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ANTIDEPRESSIVOS ANSIEDADE X MEDO Tanto a ansiedade quanto medo são sentimentos que se tornaram essenciais para a sobrevivência do ser humano ao longo do tempo, sendo adaptações fisiológicas muito essenciais para garantir a sobrevivência. No entanto, eles possuem diferenças entre si: a ansiedade é o sentimento de caráter antecipatório, ou seja, ocorre antes daquele determinado fato preocupante, é um risco em potencial como por exemplo, prova ou apresentar seminário, além disso, é um tipo de sentimento provocado por gatilhos internos, ou seja, algumas pessoas são mais ansiosas do que outras, ficam mais nervosas em épocas de prova ou de tutoria por exemplo. A ansiedade possui uma relação muito intima com a depressão. Já o medo é um sentimento de caráter imediato, associa- se a uma ameaça iminente, um risco real que pode levar a problemas na integridade física ou emocional daquele indivíduo. É causado na maioria das vezes por gatilhos do tipo externos, ou seja, geralmente os indivíduos irão ter a mesma reação frente a situações de medo, como exemplo se um leão aparece na frente de um grupo de pessoas, a grande maioria teria a reação de sair correndo ou entrar em desespero. É por esse motivo, que o medo é um tanto mais genérico que a ansiedade. Tanto a ansiedade, quanto o medo são sentimentos de aspecto fisiológico. No entanto, quando começam a ter interferência na rotina e na produtividade do indivíduo no dia a dia passa a ter um caráter patológico e que leva ao descompasso entre a fisiologia da sobrevivência e a tal da patologia. Vale lembrar que a ansiedade principalmente e o medo, estão associados diretamente as condições social que o homem está sujeito, em outras palavras é como se todas as preocupações, as emoções, rotinas estressantes fossem um fator social que ultrapassou os limites até da biologia e do desenvolvimento biológico do ser humano levando a quadros de ansiedade e medo frequentes. MANIFESTAÇÕES DA ANSIEDADE As manifestações de ansiedade ou de crises de ansiedade são bastante clássicas e perceptíveis para quase todas as pessoas, que geralmente todos já sofreram de algum tipo de crise. Os principais sintomas estão associados ao SNA simpático especificamente, os sintomas somáticos inclui taquicardia, sudorese, tremores, distúrbios no TGI, além de agitação e insônia. Trazendo para situações reais, é muito comum que antes de apresentar algo, de algum jogo importante você fique ansioso, não consiga dormir à noite, tenha dores barriga e o coração fica disparado e começa a suar “frio”. Quando essa ansiedade passar a ocorrer rotineiramente e ganha um caráter cotidiano, problemas relacionados a perda ou falta de atenção, perda ou diminuição da concentração e fadiga levando a exaustão são sintomas frequentes e um tanto quanto perceptíveis nos indivíduos. Geralmente ansiedade e medo estão classificadas lados opostos, sendo a ansiedade situações mais suportáveis como a própria ansiedade generalizada, o transtorno do tipo obsessivo compulsivo (TOC) e a ansiedade social, já os outros sentimentos como fobias de baratas, palhaços ou insetos começam a evidenciar o medo, um perigo mais eminente. Casos extremos de medo como situações de pânico grave ou estresse pós-traumático são exemplos ideias do sentimento de medo, em que a pessoa torna-se incontrolável. É importante em casos de depressão saber se a doença associa-se mais a sintomas de ansiedade ou de medo, já que em casos de ansiedade usa-se fármacos relacionados a noradrenalina, enquanto em casos de maior relação com o medo, usa-se principalmente os farmacos ligados a serotonina. BASES NEUROQUÍMICAS DA DEPRESSÃO Assim como a maioria dos problemas relacionados ao SNC a ansiedade e consequentemente a depressão estão mais relacionados ao desbalanço entre as vias ansiolíticas e as vias ansiogênicas do SNC, especialmente as vias da NA e da serotonina. Um dos principais fatores de origem da depressão são o estresse e a ansiedade crônica, principalmente se ocorre de forma recorrente e cotidiana na vida das pessoas. O que nos leva novamente a questionar sobre a evolução social do homem em prol da sua evolução biológica e os problemas que isso causa devido esse desbalanço. Sobre a noradrenalina é um neurotransmissor essencial que possui como precursor a tirosina, que se converte em dopamina e posteriormente em noradrenalina na vesícula terminal do neurônio. A noradrenalina é liberada após o recebimento de um potencial de ação e apresenta alguns receptores pré-sinápticos com destaque para os receptor α2 adrenérgico (autorreceptor) e ainda receptores tipo