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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Atos Processuais Livro Eletrônico 2 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Sumário Apresentação . ............................................................................................................................3 Atos Processuais, Vícios Processuais . ....................................................................................5 Da Forma dos Atos Processuais ..............................................................................................5 Do Tempo dos Atos Processuais . .......................................................................................... 16 Do Lugar dos Atos Processuais ............................................................................................. 18 Dos Prazos . .............................................................................................................................. 18 Da Comunicação dos Atos Processuais . ................................................................................37 Da Citação . ...............................................................................................................................38 Da Intimação . ......................................................................................................................... 60 Das Nulidades . ........................................................................................................................ 61 Da Distribuição e do Registro . ...............................................................................................65 Resumo . .................................................................................................................................. 69 Questões de Concurso . ...........................................................................................................76 Gabarito . ................................................................................................................................. 98 Gabarito Comentado . ............................................................................................................. 99 ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL ApresentAção Olá, tudo bem com você? Vamos nos aventurar no maravilhoso mundo do Processo Civil, e terei a honra de auxiliar vocês nessa caminhada. Eu sempre adotei, na minha trajetória de estudos, um material base com o qual eu pudes- se contar e ler sempre antes de fazer as provas. Acredito que seja fundamental você ter suas anotações/cadernos e sempre poder revisá-los nas semanas que antecedem a prova. DICA! É fundamental você ter um caderno apenas. Uma fonte para cada matéria. Não faça a besteira de ter 3 ou 4 anotações es- parsas da mesma matéria. Condensar tudo em um mesmo material é muito importante para fins de organização. Por isso, utilize este material em PDF e monte seus cadernos a partir deles. Ou, caso você já tenha seus cadernos, alimente- -os com as informações que você verá aqui. O importante é você não ter uma pluralidade de materiais, porque se fizer isso você vai acabar se perdendo. Minha trajetória de estudos começou em 2010 e, desde então, eu acompanho todas as notícias diárias que são publicadas no STF e no STJ, bem como todos os informativos sema- nais dos dois Tribunais, sem perder nenhum. O diferencial deste material, portanto, é justamente este: abordarei com vocês o conte- údo básico de cada disciplina, mas irei aprofundar com a jurisprudência mais atual e mais diversificada sobre o assunto, além de trazer questões sobre as matérias. Focarei, portanto, nos temas que são mais cobrados nas questões de prova, para você não estudar temas que, estatisticamente, possuem baixa probabilidade de serem cobrados. As provas, atualmente, cobram muita letra de lei, mas também muito entendimento juris- prudencial. Por isso, eu acredito que, com esta leitura, você ficará preparado para alcançar seu objetivo no mundo dos concursos públicos, pois terá todo o conteúdo mais atualizado possível. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Com esse método, fui aprovado e exerci os cargos de Técnico Administrativo no MPU, Analista Judiciário no TJDFT, Juiz de Direito no TJMT e Juiz Federal no TRF1. Se eu consegui, você também consegue! Boa leitura! ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL ATOS PROCESSUAIS, VÍCIOS PROCESSUAIS Nesta aula, eu e você iremos trabalhar os artigos 188 ao 290 do nosso Código de Processo Civil. Fique tranquilo, porque, sempre que o artigo for muito importante, irei transcrevê-lo para você. Sempre que tiver algum julgado importante, eu também vou transcrever a ementa para que seu estudo fique dinâmico. Olha que maravilha: não precisa abrir o Código nem os sites do STF e do STJ para este estudo. Basta ler com atenção que tudo estará aqui! DA FormA Dos Atos processuAis Os atos processuais são os meios pelos quais o processo tem andamento e a relação jurídica processual é desenvolvida. O CPC tem como regra a liberdade da forma processual, exceto se a lei expressamente exigir alguma forma específica. O art. 188 do CPC traz um dos princípios mais importantes no Processo Civil: o da ins- trumentalidade das formas. Sempre que um ato desrespeitar determinada formalidade, ainda assim ele poderá ser considerado válido se a finalidade essencial dele for preenchida. Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. Outra regra dos atos processuais é a sua publicidade, com exceção aos atos que tramitam pelo chamado segredo de justiça. O CPC traz um rol de hipóteses em que o segredo pode ser determinado: Regra Publicidade Exceções (segredo de justiça) Quando o exija o interesse público ou social; Quando o processo tratar sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; Quando no processo constar dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; Quando o processo versar sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Se você determinar a quebra de sigilo fiscal da parte, por exemplo, e determinar a juntada da Declaração do IRPF nos autos, você deverá decretar o sigilo no processo. Questão 1 (VUNESP/ADVOGADO/PREFEITURA DE POÁ-SP/2019) A publicidade dos atos processuais tem irrefutável relevância para o Estado Democrático de Direito, além de confi- gurar garantia fundamental prevista na Constituição Federal. A respeito do tema, o Código de Processo Civil prevê que os atos processuais são públicos. Todavia, tramitam em segredo de justiça os processos a) que versem sobre arbitragem, salvo no caso de cumprimento da carta arbitral. b) em que o exija o interesse público ou social. c) que versem sobre arbitragem, desde que a confidencialidade seja estipulada em instru- mento público. d) que versem sobre tributos e fiscalização. e) que versem sobre filiação, desde que haja pedido das partes. Letra b. Questão literal e sem maiores problemas. A resposta é a letra “b”. Perceba como é importante ter o conteúdo legal em mente, além desaber o entendimento dos Tribunais sobre a matéria. Não pode haver “pasta própria” para arquivar documentos de processos que corram em se- gredo de justiça! Essa prática era, de certa forma, comum no cotidiano, porque poupava o juiz de decretar o si- gilo nos autos só por causa de um documento. Com a alocação do documento em uma “pasta própria” na secretaria e fora dos autos, o processo continuava seguindo sem o segredo de justiça, mas isso não é permitido pelo STJ. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Julgado: STJ. REsp 1349363/SP. [...]. 3. Não há no código de processo civil nenhuma pre- visão para que se crie “pasta própria” fora dos autos da execução fiscal para o arquiva- mento de documentos submetidos a sigilo. Antes, nos casos em que o interesse público justificar, cabe ao magistrado limitar às partes o acesso aos autos passando o feito a tramitar em segredo de justiça, na forma do art. 155, I, do CPC. 4. As informações sigilo- sas das partes devem ser juntadas aos autos do processo que correrá em segredo de jus- tiça, não sendo admitido o arquivamento em apartado. Precedentes: AgRg na APn 573 / MS, Corte Especial, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 29.06.2010; REsp. n. 1.245.744 / SP, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28.06.2011; REsp 819455 / RS, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 17.02.2009. 5. