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Constitucional II - Slide 01

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DIREITO CONSTITUCIONAL II
Professora: Fabiana Figueiredo
E-mail: fabiana.santiago@estacio.com
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E A FEDERAÇÃO BRASILEIRA
Conceitos preliminares:
 Distribuição do poder político no espaço (território) e quem pode tem competência para exercer as diferentes funções estatais: legislativa, jurisdicional e todas as diversas atividades a cargo do Poder Executivo e da Administração Pública. 
 ESTADO ABSOLUTO OU AUTORITÁRIO – Via de regra é UNITÁRIO, centralizado, podendo descentralizar atividades nas localidades, mas sempre mantendo o controle ou a supervisão. 
Democratização – tendência à descentralização política
Instâncias de poder local reinvindicam mais atribuições e espaço, mas dependem do Poder Central (ex. Regiões, províncias, autarquias locais, municípios, vilas, cidades, etc)
Conceitos preliminares:
Estado Regional – Há uma constituição que determina espaços de autonomia das regiões, embora essa autonomia dependa das decisões do ente central, a quem cabe delimitar de forma concreta. ex. Espanha. Nesses casos, há mecanismos de controle jurídico em face de atos do ente central que violem a autonomia constitucionalmente garantida ao Estado Regional. Há um fundamento jurídico-constitucional para reivindicação de autonomia e os Tribunais Constitucionais têm competência para dirimir as controvérsias.
Estado Unitário descentralizado – a decisão de atribuir competências às localidades é tomada pelo ente central, que pode alterá-la ao longo do tempo. Diferentemente do Estado Regional, a única “arma” a ser utilizada pelas localidades é a pressão política sobre o ente central.
Conceitos preliminares:
BRASIL – Estado Federal desde a Constituição de 1891
 No Estado Federal a demarcação de autonomia dos entes federados é feita desde logo pela Constituição, não dependendo de decisão política de outro ente. Há distribuição territorial do poder político, de forma que podem coexistir dois ou mais níveis de poder autônomo no mesmo Estado: o ente central e os entes locais.
					Agregação
Tipos de formação do Estado Federado
					Desagregação
Os modelos de formas de organizar o Estado Federal buscam manter um equilíbrio entre duas finalidades principais:
	- a garantia de unidade nacional;
	- a preservação da diversidade própria das localidades
Elemento diversidade local – As Constituições atribuem espaço próprio de competências a cada um dos entes federativos, que correspondem aos contornos de sua autonomia. 
Critérios para distribuição de competência
Os entes Federados nâo tem soberania, mas autonomia constitucional; não há hierarquia entre eles, mas se sujeitam, todos, à Constituição Federal e aos comandos dela advindos. 
 Distribuição de competência pela Constituição Federal:
Ente central – União
Ente global – República Federativa do Brasil
Representação específica dos Estados – Senado Federal (art. 46);
Circunscrição eleitoral para pleitos de deputados federais é o Estado-membro (art. 45).
	
			- ente central
			- país como um todo
			
			- competência nacional
			
- MUNICÍPIOS – Nao têm participação direta na formação da vontade do ente central. 			
			- Podem apresentar propostas de EC (art. 60, III)
			- Legitimidade ativa dos Governadores e da Mesa das Assembleias 			legislativas, bemo como ca Câmara Legislativa do Distrito Federal (art. 			103, IV e V)	, sobre temas de seus interesses.
A interpretação e aplicação da Constituição Federal, feita pelo STF, particularmente sobre as normas que distribuem competência, integram o sentido e alcance da vontade nacional. 
Obs. Os Municípios continuam excluídos dessas possibilidades de participação.
			