pós-sinápticos que se encontram no outro neurônio. O principal destaque da transmissão noradrenérgica se dá em dois fatores e alvos de ação farmacológica: o primeiro deles é que a noradrenalina necessita ser recaptada para o interior do neurônio para que apenas lá seja degradada pela monoaminas oxidase também conhecida como MAO é nesses locais em que se encontram os principais alvos e mecanismos farmacológicos (receptação e degradação). Já a via serotoninérgica não apresenta grandes diferenças quanto a via noradrenérgica, com exceção do percursor de serotonina ser o triptofano e não a tirosina, a 5HT é um neurotransmissor que possui autorreceptores e também receptores pós-sinápticos. Os alvos farmacológicos são os mesmos que na noradrenalina, a receptação serotonina e a degradação pelas monoaminas oxidase (MAO) dentro dos neurônios. Ainda que ambos os neurotransmissores relacionam-se com a depressão, a serotonina é a principal molécula que está relacionada com essa doença. O maior problema da serotonina é que possui inúmeros receptores que atuam de maneira distinta e muitas vezes relacionados a outros tipos de neurotransmissores como a dopamina, levando a problemas adversos devido ao uso de farmacos que visam controlar, aumentar ou diminuir os níveis de serotonina no organismo. Alguns efeitos indesejados como comportamento sexual, náuseas, vômitos, sono, motilidade do TGI, apetite, além de ereção são funções fisiológicas afetadas pelo manejo dos níveis de serotonina no organismo. NEUROBIOLOGIA DA DEPRESSÃO Antes de iniciar a depressão em si, é necessário distinguir depressão de transtornos de humor. Os transtornos de humor incluem tanto os transtornos depressivos como os transtornos bipolar, sendo muito comum a presença de humor deprimido, anedonia e negatividade. Outros tipos de sintomas como sentimento de culpa e desvalia, além de perda de atenção, de memória e concentração, com fadiga, perda de energia e de libido. Muitas vezes podem aparecer sintomas como perda de peso, apetite e sono, além de pensamentos relacionados a morte. A depressão possui incidência maior em mulheres do que em homens (contexto de 2 para 1), geralmente doenças associadas a ansiedade são mais comuns em mulheres ou pessoas do sexo feminino. Os fatores podem ser de causa genética (endógeno) que compreende uma parcela muito pequena dos casos ou fatores externos ou reativos que são causados por fatores do ambiente. A depressão pode ser ainda uma manifestação secundaria ou em segundo plano, sendo consequência de algo como por exemplo do uso de drogas, tanto de abusos como de farmacos (antipsicóticos por exemplo) ou de condições medicas como uma doença terminal ou dores crônicas. A depressão é uma doença um tanto quanto complexa já que possui características únicas e exclusivas como por exemplo, em indivíduos que possuíram crises depressivas tendem a apresentar cada vez mais chances apresentar novamente essas crises, e assim por diante, piorando os prognósticos da doença. Outra peculiaridade da depressão está relacionado ao seu tratamento, que no primeiro momento, o paciente pode apresentar manutenção ou até piora dos sintomas que ele possui dentro do quadro de depressão. A partir de mais ou menos quatro meses de tratamento é que os efeitoscomeçam a surgir, sendo muito importante orientar o seu paciente quanto a isso já que a piora dos sintomas que ocorre no início do tratamento podem levar ao abandono do próprio tratamento. O abandono precoce ou quando inacabado do tratamento leva ao aumento da incidência de novos episódios do tipo recorrentes. Sendo essencial que o paciente faça esse tratamento a longo prazo e por um período prolongado e corretamente a fim de evitar episódios depressivos como relapsos ou recaídas e até mesmo episódios recorrentes. Observa-se nesse gráfico que no início do tratamento, na fase aguda, ocorre a melhora do quadro de síndrome, mas a piora no aparecimento dos sintomas, o que pode muitas das vezes levar ao abandono do tratamento e a presença de recaídas que levam o paciente novamente ao estado de síndrome depressiva. Portanto, a depressão é decorrente de inúmeros fatores sejam eles associados ao ambiente como problemas de condições sociais, problemas relacionados as fases vida e ao amadurecimento, episódios de tristeza, personalidade e experiências previas da vida. Condições médicas e o uso de drogas, tanto licitas quanto ilícitas também estão mais associadas aos quadros de depressão. BASES NEUROANATÔMICAS DA DEPRESSÃO As principais alterações anatômicas relacionam-se com a fisiopatologia da depressão, especificamente, é possível observar que ocorre uma atrofia