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C, do CPC, e da Resolução STJ n. 8/2008. (Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRI- MEIRA SEÇÃO, julgado em 22/05/2013, DJe 31/05/2013). Apesar da possibilidade de o processo tramitar em segredo de justiça, ainda assim algum ter- ceiro pode requerer ao juiz a expedição de certidão do dispositivo da sentença, bem como de inven- tário e de partilha resultantes de divórcio ou separação, mas desde que demonstre interesse jurídico, ou seja, não basta o mero requerimento! Como regra, portanto, nesses processos, o direito de pedir certidões é restrito às partes e aos seus procuradores. Questão 2 (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-DF/2019) A respeito da função jurisdicional, dos sujeitos do processo, dos atos processuais e da preclusão, julgue o item seguinte: Contraria o ordenamento jurídico o juiz que negar a defensor público o fornecimento de cer- tidão do dispositivo de sentença proferida em processo tramitado em segredo de justiça, sob o fundamento de ausência de interesse jurídico. Errado. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Não há contrariedade ao ordenamento jurídico se o juiz nega o fornecimento da certidão do dispositivo da sentença fundamentando essa decisão na ausência de interesse jurídico, pois, apenas mediante demonstração do interesse é que poderá haver expedição de certidão. Outras duas questões interessantes do CPC são a possibilidade de serem firmados negó- cios jurídicos processuais e de fixarem calendário para a prática dos atos processuais. Sobre esses temas, é importante você saber que: Os negócios jurídicos processuais referidos no art. 190 do CPC são os de natureza bila- teral ou plurilateral, em que as partes firmam entre si determinado compromisso processual. Como exemplos, temos o saneamento compartilhado do art. 357, § 3º, do CPC ou mesmo a calendarização do procedimento do art. 191. Esses negócios só podem ser firmados quando o direito admitir autocomposição e tam- bém só por partes capazes. Apesar de ser um negócio entre as partes, o juiz pode controlar a validade das convenções estabelecidas, mas o controle prestigia a autonomia da vontade e só haverá recusa aos negócios quando houver casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnera- bilidade. O negócio jurídico processual não depende de homologação, porque, por uma declaração bilateral de vontade, há imediata constituição/modificação/extinção de direitos, na linha do que trata o art. 200 do CPC. Além disso, é importante você saber o conteúdo de alguns Enunciados aprovados nas I e II Jornada de Direito Processual Civil sobre o tema. Por elas, cabe a celebração de negócios jurídicos no âmbito dos Juizados e também pela Fazenda Pública, por exemplo. Veja-os: Enunciado 16, I Jornada de Direito Processual Civil – As disposições previstas nos arts. 190 e 191 do CPC poderão aplicar-se aos procedimentos previstos nas leis que tratam dos juizados especiais, desde que não ofendam os princípios e regras previstos nas Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Enunciado 17, I Jornada de Direito Processual Civil – A Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos termos do art. 190 do CPC. Enunciado 18, I Jornada de Direito Processual Civil – A convenção processual pode ser celebrada em pacto antenupcial ou em contrato de convivência, nos termos do art. 190 do CPC. O tema dos negócios jurídicos processuais tem bastante destaque em âmbito das Jor- nadas. Na II Jornada, aliás, novamente houve mais debate sobre o assunto, com expressa menção ao fato de que a intervenção do MP não inviabiliza o negócio, bem como ao seu cabimento no âmbito de recuperação judicial e a possibilidade de entes despersonalizados celebrarem o negócio. Confira-os: Enunciado 112, II Jornada de Direito Processual Civil A intervenção do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica não inviabiliza a cele- bração de negócios processuais. Enunciado 113, II Jornada de Direito Processual Civil As disposições previstas nos arts. 190 e 191 do CPC poderão ser aplicadas ao procedi- mento de recuperação judicial. Enunciado 114, II Jornada de Direito Processual Civil Os entes despersonalizados podem celebrar negócios jurídicos processuais. Enunciado 115, II Jornada de Direito Processual Civil O negócio jurídico processual somente se submeterá à homologação quando expressa- mente exigido em norma jurídica, admitindo-se, em todo caso, o controle de validade da convenção. Questão 3 (FUNDEP/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MG/2019) Acerca dos negócios jurídicos processuais, assinale a alternativa correta. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL a) Conforme expressa disposição legal, cabe ao juiz controlar a validade das convenções processuais, inclusive de ofício, recusando-lhes aplicação sempre que elas não atenderem às exigências do bem comum. b) A partir da entrada em vigor do CPC de 2015, lei que encampou os princípios da boa-fé pro- cessual e da cooperação, tornou-se possível a realização de negócios jurídicos processuais unilaterais e bilaterais. c) A distribuição diversa do ônus da prova pode ocorrer por convenção das partes, desde que não torne excessivamente difícil a um dos litigantes o exercício do direito e seja celebrada no curso do processo. d) A celebração de negócio processual por parte desprovida de assistência técnico-jurídica pode ensejar situação de vulnerabilidade e, consequentemente, levar à recusa de aplicação da convenção pelo julgador. Letra d. O gabarito é a letra “d”. Você aprendeu que quando houver uma situação de vulnerabilidade é possível que o juiz controle a validade da cláusula dos negócios jurídicos processuais. O erro da letra “a” é ampliar demais o controle judicial sobre as cláusulas. Na “b”, o equívoco é dizer que apenas com o NCPC houve a possibilidade de realização de negócios jurídicos proces- suais,quando, na verdade, no CPC/73 já havia diversos exemplos, como a cláusula de eleição de foro ou mesmo a desistência do processo. Na “c”, o erro é afirmar que apenas no curso do processo é possível inverter o ônus da prova (vide art. 373, § 4º do CPC). Questão 4 (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-SP/2019) Os negócios processuais: a) típicos são, por exemplo, a eleição do foro, a desistência da ação após a apresentação de resposta do réu, a distribuição convencional do ônus da prova e a calendarização do processo. b) autorizam que as partes possam estabelecer consensualmente a proibição da intervenção de terceiro na condição de amicus curiae e do Ministério Público na condição de fiscal da or- dem jurídica, a fim de assegurar a celeridade do processo. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL c) somente são permitidos caso o direito material em discussão naquele processo seja dis- ponível, de maneira que são vedados quaisquer negócios processuais em processos que te- nham por objeto algum direito substancial indisponível. d) dependem somente da vontade das partes envolvidas, de modo que se mostra desneces- sária a participação ou a homologação judicial das convenções processuais estabelecidas pela livre manifestação das partes. e) são um instituto novo no sistema processual civil brasileiro, inaugurado com o advento do Código de Processo Civil de 2015, razão pela qual ainda pairam diversas controvérsias na doutrina e jurisprudência a seu respeito. Letra a. Na letra “b”, o equívoco é permitir que as partes, por negócio jurídico, limitem o exercício do direito de ação de terceiros. Na letra “c”, o erro é que a indisponibilidade do direito material não impede, por si só, a cele- bração de negócio jurídico processual. Na “d”, o erro é dispensar a homologação judicial, o que é necessário a depender do negócio jurídico celebrado. Na “e”, novamente o erro dizer que apenas com o NCPC houve a possibilidade de realização de negócios jurídicos processuais, quando, na verdade, no CPC/73 já havia diversos exemplos, como a cláusula de eleição de foro ou mesmo a desistência do processo. Lembre-se de que a desistência da ação, apesar de ser uma declaração unilateral de vontade no processo, só produz efeitos após a homologação judicial. É exceção à regra do caput do art. 200! ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade pro- duzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial. Como a produção de efeitos só ocorre com a homologação, cabe a retratação do pedido de desistência da ação! Julgado: STJ. AgRg no MS 18.448/DF. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. RETRATAÇÃO DA DESISTÊNCIA AINDA NÃO HOMOLOGADA POR SENTENÇA. POSSIBI- LIDADE. ANISTIA DE MILITAR. ANULAÇÃO. ILEGALIDADE. CONCESSÃO DE LIMINAR QUE SUSPENDE A INTERRUPÇÃO NO PAGAMENTO DO BENEFÍCIO, DADA A AUSÊNCIA, EM JUÍZO PROVISÓRIO, DE JUSTA CAUSA. 1. Em 3.5.2012, mesma data em que o pedido liminar foi deferido, o impetrante protocolou petição onde manifestou desistência da impetração. 2. Seis dias após, em 9.5.2012, aviou nova petição, na qual expressamente se retratou do anterior pedido. 