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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação, Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos Livro Eletrônico 2 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Apresentação . ............................................................................................................................3 Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação, Ações de Família, Ação Monitória. Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos ...............................................................................................................4 Oposição ....................................................................................................................................17 Habilitação . .............................................................................................................................. 21 Ações de Família . ....................................................................................................................24 Ação Monitória .........................................................................................................................27 Homologação de Penhor Legal . .............................................................................................36 Regulação de Avaria Grossa . ................................................................................................ 40 Restauração dos Autos . .........................................................................................................42 Questões de Concurso . ...........................................................................................................47 Gabarito . ...................................................................................................................................57 Gabarito Comentado . ............................................................................................................. 58 ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL ApresentAção Olá! Tudo bem com você? Espero que sim. Como você tem vivido essa fase dos estudos? Está encarando bem? Sente muito cansaço ou desânimo? Se sentir, saiba que isso é muito normal. Só se sente assim quem está bem perto de alcançar o objetivo. Faz parte do processo de amadurecimento concurseirístico (risos!) Veja só que maravilha: só por ter a oportunidade de estudar e buscar o objetivo, você já deve ser bastante grato(a). Pense em quantas pessoas queriam estar no seu lugar e não podem. Arrume a coluna, tome um café, pense positivo e introjete bons pensamentos sobre o cargo, sobre sua aprovação. Imagine o quão maravilhoso vai ser quando estiver sentado no seu gabinete, trabalhando e fazendo o que gosta. E veja só: ganhando muito bem para isso! Como já falei aqui antes, o sabor da vitória é excepcional. O estudo que você carrega é a sua bagagem positiva. Vamos à luta! Aproveite a aula. Nesta aula, vamos dar continuidade ao estudo dos procedimentos especiais do Código de Processo Civil. Serão tratados os seguintes pontos: • embargos de terceiro; • oposição; • ação de habilitação; • ações de família; • ação monitória; • homologação do penhor legal; • regulação de avaria grossa; • ação de restauração de autos. Vamos começar? Boa aula! ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS DE TERCEIRO, OPOSIÇÃO, AÇÃO DE HABILITAÇÃO, AÇÕES DE FAMÍLIA, AÇÃO MONITÓRIA. HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL, REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA, AÇÃO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS Começo nossa aula perguntando a você: é possível, como regra geral, que uma constrição judicial recaia sobre bens de uma pessoa que não é parte no processo? A resposta é simples. Em regra, não é possível e por isso, temos a previsão dos embargos de terceiro. O que são os embargos de terceiro? São a ação que visa fazer cessar uma constrição judicial que recaiu de forma indevida sobre um bem de propriedade ou posse de um terceiro. Temos, desse modo, dois pressupostos para os embargos de terceiros e são esses pres- supostos que os diferenciará das demais ações: A EXISTÊNCIA DE UM PROCESSO EM CURSO QUE GEROU A CONSTRIÇÃO AO BEM. UMA CONSTRIÇÃO SOBRE UM BEM DE UM TERCEIRO (ALGUÉM QUE NÃO FAZ PARTE DO PROCESSO). Quer um exemplo? Imagine que em um processo de execução, o juiz tenha determinado penhora sobre um bem que não pertença ao devedor. Nesse caso, o terceiro pode opor os embargos, a fim de livrar seu bem da constrição indevida. Assim, podemos dizer que o objetivo dos embargos de terceiro é desconstituir a constri- ção judicial indevida com a consequente liberação do bem. Os embargos de terceiro também podem ser utilizados preventivamente, com o propósito de evitar a realização da constrição. CPC, Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. No mesmo sentido já decidiu o STJ. Confira: ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL É possível a oposição de embargos de terceiro preventivos, isto é, antes da efetiva cons- trição judicial sobre o bem. REsp 1726186/RS, julgado em 08/05/2018. Quem tem a legitimidade para opor embargos de terceiro (legitimidade ativa)? Segundo o CPC, os embargos de terceiros podem ser opostos por quem não é parte no processo, mas possui a qualidade de proprietário do bem constrito judicialmente, inclusive o fiduciário. A legitimidade também é estendida ao possuidor do bem apreendido judicialmente. Ainda quanto à legitimidade, é importante que você conheça o teor da Súmula 84 do STJ: “é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro”. Essa súmula é importante porque ela resolveu a dúvida quanto à possibilidade de o com- promissário-comprador valer-se dos embargos de terceiro, mesmo que o compromisso de compra e venda não esteja registrado. E veja que interessante! Recentemente, o STJ decidiu que é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda, ainda que desprovido de registro, de imóvel adquirido na planta que se encontra em fase de construção. Explico melhor! Para a oposição de embargos de terceiro, além de ostentar a qualidade de terceiro, o em- bargante deve ser senhor ou possuidor da coisa ou do direito que tenha sofrido constrição judicial, certo? Certo! Essa posse que permite a oposição dos embargos de terceiro pode ser a direta e a indire- ta. Desse modo, o usufrutuário, o locatário (possuidor direto), o locador (possuidor indireto) e o compromissário compradortêm direito de defender sua posse por meio dos embargos. Assim, pergunto: estando o imóvel constrito ainda em fase de construção e não tendo ha- vido a entrega das chaves ao promitente comprador, é aplicável o teor da súmula 84 do STJ? Sim. Como dito acima, o STJ decidiu que é admissível a oposição de embargos de tercei- ro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda, ainda que ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL desprovido de registro, de imóvel adquirido na planta que se encontra em fase de construção, respeitando-se o teor da Súmula 84. Vamos ler o julgado? Para a oposição de embargos de terceiro, além de ostentar a qualidade de terceiro, o em- bargante deve ser senhor ou possuidor da coisa ou do direito que tenha sofrido constrição judicial, nos termos do art. 674 do CPC/2015. Frise-se que a posse que permite a oposição dos embargos de terceiro é tanto a direta quanto a indireta. E, diferentemente do que ocorre nas ações possessórias, a insurgência do terceiro embargante não se dá contra a regularidade~, ou não, do ato de turbação ou esbulho que lhe impôs, mas contra a afirmação de que o bem constrito está na esfera de responsabi- lidade patrimonial do executado. Além disso, faz-se de suma importância relembrar o enunciado da Súmula 84/STJ, que preceitua que é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda, ainda que desprovido de registro. Na hipótese, o imóvel