de algumas regiões tanto do córtex quanto de outras estruturas principalmente o hipocampo (estrutura do sistema límbico responsável por memória, principalmente). Essa atrofia ocorre devido à perda de neurônios e também de células da glia, o que leva ao aumento dos ventrículos também, muito igual ao que ocorre na doença de Alzheimer. É possível observar todos esses achados clínicos em exames de imagem. Outra área anatomicamente afetada são amigdalas, uma área também do sistema límbico responsável por controle de reações iniciais de medo, ansiedade e outras emoções que se relacionam com o estresse. É por esse motivo que muito se diz sobre o estresse e problemas emocionais são associados a depressão, e no caso, as amigdalas estão em hiperativação, destacando ainda mais essa hipótese. Outras áreas do córtex geralmente encontram se mais em hipoativação, ou seja, estão em menores estados do que são normalmente encontradas. O que leva a problemas cognitivos, entre outros. BASES NEUROENDÓCRINAS DA DEPRESSÃO Como o próprio nome já diz, essa base leva consideração o caráter endócrino na depressão, centrada diretamente pelo aumento de cortisol em pacientes com depressão. Esse aumento do cortisol está relacionado com o estresse crônico que vem a provocar desbalanço no eixo HPA no sistema nervoso e endócrino. As amigdalas responsáveis por ativarem o hipotálamo, em casos de depressão, há o aumento demasiado da amigdala (hiperativação) que leva ao aumento da atividade do hipotálamo, que por sua vez faz com que as adrenais aumentem os níveis de cortisol que são liberados no organismo. Esse cortisol em excesso, apresenta a mesma função do glutamato, tendo uma neurotoxicidade importante que faz com que ocorre atrofia do hipocampo e do córtex, que são responsáveis pela inibição do eixo HPA. Em outras palavras, ocorre um “looping” de efeitos, que leva ainda a problemas nas zonas inibitórias do eixo HPA que são mais conhecidos como o hipocampo e o córtex pré-frontal. Isso explica ainda a atrofia encontrada nessas regiões também além da hiperativação da atividade da amigdala, o que mostra intima relação das bases anatômicas com a base endócrina. BASES NEUROFISIOLÓGICAS E SINÁPTICAS DEPRESSÃO A principal base neurofisiológica e sináptica relaciona-se com a “Teoria Monoaminérgica” da depressão, em que ocorre redução, ainda não sabe-se a causa dessa redução, das monoaminas nas fendas sinápticas, especialmente da noradrenalina, serotonina e um pouco menos dopamina. A serotonina (5HT) é um neurotransmissor como já foi dito que possui receptores pré-sinápticos com maiores afinidades, com função de inibir a liberação de serotonina caso os níveis estejam elevados ou já se encontre essas substancias na fenda. E possui ainda receptores do tipo pós-sinápticos que são aqueles localizados especialmente nos neurônios que irão prosseguir com a transmissão do potencial de ação. Na depressão ocorre diminuição na liberação de 5HT, e para piorar, a pouca serotonina presente se liga ainda nos receptores pré-sinápticos por possuir maior afinidade e faz com que o neurônio entenda que já existe um nível ideal de serotonina na fenda, inibindo a liberação e tendo causado uma piora maior ainda nos níveis de 5HT. Quando se tem diminuição dos neurotransmissores na fenda sináptica por um longo período de tempo, o próprio organismo adota um mecanismo de compensação que consiste em aumentar o número de receptores na fenda sináptica, provocando uma suprarregulação desses tipos de receptores. Quando inicia-se o tratamento com os antidepressivos, esses fármacos atuam aumentando os níveis de serotonina na fenda sináptica por diversos tipos de mecanismos, esse aumento de serotonina na fenda e o aumento de receptores provocados anteriormente faz com que o paciente apresente reações adversas no início do tratamento, mais especificamente, hipersensibilidade que provoca piora nos sintomas depressivos no início do tratamento. É por esse motivo que os efeitos dos fármaco não apresentam-se imediatos logo após o início do uso. Com o passar do tempo, ocorrer uma dessensibilizaçao do receptores, diminuindo de quantidade a partir de alguns mecanismos de neuroadaptação e os efeitos desejados do uso dos antidepressivos começam a aparecer. Por isso que é importante sempre explicar aos pacientes que no início do tratamento, os sintomas podem piorar, mas que a longo prazo esses efeitos desejados irão aparecer. Os psiquiatras costumas dizer que pacientes que possuem maior quantidade de sintomas paradoxais no início do tratamento tendem a responder melhor futuramente. Uma observação se diz relacionada a pacientes sintomas