquer Problema de Saúde Específico. RELACIONAMENTOS Sedução & Atração; Namoro; Casamento; Sexualidade; Conflito; Divórcio; Linguagem Corporal; Pais; e Educação. NEGÓCIOS & DINHEIRO Imobiliária; Câmbio; Investimento; Aposentadoria; Dívidas; Começar um Negócio; Ganhar Dinheiro. Marketing Online; Gerenciamento de Tempo; e Conseguir um Emprego. Quadro 8: elaborado com base nas informações contidas no SHEPHERD & Co, 2011. Relatório de Nichos do One Day Mastery – O Coach Especialista, 2011. Com certeza, com o avanço do Coaching no mercado, esses nichos tendem a se multiplicar ainda mais futuramente, podendo ser uma oportunidade para aqueles profissionais que desejam ser especialistas em determinados seguimentos. Contudo, essa disseminação desenfreada acaba por contribuir para a ideia de que Coaching é um paliativo para qualquer coisa, podendo atrair pessoas despreparadas para a condução do processo de Coaching, virando “uma terra de ninguém”, o que, consequentemente, alimenta o descrédito com relação aos resultados desta prática, hoje, já tão cobrada por credibilidade científica e de pesquisas empíricas sobre suas ferramentas e de suas intervenções. Consideramos por concluído o Capítulo I - Coaching, com a certeza de que as informações apresentadas são, não apenas essenciais ao foco do tema desta monografia, mas também para um entendimento global do processo de Coaching, bem como para a sua contextualização no cenário social do momento em que vivemos. 44 CAPÍTULO II PSICOLOGIA POSITIVA “Pode haver uma ciência psicológica que se concentre nas melhores coisas da vida?” Martin Seligman “Quanto as emoções positivas são boas?” Barbara Fredrickson “Por que certas pessoas têm uma força que as torna invulneráveis á impotência? “Que fontes de forças estas pessoas estão usando?” Mihaly Csikszentmihaly “O que há de certo com as pessoas?” C.R.Snyder e Shane.J.Lopez “Quais são os significados e os mistérios da felicidade?” Sonja Lyubomirsky “O que aconteceria se estudássemos o que está certo com as pessoas?” Donald Clifton Iniciamos a abordagem do tema Psicologia Positiva, enaltecendo os questionamentos, alguns deles apresentados na abertura, das mentes reflexivas de alguns dos muitos estudiosos que, por meio de suas pesquisas acerca do que há de melhor e de mais positivo nos seres humanos e em suas vidas, vislumbraram a possibilidade de vivermos com mais bem-estar e criando um mundo melhor para todos. 45 Este capítulo tem como objetivo apresentar informações básicas e essenciais ao entendimento do que é a Psicologia Positiva e de sua trajetória, além do que ela pode trazer de novo à vida das pessoas, por meio da apresentação das teorias até hoje divulgadas, bem como pela apresentação descobertas e projetos que vem sendo desenvolvidos por diversos estudiosos da área, tendo sido escolhidos os trabalhos que trariam maior contribuição para embasar o nosso argumento. Estes estudiosos com perguntas significativas, buscaram respostas ainda melhores. Alguns deles continuam na trajetória do que se pode descobrir para tornar a vida dos seres humanos melhor e mais significativa. 2.1. Algumas Palavras Abordar o tema da Psicologia Positiva num trabalho de monografia no Brasil é de muita importância, tendo em vista o crescente vulto que o assunto vem tomando em diversos países no mundo, mas que ainda não estampa de forma tão abrangente e legítima no meio acadêmico nacional. O firmamento e a disseminação de uma nova abordagem psicológica do ser humano, engrandecendo o valor das qualidades humanas é muito relevante e, dessa forma, percebemos econstatamos a emoção que mencionam Snyder e Lopez (2009), quando destacam que: ”Raramente um estudante tem a oportunidade de testemunhar a construção de um novo campo desde o princípio.” (SNYDER & LOPEZ, 2009). E é esta emoção, é este interesse de novos estudantes que poderá contribuir com o crescimento e a importância deste movimento. Em um pouco mais de uma década, a Psicologia Positiva não apenas chamou a atenção da comunidade acadêmica, mas também do público de uma maneira geral. (PETERSON, 2013). Segundo Snyder e Lopez (2009), a Psicologia Positiva se encontra em período de expansão, em especial, quanto à influência das novas ideias que aborda para chamar a atenção no campo da Psicologia e das pessoas como um todo. (SNYDER & LOPEZ , 2009) 46 Comparando as buscas para “positive psychology” feitas no Google3, por Christopher Peterson e indicadas em épocas diferentes em seu artigo “What is Positive Psychology, and What Is It Not?”, é possível verificar o crescimento desse interesse ao longo de cinco anos. CRESCIMENTO DO INTERESSE NA PSICOLOGIA POSITIVA ANO QUANTIDADE DE LINKS EVOLUÇÃO EM 5 ANOS 20084 419.000 1.921.000 20135 2.340.00 Quadro 9: Em cinco anos, aproximadamente, verifica-se um aumento de 1.921.000 links para o tema. Já na busca no Google, em junho de 2013, encontramos para “psicologia positiva”, a quantidade de 282.000 links, considerando, neste caso, a busca em português que engloba outros países usuários da língua que não apenas o Brasil, ou seja, uma diferença de mais de 2.050.000 links comparados com a pesquisa na língua inglesa. (GOOGLE, 2013) Ratificando o interesse de estudiosos e do público, já são mais de 2 milhões de usuários do website Authentic Happiness, homepage de Martin Seligman, fundador da Psicologia Positiva, da Universidade da Pensilvânia. (AUTHENTIC HAPPINESS, 2013a) 2.2 Definições Neste item, temos a intenção de permitir o conhecimento do que é a Psicologia Positiva, fazendo uma exposição pertinente, em especial, das missões da ciência da Psicologia, para que haja o melhor entendimento deste novo estudo, tema deste trabalho. 3 Site de busca na Internet. 4 Artigo publicado no site Psychology Today (PETERSON, 2008) 5 Artigo publicado no livro Pursing The Good Life (PETERSON, 2013). 47 Inicialmente, de forma a situar o leitor, destacamos que o termo Psicologia Positiva é delegado a Martin E. P. Seligman, que desde 1998, quando Presidente da American Psychology Association, vem se dedicando ao estudo do que há de melhor no ser humano e é considerado historicamente como um de seus fundadores. (PORTELLA, 2011) Inclusive Snyder e Lopez (2009) dão destaque a Seligman por ele ter dado início à exploração do interesse da Psicologia Positiva e por ter lhe dado o nome (SNYDER & LOPEZ, 2009) Apresentada esta primeira informação, devido à expansão que o estudo da Psicologia Positiva teve na última década, consideramos importante apresentar as definições e afirmações que vem sendo feitas sobre o que é a Psicologia Positiva por autores de muita relevância neste campo de estudo. Contudo, para isso, é preciso destacar algumas observações pontuais sobre o norte que foi se delineando ao longo dos estudos da ciência da Psicologia, de forma a compreender as definições sobre este novo movimento e seus objetivos. A Psicologia, anteriormente ao evento da Segunda Guerra Mundial, tinha três missões distintas, a saber: - curar doenças mentais; - tornar a vida das pessoas mais produtiva e cheia de satisfação; e - identificar e desenvolver talentos. (CSIKSZENTMIHALYI & SELIGMAN, 2000). Logo após a Segunda Guerra Mundial, dois eventos mudaram a face da Psicologia: - A fundação em 1946 da Veterans Administration que levou muitos psicólogos a se dedicarem ao tratamento de doenças mentais, para ganharem a vida dessa forma; e - A fundação, em 1947, do National Institute of Mental Health, quando os acadêmicos consideraram que poderiam angariar recursos para suas pesquisas em doenças mentais. (SELIGMAN, 1998; CSIKSZENTMIHALYI & SELIGMAN, 2000). 