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ANTIPSICÓTICOS INTRODUÇÃO Os antipsicóticos como o próprio nome sugere, em sua maioria são utilizados para casos de esquizofrenia, além de surtos psicóticos. No entanto, podem ser usados ainda para controle de transtorno bipolar, manias e até casos de depressão. Em alguns casos mais graves de depressão, especialmente a depressão refrataria, ocorre uma associação do uso de antipsicóticos com antidepressivos. Em especial, fármaco denominado de Quetiapina, um antipsicótico que pode ser usado em casos de depressão. Em alguns livros, os antipsicóticos são chamados também de tranquilizantes maiores, devido ao uso de casos mais graves de ansiedade. Possui função ainda nos sintomas motores provocados pela Doença de Huntington em que ocorre uma alteração neuronal que simula o aumento da transmissão dopaminérgica, por isso que os antipsicóticos são utilizados, já que são todos antagonistas de dopamina no organismo. Por fim, são utilizados para controle de tiques motores e soluções intratáveis, são usados na agitação do autismo e em casos de náusea e vômitos (ainda que raramente ou quase nunca são utilizados somente com esse fim, já que existem antieméticos muito mais resolutivos e eficientes para tratar esse tipo de problema). E obviamente são utilizados em casos de emergências comportamentais em que o paciente chega a emergência psiquiátrica com um surto psicótico grave que necessitam de contenções. TRANSTORNO DE ESPECTRO ESQUIZOFRÊNICO O perfil esquizofrênico é um tanto quanto clássico, além de apresentar sintomas específicos e que muitas vezes aparecem simultaneamente e interligados: os pacientes que apresentam esquizofrenia possuem um quadro grave de alucinações, em especiais, alucinações auditivas, mas podem ocorrer ainda alucinações visuais, olfatórias, além de outras sensitivas (vale destacar que alucinações são percepções sensoriais de algo que não é real, como por exemplo, vozes, imagens abstratas que parecem reais). Outro sintoma muito característico são os delírios, que diferentemente das alucinações, são imagens reais mas o paciente possui uma interpretação errônea, desordenada daquela imagem, como as manias de perseguição. Além de distúrbio motores como agitação e catatonia (paralisia motora completa), pensamentos desorganizados em que o paciente não consegue separar o que é relevante e não relevante para ele. Distúrbios cognitivos, principalmente de linguagem, atenção e memória, além de sintomas que são negativos, o paciente torna-se extremamente mais negativo como emocional, social e anedonia. Vale observar que os sintomas negativos da esquizofrenia se assemelham muito com os sintomas da depressão, logo, não se deve focar tanto nesses sintomas especiais. A esquizofrenia possui uma incidência muito baixa, cerca de 1% da população, no entanto, é uma doença de muita importância no mundo já que quanto mais demora para realizar o tratamento da esquizofrenia, pior é prognostico dessa doença. É por esse motivo que ouvimos falar muito transtornos psicóticos de espectro esquizofrênico. Os fatores que levam a esquizofrenia podem ser tanto os fatores ambientais, como os fatores de origem genética do indivíduo. Curiosamente, ocorre em maior proporção em jovens, e mais especificamente, em homens jovens do que em mulheres até 25 a 35 anos. Posteriormente aos 35 anos, a incidência diminui bastante e as mulheres passam a apresentar maior incidência do que os homens. A esquizofrenia representou e ainda representa o maiores casos de internação psiquiátrica tanto antigamente como nos dias atuais. O paciente como já visto, apresenta uma serie de sintomas variados que dificultam as estratégias terapêuticas adotadas já que os antipsicóticos ainda não conseguem resolver todos os sintomas ou atuam de uma forma desigual neles. Isso faz com que os esquizofrênicos tendem a utilizar mais farmacos além dos antipsicóticos como antidepressivos, sedativos, entre outros. E o perfil associado aos déficits cognitivos representam problemas que dificultam