3. Ao contrário das demais declarações unilaterais de vontade das partes, o artigo 158, parágrafo único, do CPC prescreve que a desistên- cia da ação somente produz efeitos quando homologada por sentença. 4. Na circuns- tância acima narrada, portanto, admite-se a retratação da desistência manifestada. […]. (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012, DJe 22/08/2012). Desistência de recurso não precisa de homologação (produz efeitos imediatamente), basta um pronunciamento judicial declaratório dos efeitos já produzidos. Como produz efeitos ime- diatos, há imediatamente o trânsito em julgado e a coisa julgada, impedindo a retratação da desistência recursal. A preclusão é outro fator impeditivo da retratação. Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. Julgado: STJ. AgRg nos EDcl no REsp 1014200/SP. 1. A jurisprudência é pacífica no sen- tido de que a desistência do recurso produz efeitos imediatos, tendo em vista que, nos termos do art. 501 do CPC, “o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”. A produção dos efeitos prescinde, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL inclusive, de homologação judicial, pois o atual Código de Processo Civil não exige essa providência (STF-RE 65.538/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Antônio Neder, DJ de 18.4.1975; REsp 246.062/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ de 20.5.2004). 2. Assim, formulado de modo regular o pedido de desistência do recurso, e havendo a respectiva homologação, opera-se a preclusão, cujo principal efeito é o de ensejar o trânsito em julgado em relação à decisão recorrida, caso não haja outro recurso pendente de exame. No mesmo sentido: REsp 7.243/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ de 2.8.1993; AgRg no RCDESP no Ag 494.724/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de 10.11.2003. Na doutrina, o entendimento de José Carlos Barbosa Moreira. 3. Agravo regimental desprovido. (Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/10/2008, DJe 29/10/2008). Sobre a calendarização, é importante você saber que há um acordo entre todos para a prática de atos processuais, inclusive o juiz, que fica vinculado também! Dispensa-se a inti- mação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. Por fim, os atos e termos do processo são todos em língua portuguesa. Documentos es- trangeiros só podem ser juntados se forem traduzidos por via diplomática, autoridade central ou tradutor juramentado. Questão 5 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-DFT/2019) Acerca de atos processuais, assinale a opção correta. a) Embora o processo seja regido pelo princípio da instrumentalidade das formas, não é viá- vel que depoimentos de testemunhas colhidos em audiência sejam registrados somente em sistema de gravação de áudio ou de vídeo, pois, para serem formalizados, devem ser devida- mente transcritos. b) É vedado o lançamento de cotas marginais e interlineares nos autos, e o descumprimento dessa determinação incorrerá na sujeição do infrator à aplicação de multa pela prática de ato atentatório à dignidade da justiça no importe de um a dois salários mínimos. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL c) De acordo com o Código de Processo Civil, o curso dos prazos processuais é suspenso entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro; no entanto, juízes, promotores, defensores, procuradores federais e auxiliares da justiça exercerão atividades normalmente durante o referido período. d) Durante o período de férias forenses aplicáveis aos tribunais superiores, suspende-se a prá- tica de atos processuais, paralisando-se até mesmo os procedimentos de jurisdição voluntária e os processos de nomeação ouremoção de tutor ou curador. e) Segundo o Código de Processo Civil, mesmo na hipótese de o juiz e as partes criarem um calendário processual, é essencial que haja a intimação das partes em relação aos atos pro- cessuais a serem realizados. Letra c. Não há a exigência de transcrição de depoimentos, por isso a “a” está errada. Na letra “b”, o erro é o valor da multa, que o Código estabelece em meio salário mínimo. A letra “c” é a correta e é o gabarito, apesar de, na prática, não haver atividade propriamen- te “normal”, mas sim em regime de plantão. Ainda assim, é o que dispõe o § 1º do art. 220 do CPC. Na “d”, o erro é a ressalva da paralisação de procedimentos de jurisdição voluntária e dos processos de nomeação ou remoção de tutor ou curador. Você acabou de ver que quando houver uma calendarização processual há também a dispen- sa das intimações das partes, por isso a letra “e” está errada. Em um processo, o juiz de primeiro grau se pronuncia basicamente por três formas dife- rentes: sentença, decisão interlocutória e despachos. A diferença entre elas pode ser vista no quadro abaixo. O CPC adota um conceito por exclusão, sendo o despacho o ato remanescente que não se configura nem como decisão ou como sentença. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Sentença Pronunciamento judicial pelo qual se põe fim à fase cognitiva do procedimento comum (com base nos artigos 485 e 487), bem como extingue a execução. Decisão interlocutória Pronunciamento judicial de natureza decisória que não se configure como uma sentença. Despacho Todo pronunciamento judicial que não se configure como uma sentença ou uma decisão interlocutória. Há também os atos ordinatórios, que não dependem de pronunciamento do juiz para se- rem praticados. Portanto, o servidor pode realizá-los no processo. A mera juntada de uma petição ou a vista obrigatória são exemplos. Em âmbito dos Tribunais, chama-se de acórdão o julgamento colegiado proferido. Nor- malmente, há um relatório, seguido do voto do relator. Os demais julgadores proferem seus votos e, ao final, confecciona-se o acórdão, que é o julgamento pelo ponto de vista colegiado. A ementa é apenas um resumo do julgamento, que fica a cargo do relator ou do julgador que, ao suscitar divergência, formou corrente majoritária. Questão 6 (VUNESP/ADVOGADO/PREFEITURA DE ARUJÁ-SP/2019) Quanto aos atos e fa- tos processuais, pode-se afirmar que: a) os pronunciamentos do juiz consistem em sentenças, despachos, decisões interlocutórias e atos ordinatórios. b) após o advento do processo eletrônico, é defeso utilizar taquigrafia ou estenotipia para o registro de atos processuais. c) os atos processuais serão realizados em dias úteis das 8 (oito) às 20 (vinte) horas. d) a prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até às 20 (vinte) horas do último dia do prazo. e) independentemente de autorização judicial, as penhoras poderão ser realizadas em perío- do de férias forenses. Letra e. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Você acabou de aprender que atos ordinatórios são atos que não dependem de pronuncia- mento do juiz e são praticados pelo servidor. Errada a letra “a”. O CPC é expresso no sentido da possibilidade de uso da taquigrafia, da estenotipia ou de outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. Vide o art. 210. Errada a letra “b”. O erro da letra “d” é o prazo, que, conforme o Código, é de 6h às 20h. A letra “e” é correta e é o gabarito. Do tempo Dos Atos processuAis Os atos processuais que vimos anteriormente são realizados em dias úteis, das 6h às 20h. Nada impede que um determinado ato seja concluído posteriormente às 20h quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido no CPC. Para os atos em processo eletrônico, há a previsão de sua prática em qualquer horário até as 24h do último dia do prazo. Nas férias forenses e feriados não há a prática de atos processuais, salvo duas exceções: as tutelas de urgência e a hipótese acima tratada (quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano). Entende-se por feriados apenas aqueles previstos em lei, os sábados, domingos e os dias em que não haja expediente forense. Há ainda situações em que, mesmo durante as férias forenses, não haverá a suspensão de determinados processos, que, segundo o CPC, são os seguintes: os procedimentos de ju- risdição voluntária e os necessários à conservação de direitos, quando puderem ser prejudi- cados pelo adiamento; a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador; os processos que a lei determinar. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Questão 7 (VUNESP/PROCURADOR JURÍDICO/CÂMARA DE OLÍMPIA-SP/2018) No que diz respeito ao tempo e lugar dos atos processuais, é correto afirmar que a) os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 9 (nove) às 19 (dezenove) horas. b) depende de autorização judicial a prática de citações, intimações e penhoras durante o período de férias forenses. c) os atos processuais poderão ser excepcionalmente realizados fora da sede do juízo, dentre outras hipóteses, em razão da natureza do ato. d) durante as férias forenses não se praticarão atos processuais relativos à tutela de urgência. e) se suspendem durante as férias forenses os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador. Letra c. A resposta é a letra “c”. Você acabou de ler que o horário para realização dos atos processuais é de 6h às 20h, por- tanto é errada a letra “a”. Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão re- alizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido no CPC, por isso é errada a letra “b”. É possível a realização de atos processuais durante as férias forenses, tendo ocmo exemplo as tutelas de urgência, por isso a “d” é errada. Não há a suspensão durante as férias forenses dos processos de nomeação ou remoção de tutor ou curador, como você acabou de aprender acima. Questão 8 (QUADRIX/ANALISTA ADVOGADO/CREF13/2018) Com relação ao direito pro- cessual civil, à advocacia pública e à forma dos atos processuais, julgue o item que se segue. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Considere-se que Roberto, juiz de direito, tenha determinado a intimação de Rubens, réu em processo civil, para comparecer em juízo, mas não tenha estabelecido um prazo. Nesse caso, Rubens deverá atender ao comando judicial no prazo de 48 horas. Certo. Veja como esse tema cai bastante nas provas. É muito simples, mas infelizmente pode nos pegar de surpresa se não nos atentarmos aos prazos. Do LugAr Dos Atos processuAis A regra é que os atos sejam realizados na sede do juízo, e a exceção que permite a prática de atos em locais diversos é reservada para situações que o Código denomina de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhi- do pelo juiz. Dos prAzos Vamos ver os prazos para determinados atos quando os estudarmos especificamente. É importante você saber desde agora, contudo, que há situações em que não há um prazo determinado de forma específica em lei e, paraesses casos, há uma norma geral que prevê prazo para a prática do ato. Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a compare- cimento após decorridas 48h. Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Questão 9 (CEV-URCA/ADVOGADO/PREFEITURA DE MAURITI-CE/2019) Em relação aos prazos é INCORRETO afirmar: a) Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do ato. b) Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a compare- cimento após decorridas 24 (vinte e quatro) horas. c) Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. d) Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá pror- rogar os prazos por até 2 (dois) meses. e) A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa. Letra b. Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a compareci- mento após decorridas 48h, não após 24h. Alternativa incorreta é a letra “b”. Muito se debateu, na vigência do CPC anterior, sobre a possibilidade de praticar atos antes de iniciado o termo inicial do prazo. Fala-se que o ato é extemporâneo por antecipação, nesse caso. O NCPC expressamente permite a prática de atos antes do termo inicial do prazo. Questão 10 (VUNESP/ADVOGADO/PREFEITURA DE ARUJÁ-SP/2019) Assinale a alternativa correta no que se refere aos prazos processuais. a) Será considerado intempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. b) Sendo omissa a lei, o juiz fixará o prazo para cumprimento de determinado ato conforme a complexidade do mesmo. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL c) Quando a lei não determinar prazo, as intimações somente obrigam ao comparecimento após decorridas 24 horas. d) O juiz proferirá as sentenças e as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias. e) Considera-se data da publicação a data da disponibilização do ato no Diário da Justiça Eletrônico. Letra b. O ato praticado antes do termo é considerado tempestivo, como você acabou de ver. Errada a letra “a”. A “b” está correta e é o gabarito. Entenda que o juiz fixa o prazo para cumprimento do ato conforme sua complexidade e, na omissão, segue-se o prazo geral de 5 dias. O erro da “c” é o prazo de 24h, que é, na verdade, de 48h. Na “d”, o erro é o prazo para prolação de sentença, que é de 30 dias. Na “e” há um erro bastante comum, que é misturar a data da publicação com a data da dis- ponibilização do ato no Dje. A contagem dos prazos processuais é sempre em dias úteis. Prazos materiais são conta- dos de forma corrida! No NCPC, a contagem de prazo é em dia útil. Aplica-se essa regra na execução fiscal e nos Juizados Cíveis. Na área criminal, incluindo os Juizados Criminais, a contagem é corrida. Lei n. 9.099/1995, Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis. CPP: “Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.” Enunciado 19, I Jornada de Direito Processual Civil – O prazo em dias úteis previsto no art. 219 do CPC aplica-se também aos procedimentos regidos pelas Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Enunciado 20, I Jornada de Direito Processual Civil – Aplica-se o art. 219 do CPC na contagem do prazo para oposição de embargos à execução fiscal previsto no art. 16 da Lei n. 6.830/1980. Enunciado 116, II Jornada de Direito Processual Civil: Aplica-se o art. 219 do CPC na contagem dos prazos processuais previstos na Lei n. 6.830/1980. Questão 11 (FUNCERN/PROCURADOR/PREFEITURA DE APODI-RN/2019) Pelo Código de Processo Civil (Lei Federal n.. 13.105/2015), os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. É correto, ainda, afirmar a respeito do prazo dos atos processuais que a) na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis, salvo nos casos de prazos urgentes, quando então será contado o prazo em dias corridos. b) inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 10 (dez) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. c) quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração ao tamanho do ato processual. d) os prazos serão suspensos durante a execução de programa instituído pelo Poder Judici- ário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com antecedên- cia, a duração dos trabalhos Letra d. Na alternativa “a”, o erro é que não há a previsão de exceção para prazos urgentes. Na “b”, o prazo comum na omissão legal é de 5 dias. Na “c”, o erro é que não há essa previsão legal. Sobra a alternativa “d”, que é a correta e é cópia literal de disposição legal. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Para contar um prazo, você precisa excluir o dia do começo e incluir o dia do vencimento na contagem. Além disso, os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encer- rado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. Data da publicação é o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização do ato no Diário de Justiça eletrônico (Dje). A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa, ou seja, não há, pelo Código, a possibilidade de renúncia tácita. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, in- dependentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa. O escoamento do prazo sem a prática do ato correlato é o que se denomina de preclusão. Acerca da preclusão, tem-se: • preclusão temporal – pelo decurso do tempo; • Preclusão consumativa – é aquela que exaure o ato. Quando se recorre, acontece a preclusão consumativa, ou seja, não pode editar posteriormente (ex: recorrer); • preclusão lógica – perde a faculdade processual em razão de ato incompatível (se fizer acordo, depois não pode desfazê-lo ou recorrer dele; não pagamento de custas pro- cessuais imprescindíveis ao julgamento, com a consequente dispensa da realização do ato processual, pois nesse caso, após o prazo para o recurso, não se pode alegar cerceamento de defesa ou algo do gênero); • preclusão por ato ilícito – As anteriores são por atos lícitos. Nesta preclusão, a causa é um ato ilícito (exemplo: A 2ª oposição protelatória de EDcl gera a perda do direito de embargar pela 3ª vez, salvo se houver o recolhimento da multa). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL O STJ tem um julgado bastante didático sobre preclusão que eu gostaria de compartilhar com você: Julgado: STJ. REsp 785823/MA.[...]. A essência da preclusão, para Chiovenda, vem a ser a perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual pelo fato de se haverem alcançado os limites assinalados por lei ao seu exercício. Decorre a preclusão do fato de ser o processo uma sucessão de atos que devem ser ordenados por fases lógicas, a fim de que se obtenha a prestação jurisdicional, com precisão e rapidez. Sem uma ordena- ção temporal desses atos e sem um limite de tempo para que as partes os pratiquem, o processo se transformaria numa rixa infindável. Justifica-se, pois, a preclusão pela aspiração de certeza e segurança que, em matéria de processo, muitas vezes prevalece sobre o ideal de justiça pura ou absoluta. Trata-se, porém, de um fenômeno interno, que só diz respeito ao processo em curso e às suas partes. Não atinge, obviamente, direitos de terceiros e nem sempre trará repercussões para as próprias partes em outros processos, onde a mesma questão venha a ser incidentalmente tratada [...]