de intenção de suicídio ou idealização de morte. Nesses pacientes, uso de antidepressivos podem ser gatilho para que ocorra um evento ou tentativa de suicídio, sendo um fato extremamente complexo e de atenção máxima para que sejam evitados casos como esse. Em geral, essa teoria Monoaminérgica é comprovada por inúmeras provas cientificas e constitui a base principal do uso dos antidepressivos. É importante salientar que em quase todos os livros, apenas essa teoria é citada. BUSPIRONA COMO AGENTE ANSIOLÍTICO A buspirona é um fármaco sedativo hipnótico mas com um perfil muito diferente dos benzodiazepínicos e quiçá dos barbitúricos. Esse fármaco apresenta-se como tipo o antagonista ou agonista parcial de serotonina. Essa dinâmica farmacológica é essencial já que sempre o mantem os níveis de serotonina em padrão intermediário por exemplo: casos os níveis estejam elevados, o fármaco atua como antagonista, reduzindo os níveis e quando o nível encontra-se baixo, o fármaco atua aumentando de forma parcial os níveis de serotonina. Atualmente não é muito usado para ansiedade por causa do tempo de latência ser de 21 dias, assim como farmacos antidepressivos, o que leva os benzodiazepínicos serem mais usados para controle de ansiedade aguda e também não é usado em casos de depressão por ser substituída pelos antidepressivos. É utilizada mais em casos comuns de ansiedade generalizada e em ansiedade associada com a depressão. Como vantagens apresenta perfil desejado tolerável com pouca sedação, não prejudica a memória, possui pouco ou quase nenhum efeito motor e não provoca nenhum tipo de dependência ou tolerância. Sendo melhor que os benzodiazepínicos, apesar de menos utilizados. Como desvantagens provoca náuseas, vômitos, fome e diarreia ou constipação, além de tontura, cefaleia, fadiga e inquietação, principalmenteno início do tratamento assim como ocorre com os antidepressivos devido ainda ao período de latência. BASES NEUROTRÓFICAS DA DEPRESSÃO É uma teoria ainda muito recente mas que se baseia em níveis de BNDF (Fatores Neurotróficos Derivados Cérebro) responsável por garantir a plasticidade e a neurogenese do SNC. Na depressão ocorre diminuição dos níveis de BNDF que leva a uma diminuição da plasticidade, que corresponde a capacidade do sistema nervoso possui de se adaptar as modificações, em outras palavras, de se tornar de certa forma mais maleável e leva a diminuição da neurogenese que corresponde a capacidade de originar novas células nervosas. As principais causas e muito relacionadas as bases que já foram citadas anteriormente como o estresse que leva ao aumento de cortisol e também do glutamato, ambos são neurotóxicos e provocam atrofias corticais e inibição do hipocampo por exemplo. Todas as bases estão conectada entre si de alguma forma, sem necessariamente causa primária entre elas. As monoaminas reduzidas favorecem os efeitos neurotroficos que são causados, e os antidepressivos normalizam ainda as neurogenese deficiente. Talvez seja por isso que os efeito antidepressivos são latentes, já que pode ser que seja necessário uma restauração da neurogenese primeiro para que depois os efeitos desejados comecem surgir. TRATAMENTOS E INTERVENÇÕES DA DEPRESSÃO O tratamento da depressão não é algo determinado e certo pela medicina, ou seja, aquele tipo de tratamento em que a receita médica ou farmacos específicos podem resolver o problema imediatamente. Muito pelo contrário a farmacoterapia não é a primeira escolha de muitos dos médicos psiquiatras. Escolhas ou abordagens alternativas como acupuntura podem ser técnicas interessantes que visam melhorar os quadros de depressão, estresse e ansiedade. Abordagem psicoterápicas são bastante recomendadas, ainda mais em casos de depressão mais leve ou moderada, que pode ser resolvida sem necessariamente o uso de farmacos. ANTIDEPRESSIVOS Os antidepressivos são farmacos de primeira escolha para muitos transtornos associados ao sistema nervoso: obvio para tratamento de transtornos depressivos, são utilizado ainda para transtorno bipolar, transtorno de ansiedade como TOC e PTSD, além de transtornos alimentares e para dor crônica ou neuropática. É estudado ainda o uso de antidepressivos pós ocorrência de AVE já que esses farmacos elevam os níveis de todas as monoaminas e ainda, permitem uma melhora quadro da neurogenese deficiente, podendo ser útil após um caso de acidente vascular encefálico. E por fim, são usados em transtornos de sono, dependência e disfunções sexuais ainda que não sejam uma primeira escolha ideal. Alguns entraves levam a piora da adesão a terapêutica da depressão e prognostico como: o estigma