ainda mais o prognostico, já que esses pacientes apresentam problemas relacionados ansiedade depressão, ideação suicida e agressividade. FATORES GERADORES DA ESQUIZOFRENIA Os fatores associados a esquizofrenia passam tanto por fatores genéticos como por fatores ambientais como já foi dito. Os fatores genéticos envolvem mutações em mais de 100 genes do genoma humano, e não exclusivamente em apenas 1 ou 2 deles, sendo esse fator hereditário parcial e não total (com 50% de chances em gêmeos). Nos dias atuais, destaca-se a epigenetica, ou seja, um ramo da genética que relaciona os fatores ambientais ou vivencias da vida podem influenciar na carga genética, em que os pacientes vivenciam determinadas situações que leva ao aparecimento de doenças. No caso da esquizofrenia, associa-se como fatores do tipo ambientais, o estresse materno, casos de violência e até mesmo abuso sexual podem contribuir para geração de uma prole esquizofrênica, ainda muito estudado pelos ramos da epigenetica. Como fatores ambientais mais clássicos destaque para: infecções virais como aquelas causadas pelo CMV (citomegalovírus), pela toxoplasmose principalmente devido ao parasita se alojar no sistema límbico, tendo grande influência nos distúrbios emocional do paciente, problemas no parto como baixa saturação de oxigênio, além do uso e abuso de drogas facilitadores em indivíduos com predisposição genética. Ouve-se muito que pessoas que realizam uso de maconha e possuem um predisposição genética pode desenvolver esquizofrenia, por isso é realizada triagens genéticas principalmente no uso de canabinoides. BASES NEUROANATÔMICAS DA ESQUIZOFRENIA Assim como praticamente todas as doenças relacionadas ao sistema nervoso, na esquizofrenia também ocorre uma degeneração progressiva dos neurônios. Geralmente essa doença ocorre na adolescência e progride ao longo dos tempos, sendo caracterizada inicialmente por sintomas positivos como alucinações, delírios, problemas motores como catatonia e inquietações, pensamentos que são desordenados, problemas cognitivos até os sintomas que são negativos como pensamentos depressivos, intenções de suicídio e problemas emocionais e sociais severos. É comum em pacientes com esquizofrenia observar as alterações anatômicas claras como aumento ventrículos laterais e do terceiro ventrículo (cavidades telencefálicas e diencefálica) como observado na imagem abaixo além de alterações neuronais com disposições neuronais mais desorganizadas. É visível a atrofia cortical, obviamente por conta de todo o processo degenerativo dos neurônios, assim como é ocorrido no Alzheimer. Sendo que em 5 a 10 anos de todo o desenvolvimento da esquizofrenia, o paciente perde uma massa cortical considerável. Atualmente estudos são realizados para controle da neuroinflamação, no entanto ainda não existem drogas no mercado que controle esse problema e consequentemente a atrofia. Todo esse problema de não controle da degeneração e da atrofia cortical progressiva leva aos mesmos problemas que ocorrem na doença de Alzheimer: os tratamentos são meramente paliativos, sem potencial de cura. HIPÓTESE DOPAMINÉRGICA DA ESQUIZOFRENIA É a principal hipótese relacionada a esquizofrenia. Sabe- se que o espectro esquizofrênico é causado, diferente do Parkinson, pelo excesso de dopamina nas fendas e na transmissão neuronal, ou seja, em outras palavras, a DOP quando presente em grandes quantidades possuem um efeito extremamente ruim que induz a problemas que são relacionados a episódios psicóticos agudos. É por isso que os antiparkinsonianos podem ter como os efeitos indesejados, a presença de delírios e alucinações que são bastante graves em idosos, já que esses fármaco fazem com que ocorra o aumento da dopamina na fenda sináptica e consequentemente aumenta transmissão do tipo dopaminérgica. É como dizer que a Doença Parkinson e a Esquizofreniaencontram-se em lados opostos entre as doenças neuronais já que são causadas pela falta de dopamina e pelo excesso de dopamina, respectivamente. Em pacientes esquizofrênico, ocorre aumenta valores