CONGRESSO NACIONAL
ASSEMBLEIA 
LEGISLATIVA
- Tanto questões internas quanto internacionais
UNIDADE NACIONAL – Sob essa perspectiva, as Constituições estabelecem regras obrigatórias para todos os entes federativos, além de prever a possiblidade de intervenção do ente central nos entes locais (art. 34). No Brasil, há previsão de intervenção de Estados em Municípios (art. 35).
STF – Adota interpretações que prestigiam a padronização nacional, em detrimento da diversidade ou autonomia locais. 
 Coexistem no Estado Federal três esferas: - central, - local, - nacional:
Nos ESTADOS FEDERAIS, os órgãos que manifestam a vontade específica do ente central, na esfera de sua competência, manifestam também a vontade do ente global ou nacional 
 Apesar da descentralização, o Estado federal é um único estado.
BRASIL – A Federação é composta pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, todos autônomos (CF, art. 18). O DF, embora seja considerado um ente da Federação, goza de regime próprio com autonomia menor do que a dos Estados-membros.
Forma de Estado: Estado unitário ou Federação (Brasil x Uruguai)
Unitário: Possui um único centro dotado de capacidade Legislativa, Administrativa, Política e toda e qualquer competência constitucional. França, Itália, Inglaterra, Uruguai.
Federação: Capacidade políticas Administrativas e Legislativa, são distribuídas para a competência de entes regionais, possuindo então autonomia. Dessa forma, a Federação faz-se através da união de diversos Estados que, embora percam sua soberania em relação ao Estado Federativo, mantêm sua autonomia.
Conceito: 
Estado federal é uma modalidade de Estado composto, onde se verifica a superposição de duas ordens jurídicas – federal, representada pela União e federada, representada pelos estados membros - , coordenadas por um processo de repartição de competências determinado pela CF, em que a União titulariza a soberania e os estados-membros detém autonomia, participando, por um critério de representação na formação da vontade federal. (BARROSO, p.27)
CONFEDERAÇÃO: é a associação de Estados soberanos, usualmente criada por meio de tratados, mas que pode eventualmente adotar uma constituição comum. A principal distinção entre uma confederação e uma federação é que, na Confederação, os Estados constituintes não abandonam a sua soberania, enquanto que, na Federação, a soberania é transferida para o Estado Federal. As confederações costumam ser instituídas para lidar com assuntos cruciais como defesa, relações exteriores, comércio internacional e união monetária. (Historicamente, a Suíça)
Confederação é a união dissolúvel de Estados soberanos com lastro em um tratado internacional. Os Estados confederados – que compõem uma confederação -, gozam de soberania e ocupam uma posição de preeminência jurídica diante da Confederação. 
Na Confederação a reunião dos Estados confederados é temporária, cindível, e comporta o direito de secessão.
Vantagens do Federalismo: 
Observância às diversidades: em pequenas localidades a minoria impõe a maioria. Isto não ocorreria em grandes localidades porque haveria um número maior de grupos. Em pequenas comunidades há um padrão cultural mais fixo que tende à hegemonização 
Descentralização do poder político: segundo os federalistas o poder político deveria estar espalhado por todo o território e não centralizado como no modelo europeu (Parlamentarismo e ausência de controle de constitucionalidade). 
Cada ente é autônomo e todos submetem-se à Constituição Federal
Segurança democrática: o poder é exercido segundo uma repartição não somente horizontal de funções — executiva, legislativa e judiciária —, mas também vertical, entre Estados-membros e União, em benefício das liberdades públicas.
 Repartição de competências prevista constitucionalmente: 
A Constituição prevê também a repartição de competências dando a cada ente a possibilidade de atuar em uma matéria que lhe seja próprio. As competências podem ser:
Legislativas: atividade decisória mais centralizada
Material/ administrativa/ executiva: na execução de políticas públicas adotando-se, principalmente, o princípio da subsidiariedade.
Tributário (repartição de rendas): a quem compete arrecadar e qual a parcela de cada ente. A decisão tributária não é descentralizada na mesma proporção das demais.
 Esfera de Competência Tributária que lhe garantarenda própria: criação de impostos estaduais e municipais (P. Ex: IPI, ICMS, ISS)
Participação dos Estados-membros na vontade federal: 
por meio da existência de um Senado, composto de representação paritária dos Estados-membros, sendo contrapeso ao prestígio dos Estados mais populosos na Câmara dos Deputados.
Além da participação na formação da vontade federal quando admite-se a apresentação pelos Estados-membros de emendas à Constituição Federal.
Inexistência de direito de secessão: trata-se de união indissolúvel. 
Unicidade de nacionalidade
Participação popular para a criação ou extinção de entes federativos: com a modificação no entendimento do § 4º do art. 18, pela EC 15, para a criação ou extinção de entes é necessária a consulta popular prévia, via plebiscito, à população de todas as áreas envolvidas . 
Diversidade dos Estados Federais & equilíbrio entre as garantias da unidade nacional e a preservação da autonomia e diversidades locais
	