social, aliado ao preconceito com as doenças relacionadas a psiquiatria e a rotulação de “loucos”, problemas religiosos, sociais e culturais prejudicam ainda mais a procura de ajuda, que leva a piora dos sintomas e piora no prognostico e chance de recuperação da doença. Problemas relacionados ao tratamento como o tempo do tratamento ter que ser realizado por um longo período cronicamente de cerca de 2 anos, a severidade e duração dos episódios diminuem a eficácia do tratamento, e ainda a própria latência dos efeitos desejados seguidos de uma piora inicial dos sintomas levam ao abandono em boa parte do tratamento. Cerca de 30% a 40% são refratários. Embora se tenha vários tipos de antidepressivos hoje no mercado, todos esses farmacos possuem eficácia muito similar entre si, o que restringe muito o uso, e ainda mais não permite que o paciente consiga utilizar outros tipos de farmacos da mesma classe com perfil muito menos agressivo do que outros já que são todos semelhantes. Devido a latência dos efeitos terapêuticos que farmacos antidepressivos possuem, geralmente se associa uso dos antidepressivos com benzodiazepínicos que são sedativos com caráter ansiolítico para controlar os sintomas que aparecem (sintomas paradoxais) no começo tratamento, em especial aumento da ansiedade e agitação que pode levar por exemplo, a idealização do suicídio. Outros problemas como o ajuste da dose for empírica e sutil, o que pode acarretar no desenvolvimento de vários sintomas adversos relacionados aumento da dose, além do aumento no risco de suicídio, 50% mantem sintomas depressivos e existe a síndrome de retirada tratamento a longo prazo devido uma neuroadaptação, é por isso que deve-se retirar os farmacos gradualmente a fim de evitar o rebote do organismo (existe uma tendência de que os antidepressivos podem provocar dependência, apesar de ser uma droga prescrita). RACIONAL TERAPÊUTICO DOS ANTIDEPRESSIVOS O racional terapêutico dos antidepressivos baseia-se no aumento da disponibilidade das monoaminas na fenda sináptica, principalmente de serotonina e noradrenalina que são fundamentais no desenvolvimento da depressão. Os mecanismos de controle está baseado em duas etapas da síntese e liberação desses neurotransmissores: sendo a primeira delas atuando nas monoaminas oxidase ou na MAO responsável pela degradação dessas catecolaminas no neurônio. Enquanto o segundo mecanismo que sofre a ação dos antidepressivos está relacionado com a parte de receptação das monoaminas da fenda sináptica pelos neurônios para serem degradadas posteriormente pelas MAO. Os antidepressivos vão atuar impedindo ou inibindo as moléculas da MAO (inibidores da monoaminas oxidase) ou atuando inibindo a receptação tanto de serotonina como é o caso dos inibidores da receptação de 5HT ou na inibição de ambas as monoaminas como é o caso fármaco da classe de antidepressivos tricíclicos. INIBIDORES DA MONOAMINA OXIDASE (iMAO) A MAO ou monoaminas oxidase é uma enzima função de degradação das monoaminas, localizam-se especialmente nas mitocôndrias no terminal pré-sináptico e é principal alvo dos farmacos dessa classe. Ao inibir a MAO, ocorre uma diminuição na degradação dessas monoaminas, consequentemente maior disponibilidade delas na sinapse e maior é a liberação na fenda sináptica o que corresponde ao racional terapêutico da depressão já comentado. Alguns exemplos de farmacos como a Monclobemida e a Tranilcipromina são farmacos muito antigas e que não possuem genéricos no Brasil, principalmente devido ao pouco uso deles atualmente. Sendo o primeiro fármaco mais vantajoso por ser um inibidor reversível da MAO e evitando interações como a reação do queijo, já o outro fármaco é um inibidor irreversível da MAO e não seletivo o que aumenta e muito as chances de efeitos que são indesejados. Um dos efeitos adversos do uso desses antidepressivos da classe dos inibidores da MAO está relacionada interação com alimentos fermentados, principalmente vinhos e os queijos que liberam tiramina no organismo. A tiramina é uma molécula com ação simpatomimética indireta, ou seja, estimula o sistema nervoso simpático a partir de um mecanismo indireto: nesse caso, a tiramina é responsável por aumentar a liberação de noradrenalina nas fendas sinápticas, e consequentemente, aumentar a expressão do sistema nervoso simpático. Quando ocorre interação com farmacos inibidores da MAO, os níveis de NE passam a uma elevação exorbitante o que pode provocar efeitos colaterais como a “reação do queijo”, hipertensão, que pode levar ao aumento das chances de AVE, associada com aumento da pressão craniana e cefaleia. Entre os efeitos indesejados do uso desses farmacos estão agitação, tremores, insônia e convulsões, especialmente em indivíduos que já possuem hiperexitação neuronal e sofre de crises epilépticas. Possui ainda efeitos do tipos anticolinérgicos como boca seca e disfunção sexual, além de aumento do apetite e consequentemente do peso. Potencializa os efeitos simpatomiméticos indiretos como os anfetaminicos, tendo uma ação aumentadado sistema simpático. Provoca crise hipertensiva e hipertemia, além de inibição enzimática CYP450 e hepatotoxicidade. Porém é mais eficaz em pacientes refratários (cerca de 30% até 40%). ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS (ADTs) São antidepressivos que recebem esse nome por terem em sua molécula três cadeias de carbono. Apresenta um custo mais baixo, e com disponibilidade de genéricos, mas não é tão utilizado devido ao perfil indesejado vasto. Alguns representantes dessa classe são a Amitriptilina, a Nortripitilina, Imipiramina, Desipiramina e Clomipramina todos possuem genéricos e estão disponíveis na rede de saúde pública. Esses farmacos são inibidores não seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina. Ou seja, atuam tanto na inibição da recaptação de serotonina como noradrenalina aumentando ambas as vias e as transmissões respectivas desses neurotransmissores. É utilizado ainda em casos em mais particulares como depressão psicótica já que esses farmacos antidepressivos tricíclicos possuem um efeito de caráter sedativo bastante elevado. Além disso é utilizado assim como os inibidores da MAO para pacientes refratários da depressão, uma parcela um tanto quanto elevada, cerca de 30% a 40%. E pode ser usado em casos de dor neuropática, por atuar tanto na via serotoninérgica como na via noradrenérgica da dor, em que se tem uma melhora dos sintomas, diferentemente dos opioides por exemplo, que só atuavam geralmente na via serotoninérgica da dor. Os efeitos indesejados estão associados ao caráter não seletivo dos antidepressivos tricíclicos que podem ainda se ligar a outros receptores provocando: efeito relativos anti-histamínicos causando sedação, aumento do apetite e aumento de peso, efeito anticolinérgico que pode levar a bradicardia, retenção urinaria e aparecimento até de arritmias devido a desregulação do parassimpático no musculo cardíaco, além de boca seca e disfunção sexual já que o parassimpático é fundamental para ereção, em especial nos homens. Pode promover ainda efeitos que se relacionam ao sistema cardiovascular pela ligação com os receptores α1 adrenérgicos atuando como antagonistas e promovendo hipotensão que pode levar a taquicardia do tipo reflexa, por exemplo. É importante que se tenha em mente problemas possíveis da interação entre os antidepressivos tricíclicos e outras drogas como inibidores da MAO (provoca hipertensão, convulsões e coma), álcool e outros depressões do SNC que podem levar sedação toxica e farmacos adrenérgicos bloqueando sua ação e impedindo os efeitos desejados da ação desses farmacos em específicos. Outros efeitos indesejados mais graves dos farmacos da classe dos antidepressivos tricíclicos são: diminuição do limiar convulsivo, já que ocorre uma hiperativação nas conduções nervosas por conta do aumento desses tipos de neurotransmissores, o que pode levar pacientes com epilepsias que já são hiperativados quadros de convulsão mais facilmente. Outra complicação e mais importante é o prolongamento da onda QT, que leva a consequente arritmia e quadros graves de “Torsade de Pointes”, podendo desregular todo o clico cardíaco e os batimentos síncronos do coração devido a problemas na transmissão. O rebote colinérgico é outro efeito que pode ocorrer em casos de parada do uso desses farmacos, já que devido ao longo período de efeito anticolinérgico, o organismo fez mecanismos compensatórios de aumento dos receptores de ACH. Quando se tem aumento novamente desses tipos de neurotransmissores, ocorre uma hipersensibilizarão semelhante ao que ocorre no início do tratamento agudo da depressão. Possui uma janela terapêutica bastante estreita que pode levar a complicações toxicas, principalmente sobredose que pode levar a delírio, mania, coma, além de arritmias e morte súbita. É muito comum que o uso antidepressivos tricíclicos estejam associados a tentativas de suicídio com uso em doses muito elevadas. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE 5HT (ISRS) Os ISRS são os farmacos mais novos para tratamento da depressão e que revolucionaram o mercado de farmacos para essa doença. Muito disso se deve ao mecanismo de ação de ser um seletivo para recaptação de serotonina e muito pouco para noradrenalina, garantindo um perfil do tipo mais seguro e tolerável. Os principais representantes são a Fluoxetina conhecido comercialmente como Prozac, Sertralina conhecida como Assert comercialmente e o Citalopram. Todos encontrado no Brasil e possuem medicamentos genéricos, o que leva a ser uma grande vantagem. O uso desses farmacos está sendo tão comum, não apenas tratamento depressão que a geração atual chega é denominada de “Geração Prozac” devido ao uso. Sendo inclusive primeira escolha para o tratamento de quadros de ansiedade, em prol sedativos e hipnóticos devido seu perfil extremamente seguro. Esses fármacos possuem ainda uma janela terapêutica um tanto mais segura e ampla, diminuindo as chances de tipo intoxicações medicamentosas, diferente dos outros. Além disso é utilizada para o tratamento de transtornos pós-traumático, transtornos obsessivos compulsivos e de transtornos alimentares, em especial, bulimias. Possui um mecanismo muito diferencial que é a inibição recaptação de dopamina (principalmente a Sertralina) podendo atuar na diminuição dos problemas relacionados a disfunção sexual já que a dopamina está associada intimamente com sensações de prazer e libido (sistema límbico e ainda via mesolímbica) e pode ser associada no tratamento de pacientes com esquizofrenia. Vale lembrar que os efeitos cardíacos são praticamente nulos com esses farmacos por não possuírem ação na NE no organismo. Possuem um pequeno aumento de peso e do apetite, mas em menores proporções que os outros farmacos já citados. Como efeito indesejado não contempla os pacientes que são refratários, como no caso dos outros antidepressivos e não é necessariamente mais efetivo, mas são bastante mais seguros. O perfil indesejado desses farmacos estão relacionados principalmente com dois alvos específicos: problemas no TGI e problemas sexuais. Dentre os problemas sexuais estão a diminuição do libido, frigidez e anorgasmia que é a incapacidade de atingir o orgasmo que pode explorado na clínica principalmente para o uso de pacientes que tem ejaculação precoce, retardando o tempo de atingir níveis do orgasmo. Vale lembrar que esses efeitos relacionados a disfunção sexual leva a problemas em aderir tratamento principalmente para a população masculina. Por um raciocínio básico, uso de farmacos com disfunção sexual são utilizados na clínica para diminuir a excitação sexual em casos de ejaculação precoce, tendo um efeito contrário. O principal fármaco utilizado no Brasil para esse fim é a Paroxetina, um inibidor da recaptação serotonina. OBS: Em excesso, a serotonina reduz a libido, quando em falta, o hormônio acarreta em um aumento significativo do apetite sexual. Ela é uma das responsáveis pela sensação de felicidade e bem-estar que sentimos ao estarmos próximos de quem amamos. Os efeitos relacionados ao TGI são comumente frequente com destaque para náuseas, vômitos, aumento da fome e do apetite, diarreia, constipação, e até anorexia. Outros efeitos relacionados a serotonina, que é também um tipo de neurotransmissor que provoca vasoconstrição região encefálica pode provocar tontura, cefaleia, fadiga e ainda agitação. Atuam assim como os outros farmacos na inibição enzima CYP2D6 que pode diminuir metabolismo dos farmacos tricíclicos (ADT). Síndrome da Interrupção: assim como outros farmacos da classe dos antidepressivos, os ISRS também possuem uns efeitos colaterais quando se é interrompido o tratamento como tontura e parestesias. Farmacos com aumento do tempo de meia vida reduzem os efeitos dessas síndromes já que continuam fazendo efeito no organismo por mais tempo. Síndrome serotoninérgica: essa síndrome ocorre quandose tem a interação entre os farmacos ISRS e os inibidores da MAO (iMAO), fazendo com que se tenha aumento dos níveis de serotonina exponencialmente gerando efeitos como hipertemia, tremor, problemas cardiovasculares e até em casos mais graves, morte. A sobredose desses medicamentos, ainda que muito rara quando usados exclusivamente, podem provocar quadros de arritmia e morte súbita (muito pouco comum). ANTIDEPRESSIVOS “ATÍPICOS” Esses antidepressivos denominados atípicos englobam uma série de farmacos com mecanismos de ação distintos e com perfis farmacológicos diferentes. Destaque para os inibidores seletivos na recaptação de serotonina e NE, inibidores da recaptação de NA, inibidores da recaptação de NA, inibidores da recaptação de DA, antagonistas de receptores monoaminérgicos e agentes melatoninérgicos também. Em geral, esses farmacos possuem um caráter mais sujo que os inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou ISRS, no entanto, alguns apresentam