de dopamina no organismo, principalmente devido aumento da síntese de dopamina no estriado, e aumento liberação de dopamina devido ao uso de anfetamina. Além disso, pode ocorrer o uso empírico de agonistas dopaminérgico em especial, do tipo D2. Existem diferentes receptores de dopamina no organismo e esses receptores encontram-se em diferentes locais do encéfalo, que podem apresentar os diferentes sintomas da esquizofrenia. Por exemplo, receptores do tipo D1 que são associados a proteína Gs encontram-se em maiores quantidades no córtex e controlam funções de alerta e do humor. Já os receptores da família D2 associados com a proteína Gi de caráter inibitório localizam-se mais nos locais do sistema límbico responsável por controlar todas as emoções. VIAS DOPAMINÉRGICAS ALTERADAS A primeira via afetada é a via mesolímbica que inclui as amigdalas, o hipocampo e o núcleo Accumbens responsa pelo sistema de recompensa, sentimento de medo, e por respostas emocionais no geral. Essa via apresenta muito ativada ou hiperativada em receptores do tipo D2 que se encontram em maiores quantidades nesses locais, sendo responsável pelos sintomas positivos da esquizofrenia. Já na via mesocortical em que se encontra o córtex pré- frontal responsável pelo controle das emoções, controle cognitivo e atencional, além de controle do pensamento essa via dopaminérgica apresenta-se pouco ativada ou hipoativada nos receptores D1. O que faz muito sentido já que o esquizofrênico possui dificuldades de pensamento, de controlar e organizar as ideias, as emoções apresenta mais descontroladas e desorganizadas também, sendo responsável pelos sintomas negativos da esquizofrenia. Outras vias são afetadas, mas em menores proporções que as outras vias citadas, e não se conectam diretamente com a esquizofrenia: a via nigroestriatal responsável pelo controle motor refinado, e a via túbero-infundibular na adenohipofise e no arqueado. Vale ressaltar que nem sempre as vias de dopamina deve estar exacerbadas ou muito ativadas, como é o exemplo da via mesolímbica que se encontra muito ativada, ao mesmo tempo em que a via mesocortical do córtex pré- frontal encontra-se muito pouco ativada. Ambas as vias geram os sintomas, tanto os negativos (emocionais, e os cognitivos) quanto os sintomas positivos (delírio, alucinações e pensamento desordenado). FARMACOTERAPIA DA ESQUIZOFRENIA A farmacologia da esquizofrenia relaciona-se de maneira geral com a diminuição dos níveis de dopamina nos locais de fenda sináptica. Observa-se que a hipoativação da via mesocortical é ignorada nesse racional terapêutico, o que representa um problema, resultando efeitos indesejados que serão comentados mais adiante. Tendo como base esse racional terapêutico, adota-se que os antipsicóticos possuem como principal função a de antagonista dos receptores D2 associados a proteína Gi que estão muito presentes no sistema límbico e controla os sintomas positivos da esquizofrenia. Para que efeitos comecem a aparecer, é preciso que 60% dos receptores do tipo D2 estejam bloqueados, além dos efeitos serem dependentes da potência de cada farmacos: quanto maio é a afinidade do fármaco com o receptor, maior é efeito desejado. Os outros sintomas da doença são controlados com o uso de outros farmacos como ansiolíticos, antidepressivos, estabilizadores de humor e anticonvulsivantes. Já que os antipsicóticos deixam em aberto os sintomas positivos como alucinações, delírios e distúrbios de pensamento que são causados pela hipoativação da via mesocortical. ANTIPSICÓTICOS DE 1ª GERAÇÃO São os primeiros farmacos que surgiram para tratamento da esquizofrenia, pioneiros nos hospícios e nos locais de internação. São subdivididos em Fenotiazínicos como a Clorpromazina e em Buriferonas como o Haloperidol. Atuam principalmente em receptores do tipo D2, porem atuam também em receptores do tipo D1, o que leva ao aumento dos efeitos indesejados, principalmente aqueles relacionados aos sintomas negativos da esquizofrenia já que a via mesocortical já se encontra pouco ativada. Além de