48 Esta concentração na reparação dos danos das doenças trouxe inúmeros benefícios para o entendimento de terapias de transtornos mentais, entretanto as duas outras missões da Psicologia foram praticamente esquecidas. (CSIKSZENTMIHALYI & SELIGMAN, 2000). Peterson (2006) destaca que a ênfase no estudo das patologias, apesar dos seus ganhos, teve um custo. Muitos profissionais da Psicologia científica negligenciaram o estudo do que está certo com as pessoas e frequentemente têm apenas pouco a falar sobre a boa vida. (PETERSON, 2006) O que psicólogos positivos estão dizendo apenas é que os últimos sessenta anos da Psicologia estão apenas incompletos. E isso demanda um mar de mudanças na sua perspectiva. (PETERSON, 2006) Neste contexto, a Psicologia Positiva tem a intenção de começar a catalisar o foco da Psicologia da preocupação única de reparar as piores coisas da vida para a construção de qualidades positivas. (CSIKSZENTMIHALY & SELIGMAN, 2000) Em 1998, Seligman afirma que a Psicologia não é apenas o estudo da fraqueza e do dano, mas ainda o das qualidades e das virtudes humanas, considerando que tratar alguém não deve significar apenas consertar o que está errado, mas nutrir o que há de melhor em cada pessoa. (SELIGMAN, 1998). Da mesma maneira, Csikszentmihalyi e Seligman (2000) reiteram, em 2000, que os tratamentos não devem apenas consertar o que está quebrado, é preciso nutrir o que há de melhor, devendo ser a Psicologia também o estudo de forças e virtudes. (CSIKSZENTMIHALYI & SELIGMAN, 2000) Não há absolutamente a intenção de desconsiderar a importância e a necessidade de curar e tratar o que vai mal às pessoas e em suas saúdes emocionais e mentais. Procura-se com a Psicologia Positiva encarar o ser humano como possuidor de qualidades, virtudes e forças humanas que possibilitem uma vida melhor e mais feliz. Percebe-se que não há a intenção de descartar ou rivalizar com os estudos de Psicologia voltados aos danos feitos até então. O que Seligman (1998) descobre e divulga, em seu artigo Building Humans Strengths: Psychology`s Forgotten Mission, é que algumas qualidades humanas servem 49 como “para-choque” contra doenças mentais: coragem, otimismo, habilidade interpessoal, ética no trabalho, esperança, honestidade e perseverança. (SELIGMAN, 1998). E afirma, ainda, que as principais teorias psicológicas mudaram para ser o alicerce de uma nova ciência de qualidades e resiliência e que por meio de sua prática haverá a prevenção dos principais transtornos mentais. (SELIGMAN, 1998) Com sentido similar, Peterson (2013), um dos pioneiros da Psicologia Positiva, afirma que este é um chamado para que o estudo e a prática da Psicologia sejam tão preocupados com as forças como com as fraquezas, tão interessados em construir as melhores coisas da vida como em reparar o pior, e preocupados em fazer da vida das pessoas comuns cheias de significado como também combater doenças. (PETERSON, 2013). Com outra conotação, Peterson (2013) reflete que a Psicologia Positiva é um termo guarda-chuva que engloba o trabalho de muitos, incluindo ele próprio, que atenderam a recomendação de estudar cientificamente o que faz a vida das pessoas ter importância. (PETERSON, 2013) Snyder e Lopez (2009), lembrando-se das contribuições de Donald Clifton, a quem chamam de avô da Psicologia Positiva, destacam a energia deste em desenvolver a ideia de que as qualidades dos seres humanos devem ocupar o primeiro lugar da agenda da Psicologia. (SNYDER & LOPEZ, 2009) Para Csikszentmihaly e Seligman (2000), a Psicologia Positiva é uma ciência: - No nível subjetivo: das experiências positivas subjetivas, que inclui,
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