. (Rel. Minis- tro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/03/2007, DJ 15/03/2007, p. 272). O Código prevê ainda prazos impróprios para a prática dos atos pelo juiz de primeira instân- cia, ou seja, prazos que, se descumpridos, não acarretam nenhuma consequência processual. Sentença 30 dias Havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos a que está submetido. Decisão interlocutória 10 dias Despacho 5 dias Classificação dos prazos: • dilatório – prazo flexível, cuja inobservância não acarreta preclusão; • peremptório – prazo rígido, obrigatório. Se não observar, haverá preclusão (preclusão temporal). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Questão 12 (VUNESP/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-RS/2019) De acordo com o Código de Processo Civil, os atos processuais serão realizados nos prazos pres- critos em lei. Sobre a matéria, assinale a alternativa correta. a) O juiz proferirá os despachos no prazo de 5 (cinco) dias, as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias e as sentenças no prazo de 20 (vinte) dias. b) Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, me- diante declaração judicial, ficando assegurado à parte provar que não o realizou por justa causa. c) Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá pror- rogar os prazos por até 3 (três) meses. d) Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos a que está submetido. e) Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distin- tos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, mediante simples requerimento. Letra d. A alternativa “d” é a correta e está no quadro acima. O erro da “a” é o prazo para a prolação de sentenças. Na “b”, o erro é condicionar a ocorrência de preclusão a uma declaração judicial. Na “c”, o erro é novamente o prazo. O Código prevê a possibilidade de prorrogação por até 2 meses. Na “e”, o equívoco é condicionar o direito processual ao prazo em dobro ao requerimento, que não é condição. Importante tema prático e também bastante cobrado em prova é o prazo dobrado para litis- consortes com diferentes procuradores. O Código fala que os litisconsortes que tiverem diferen- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL tes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para to- das as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. Julgado: STJ. AgInt no AREsp 1042741/DF. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO EM RECURSO ESPE- CIAL. INAPLICABILIDADE DO PRAZO EM DOBRO PREVISTO NO ART. 229 DO CPC DE 2.015. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. É assente nesta Corte Superior que não se aplica o prazo em dobro previsto no art. 229 do CPC/2015 (art. 191 do CPC/1973) quando os litisconsortes outorgam procuração ao mesmo grupo de procuradores integrantes de mesmo escritório profissional. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (Rel. Minis- tro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 12/09/2017, DJe 15/09/2017). Essa regra, contudo, não é aplicável a processos em autos eletrônicos, porque por esse sistema todos têm acesso aos autos simultaneamente, sem tolher do outro a possibilidade de vista, e quando, havendo apenas dois réus, tão somente um deles apresenta defesa. Cuidado, pois também não há prazo recursal em dobro no processo de controle concen- trado de constitucionalidade. Informativo 929, STF: “[...] Não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda Pública em processo objetivo, mesmo que seja para interposição de recurso extraordinário em processo de fiscalização normativa abstrata. [...].” (PLENO, ADI 5814 MC-AgR-AgR/RR, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 6.2.2019; ARE 830727 AgR/SC, rel. orig. Min. Presidente, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 6.2.2019). Questão 13 (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF-4ª/2019) A União moveu ação indenizatória contra Leandro e Jéssica, que se acham representados, nos autos eletrônicos do processo, por diferentes procuradores. Nesse caso, os réus: a) terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, desde que seus res- pectivos advogados integrem escritórios de advocacia distintos. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL b) terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, ainda que seus res- pectivos advogados integrem o mesmo escritório. c) não terão prazos contados em dobro para as suas manifestações. d) terão prazos contados em dobro apenas para contestar a ação e interpor recursos, desde que tenham formulado prévio requerimento. e) terão prazos contados em dobro apenas para contestar a ação e interpor recursos, inde- pendentemente de prévio requerimento. Letra c. Você acabou de aprender que se os autos forem eletrônicos, não há a regra da dobra do prazo para se manifestar nos autos, por isso a resposta correta é a letra “c”. Prazo em dobro aplica-se ao PJE, antes do NCPC. Informativo 560, STJ: “Aplica-se o art. 191 do CPC/1973 à contagem de prazo nos pro- cessos judiciais eletrônicos. De fato, a aplicação do prazo em dobro para contestar, recorrer e, de modo geral, falar nos autos quando os litisconsortes tiverem procuradores diferentes (art. 191 do CPC/1973), visa possibilitar acesso e manuseio dos autos aos advogados, haja vista ser o prazo comum. Todavia, como a utilização do processo judi- cial eletrônico afastou a impossibilidade de diferentes advogados obterem vista simul- tânea dos autos, não mais subsiste a situação que justificava a previsão do prazo em dobro. Nesse contexto, o Novo CPC (de 2015), atento à necessidade de alteração legis- lativa, exclui a aplicação do prazo em dobro no processo eletrônico (art. 229, § 2º). A lei disciplinadora do processo eletrônico (Lei 11.419/2006), no entanto, não alterou nem criou nenhuma exceção ao determinado no art. 191 do CPC/1973, de forma que, ausente alteração legislativa acerca do tema, não há como deixar de se aplicar o dispositivo legal vigente, sob pena de se instaurar grave insegurança jurídica e se ofender o princí- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL pio da legalidade. Desse modo, apesar de se reconhecer que o disposto no art. 191 está em descompasso como sistema do processo eletrônico, em respeito ao princípio da legalidade e à legítima expectativa gerada pelo texto normativo vigente, enquanto não houver alteração legal, aplica-se aos processos eletrônicos o disposto no art. 191, pre- servando-se a segurança jurídica do sistema como um todo, bem como a proteção da confiança.” (TERCEIRA TURMA, REsp 1.488.590-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/4/2015, DJe 23/4/2015). Litisconsortes com diferentes advogados têm prazo em dobro para pagamento voluntário. Julgado: STJ. REsp 1693784/DF. RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PRAZO PARA PAGAMENTO VOLUNTÁRIO. CÔMPUTO EM DOBRO EM CASO DE LITISCONSORTES COM PROCURADORES DISTINTOS. 1. O artigo 229 do CPC de 2015, aprimorando a norma disposta no artigo 191 do código revogado, determina que, apenas nos processos físicos, os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. 2. A impossibilidade de acesso simultâneo aos autos físicos constitui a ratio essendi do prazo diferenciado para litisconsortes com procuradores distintos, tratando-se de norma processual que consagra o direito funda- mental do acesso à justiça. 3. Tal regra de cômputo em dobro deve incidir, inclusive, no prazo de quinze dias úteis para o cumprimento voluntário da sentença, previsto no artigo 523 do CPC de 2015, cuja natureza é dúplice: cuida-se de ato a ser praticado pela pró- pria parte, mas a fluência do lapso para pagamento inicia-se com a intimação do advo- gado pela imprensa oficial (inciso I do § 2º do artigo 513 do atual Codex), o que impõe ônus ao patrono, qual seja o dever de comunicar o devedor do desfecho desfavorável da demanda, alertando-o das consequências jurídicas da ausência do cumprimento voluntário. 4. Assim, uma vez constatada a hipótese de incidência da norma disposta no artigo 229 do Novo CPC (litisconsortes com procuradores diferentes), o prazo comum para pagamento espontâneo deverá ser computado em dobro, ou seja, trinta dias úteis. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL 5. No caso dos autos, o cumprimento de sentença tramita em autos físicos, revelando- -se incontroverso que as sociedades empresárias executadas são representadas por patronos de escritórios de advocacia diversos, razão pela qual deveria ter sido compu- tado em dobro o prazo para o cumprimento voluntário da obrigação pecuniária certifi- cada na sentença transitada em julgado. 6. Ocorrido o pagamento tempestivo, porém parcial, da dívida executada, incide, à espécie, o § 2º do artigo 523 do CPC de 2015, devendo incidir a multa de dez por cento e os honorários advocatícios (no mesmo per- centual) tão somente sobre o valor remanescente a ser pago por qualquer dos litiscon- sortes. 7. Recurso especial provido para, considerando tempestivo o depósito judicial realizado a menor por um dos litisconsortes passivos, determinar que a multa de dez por cento e os honorários advocatícios incidam apenas sobre o valor remanescente a ser pago. (Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 05/02/2018). Se houver litisconsortes com diferentes procuradores, mas houver a interposição de um único recurso em conjunto com o recolhimento de um só preparo, não haverá prazo em dobro. Julgado: STJ. REsp 1694404/SP. [...]. 2. A jurisprudência da Terceira Turma desta Corte é firme no sentido de que somente há prazo em dobro para litisconsortes com diferen- tes procuradores quando, além de existir dificuldade em cumprir o prazo processual e consultar os autos, for recolhido mais de um preparo recursal. Havendo interposição de recurso em conjunto e o recolhimento de um só preparo, não há que se falar na duplica- ção legal do prazo. 3. Assim, é intempestivo o recurso especial interposto fora do prazo legal de 15 dias previsto no art. 508 do CPC/73. 4. Recurso especial não conhecido. (Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 08/06/2018). Se a constituição de procurador diferente por um dos litisconsortes se der no curso do prazo, apenas o restante ainda não transcorrido será contado em dobro. Julgado: STJ. REsp 1309510/AL. - Ausentes os vícios do art. 535, II, do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração. - Se os litisconsortes passam a ter procuradores distintos no curso do processo, a partir desse momento é que têm o prazo em dobro à sua dispo- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL sição. O momento processual da aplicação do art. 191 do CPC, é, portanto, o de quando demonstrada a existência de litisconsórcio com diferentes procuradores. - Afasta-se a multa do parágrafo único do art. 538 do CPC quando não se caracteriza o intento protelatório na interposição dos embargos de declaração. - Recurso especial parcial- mente conhecido e, nesta extensão, provido. (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/03/2013, DJe 03/04/2013). A prerrogativa de prazo em dobro não se estende aos procedimentos administrativos. Julgado: STJ. REsp 829.726/PR. PROCESSUAL CIVIL. REGRA DE EXCEÇÃO. PRAZO EM DOBRO PARA ATUAR EM JUÍZO. DEFENSORIA PÚBLICA. LC N.º 80/94. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. NORMA DE EXCEÇÃO. ESTENDÍVEL À ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOS- SIBILIDADE. 1. Hipótese em que a controvérsia a ser dirimida nos presentes autos cinge-se em definir se o benefício do prazo em dobro concedido à Defensoria Pública da União, no art. 44, I, da LC n.º 80/94, estende-se aos procedimentos administrativos ou se refere, tão-somente, aos processos judiciais. 2. O art. 44, da Lei Complementar n.º 80/94, que organiza a Defensoria Pública da União, preceitua, verbis: Art. 44. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União: I - receber intimação pessoal em qual- quer processo e grau de jurisdição, contando-se-lhe em dobro todos os prazos;(...).” 3. As prerrogativas processuais, exatamente porque se constituem em regras de exce- ção, são interpretadas restritivamente. 4. “O Código Civil explicitamente consolidou o preceito clássico - ‘Exceptiones sunt strictissimoe interpretationis’ (“interpretam-se as exceções estritissimamente’, no art. 6º da antiga Introdução, assim concebido: “A lei que abre exceção a regras gerais, ou restringe direitos, só abrange os casos que especi- fica” (...) As disposições excepcionais são estabelecidas por motivos ou considerações particulares, contra outras normas jurídicas, ou contra o Direito comum; por isso não se estendem além dos casos e tempos que designam expressamente. Os contemporâneos preferem encontrar o fundamento desse preceito no fato de se acharem preponderan- temente do lado do princípio geral as forças sociais que influem na aplicação de toda regra positiva, como sejam os fatores sociológicos, a Werturteil dos tedescos, e outras. (...)” (Carlos Maximiliano, in “Hermenêutica e Aplicação do Direito”, Forense, p. 184/193) ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL 5. Aliás, a jurisprudência do E. STJ, encontra-se em sintonia com o entendimento de que as normas legais que instituem regras de exceção não admitem interpretação extensiva. (REsp 806027 / PE; Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 09.05.2006; REsp 728753 / RJ, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 20.03.2006; REsp 734450 / RJ, deste relator, DJ de 13.02.2006; REsp 644733 / SC; Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, Rel. p/ acórdão, este relator, DJ de 28.11.2005) 6. Os prazos processuais são prorro-gáveis, por força de lei, por isso que afronta à legalidade instituir-se prazo em dobro sequer previsto na Lei Orgânica da instituição, máxime quando a norma, ao pretender fazê-lo, o fez seguindo a regra lex dixit quam voluit. 7. Voto para, divergindo do e. rela- tor, dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 29/06/2006, DJ 27/11/2006, p. 254). O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Ministé- rio Público, será contado da citação, da intimação ou da notificação. Defensoria, assim como MP, têm vista pessoal dos autos, sendo que o ciente do DP ou MP não inicia a contagem do prazo, apesar de configurar a intimação, havendo a necessidade de remessa dos autos. “O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Públi- co, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado.” Julgado: STJ. REsp 1349935/SE. RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART. 1.036 DO CPC C/C O ART. 256, I, DO RISTJ). PROCESSO PENAL E PROCESSO CIVIL. INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CONTAGEM DOS PRAZOS. INÍCIO. NECESSIDADE DE REMESSA DOS AUTOS À INSTITUIÇÃO. INTIMAÇÃO E CONTA- GEM DE PRAZO PARA RECURSO. DISTINÇÕES. PRERROGATIVA PROCESSUAL. NATU- REZA DAS FUNÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PECULIARIDADES DO PROCESSO PENAL. REGRA DE TRATAMENTO DISTINTA. RAZOABILIDADE. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 18, II, “h”, DA LC N. 75/1993 e 41, IV, DA LEI N. 8.625/1993. 1. A intimação dos atos proces- suais tem por objetivo dar conhecimento ao interessado sobre o ato praticado, permitin- do-lhe, eventualmente, a ele reagir, em autêntica expressão procedimental do princípio ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL do contraditório, o qual se efetiva no plano concreto com a participação das partes no desenvolvimento do processo e na formação das decisões judiciais, de sorte a conferir tanto ao órgão de acusação quanto ao de defesa o direito de influir, quer com a atividade probatória, quer com a apresentação de petições e arrazoados, escritos e orais, na for- mação do convencimento do órgão jurisdicional competente. 2. Na estrutura dialética do processo penal brasileiro, o Ministério Público desempenha suas funções orientado por princípios constitucionais expressos, entre os quais se destacam o da unidade e o da indivisibilidade, que engendram a atuação, em nome da mesma instituição, de diver- sos de seus membros, sem que isso importe em fragmentação do órgão, porquanto é a instituição, presentada por seus membros, que pratica o ato. 3. Incumbe ao Ministério Público a preservação da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127 da CF), o que autoriza a otimização da eficiência dos serviços oficiais, dependentes do acompanhamento e da fiscalização de vultosa quan- tidade de processos. Daí a necessidade e a justificativa para que a intimação pessoal seja aperfeiçoada com a vista dos autos (conforme disposto expressamente no art. 41, IV, da Lei n. 8.625/1993 e no art. 18, II, “h”, da LC n. 75/1993). Raciocínio válido também para a Defensoria Pública (arts. 4º, V, e 44, I, da LC n. 80/1994), dada sua equivalente essencialidade à função jurisdicional do Estado (art. 134 da CF) e as peculiaridades de sua atuação. 4. Para o escorreito desempenho de suas atribuições constitucionais e legais, a intimação pessoal dos membros do Ministério Público é também objeto de expressa previsão no novo CPC, no art. 180 (repetindo o que já dizia o CPC de 1973, em seu art. 236, § 2º), semelhantemente ao disposto no art. 370, § 4º, do Código de Pro- cesso Penal. 