proporcionarem sintomas motores extrapiramidais, como o que ocorre mais ou menos no Parkinson devido a diminuição de dopamina. ANTIPSICÓTICOS DE 2ª GERAÇÃO São os farmacos mais novos, com um desenvolvimento mais recente, chamados também, muitas vezes, atípicos ou de segunda geração. Se ligam como antagonistas dos receptores D2, porém possuem menor afinidade, e consequentemente potência também diminuída. Isso faz com que os efeitos motores extrapiramidais sejam reduzidos. Além disso, são mais eficientes em pacientes refratários e permitem melhor controle do sintomas negativos já que não causam antagonismos nos receptores do tipo D1 na via mesocortical. PERFIL INDESEJADO DOS ANTIPSICÓTICOS É preciso sempre ter sempre mente que os antipsicóticos sejam eles de primeira ou segunda geração, não possuem exclusividades no bloqueio dos receptores de dopamina D1 ou D2. Bloqueiam também receptores α1, receptores 5HT (serotonina), entre muitos outros. Todos esses tipos de bloqueios levam ao aumento dos efeitos indesejados que se apresentam muito comumente com o uso desses farmacos. Os efeitos indesejados são inúmeros, como: efeitos do tipo motores extrapiramidais relacionados com a inibição dos receptores D2 na via nigroestriatal (é o mesmo que ocorre na doença de Parkinson), distúrbios metabólicos e endócrinos também devido a diminuição de D2 nas vias túbero-infundibular responsável pelo controle secreção de prolactina na adenohipofise. Outros sintomas comuns devido a afinidade com outros receptores: efeitos anticolinérgicos, efeitos cardíacos e vasculares por efeitos em receptores α1, além de muitos outros. EFEITOS EXTRAPIRAMIDAIS Os efeitos extrapiramidais são aqueles efeitos motores resultantes do uso de antipsicóticos, ocorrem em cerca de 90% dos pacientes que utilizam esses farmacos. Esses efeitos são denominados de extrapiramidais devido a via motora que é afetada não passa pelas pirâmides do SNC por isso o nome de extrapiramidais. Quanto maior a afinidade, maior é a potencial, e maior é o antagonismo em D2, consequentemente maiores são os efeitos motores extrapiramidais. O controle desses tais sintomas, mais especificamente dos 5 sintomas, ocorre através da diminuição da dose ou do uso de substancias antagonistas muscarinicos. Vale lembrar que alguns dos antipsicóticos possuem efeitos antagonistas muscarinicos e logo, os efeitos extrapiramidais tendem a ser menores com o uso desses farmacos (destaque para Quetiapina). Todos devem estar se perguntando o porquê de não se utilizar a Quetiapina sempre para o tratamento desse tipo de doença. No entanto, a Quetiapina possui afinidade um tanto elevada para receptores α1 que podem gerar os efeitos cardiovasculares indesejados, e receptores H1 de histamina que podem provocar vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular disseminada. Os efeitos extrapiramidais motores são 5 principais, como já dito, devido alterações na via nigroestriatal responsável pelos movimentos: o primeiro sintoma característico é o parkinsonismo caracterizado principalmente por tremor nas extremidades, rigidez muscular (hipertonia plástica ou rigidez de roda denteada) e pode ocorrer alterações faciais (mascaramento), outro efeito é a acatisia em que se caracteriza pela agitação, pernas inquietas ou em lado oposto, pode ocorrer a catatonia (paralisação do membro ou dos membros). Usa-se benzodiazepínicos controle da agitação psicomotora. Destaque para a catatonia, que representa uma síndrome de movimentação ou do sistema motor, podendo haver imobilidade e ausência ou diminuição dos movimentos ou da capacidadede realiza-los. Esse sintoma é comum em pacientes que fazem uso crônico de antipsicóticos de 1ª geração, por isso que o Haloperidol é muito utilizado em emergências psiquiátricas, já que provoca catatonia e tem função de sedativo ou calmante para pacientes agitados. Outro efeito é a distonia aguda (“tonia” vem de tônus; “dis” é distúrbio) logo, distonia representa os espasmos musculares, ou dificuldade de tônus literalmente. Esse sintoma ocorre geralmente