maiores efeitos terapêuticos ou maior efetividade. O uso ou não desses farmacos depende da escolha médica e do proposito do tratamento. INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE 5HT E NA Como o próprio nome diz, esses farmacos são inibidores da recaptação de serotonina e de noradrenalina. Ainda que possuam preferência por serotonina, atuam também na noradrenalina, muito mais que os ISRS. São farmacos com um caráter menos seletivo que os ISRS e também menos seguros, com um perfil mais sujo do que esses. Porém são mais seletivos que os ADT, já que não possuem ligação com receptores histamínicos, além de não provocar efeitos anticolinérgicos e em receptores do tipo alfa, especialmente alfa1 no sistema cardiovascular. Resumidamente, são farmacos semelhantes aos ADT mas com um perfil mais tolerável por serem seletivos relação aos receptores de serotonina e noradrenalina “apenas” e sendo os principais representantes a Duloxetina e ainda a Venlafaxina. A Duloxetina é utilizada casos de depressão, ansiedade generalizada, também em dor crônica por atuar nas vias noradrenérgica e em dor neuropática. Por possuir ação noradrenérgica provoca hipertensão e midríase como efeitos colaterais. A Venlafaxina é um fármaco que varia a ação devido uso de determinadas dose, por exemplo, em doses mais baixa os efeitos se assemelham aos ISRS, com seletividade para os receptores de serotonina, já em doses mais elevadas os efeitos atingem os receptores de NA. É usado para os tratamentos de depressão, pânico e ansiedade social e generalizada, além de ser utilizada em casos menopausa e para tratar os efeitos da TPM. Provoca hipertensão e em doses muito elevadas é toxico para o coração como já era de se esperar. MACETE: a serotonina é responsável por sensações tanto de alegria como de bem-estar, o que é ausente mulheres com TPM, então usa-se a Venlafaxina para alegrar o dia delas. INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE DA E NA Esses farmacos atuam inibindo a recaptação de dopamina e de noradrenalina, tendo pouco efeito na recaptação da serotonina, o que diminui os efeitos relacionados ao TGI e os efeitos de disfunção sexual. É aconselhável o tratamento para homens que não usam outros antidepressivos devido aos efeitos de disfunção sexual. Mas o principal uso clinico está relacionado ao uso para auxiliar pacientes na dependência nicotínica, ou seja para pararem de fumar. É usado ainda para controle de peso e em casos de TDAH no entanto, diminuem o limiar de convulsão, não sendo recomendado para pacientes com crises de abstinência de álcool e outros depressores já que as crises provocam uma excitação elevada, aumenta ansiedade e chances de convulsões. Provoca ainda alterações no sistema CV pela ação em receptores de noradrenalina. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE NA Nenhum dos farmacos estão disponíveis no Brasil como a Reboxetina e a Atomoxetina. Estudos estão sendo feitos atualmente visando o uso desses farmacos no TDAH na diminuição dos efeitos antidepressivos. Por promoverem uma hiperativação do sistema simpático provoca efeitos relacionados ao sistema cardiovascular como aumento da frequência cardíaca e aumento pressão arterial (hipertensão). ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MONOAMINÉRGICOS São farmacos extremamente sujos, que se ligam vários tipos de receptores monoaminérgicos, gerando inúmeros efeitos indesejados. Atuam em receptores alfa1, alfa2 (de caráter inibitório) o que leva ao aumento indiretamente dos níveis de NA por exemplo, atua ainda em receptores serotoninérgicos mais variados e principalmente em receptores histamínicos, todos como antagonistas. A atuação principalmente em receptores histamínicos faz com que se tenha atuação semelhante aos efeitos que são encontrados nos ADTs como aumento do apetite e ainda sedação, principalmente em idosos, controlando efeitos como agitação e perda de fome, sendo benéfico. AGONISTAS DE RECEPTORES DE MELATONINA Esses farmacos atuam como antagonistas de receptores serotoninérgicos, o que parece em um primeiro momento algo antagônico. No entanto, ao atuar como antagonista dos receptores, esses farmacos promovem desequilíbrio nos mecanismos de autocontrole e o organismo passa a entender que existe pouca serotonina sendo liberada e começa a liberar níveis maiores de serotonina. Provoca efeitos como tontura, cefaleia e hiperidrose (suor em excesso), além de hepatotoxicidade e não é indicada em casos de consumo de etanol. Sendo o principal tipo de fármaco dessa classe é a Agomelatina. FARMACOCINÉTICA E SEGURANÇA
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