adquirido ainda estava em fase de construção, razão pela qual o instrumento particular de compra e venda – deve ser considerado para comprovação da posse, admitindo-se, por via de consequência, a oposição dos embargos de terceiro. REsp 1.861.025-DF, DJe 18/05/2020 (Informativo 672) Os parágrafos do artigo 674 do CPC listam os legitimados para a oposição dos embargos de terceiro. Art. 674, § 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor. § 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos: I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, res- salvado o disposto no art. 843; Nesse inciso, temos a previsão da legitimidade ativa do cônjuge ou companheiro que de- fende a posse de bens próprios ou de sua meação. Haverá, nesse caso, uma discussão sobre se a dívida contraída beneficiou ou não o casal ou a família. Isso porque, normalmente, embora a dívida seja contraída por apenas um dos cônjuges, ambos respondem se ela tiver revertido em proveito do casal ou da família. Se o ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL magistrado restar convencido de que houve tal benefício, julgará improcedentes os embargos em razão da responsabilidade patrimonial secundária do cônjuge não devedor. Caso contrá- rio, julgará procedentes os embargos e preservará a meação do cônjuge não devedor. Agora veja bem! Se a dívida que gerar a constrição do bem for proveniente da condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais em demanda da qual o cônjuge meeiro não par- ticipou, não é possível exigir do cônjuge meeiro, que não integrou a relação processual da lide originária, a comprovação de que a dívida executada não foi contraída em benefício do casal ou da família. Exemplo: Antônio e Maria são casados. Antônio ajuíza ação contra Guilherme e é sucum- bente. O advogado de Guilherme executa os honorários de sucumbência contra Antônio e um apartamento do casal é penhorado. Inconformada, Maria opõe embargos de terceiro para livrar sua meação. Nesse caso, Maria não precisa comprovar que a dívida executada não foi contraída em benefício do casal ou da família. Isso porque os honorários advocatícios consa- gram direito do advogado contra a parte que deu causa ao processo (Antônio), não se poden- do exigir do cônjuge meeiro (Maria), que não integrou a relação processual da lide originária (Antônio x Guilherme), a comprovação de que a dívida executada não foi contraída em bene- fício do casal ou da família. Entendeu? Esse entendimento é proveniente de um recente julgado do STJ. Vamos conferir. Tratando-se de condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais, não é possível exigir do cônjuge meeiro, que não integrou a relação processual da lide originária, a compro- vação de que a dívida executada não foi contraída em benefício do casal ou da família. Nos termos do art. 655-B do CPC/1973, incluído pela Lei n. 11.382/2006, havendo penho- ra de bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à execução deve recair sobre o produto da alienação do bem. Para impedir que a penhora recaia sobre a sua meação, o cônjuge meeiro deve comprovar que a dívida executada não foi contraída em benefício da família. Tratando-se de dívida proveniente da condenação ao pagamento de honorários sucum- benciais em demanda da qual o cônjuge meeiro não participou, é inegável o direito deste à reserva de sua meação. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Os honorários advocatícios consagram direito do advogado contra a parte que deu causa ao processo, não se podendo exigir do cônjuge meeiro, que não integrou a relação processual da lide originária, a comprovação de que a dívida executada não foi contraída em benefício do casal ou da família. Nesse contexto, não tem nenhuma relevância para a solução da causa saber se o côn- juge meeiro obteria ou não proveito econômico em caso de procedência da ação pro- posta em juízo, salvo se estivesse o advogado do próprio autor da referida demanda a cobrar os honorários contratuais pelos serviços prestados. REsp 1.670.338-RJ, DJe 07/02/2020 (Informativo 664). Friso, ainda, que os embargos de terceiro, nesse caso, não retiram a constrição judicial sobre o bem quando este é indivisível, ou seja, ele será normalmente alienado. O que o côn- juge consegue obter é somente a metade do valor da avaliação do bem após a sua alienação. Confira: Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem. § 1º É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a preferência na arrematação do bem em igualdade de condições. § 2º Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o valor aufe- rido seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da avaliação. Ainda sobre a legitimidade do cônjuge, temos a Súmula 134 do STJ com o seguinte teor: Súmula n. 134, STJ Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação. Continuando a análise dos legitimados previstos no artigo 674, § 2º, do CPC: II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição,Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL O legitimado ativo do inciso II é o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução. O § 4º do artigo 792 do CPC prevê que, antes de ser declarada a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no pra- zo de 15 dias. Confira: Art. 792, § 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias. III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; O inciso III traz a legitimidade ativa do sujeito que sofre constrição judicial de seus bens em razão de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte. Nessa hipótese, temos um sujeito que é terceiro tanto em relação ao processo em que se deu a constrição judicial como no incidente em que ocorreu a desconsideração da personali- dade jurídica. E aí que surge sua legitimidade para os embargos de terceiro, pois, se ele sequer fez parte do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, não houve reconheci- mento de sua responsabilidade patrimonial secundária e, em consequência, não poderia ter um bem seu atingido. IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garan- tia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos. Sabemos que o bem gravado por garantia real pode ser penhorado, mas é necessário proteger o credor hipotecário ou pignoratício, já que ele tem preferência em relação ao credor quirografário. Pensando nisso, o legislador previu no artigo 799, I do CPC que incumbe ao exequente requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária. Assim, quando o credor é intimado, ele pode buscar evitar a expropriação do bem dado em garantia por meio da interposição dos embargos de terceiro. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Mas fique atento(a) porque nesse caso, ao se defender dos embargos, o embargado sofre uma limitação quanto às matérias que pode alegar, conforme o disposto no artigo 680 do CPC. Veja: Art. 680. Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que: I – o devedor comum é insolvente; II – o título é nulo ou não obriga a terceiro; III – outra é a coisa dada em garantia. A interpretação que devemos dar ao inciso I é a seguinte: se o embargante conseguir de- monstrar nos embargos de terceiro que o devedor possui outros bens livres e suficientes para saldar o débito, a constrição deverá ser realizada sobre esses bens e não sobre o bem que lhe foi dado como garantia. Professora, o que ocorre se não forem encontrados outros bens que possam garantir o pagamento da obrigação? Nessa situação, haverá o julgamento de improcedência dos embargos e o bem dado em garantia permanecerá constrito, podendo ser levado a leilão, mas, claro, preservando a prefe- rência do credor com garantia real. Agora uma pergunta que não quer calar: a cessão de direitos hereditários sobre bem sin- gular viabiliza a transmissão da posse, que pode ser objeto de tutela específica na via dos embargos de terceiro? Não entendi bem a pergunta, professora! Pode explicar melhor? Claro. Vou explicar por meio de um exemplo. Imagine que MARIA opôs contra o Espólio de JOÃO embargos de terceiro visando à des- constituição de penhora realizada sobre um imóvel adquirido de terceiros que, por sua vez, o teriam adquirido de uma das herdeiras PAULA e PIETRA, mediante escritura pública de ces- são de direitos hereditários. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL PAULA e PIETRA eram as únicas herdeiras do falecido. O negócio jurídico (cessão de direitos hereditários) feito por Paula e Pietra é nulo? O CC, em seu artigo 1.793 § 2º aduz que é ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. Já o § 3º do mesmo artigo menciona que ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. No entanto, a ineficácia diz respeito exclusivamente aos demais coerdeiros, uma vez que, antes de realizada a partilha, não se sabe qual o quinhão de cada um. A própria autorização judicial prevista em lei serve ao mesmo propósito, de proteger os interesses dos demais her- deiros, quando eles existirem, obviamente. Como Paula e Pietra são as únicas herdeiras do espólio, o negócio jurídico feito por ambas é valido, já que não há risco de prejuízo a outros herdeiros. Captou? Agora, Maria, adquirente do bem, se vê na situação de ter o imóvel penhorado em uma ação de conhecimento qualquer. Ela tem legitimidade para opor embargos de terceiro? Sim! Em regra, o juízo de procedência dos embargos de terceiro está condicionado à compro- vação da posse ou do domínio sobre o imóvel que sofreu a constrição, por meio de prova do- cumental ou testemunhal, cabendo ao juiz, no caso de reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse, determinar a suspensão das medidas constritivas sobre o bem litigioso, além da manutenção ou da reintegração provisória da posse, se o embargante a houver re- querido, como veremos. Sobre a cessão de direitos hereditários, recentemente o STJ entendeu que o fato de não ser a cessão de direitos hereditários sobre bem individualizado eivada de nulidade, mas ape- nas ineficaz em relação aos coerdeiros que com ela não anuíram, é o quanto basta para, na via dos embargos de terceiro, assegurar à cessionária a manutenção de sua posse. Assim, Maria tem legitimidade! Vamos ler o julgado? A cessão de direitos hereditários sobre bem singular viabiliza a transmissão da posse, que pode ser objeto de tutela específica na via dos embargos de terceiro. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL No caso, busca-se a comprovação da propriedade/posse do imóvel objeto de penhora, por meio de embargos de terceiro opostos por adquirente de direitos hereditários sobre imóvel pertencente a espólio, cedidos a terceiros antes de ultimada a partilha com a anuência daquelas que se apresentavam como únicas herdeiras, a despeito do reconhe- cimento de outros dois sucessores por sentença proferida em ação de investigação de paternidade cumulada com petição de herança. Quanto ao ponto, consigna-se que, em regra, o juízo de procedência dos embargos de ter- ceiro está condicionado à comprovação da posse ou do domínio sobre o imóvel que sofreu a constrição, por meio de prova documental ou testemunhal, cabendo ao juiz, no caso de reconhecer suficientemente provado o domínioou a posse, determinar a suspensão das medidas constritivas sobre o bem litigioso, além da manutenção ou da reintegração provi- sória da posse, se o embargante a houver requerido (arts. 677 e 678 do CPC/2015). Quanto à cessão de direitos, o Código Civil de 2002 dispõe: “Art. 1.793. O direito à suces- são aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. § 2º É ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente”. No que tange, à existência, à validade e à eficácia da cessão de direitos hereditários sobre bem determinado da herança, observa-se que: a) a cessão de direitos hereditários sobre bem singular, desde que celebrada por escritura pública e não envolva o direito de incapazes, não é negócio jurídico nulo, tampouco inválido, ficando apenas a sua eficácia condicionada a evento futuro e incerto consubstanciado na efetiva atribuição do bem ao herdeiro cedente por ocasião da partilha; b) a ineficácia se opera somente em relação aos demais herdeiros; c) se celebrado pelo único herdeiro ou havendo a anuência de todos os coerdeiros, o negócio é válido e eficaz desde o seu nascimento, independente- mente de autorização judicial, pois o que a lei busca evitar é que um único herdeiro, em prejuízo dos demais, aliene um bem que ainda não lhe pertence, e d) se o negócio não é nulo, mas tem apenas a sua eficácia suspensa, a cessão de direitos hereditários sobre bem singular viabiliza a transmissão da posse, que pode ser objeto de tutela específica na via dos embargos de terceiro. Assim, embora controvertida a matéria, tanto na doutrina como na jurisprudência dos tribunais, o fato de não ser a cessão de direitos hereditários sobre bem individualizado eivada de nulidade, mas apenas ineficaz em relação aos coerdeiros que com ela não ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL anuíram, é o quanto basta para, na via dos embargos de terceiro, assegurar à cessioná- ria a manutenção de sua posse. Salienta-se, ademais, que admite-se a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, mesmo que desprovido do registro, a teor da Súmula n. 84/STJ, entendimento que também deve ser aplicado na hipótese em que a posse é defendida com base em instrumento público de cessão de direitos hereditários. REsp 1.809.548-SP, DJe 27/05/2020 (Informativo 672). Ótimo! Agora vamos tratar da legitimidade passiva! Sobre a legitimidade passiva, precisamos analisar o artigo 677, §4º do CPC. Art. 677, § 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial. Imagine que Maria esteja executando José e o magistrado determina a penhora de um bem que pertence a Pedro. Pedro tem legitimidade ativa para opor embargos de terceiro. Mas quem será o réu nesses embargos? A legitimidade passiva é, em princípio, de Maria, autora da ação em que foi determinada a constrição judicial, porque Maria é a beneficiada pelo ato da penhora. No entanto, temos que analisar se foi José que concorreu para a constrição, fazendo a indicação do bem a ser penhorado. Se for o caso, José deverá ser incluído no polo passivo, como litisconsorte neces- sário. Fácil, não é? Então, os polos da ação de embargos de terceiro podem ficar da seguinte forma: OU PEDRO PEDRO MARIA MARIA JOSÉ ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Se o bem objeto dos embargos já tiver sido alienado, o adquirente do bem também com- porá o polo passivo, na condição de litisconsorte, já que seu acolhimento implicará a des- constituição do negócio jurídico do qual ele participou. Agora uma pergunta importante: há prazo para a oposição dos embargos de terceiro? Para responder à pergunta, precisamos estudar o teor do artigo 675 do CPC. Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento en- quanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta. Quanto aos embargos de terceiro no cumprimento de sentença, temos o seguinte enun- ciado do FPPC: Enunciado n. 184, FPPC Os embargos de terceiro também são oponíveis na fase de cumprimento de sentença e devem observar, quanto ao prazo, a regra do processo de execução. Isso significa que no cumprimento de sentença, os embargos de terceiro devem ser opos- tos no prazo de até cinco dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta. Agora perceba uma coisa importante! No caso de embargos de terceiro do adquirente de bens em fraude à execução, o prazo dos embargos é estabelecido no artigo 792, § 4º, do CPC e é de 15 dias, a contar da sua inti- mação, determinada no processo em que houve a constrição. Vamos conferir? Art. 794, § 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias. Agora falaremos da competência! Segundo o artigo 676 do CPC, os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado. Se o ato de constrição for realizado por carta, os embargos serão oferecidos no juízo de- precado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Assim, sendo expedida a carta precatória para a constrição de determinado bem, servin- do o juízo deprecado apenas para efetivar a constrição, a competência para os embargos de terceiro será do juízo deprecante. Já no caso de uma constrição, em que o juízo deprecante apenas expede a carta preca- tória para que sejam constritos tantos bens quantos necessários para a garantia do juízo, a escolha de quais bens servirão de objeto da constrição deve ser feita pelo juízo deprecado, sendo esse o competente para o julgamento dos embargos de terceiro, salvo se a carta já houver sido devolvida. E qual o procedimento dos embargos de terceiro? Primeiro, temos a petição inicial. Na petição inicial, além do preenchimento dos requisitos do artigo 319 do CPC, há a necessidade de demonstração da prova sumária da posse ou do domínio, além da qualidade de terceiro. Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. A prova da posse ou do domínio pode ser produzida em que momento? Na petição inicial ou em audiência preliminar, por meio da produção de prova oral. Veja: Art. 677, § 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. Se o juiz reconhecer que o domínio ou a posse estão suficientemente provados, pode determinar a suspensão das medidas constritivassobre o bem objeto dos embargos. Além disso, também pode determinar a expedição de mandado de manutenção ou restituição da posse. Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economi- camente hipossuficiente. Em seguida, teremos a citação do embargado, que ocorre na pessoa do seu advogado, como regra. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 677, §3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal. Ato contínuo, temos a resposta do embargado, que deverá ser apresentada em 15 dias. Após esse passo, o procedimento será o comum. Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se se- guirá o procedimento comum. Por fim, teremos a sentença. Se houver o acolhimento dos embargos de terceiro, o ato de constrição judicial será cancelado. E precisamos lembrar do teor da Súmula 303 do STJ que aduz: Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios. Quanto ao cabimento dos embargos de terceiro, pergunto a você: é cabível a oposição de embargos de terceiro para desconstituir uma decisão judicial que permite a averbação de protesto na matrícula de um imóvel? Para responder, primeiro você precisa saber o que é o protesto. O protesto é a medida judicial destinada a comprovar ou documentar uma manifestação formal de vontade do promovente, o qual busca, por meio de referido procedimento, comuni- car a terceiros interessados sua intenção de fazer atuar no mundo jurídico uma determinada pretensão. Uma das pretensões que pode ser comunicada a terceiros interessados por meio de pro- testos é a ressalva em relação a determinados direitos, como ocorre no protesto contra a alienação de bens. Entretanto, como o protesto não acrescenta nem diminui direitos do promovente ou de terceiros, a sua utilização contra a alienação de bens não terá o condão de obstar o respectivo negócio, tampouco de anulá-lo, pois apenas torna inequívocas as ressalvas do protestante em relação ao negócio, bem como que este alega – simplesmente alega – ter direitos sobre o bem e/ou motivos para anular eventual transação. Compreendeu? Ah! E tem mais. Mesmo que o protesto tenha sido registrado na matrícula do imóvel, o úni- co efeito produzido é o de comunicar aos interessados na aquisição do bem que alguém alega ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL possuir direitos sobre este. Assim, o protesto contra a alienação de bens não pode ser usado como forma de gerar empecilho à livre disposição de bens. Para o STJ, a averbação do protesto contra a alienação de bens na matrícula do imóvel não cumpre outro propósito senão o de dar a efetiva publicidade da manifestação de vontade do promovente, sem diminuir ou acrescentar direitos das partes interessadas, ou tampouco constituir efetivo óbice à negociação ou à escrituração da compra e venda. Por essa razão, recentemente, o STJ entendeu que não são cabíveis embargos de ter- ceiro para desconstituir decisão judicial que permite a averbação de protesto na matrí- cula de um imóvel. REsp 1.758.858-SP, DJe 25/05/2020 (Informativo 672). Professora, agora surgiu uma dúvida pessoal. Sou casado e tenho conta-corrente com minha esposa. Se houver penhora desses valores e eu não conseguir comprovar o quanto daquele dinheiro pertencia a mim, como fica a situação? Olha só. Aproveitando nossa aula para tirar dúvidas pessoais...(risos). Está certo. Sem problema! Vamos lá! Sobre isso, o STJ possui entendimento no sentido de que em se tratando de conta-cor- rente conjunta solidária, na ausência de comprovação dos valores que integram o patri- mônio de cada um, presume-se a divisão do saldo em partes iguais, de forma que os atos praticados por quaisquer dos titulares em suas relações com terceiros não afetam os demais correntistas. Logo, diante da ausência de comprovação de que a totalidade dos valores contidos na conta fossem de propriedade de um dos correntistas, a cons- trição não pode atingir a integralidade desse montante, mas somente a metade perten- cente ao executado. REsp 1.510.310-RS, DJe 13/10/2017 (Informativo 613). oposição Vamos tratar agora de mais um procedimento especial de jurisdição contenciosa previsto no CPC de 2015 e muito interessante: a oposição. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Já falei isso antes, mas não custa relembrar que no CPC de 1973, a oposição constava dentre uma das espécies de intervenção de terceiros. Atualmente, a oposição é um procedi- mento especial. E o que é a oposição? É uma nova ação ajuizada por um terceiro dirigida contra as partes originárias do proces- so. Temos uma pretensão do terceiro em face do mesmo objeto que está sendo disputado pelas partes. Então, a oposição funciona da seguinte forma: “A” e “B” estão disputando um determi- nado bem ou direito e “C” ajuíza a oposição dizendo que ele é que é o titular do direito ou do bem disputado por “A” e “B”. O que “C” quer com a oposição é que o bem ou direito disputado não seja atribuído nem a “A” e nem a “B”, mas sim a ele, “C” que é o opoente. Vamos conferir no CPC? Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. Perceba que a oposição não se confunde com os embargos de terceiro! Nos embargos de terceiro, o terceiro não disputa com as partes o mesmo objeto litigioso. Ele apenas busca fazer cessar uma constrição que, de forma equivocadamente, recaiu sobre um bem de sua posse ou propriedade. Outro ponto importante que você deve notar da leitura do artigo 682 do CPC é o prazo. A oposição só é admitida até o momento da prolação da sentença. Caso não seja ajuizada a oposição dentro do prazo, haverá a necessidade de tutelar o di- reito por meio de outra ação. Vamos agora tratar do procedimento? A oposição é distribuída por dependência ao processo que já está em curso e apensada a este. A petição inicial da oposição deve preencher os requisitos do artigo 319 do CPC. Em seguida, após a admissão do seu processamento, os opostos serão citados. Essa ci- tação, por questão de economia processual e celeridade, ocorre na pessoa do advogado dos opostos, ok? A citação na pessoa do advogado somente não ocorre se o réu for revel e não tiver constituído patrono nos autos. Nesse caso, ele seria citado pessoalmente. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal,Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Quando citados, autor e réu formarão um litisconsórcio passivo necessário simples. Em seguida, abre-se o prazo de 15 dias para a contestação. Esse prazo é um prazo co- mum para os opostos. Veja que um dos opostos pode concordar com o pedido do oponente. Nesse caso, a opo- sição segue apenas contra o outro oposto. A oposição tramita simultaneamente com a ação principal e ambas são julgadas pela mesma sentença, com o intuito de evitar que haja desarmonia entre os julgados. Mas perceba um grande detalhe: Se o oponente resolve propor a oposição após o início da audiência de instrução, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a uni- dade da instrução atende melhor ao princípio da duração razoável do processo. Alguns doutrinadores possuem entendimento de que não haveria necessidade de julga- mentos simultâneos, mas sim, coerentes, ao interpretarem a redação do artigo 686 do CPC. Outros entendem que essa não é a melhor opção de interpretação do artigo 686 do CPC e para essa corrente, o julgamento é sempre simultâneo, cabendo ao juiz conhecer primeiro da oposição. Art. 686. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação originária e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar. Professora, em quais processos e procedimentos é cabível a oposição? A oposição é cabível no processo de conhecimento. Isso tem uma razão. Somente no pro- cesso de conhecimento é que haverá um julgamento em favor de alguma das partes e surge o opoente que tenta impedir esse reconhecimento. Assim, não cabe oposição em processo de execução, tendo em vista que no processo de execução já existe uma certificação quanto à pessoa que é efetivamente a titular do direito. Também não cabe a oposição em procedimentos dos juizados especiais cíveis, conside- rando a incompatibilidade dos procedimentos. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Não cabe oposição em mandado de segurança. No mandado de segurança não temos fase de instrução e sim uma aceleração do procedimento, em razão da necessidade de apre- sentação de provas pré-constituídas. Observe que segundo o posicionamento jurisprudencial do STJ, também não cabe oposi- ção em ação de usucapião. Vamos conferir o motivo do não cabimento: “a tutela buscada por meio da oposição pode ser alcançada pela simples contestação à ação de usucapião, de modo que a interven- ção pretendida é totalmente desnecessária. Dessa forma, inexiste a condição de terceiro da opoente em relação ao direito material discutido na ação de usucapião. Isso porque a existência de convocação por meio de edital, a fim de chamar aos autos toda univer- salidade de sujeitos indeterminados para que integrem o polo passivo da demanda se assim desejarem, elimina a figura do terceiro nesse procedimento tão peculiar”. REsp 1.726.292-CE, DJe 15/02/2019 (Informativo 642). Traduzindo o STJ: aquele que quer se insurgir contra o que está sendo discutido na ação de usucapião pode fazê-lo por meio da contestação, já que no polo passivo desta ação devem figurar todos aqueles que de algum modo são contra a declaração da propriedade em favor do autor. Entendeu? NÃO CABIMENTO DA OPOSIÇÃO Processo de Execução Processos dos Juizados Especiais Cíveis Mandado de Segurança Usucapião: STJ Ainda tratando da possibilidade de cabimento da oposição, o STJ possui o seguinte enten- dimento: “Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse”. EREsp 1.134.446-MT, DJe 04/04/2018 (Informativo 623). Fácil, fácil, não é mesmo? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL HAbilitAção Qual a finalidade do procedimento especial da habilitação? Promover a sucessão do autor e do réu que vêm a falecer no curso do processo. E tem mais: a habilitação só tem justificativa se o falecimento tiver ocorrido durante o processo, pois se tiver ocorrido antes ou depois, não há razão para tal. Art. 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo. De onde surge a necessidade da habilitação? Do teor do artigo 110 do CPC. Confira: Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1º e 2º Temos com o falecimento uma transmissão dos direitos e obrigações ao espólio ou aos herdeiros, certo? Então, com a habilitação, eles vão a juízo para defender o direito adquirido por sucessão, ou seja, temos uma sucessão processual. Veja que o artigo 313, I do CPC determina a suspensão do processo quando ocorre a mor- te da parte. Art. 313. Suspende-se o processo: I – pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu represen- tante legal ou de seu procurador; Em seguida, o § 1º aduz: § 1º Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos do art. 689. E o que diz esse artigo 689, professora? Ele fala justamente da necessidade da habilitação e da suspensão do processo. Confira: Art. 689. Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo principal, na instância em que estiver, suspendendo-se, a partir de então, o processo. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Entendi. Mas e se a ação de habilitação não for providenciada? Nesse caso, seguiremos os passos previstos no artigo 313, § 2º do CPC. São passos bem simples. Confira: § 2º Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz determinará a sus- pensão do processo e observará o seguinte: I – falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses; II – falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espó- lio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito. Ah!!! Importante lembrar que a habilitação pressupõe processo que verse sobre direitos transmissíveis. Se o processo tiver natureza personalíssima, como é o caso do divórcio, não há como habilitar os herdeiros ou o espólio. A habilitação forma um processo autônomo? Não. A habilitação não formará um processo autônomo. Ela ocorre nos autos do processo principal, conforme determina o artigo 689 do CPC. Art. 689. Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo principal, na instância em que estiver, suspendendo-se, a partir de então, o processo. Quem tem legitimidade ativa para a habilitação? Esse tema é tratado pelo artigo 688 do CPC que confere legitimidade para a parte, em relação aos sucessores do falecido e para os sucessores do falecido, em relação à parte.Art. 688. A habilitação pode ser requerida: I – pela parte, em relação aos sucessores do falecido; II – pelos sucessores do falecido, em relação à parte. A legitimidade pode ser da parte contrária então? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Claro. Imagine que o réu faleça. Nesse caso, o autor pode propor a habilitação para reque- rer sua sucessão pelo espólio ou herdeiros. Compreendeu? Também há legitimidade para os próprios herdeiros do falecido que podem ajuizar a habi- litação, para poder assumir o polo da ação. Qual o procedimento da habilitação? Inicialmente, teremos a petição inicial. Sendo ela recebida, o juiz determina a citação dos requeridos para se pronunciarem no prazo de 5 (cin- co) dias. E como será a citação? A regra é que ela seja realizada na pessoa do procurador, e será realizada de forma pessoal se a parte não tiver procurador constituído nos autos. Art. 690. Recebida a petição, o juiz ordenará a citação dos requeridos para se pronunciarem no prazo de 5 (cinco) dias. Parágrafo único. A citação será pessoal, se a parte não tiver procurador constituído nos autos. Em seguida, imediatamente o juiz decide. Mas pode ser que antes, haja alguma impugna- ção. Nesse caso, se houver necessidade de dilação probatória diversa da documental, o juiz determina que o pedido seja autuado em apartado e disporá sobre a instrução. Art. 691. O juiz decidirá o pedido de habilitação imediatamente, salvo se este for impugnado e houver necessidade de dilação probatória diversa da documental, caso em que determinará que o pedido seja autuado em apartado e disporá sobre a instrução. Depois que transitar em julgado a sentença de habilitação, o processo volta a tramitar. Confira: Art. 692. Transitada em julgado a sentença de habilitação, o processo principal retomará o seu curso, e cópia da sentença será juntada aos autos respectivos. Professora, e se a causa já estiver no tribunal? Nesse caso, a habilitação será processada perante o relator e o seu julgamento dependerá do que estiver disposto no seu regimento interno. Esse procedimento foi moleza, não foi? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Ações de FAmíliA No CPC de 1973 não tínhamos a previsão de um procedimento genérico e especial para as ações de família. Agora, temos! Nessa parte estamos tratando de processos contenciosos de divórcio, separação, reco- nhecimento e dissolução de união estável, guarda, visitação e filiação, cujo rol está disposto no artigo 693 do CPC. Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio, separa- ção, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação. Isso significa que o procedimento que estamos estudando agora não se aplica aos proce- dimentos de jurisdição voluntária de divórcio e separação consensuais, extinção consensual de união estável e alteração do regime de bens de patrimônio, que estão previstos nos artigos 731 a 734 do CPC. Outra nota importante é a de que o rol do artigo 693 do CPC não é considerado um rol exaustivo. E nesse sentido temos o enunciado 72 do FPPC: “O rol do art. 693 não é exaustivo, sendo aplicáveis os dispositivos previstos no Capítulo X a outras ações de caráter contencioso en- volvendo o Direito de Família”. Você também precisa se atentar ao fato de que se houver legislação específica tratando de algum tema de família, é ela que deve ser aplicada, conforme determina o parágrafo único do artigo 693 do CPC: Art. 693, Parágrafo único. A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de adolescente observarão o procedimento previsto em legislação específica, aplicando-se, no que couber, as disposições deste Capítulo. Algumas leis específicas que devem ser observadas por você: • Lei n. 5.478/68 (ação de alimentos); • Lei n. 12.318/10 (alienação parental); • Lei n. 11.804/08 (ação de alimentos gravídicos); • Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e Adolescente). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Professora, o que há de tão especial nesse procedimento das ações de família? Inicialmente, um grande estímulo à resolução consensual dos conflitos, podendo o juiz valer-se, inclusive, da ajuda de outros profissionais para solucionar a controvérsia. Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação. Parágrafo único. A requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do processo en- quanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar. Temos também a designação de uma audiência de mediação e conciliação. Art. 695. Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à tutela provisória, o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação, observado o disposto no art. 694. Há entendimento doutrinário no sentido de que a realização dessa audiência é obrigatória e independe da vontade das partes. Mas veja o que diz o enunciado 577 do FPPC sobre a realização de sessões adicionais de conciliação e mediação: A realização de sessões adicionais de conciliação ou mediação depende da concordância de ambas as partes. Ainda sobre a conciliação, temos os seguintes e importantes enunciados: Enunciado n. 187, FPPC No emprego de esforços para a solução consensual do litígio familiar, são vedadas ini- ciativas de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem, assim como as de aconselhamento sobre o objeto da causa. Enunciado n. 639, FPPC O juiz poderá, excepcionalmente, dispensar a audiência de mediação ou conciliação nas ações de família, quando uma das partes estiver amparada por medida protetiva. Outra grande novidade é a impossibilidade de apresentação de contrafé no mandado de citação. Ou seja, o réu, ao ser citado, não recebe cópia da petição inicial, mas somente o mandado. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Isso para que já não se irrite de imediato com o que lá estiver escrito e arme-se contra uma possível conciliação. Mas se o réu quiser saber o teor da petição, ele pode, professora? Pode sim. Basta que ele busque examinar o seu conteúdo. Confira: Art. 695, § 1º O mandado de citação conterá apenas os dados necessários à audiência e deverá estar desacompanhado de cópia da petição inicial, assegurado ao réu o direito de examinar seu conteúdo a qualquer tempo. § 2º A citação ocorrerá com antecedência mínima de 15 (quinze) dias da data designada para a audiência. § 3º A citação será feita na pessoa do réu. § 4º Na audiência, as partes deverão estar acompanhadas de seus advogados ou de defensores públicos. Quanto à obrigatoriedade de que as partesestejam acompanhadas de advogados ou de- fensores públicos na audiência, em 07/11/2018, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) possui decisão no sentido de não tornar obrigatória a presença de advogados e defensores públicos em mediações e conciliações conduzidas nos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejuscs). Fique atento(a), pois, a decisão refere-se apenas às audiências realiza- das no âmbito dos Cejuscs. Isso significa que se a audiência ocorrer perante o juiz, a presen- ça do advogado ou defensor público é obrigatória. Realizada a audiência de mediação e conciliação sem que tenha havido acordo, o proces- so seguirá o procedimento comum, passando a fluir o prazo de contestação para o réu. Art. 697. Não realizado o acordo, passarão a incidir, a partir de então, as normas do procedimento comum, observado o art. 335. A intervenção do Ministério Público é obrigatória? Não! Salvo se houver interesse de incapaz envolvido ou quando figurar como parte vítima de violência doméstica e familiar! Art. 698. Nas ações de família, o Ministério Público somente intervirá quando houver interesse de incapaz e deverá ser ouvido previamente à homologação de acordo. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Parágrafo único. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas ações de família em que figure como parte vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). O parágrafo único desse artigo foi introduzido no CPC pela Lei 13.894/2019, que alterou a Lei Maria da Penha. Importante também saber que, para criar uma forma de diálogo mais acolhedora, quando estivermos diante de um processo em que se discute alienação parental ou abuso, o juiz será acompanhado de especialista quando for proceder ao depoimento do incapaz. Isso tudo com a finalidade de prevenir traumas, revitimizações ou efeitos psicológicos danosos. Confira: Art. 699. Quando o processo envolver discussão sobre fato relacionado a abuso ou a alienação parental, o juiz, ao tomar o depoimento do incapaz, deverá estar acompanhado por especialista. Bacana! Vamos prosseguir. Ação monitóriA O estudo da ação monitória é de extrema importância. É um procedimento que além de muito usual no dia a dia, cai bastante em prova. Qual a finalidade da ação monitória? Permitir que o credor, mesmo sem título executivo judicial ou extrajudicial, possa obter com mais rapidez a satisfação de seu crédito. A intenção do procedimento é abreviar o curso processual para se obter um título executivo. A ação monitória está prevista no artigo 700 do CPC: Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I – o pagamento de quantia em dinheiro; II – a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel; III – o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. A doutrina entende que há duas espécies de procedimento monitório: PURO DOCUMENTAL ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL O puro é conceituado como o procedimento que depende apenas das alegações do autor para a expedição de mandado de pagamento. O documental, por sua vez, é aquele que depen- de da existência de prova documental do débito, sem força de título executivo. Qual dos dois foi acolhido pelo nosso ordenamento jurídico? Da simples leitura do artigo 700 do CPC, podemos facilmente concluir que optamos pelo procedimento documental, ou seja, há expressa exigência de prova escrita sem eficácia de título executivo. Em