na musculatura laríngea ou no para-espinal fazendo com que muitas vezes o paciente apresente problemas de fala, espasmos no pescoço ou na boca e perna “arrastada” com dificuldade de se mover em normalidade. Esse efeito é geralmente transitório, por isso do nome de “distonia aguda” e tendem a melhor após uma crise. Outro efeito indesejado é discinesia tardia (“dis” distúrbio e “cinesia” é movimento) logo, são distúrbios movimento em que o paciente apresenta movimentos involuntários aleatórios, devido ao uso crônico de antipsicóticos típicos ou de primeira geração. Geralmente a musculatura mais afetadas são a orofacial e a bucolingual (paciente coloca a língua para fora), acontece em 2/3 dos pacientes, além disso, são irreversíveis, sem tratamento e pioram com a retirada dos farmacos. E o efeito mais grave consiste na síndrome neuroléptica maligna, podendo ser fatal. É uma reação adversa do uso de medicamentos antipsicóticos crônicos ou em doses extremamente elevadas de antipsicóticos típicos ou de primeira geração, sendo mais comum em idosos e mulheres do que em homens e jovens. Podem provocar instabilidade autonômica (responsável pela falência dos coração ou falência cardiovascular sendo uma causa de morte), rigidez muscular e consequentemente febre, e ainda falência renal que pode levar a morte dos pacientes também. É tratado com dois farmacos específicos que são o dantroleno, um bloqueador neuromuscular para tratar a rigidez e a bromocriptina que é um agonista dopamina na tentativa de reduzir os sintomas. Podendo ser ainda suspenso o uso de antipsicóticos, em especial, os típicos e a longo prazo (uso crônico). Todos esses efeitos extrapiramidais são caracterizados por comprometimento motor e muscular, fácil perceber. EFEITOS ENDÓCRINOS E/OU METABÓLICOS Os principais efeitos endócrinos e metabólicos são ganho de peso, já que muitos antipsicóticos possuem efeitos nos receptores muscarinicos e histamínicos que geram a fome além de hiperglicemia podendo provocar diabetes e ainda hiperlipidemia sendo fator de risco para problemas que envolvem o sistema cardiovascular. Sendo reduzidos nos farmacos de segunda geração, mas ainda estão presente. Devido alterações na via túbero-infundibular, ocorre um aumento da liberação de prolactina (os farmacos típicos ou de primeira geração e a risperidona provocam esses efeitos), pode ocorrer diminuição ou disfunção sexual, e outros sintomas típicos de uso de antipsicóticos como o aumento das mamas em homens (ginecomastia), além de aumentar a secreção de leite (galactorréia) também em homens e em mulheres, e diminuição do libido. A disfunção sexual ocorre ainda devido à redução níveis de dopamina no organismo, ação central dos farmacos da classe dos antipsicóticos, essa redução pode promover a diminuição do prazer e consequentemente disfunção. EFEITOS ANTICOLINÉRGICOS Como o próprio nome já diz, anticolinérgicos são aqueles antagonistas de acetilcolina no organismo. Por ser o tipo de neurotransmissor de o sistema nervoso autônomo parassimpático, ocorre a diminuição da atividade desse sistema parassimpático no organismo. Destaque para sedação, visão desfocada (midríase), além de fotossensibilidade (provocada pela dilatação excessiva das pupilas, já que o SNA parassimpático provoca a miose das pupilas, quando ausenta, apenas o simpático atua e gera midríase). Constipação e retenção urinaria, além de xerostomia, sedação e aumento de peso. É comum ainda alterações no sistema cardiovascular já que o SNA parassimpático promove vasodilatação, além de controlar a FC diretamente, pode ocorrer aumento da resistência periférica, seguida de um aumento da FC e de arritmias cardíacas. ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES Os efeitos cardiovasculares são extremamente comuns e atuam principalmente devido aos antipsicóticos como Quetiapina por exemplo atuarem nos receptores α1, em que ocorre bloqueio e diminuição da RP já que esses são os receptores que atuam nos vasos sanguíneos. Ocorre os sintomas como hipotensão ortostática, síncope, além de taquicardia reflexa e alterações no ECG, culminando no risco de IAM (devido ao uso crônico). Problemas associados ainda a hiperlipidemia, e aumento da secreção de prolactina são indicativos de fatores de risco para pacientes esquizofrênicos, podendo aumentar ainda mais a chance de ocorrência de IAM. OUTROS EFEITOS Outros efeitos como discrasias sanguíneas, disfunção do tipo hepática, além de diminuir o limiar de convulsão, ou seja, pacientes que fazem o uso de antipsicóticos possui maior chance de apresentar quadros de epilepsias. É por isso que muito dos pacientes esquizofrênicos também faz uso de anticonvulsivantes como a Carbamazepina. Em casos do paciente cessar o uso dos antipsicóticos do nada, o que é muito comum, devido aos efeitos adversos que podem ocorrer, há chance de desenvolver um efeito rebote ou uma psicose rebote, muito pior daquela que ele apresentava normalmente. PARTICULARIDADES MECANÍSTICAS Vale observar as diferenças mecanisticas existentes entre os farmacos, lembrando que, apesar de os farmacos de primeira geração serem menos indicados que os farmacos de segunda geração, todos os antipsicóticos apresentam efeitos indesejados que levam a dificuldades de adesão e tratamento por parte dos pacientes. Os farmacos de primeira geração apresentar uma maior afinidade com os receptores do tipo D2 e com receptores do tipo D1, levando a pioras nos efeitos extrapiramidais além de piorarem ainda mais os efeitos negativos dessa doença por atuarem na via mesocortical. Essa é a maior diferença entre os típicos e os atípicos. Os efeitos que são relacionados aos problemas extrapiramidais (os 5 que já foram citados) possuem uma relação intima afinidade dos receptores D2 e 5HT2A. Quanto maior a afinidade de um antipsicótico com um receptor 5HT2A, menor serão os efeitos extrapiramidais que irão aparecer. Por exemplo, farmacos atípicos como a olanzapina e a clozapina apresentam alta afinidade com esses receptores, logo, os efeitos extrapiramidais são um tanto quanto nulos. Somado, é claro, a afinidade muito menor aos receptores D2 do que os típicos. Um destaque para a Risperidona, que é um fármaco da classe dos antipsicóticos atípicos, mas que possui uma afinidade muito elevada com os receptores do tipo D2, mas que apresenta efeitos extrapiramidais muito menor que os farmacos típicos. Esse fato é causado Risperidona possuir alta afinidade com os receptores 5HT2A, atuando como agonista inverso. Essa ligação de extrema afinidade faz com que ocorra aumento da razão 5HT2A/D2 e esse fármaco não apresente efeitos extrapiramidais. Observar ainda problemas relacionados a pressão arterial receptores muscarinicos (quanto maior a afinidade de um fármaco com esse tipo de receptor, maior é o caráter de sedação que ele possui, e logo, menor são os efeitos do tipo extrapiramidais, como é o caso da Quetiapina), quase todos os farmacos, com exceção do Haloperidol possuem alta afinidade com receptores histamínicos associados ao ganho de peso, hiperlipidemia e hiperglicemia. ARIPIPRAZOL: FÁRMACO DESTAQUE O Aripiprazol é um antipsicótico atípico que merece um destaque dentro dessa classe por possuir um mecanismo de ação diferente e que reduz muito os efeitos adversos causados pelo uso de antipsicóticos. Seu uso é limitado já que não encontra-se disponível na rede pública. Primeiramente, possui um mecanismo de açãorelaciona com os receptores do tipo D2: ao invés de atuar como um antagonista de D2, atua como um agonista parcial. Esse mecanismo é essencial já que como agonista parcial faz com que apenas baixas concentrações de dopamina se liguem aos receptores D2, ou seja, diferentemente dos outros farmacos, o Aripiprazol não zera a quantidade de dopamina, apenas mantem as concentrações bem muito menores que o normal. Ao manter a concentração reduzida e não zerada, esse fármaco faz com que os efeitos extrapiramidais sejam um tanto quanto reduzidos e até nulos. Além disso, possui pouca afinidade com receptores do tipo D1 como quase todos os antipsicóticos atípicos, fazendo com que sintoma negativos da