O Estado Federal exprime, no plano da organização jurídica, a síntese que decorre de dois movimentos que se antagonizam: a tendência à unidade ou à centralização, que se rege pelo princípio unitário, e a tendência à pluralidade, ou à descentralização, que se funda no princípio federativo (STF, MC na ADI 	216/PB, Rel. para o acórdão Min. Celso de Mello, DJU 07.05.1993).
A autonomia dos entes federados é composta pelos poderes de auto-organização, autogoverno e autoadministração e pelas demais competências que lhes são atribuídas pela Constituição Federal.
A auto-organização envolve o poder de elaborar sua própria Constituição e assim cirar e organizar seus órgãos e entidades, ao passo que o auto governo se relaciona com o poder de preencher essas estruturas, escolhendo seus governantes. A autoadministração, por seu turno, trata da capacidade dos entes de desenvolverem suas competências, dar execução a suas leis, o que inclui a gestão de seus bens e a prestação dos serviços que lhe cabem. Quanto às competências, além de atribuir bens aos diferentes entes, a Constituição identifica competências de natureza político-administrativa, legislativas e tributárias. (BARCELLOS, 2018, p. 215).
As competências de todos os entes decorrem das disposições constitucionais e cada ente só poderá praticar validamente as atividades que estejam inseridas no espaço de autonomia que lhes foi atribuído.
Cabe à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e as Polícias Civil, Militar e o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (art. 21, XIII e XIV), bem como legislar sobre esses temas (art. 22, art. XVII, e 32 § 4º). 
Já os Municípios dependerão do Estado. Diante dessas especificidades, conclui-se que o DF e Municípios têm um regime diferenciado no sistema constitucional brasileiro.
 Presença de um órgão de Cúpula (no Brasil, o STF):
Instância para dirimir conflitos federativos, uma vez que não há o direito de secessão na fórmula federativa, os conflitos que venham a existir entre os Estados-membros ou entre qualquer deles com a União necessitam ser resolvidos para a manutenção da paz e da integridade do Estado como um todo. Assumindo feição jurídica, o conflito será levado ao deslinde de uma corte nacional, prevista na Constituição, com competência para isso.
É correto afirmar que o Estado Federal expressa um modo de ser do Estado (daí se dizer que é uma forma de Estado) em que se divisa uma organização descentralizada, tanto administrativa quanto politicamente, erigida sobre uma repartição de competências entre o governo central e os locais, consagrada na Constituição Federal, em que os Estados federados participam das deliberações da União, sem dispor do direito de secessão. No Estado Federal, de regra, há uma Suprema Corte com jurisdição nacional e é previsto um mecanismo de intervenção federal, como procedimento assecuratório da unidade física e da identidade jurídica da Federação.
PARA FIXAR
CARACTERÍSTICAS COMUNS DO FEDERALISMO:
A indissolubilidade do pacto federativo;
A descentralização política entre as vontades central e regionais. A Federação pressupõe a existência de, no mínimo, duas ordens jurídicas, uma central e outra parcial;
A existência de uma Constituição escrita e rígida, com um núcleo imodificável que não permita a alteração da repartição de competências pela lei ordinária e até por Emenda Constitucional;
A existência de um órgão que represente e manifeste, paritariamente, a vontade dos membros da federação (Senado);
A autonomia financeira dos Estados-membros prevista na Constituição;
A existência de um órgão encarregado pelo controle de constitucionalidade para evitar a invasão de competências e os conflitos entre as ordens parciais;
A auto-organização político-administrativa dos Estados-membros, através de Constituições próprias (poder constituinte decorrente) que organizem os seus Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);
A autonomia recíproca entre ordem central e ordens parciais.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.  (LC nº 78, de 1993)
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (EC nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 13.105, de 2015) 
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
Art. 18 § 4º. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. (EC nº 15, de 1996) 
Art. 21. Compete à União:
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; (EC nº 69, de 2012)  
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;  (EC nº 19, de 1998)   
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (EC nº 69, de 2012)   
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar.

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