que consiste a prova escrita prevista no caput do artigo 700 do CPC? Para que o magistrado possa admitir a ação monitória, o autor precisa estar munido de documento escrito da dívida, que não tenha eficácia de título executivo. Mas o que é esse documento escrito? É o documento idôneo para demonstrar a existência do crédito que o autor afirma ter em face do réu, como, por exemplo, uma confissão escrita do débito ou um cheque prescrito. Lembre-se que a ação monitória também pode ser ajuizada com fundamento em outros títulos executivos extrajudiciais prescritos, fora o cheque, como, por exemplo, promissórias ou duplicatas aceitas, ou protestadas e acompanhadas de comprovante de entrega de mer- cadorias, que já tenham perdido a eficácia executiva. Perceba que temos uma previsão interessante no artigo 700, § 1º do CPC, que admite a prova oral documentada (produzida de forma antecipada), como documento escrito idôneo para o ajuizamento da ação monitória. Art. 700, §1º A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipada- mente nos termos do art. 381 do CPC. É possível a utilização de e-mail para instruir ação monitória? Sim! O STJ já entendeu que o correio eletrônico (e-mail) pode fundamentar a pretensão monitória, desde que o juízo se convença da verossimilhança das alegações e da idoneidade das declarações. Vamos ler o julgado? Cingiu-se a controvérsia em definir se a correspondência eletrônica – e-mail – constitui documento hábil a embasar a propositura de ação monitória. Extrai-se do art. 1.102 do ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL CPC/1.973 os requisitos para a propositura da ação monitória: comprovação da rela- ção jurídica por meio de prova escrita; ausência de força executiva do título e dívida referente a pagamento de soma em dinheiro ou de entrega de coisa fungível ou bem móvel (vide também o art. 700 e incisos do CPC/2.015). Nesse passo, o legislador não definiu o termo “prova escrita”, tratando-se, portanto, de conceito eminentemente dou- trinário-jurisprudencial. Com efeito, a prova hábil a instruir a ação monitória, a que alude o artigo 1.102-A do Código de Processo Civil, não precisa, necessariamente, ter sido emitida pelo devedor ou nela constar sua assinatura ou de um representante. Basta que tenha forma escrita e seja suficiente para, efetivamente, influir na convicção do magis- trado acerca do direito alegado. Ademais, para a admissibilidade da ação monitória, não é imprescindível que o autor instrua a ação com prova robusta, estreme de dúvida, podendo ser aparelhada por documento idôneo, ainda que emitido pelo próprio credor, contanto que, por meio do prudente exame do juiz, exsurja juízo de probabilidade acerca do direito afirmado. Nesse contexto, nota-se que a legislação brasileira, ainda sob à luz do CPC de 1.973, não proíbe a utilização de provas oriundas de meio eletrônico. Imbu- ído desse mesmo espírito da “era digital”, o novo Código de Processo Civil, ao tratar sobre as provas admitidas no processo, possibilita expressamente o uso de documen- tos eletrônicos, condicionando, via de regra, a sua conversão na forma impressa. Espe- cificamente sobre a questão controvertida, o maior questionamento quanto à força pro- bante do correio eletrônico está adstrito ao campo da veracidade e da autenticidade das informações, principalmente sobre a propriedade de determinado endereço de e-mail. Em outras palavras, consiste em saber se uma“conta de e-mail” pertence às partes da demanda monitória, bem como se o seu conteúdo não foi alterado durante o tráfego das informações. Entretanto, há mecanismos capazes de garantir a segurança e a confiabi- lidade da correspondência eletrônica e a identidade do emissor, permitindo a trocas de mensagens criptografadas entre os usuários. É o caso do e-mail assinado digitalmente, com o uso de certificação digital. Nesse caminho, esse exame sobre a validade, ou não, da correspondência eletrônica deverá ser aferida no caso concreto, juntamente com os demais elementos de prova trazidos pela parte autora. De fato, se a legislação brasileira não veda a utilização de documentos eletrônicos como meio de prova, soaria irrazoável dizer que uma relação negocial não possa ser comprovada por trocas de mensagens via e-mail. REsp 1.381.603-MS, DJe 11/11/2016 (Informativo 593). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL E o contrato de construcard, professora? É considerado um documento hábil para o ajui- zamento da ação monitória? Com certeza. Isso porque o STJ entendeu que o contrato particular de abertura de crédito a pessoa física visando financiamento para aquisição de material de construção – Constru- card –, ainda que acompanhado de demonstrativo de débito e nota promissória, não é título executivo extrajudicial. Por outro lado, é documento hábil para ajuizamento da ação monitória. Vamos conferir? De início, não se desconhece que a natureza jurídica do contrato de abertura de cré- dito denominado Construcard, para fins de possibilitar, de pronto, a execução do crédito devido, tem sido objeto de intensas divergências nos Tribunais de piso. Nessa ordem de ideias, diante da notória divergência na interpretação da lei federal, mostra-se neces- sária a definição do seu enquadramento como título apto ou não a amparar, de plano, a execução extrajudicial. Nesse ponto, cabe definir que o Construcard é uma linha de crédito voltada às pessoas físicas para a compra de material de construção, reforma ou ampliação de imóvel residencial, com verbas disponibilizadas pela Caixa Econômica Federal, por meio de concessão de cartão magnético específico que disponibiliza deter- minado crédito a ser usado pelos clientes na medida de suas necessidades, com a pre- visão de prazo certo para sua utilização e outro para amortização da dívida. Ao que se percebe, apesar de haver a disponibilização de quantia certa; esta poderá ou não ser utilizada pelo cliente, não se sabendo, no momento da assinatura do contrato, qual será, ao certo, o valor do débito, as parcelas devidas e a data de início da contagem dos encar- gos correspondentes. Isso porque a apuração dependerá da efetiva utilização do crédito em momento posterior, o que o faz se aproximar, de alguma forma, do crédito rotativo, em que linhas de crédito são abertas com determinado limite e usadas pelos clientes na medida de suas necessidades, sendo os encargos cobrados conforme a utilização dos recursos. Inexistindo, pois, certeza e liquidez no próprio instrumento, exigências que não são alcançadas mediante a complementação unilateral do credor com a apresen- tação de extratos bancários, porquanto não lhe é dado criar títulos executivos à revelia do devedor, o presente contrato de abertura de crédito carece de exequibilidade. Não obs- tante esses entendimentos, salienta-se, ainda, que a questão fundamental para afastar ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL a exequibilidade do Construcard encontra-se na forma de averiguação da sua liquidez, que dependerá sempre de apuração com base em fatos e provas. Por fim, apesar da dissonância de entendimentos dos Tribunais Regionais Federais quanto à executorie- dade do Construcard, fato é que, no tocante à monitória, todos são unânimes em aceitar o sobredito contrato como meio a ampará-la, sendo, por conseguinte, a praxe adotada atualmente pela CEF na obtenção desses créditos. Ainda sobre o documento escrito hábil para o ajuizamento da ação monitória temos as seguintes súmulas do STJ: Súmula n. 247, STJ O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. Súmula n. 299, STJ É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. Atente-se também para o fato de que a ação monitória não tem como objeto apenas as obrigações de pagar. São objeto da monitória também as obrigações de entregar coisa, fazer e não fazer. Agora, vamos tratar do procedimento da ação monitória. A petição inicial da ação monitória deve preencher todos os requisitos dos artigos 319 e 320 do CPC. Além disso, o autor deve anexar à petição, a prova escrita de seu crédito. No pedido, o autor deve requerer a expedição de mandado de pagamento, ou de entrega da coisa ou para execução de obrigação de fazer ou não fazer. Também há a necessidade de indicação da importância devida, juntamente com a memó- ria de cálculo, conforme artigo 702 §2º do CPC. Confira: Art. 702, § 2º Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso: I – a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; II – o valor atual da coisa reclamada; III – o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido. Depois, passamos à admissibilidade do procedimento. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Além de verificar a regularidade formal da inicial e as matérias de ordem pública, deverá o juiz analisar a prova trazida pelo autor, visto que ela constitui condição de existência da própria tutela monitória. Assim, o juiz realiza um verdadeiro juízo de admissibilidade do pro- cedimento, analisando o conjunto probatório e os argumentos lançados pelo autor em sua petição inicial. É também nesse momento que o juiz verifica se o documento escrito juntado com a inicial pelo autor é capaz de, por meio de cognição sumária, demonstrar a plausibilida- de e a verossimilhança do crédito. Em seguida, ocorre a expedição de mandado de pagamento ou de entrega da coisa ou cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer no prazo de quinze dias. Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. O próximo passo é a citação do réu. Professora, todas as formas de citação são possíveis no procedimento monitório? Sim. Veja o que diz o artigo 700 §7º do CPC: Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum. A súmula 282 do STJ também corrobora esse entendimento: “Cabe a citação por edital em ação monitória”. Quais as posturas que o réu pode adotar na ação monitória no prazo de 15 dias? A primeira é satisfazer a obrigação no prazo do mandado, incluindo o pagamento de cinco por cento de honorários. Se assim o fizer, fica isento quanto ao pagamento das custas. Art. 701. Sendo evidente o direitodo autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. § 1º O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo. A segunda opção é não satisfazer a obrigação e não oferecer embargos. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Qual a consequência do não oferecimento dos embargos? É a conversão do mandado monitório em título executivo judicial. Art. 701, § 2º Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial. A terceira opção do réu é embargar. Qual a natureza jurídica dos embargos? Aqui temos correntes que tratam de formas distintas a natureza dos embargos. NATUREZA JURÍDICA DE AÇÃO A primeira corrente doutrinária sobre o tema afirma que os embargos ao mandado mo- nitório têm natureza jurídica de ação e não de contestação. Por isso, não se fala em revelia quando o réu deixa de embargar, o que geraria a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. O efeito da não interposição de embargos no procedimento monitório é a formação de título executivo judicial. NATUREZA JURÍDICA DE CONTESTAÇÃO A segunda corrente afirma que os embargos à monitória têm natureza de contestação. Esse é o posicionamento normalmente adotado pelo STJ. Vamos conferir um julgado nesse sentido? Não se exige o recolhimento de custas iniciais para oferecer embargos à ação monitória. Isso porque, conforme se verifica dos precedentes que deram origem à Súmula 292 do STJ (“A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL ordinário”), os embargos à monitória tem natureza jurídica de defesa. REsp 1.265.509- SP, DJe 27/3/2015 (Informativo 558). Outro argumento utilizado para corroborar a segunda corrente é que a oposição dos em- bargos à monitória acontece nos próprios autos e podem se fundar em matéria de defesa. Só serão autuados em apartado se parciais. Vamos conferir: Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória. § 1º Os embargos podem se fundar em matéria passível de alegação como defesa no procedimen- to comum. § 7º A critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais, constituindo-se de pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela incontroversa. Professora, além de apresentar os embargos, o réu poderá oferecer reconvenção? Sim. Na ação monitória admite-se a reconvenção. Temos, inclusive, uma súmula do STJ nesse sentido. Além disso, o próprio CPC também admite a reconvenção na monitória, vedan- do apenas a reconvenção à reconvenção. Súmula n. 292, STJ A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário. Art. 702, § 6º Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de recon- venção à reconvenção. Após a apresentação dos embargos, o autor é intimado para manifestar-se me 15 dias. Art. 702, § 5º O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 (quinze) dias. Em seguida, partimos para a sentença que extinguirá o processo com ou sem a resolução do mérito, acolhendo ou rejeitando os embargos. Essa sentença tem natureza condenatória, pois, se procedente, condenará o réu a pagar a quantia, entregar a coisa ou cumprir a obriga- ção de fazer ou não fazer. Fique atento, pois o recurso cabível contra a sentença é a APELAÇÃO. Art. 702, § 9º Cabe apelação contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL Após o encerramento da fase monitória, passamos à execução (cumprimento de senten- ça), seguindo o disposto nos artigos 513 e seguintes do CPC. É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública? Sim. O CPC tem previsão expressa nesse sentido. Mas não é só isso. Temos também uma súmula do STJ que admite ação monitória contra a Fazenda Pública. Art. 700, § 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública. Súmula n. 339, STJ É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. Mas o que ocorre se a Fazenda Pública não embargar? Nesse caso, teremos que aplicar o disposto no artigo 496 do CPC, ou seja, será cabível o reexame necessário da sentença. Art. 701, § 4º Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos no art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial. Você conhece o texto do artigo 916 do CPC? Não? Então vamos conhecer: Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depó- sito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas men- sais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. Esse artigo trata da possibilidade de parcelamento da dívida na execução de título extra- judicial. A grande pergunta é: é possível esse parcelamento na ação monitória? Sim! O CPC permite ao prever o disposto no artigo 701 §5º CPC. Art. 701, § 5º Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916. Agora para finalizar esse tema e facilitar a visualização vamos ver um quadro com as sú- mulas do STJ sobre a ação monitória. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 80www.grancursosonline.com.br Lidia Marangon Embargos de Terceiro, Oposição, Ação de Habilitação. Ações de Família, Ação Monitória, Homologação do Penhor Legal, Regulação de Avaria Grossa, Ação de Restauração de Autos DIREITO PROCESSUAL CIVIL SÚMULAS DO STJ APLICÁVEIS À AÇÃO MONITÓRIA Súmula n. 247 O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. Súmula n. 282 Cabe a citação por edital em ação monitória. Súmula n. 292 A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário. Súmula n. 299 É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. Súmula n. 339 É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. Súmula n. 384 Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado fiducia- riamente em garantia. Súmula n. 503 O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinque- nal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. Súmula n. 531 Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. HomologAção de penHor legAl
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