esquizofrenia sejam diminuídos. Possui ainda uma afinidade muito baixa com D2 e com o 5HT2A, ainda que sejam os receptores mais afins desse fármaco. Essa baixa afinidade além de reduzir os sintoma positivos como já comentado, evita o ganho de peso, e a hiperlipidemia e hiperglicemia, algo essencial quando se trata do uso crônico desses medicamentos. Possui baixa afinidade com todos os outros receptores do organismo, diminuindo muito os sintomas adversos como problemas cardiovasculares, sedação, aumento da FC, queda da pressão arterial e arritmias. FARMACOCINÉTICA Os antipsicóticos representam um problema quanto se diz sobre a cinética desses farmacos já que em concentrações mais baixas, não apresentam os efeitos desejados. Já em concentrações mais altas, apresentam inúmeros efeitos adversos que podem até levar o paciente a abandonar o tratamento inúmeras vezes. É por esse motivo que os pacientes que fazem uso desses farmacos antipsicóticos também utilizam-se de vários outros farmacos na tentativa de controle ou redução de danos dos efeitos adversos. É muito comum que esses pacientes fazem uso de polifarmácia, fato que leva a mais um problema: é preciso tomar cuidado para receitar uns tipos de antipsicóticos ou fármacos que visam a redução de danos a fim de prevenir interações medicamentosas que venham a prejudicar ainda mais o paciente. Destaque para os antipsicóticos que possuem formas de depósitos, em que o fármaco se encontra dissolvido em sais de frutas ou porções oleosas quando administrado faz com que a absorção seja muito mais lenta. O único que encontra-se nessa forma é o Haloperidol, que garante um efeito duradouro de até 3 semanas, por isso que esse tipo de fármaco, ainda que de primeira geração é muito usado em pacientes com dificuldades de aderir ao tratamento e garante que o efeito seja duradouro. ESTABILIZADORES DE HUMOR Os estabilizadores de humor impedem ou reduzem crises maníacas muito decorrentes em quadros de depressão e “virada de humor” em pacientes transtorno bipolar. Podem ser usados juntamente com os antidepressivos e em casos de hiperatividade na esquizofrenia, atuando em controlar as agitações. São inúmeros os farmacos que são usados como estabilizadores de humor como os farmacos anticonvulsivantes, antidepressivos e antipsicóticos são também utilizados. O principal estabilizador de humor é o lítio. LÍTIO (LI2+) O lítio é vendido e está disponível em bicarbonato de lítio na sua forma principal não orgânica. O mecanismo ação varia muito, e não está absolutamente claro, dependendo de hipóteses que ainda são estudadas. Sabe-se que o Lítio reduz os mecanismos de transdução de sinais a partir da redução da atividade da fosfolipase C sendo essa hipótese a mais comprovada. Outros tipos de mecanismos como manter a proteína G estado trimerico ou inativo e ativação da adenilato ciclase (AMPc) são as outras hipóteses prováveis, além de diminuir a liberação de dopamina e noradrenalina. Em geral, o lítio atua basicamente reduzindo a sinapse tanto em liberação de transmissor como na cascata pós sinapse de transdução de sinais. No entanto, ainda sendo muito incerto quanto aos mecanismos. O maior problema do lítio é o mesmo dos antipsicóticos que são os efeitos indesejados: possui janela terapêutica estreita, o que facilita a ocorrência dos riscos maiores de toxicidade por essa substancia. Pacientes que fazem o uso diário de lítio devem realizar sempre exames de controle da concentração de lítio no organismo. Outros problemas como sonolência, hipotensão, além de bradicardia. Todos relacionados a hipoatividade. Ainda há problemas renais como lesão renal e disfunção tireoide como hipotireoidismo e hipertireoidismo, além de casos de hipoglicemia resultante dessas disfunção. Por fim, o Lítio é ótimo para tratamento de pacientes que não estão em crises maníacas, mas podem a apresentar e transtornos bipolar. Não sendo ideal em todos os casos, sendo associado na maioria das vezes a outros farmacos, assim como os antipsicóticos.
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