5. A distinção entre intimação do ato e início da contagem do prazo proces- sual permite que se entenda indispensável - para o exercício do contraditório e a efetiva realização da missão constitucional do Ministério Público - que a fluência do prazo para a prática de determinado prazo peremptório somente ocorra a partir do ingresso dos autos na secretaria do órgão destinatário da intimação. Precedentes. 6. Assim, a não coincidência entre a intimação do ato decisório (em audiência ou por certidão cartorial) e o início do prazo para sua eventual impugnação é a única que não sacrifica, por meio reflexo, os direitos daqueles que, no âmbito da jurisdição criminal, dependem da escor- reita e eficiente atuação do Ministério Público (a vítima e a sociedade em geral). Em ver- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL dade, o controle feito pelo representante do Ministério Público sobre a decisão judicial não é apenas voltado à identificação de um possível prejuízo à acusação, mas também se dirige a certificar se a ordem jurídica e os interesses sociais e individuais indisponí- veis - dos quais é constitucionalmente incumbido de defender (art. 127, caput, da CF) - foram observados, i.e., se o ato para o qual foi cientificado não ostenta ilegalidade a sanar, ainda que, eventualmente, o reconhecimento do vício processual interesse, mais proximamente, à defesa. 7. É natural que, nos casos em que haja ato processual decisó- rio proferido em audiência, as partes presentes (defesa e acusação) dele tomem conhe- cimento. Entretanto, essa ciência do ato não permite ao membro do Ministério Público (e também ao integrante da Defensoria Pública) o exercício pleno do contraditório, seja porque o órgão Ministerial não poderá levar consigo os autos, seja porque não necessa- riamente será o mesmo membro que esteve presente ao ato a ter atribuição para even- tualmente impugná-lo. 8. Recurso especial provido para reconhecer a tempestividade da apelação interposta pelo Ministério Público Federal e determinar ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região que julgue o recurso ministerial. TESE: O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pes- soal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado. (Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/08/2017, DJe 14/09/2017). O vício consistente na falta de intimação pessoal deve ser impugnado na primeira oportuni- dade, sob pena de preclusão. Informativo 830, STF A não observância da intimação pessoal da Defensoria Pública — prerrogativa para o efetivo exercício de sua missão institucional — deve ser impugnada, imediatamente, na primeira oportunidade processual, sob pena de preclusão. Com base nesse entendi- mento, a Segunda Turma indeferiu a ordem de habeas corpus. No caso, no julgamento da apelação, não teria havido intimação pessoal da Defensoria Pública. No entanto, tal insurgência somente fora veiculada no recuso especial, não obstante a Defensoria ante- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL riormente houvesse oposto embargos de declaração. (SEGUNDA TURMA, HC 133476, rel. Min. Teori Zavascki, 14.6.2016). Questão 14 (FGV/TÉCNICO SUPERIOR JURÍDICO/DPE-RJ/2019) Determinado Defensor Pú- blico foi informado de que um processo judicial de interesse de seu assistido tinha sido des- pachado pelo juízo. Nesse caso, de acordo com o Código de Processo Civil, a Defensoria Pública tem prazo: a) em dobro para se manifestar, que começa a fluir com a intimação pessoal; b) em quádruplo para se manifestar, que começa a fluir coma intimação pessoal; c) idêntico ao de qualquer parte, que começa a fluir com a sua intimação pessoal; d) em dobro para se manifestar, que começa a fluir com a publicação da intimação no diário oficial; e) em quádruplo para se manifestar, que começa a fluir com a publicação da intimação no diário oficial. Letra a. O gabarito é a letra “a”. Não se esqueça de que a intimação pessoal pode ocorrer por carga, remessa ou meio eletrônico, conforme art. 183, § 1º, do CPC. O termo inicial da contagem dos prazos também possui variadas regras, que você pode conferir abaixo: Quando a citação ou intimação se der por/ pelo: Considera-se o dia do começo do prazo: ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL correio a data de juntada aos autos do aviso de recebimento oficial de justiça a data de juntada aos autos do mandado cumprido Ato do escrivão ou do chefe de secretaria a data de ocorrência da citação ou da intimação edital o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz meio eletrônico o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê carta a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 (sobre cartas) ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida Diário da Justiça impresso ou eletrônico a data da publicação retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria o dia da carga Data da publicação é o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização do ato no Diário de Justiça eletrônico (Dje). A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa, ou seja, não há, pelo Código, a possibilidade de renúncia tácita. Questão 15 (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ-PR/2019) À luz do entendimento jurisprudencial do STJ a respeito de aplicação da lei processual, de atos processuais e de execução fiscal, julgue os itens a seguir. I – Nos processos judiciais, a fixação de honorários advocatícios sucumbenciais é regida pela lei vigente na data de prolação da sentença. II – O prazo recursal da parte que for intimada, por oficial de justiça, a respeito de decisão judicial se inicia na data de cumprimento do mandado, e não com a juntada do man- dado ao processo. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – Na execução fiscal, o prazo de um ano de suspensão do processo, previsto na Lei de Execução Fiscal, e da respectiva prescrição intercorrente se inicia automaticamente na data de ciência da fazenda pública a respeito da não localização do devedor ou da inexistência de bens penhoráveis no endereço fornecido. Assinale a opção correta. a) Apenas os itens I e II estão certos. b) Apenas os itens I e III estão certos. c) Apenas os itens II e III estão certos. d) Todos os itens estão certos. Letra b. Veja que no item II, o erro é que quando a intimação ocorrer por oficial de justiça, o dia do co- meço do prazo é a data da juntada aos autos do mandado cumprido. Ao se estabelecer o item II como errado, você tem necessariamente a letra “b” como o gabarito. A assertiva I está correta e é o entendimento do STJ sobre a matéria, assim como o item III. O arquivamento do mandado de intimação na coordenadoria/secretaria é substitutivo de sua juntada nos autos, em observância à economia e celeridade processual, desde que devi- damente certificado. Julgado: STJ. EDcl nos EREsp 707.206/PR. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLA- RAÇÃO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. INTIMAÇÃO DO PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL. PRAZO RECURSAL. INÍCIO. DATA DO ARQUIVAMENTO DO MANDADO DE INTIMAÇÃO. RECURSO INTEMPESTIVO. 1. O arquivamento do mandado de intimação na Secretaria do Tribunal, desde que devidamente certificado nos autos, supre a necessi- dade da sua juntada, dando início, a partir de então, à contagem do prazo recursal. Pre- cedentes do STJ. 2. Embargos de Declaração rejeitados. (Rel. Ministro HERMAN BENJA- MIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 04/05/2009). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Se houver vários réus, a contagem do prazo no processo de conhecimento será da juntada do último AR ou mandado. No processo de execução é diferente! Não se aplica esta regra no processo de execução, para efeitos de contagem do prazo para o ajui- zamento da ação de embargos do devedor. Na execução cada executado é considerado autônoma e individualmente, de modo que o prazo para cada um embargar é singular: conta-se a partir da juntada do respectivo mandado de citação cumprido aos autos e não do último mandado. (Nelson Nery). Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231. § 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. Findo o prazo, na prática, é possível que a parte detenha os autos e não os devolva. O Có- digo reprime essa conduta e prevê que se, intimado, o advogado não devolver os autos no pra- zo de três dias, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do salário-mínimo. Se a situação envolver membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato! Cuidado com essa previsão do Código, porque a regra geral é que os advogados, públicos ou privados, não respondem pelas multas processuais pessoalmente! Art. 77, § 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Mi- nistério Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º [multa de até 20% do valor da causa ou de até 10x o valor do salário-mínimo], devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL DA comunicAção Dos Atos processuAis Os atos processuais são cumpridos por ordem judicial. Caso determinado ato tenha de ser praticado fora dos limites territoriais do tribunal, comarca, seção ou subseção, será preci- so expedir uma carta para a prática do ato. Admite-se a prática de atos processuais por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real. Veja abaixo os tipos de cartas que o Código prevê: De ordem Expedição de carta do Tribunal para juízo a ele vinculado. Rogatória Expedição de carta para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro. Precatória Expedição de carta para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência territorial diversa. Arbitral Expedição de carta para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. Em todas as cartas, o juiz fixará o prazo para cumprimento, atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da diligência. As partes deverão ser intimadas pelojuiz do ato de expedição da carta. A carta tem caráter itinerante, podendo, antes ou depois de lhe ser ordenado o cumpri- mento, ser encaminhada a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato. Essa regra é muito importante na prática, pois apenas com ela é possível “aproveitar” a expedição de uma carta para fazê-la cumprir em outra localidade, sem a necessidade de se expedir nova carta para isso. Nessa linha, o Código prevê que no caso de incompetência em razão da ma- téria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL DA citAção Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para inte- grar a relação processual. Citação é requisito de validade do processo, apesar de certa divergência doutrinária que o aponta como requisito de existência. O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da ci- tação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. O comparecimento espontâneo supre a citação! Julgado: STJ. REsp 1656403/SP. [...]. 4. Segundo a teoria da ciência inequívoca, em observância do princípio da instrumentalidade das formas, considera-se comunicado o ato processual, independentemente da sua publicação, quando a parte ou seu repre- sentante tenha, por outro meio, tomado conhecimento do processado no feito. [...]. (Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/02/2019, DJe 06/03/2019). Julgado: STJ. REsp 1.710.498/CE. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE REVOGA A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA ANTERIOR- MENTE CONCEDIDA. PETICIONAMENTO ESPONTÂNEO NOS AUTOS. PEÇA EM CUJO TEOR A PARTE REVELA TEXTUALMENTE O CONTEÚDO DA DECISÃO PROLATADA PEN- DENTE DE PUBLICAÇÃO. CIÊNCIA INEQUÍVOCA. CONFIGURADA. INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO 4 MESES DEPOIS. MANTIDA. 1. Ação de conhecimento da qual se extrai o presente recurso especial, interposto em 12⁄03⁄14 e concluso ao gabinete em 23⁄11⁄17. Julgamento: CPC⁄73. 2. O propósito recursal con- siste em definir se o peticionamento nos autos configura ciência inequívoca dos atos decisórios praticados anteriormente. 3. A intimação das partes acerca dos conteú- dos decisórios é indispensável ao exercício da ampla defesa e do contraditório, pois somente com o conhecimento dos atos e dos termos do processo que cada litigante ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL encontrará os meios necessários e legítimos à defesa de seus interesses. 4. A parte que espontaneamente peticiona nos autos e por seu conteúdo revela sem sombra de dúvidas ter conhecimento do ato decisório prolatado, mas não publicado, tem ciência inequívoca para desde então interpor agravo de instrumento. 5. Diante da consideração documentada nos autos originários, arguida e provada pela parte adversa em contrarra- zões ao agravo de instrumento, efetivamente não há como afastar a ciência inequívoca da agravante sobre o conteúdo da decisão proferida. 6. Na hipótese, a agravante mani- festou textualmente a ciência do conteúdo decisório impugnado quatro meses antes da interposição do agravo de instrumento. Reconhecida a intempestividade que impede o conhecimento da insurgência recursal. 7. Recurso especial conhecido e não provido. (TERCEIRA TURMA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/02/2019). Não configura comparecimento espontâneo: • Comparecimento de advogado com procuração sem poderes para receber citação; Julgado: STJ. AgRg no REsp 1468906/RJ. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. JUNTADA DE PROCURAÇÃO SEM PODERES PARA RECEBER CITAÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO DE COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. É pacífico no âmbito do Superior Tribunal de Justiça que não configura o comparecimento espontâneo a intervenção de advogado sem procuração com poderes para receber a citação. Nesse sentido: REsp 648.202/ RJ, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, Segunda Turma, DJe 11.4.2005; REsp 1.246.098/PE, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, DJe 05/05/2011. 2. Agravo regimental não provido. (Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MAR- QUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/08/2014, DJe 01/09/2014). • A presença voluntária do réu só para firmar acordo, sem a presença de advogado. No caso houve a juntada de acordo extrajudicial com a firma do devedor, o que não foi su- ficiente para o prosseguimento do processo após o descumprimento do acordo; ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 40 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL Julgado: STJ. REsp 1394186/MT. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECU- ÇÃO. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO DEVEDOR AOS AUTOS PARA CELEBRAÇÃO DE ACORDO. PENHORA. NECESSIDADE DE CITAÇÃO. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUI- MENTO. 1. A presença voluntária do réu ou do devedor só para firmar acordo, sem a pre- sença de advogado constituído, difere do comparecimento para apresentação de defesa, hipótese que não supre a citação. 2. Recurso especial não provido. (Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/03/2015, DJe 14/04/2015). • O comparecimento em sede de recurso de agravo, sem a presença nos autos principais. O comparecimento do réu para responder a um agravo de instrumento não supre a falta de citação na ação revisional de alimentos, sob pena de violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa. […]. Para o juiz, não houve comparecimento espontâneo, pois o pai não se manifestou nos autos principais. Esse entendimento foi mantido no tribunal estadual. No STJ, a Terceira Turma confirmou essa posição. (Notícias do STJ de 17/11/2015). Julgado: STJ. REsp 1310704/MS. [...]. 2. O comparecimento do réu para contraminu- tar agravo de instrumento não supre a falta de citação na ação revisional de alimen- tos, sob pena de violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa. [...]. (Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/11/2015, DJe 16/11/2015) A falta de citação no processo de conhecimento pode ser suprida na fase executiva. No direito processual, não há defeito que não possa ser sanado. Por mais grave que seja, mesmo que apto a gerar a invalidade do procedimento ou de um dos seus atos, todo defeito é sanável. Não há exceção a essa regra. […]. Mesmo nos casos de ausência de citação ou de citação defeituosa que gerou revelia, vícios transrescisórios, que permitem a invalidação da decisão judicial após o prazo da ação rescisória [...], há possibilidade de suprimento do defeito pelo comparecimento do réu ao processo (art. 214 do CPC). Para Pontes de Miranda, inclusive, se o réu citado/intimado regularmente na execução da sentença proferida em processo com tal defeito comparecer e não o apontar, sanado está o vício pela preclusão. (Fredie Didier Jr., Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2007, p. 234). Informativo 539, STJ: A nulidade da decisão do relator que julgara agravo de instru- mento do art. 522 do CPC sem prévia intimação do agravado para resposta não deve ser declarada quando suscitada apenas em embargos de declaração opostos em face de ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 41 de 133www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Atos Processuais DIREITO PROCESSUAL CIVIL acórdão que, após a intimação para contrarrazões, julgou agravo regimental interposto pela outra parte. Segundo entendimento
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