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OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Opinião Pública 
Opinião Pública e Política Externa no Governo Goulart (1961-64) – uma entrevista com os 
autores, por Daniel C. Gomes 
A política internacional parece padecer de uma situação quase paradoxal. Por um lado, a atuação 
externa de um país pode parecer, à primeira vista, um assunto restrito aos iniciados. Apenas 
diplomatas, acadêmicos e empresas e organizações internacionais estariam interessados nesse tema. 
Dessa forma, a política externa seria um assunto que não interessaria o cidadão comum. Mas será que 
a população realmente está apartada da política externa? Caso a resposta seja negativa, outro 
questionamento se segue: qual o grau de coerência entre as posições políticas nacionais e 
internacionais da população? 
O artigo Public opinion and foreign policy in João Goulart’s Brazil (1961-1964): Coherence between 
national and foreign policy perceptions?, publicado na edição 2/2015 (Volume 58 – No. 2, julho-
dezembro de 2015) da Revista Brasileira de Política Internacional, lança luzes sobre esses 
questionamentos, analisando um período de acentuada participação política na história brasileira: os 
anos entre 1961 e 1964. 
Felipe Pereira Loureiro, Feliciano de Sá Guimarães e Adriana Schor, professores na Universidade de 
São Paulo e autores do artigo, concederam entrevista a Daniel Costa Gomes, mestrando em Relações 
Internacionais na Universidade de Brasileira e membro da equipe da RBPI. 
1) Analisando o governo Goulart (1961-1964), o artigo demonstra que há coerência, na opinião pública, 
entre as opções políticas interna e externa. Tentando aplicar essa conclusão em outros períodos, esse 
resultado é um padrão ou uma exceção? 
A literatura internacional recente demonstra que há coerência entre as preferências de política externa 
e doméstica na opinião pública dos países desenvolvidos. O argumento é o de que, mesmo com pouca 
informação sobre eventos internacionais, indivíduos seriam capazes de formular opiniões coerentes por 
meio de um mecanismo de aprendizado e coleta de informações por aproximação conhecido como 
“heuristic shortcuts”, ou “atalhos mentais”. Nosso artigo ilustra que esta relação é válida para o caso do 
Brasil durante o governo João Goulart, especificamente no final de 1962. Entretanto, para que seja 
possível fazer uma generalização para outros períodos da história brasileira, é preciso que novos 
estudos empíricos sejam realizados. 
2) Um dos motivos para a intervenção militar de 1964 foi a crença de que o Brasil de João Goulart 
(1961-1964) estaria se encaminhando rumo à sovietização. Seu artigo, todavia, aponta uma 
porcentagem ínfima de apoio popular a um alinhamento à União Soviética. O que se pode inferir 
desses dados em relação às motivações para a derrubada do governo Goulart? 
O artigo mostra que a opinião pública brasileira era amplamente contrária a uma aproximação do Brasil 
com a União Soviética em 1962. Além disso, a percepção da população sobre países comunistas e 
sobre o próprio líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, era muito negativa. Não se pode dizer, 
portanto, que a sociedade brasileira estava polarizada entre os que defendiam o liberalismo norte-
americano e aqueles que defendiam o comunismo soviético. Esse talvez seja um dos achados mais 
interessantes do artigo, junto com a questão da coerência da opinião pública em questões de política 
doméstica e internacional. Por outro lado, outros estudos concluem que a polarização liberalismo-
comunismo seria válida no que tange à imprensa e à elite política do período. Isso é apresentado por 
parte da extensa literatura que estuda o tema do golpe militar de 1964 no Brasil como uma das 
principais razões da deposição do presidente João Goulart. 
3) O artigo contesta a ideia de que a opinião pública é indiferente à política externa? 
Apesar de o artigo mostrar que havia um número significativo de brasileiros no início dos anos 1960 
“sem opinião” sobre questões de política externa, existia também, por outro lado, uma parcela 
expressiva da opinião pública nacional que apresentava posicionamentos claros sobre vários temas 
internacionais, entre os quais a questão do tipo de engajamento mais adequado para o país no sistema 
global (alinhamento com os Estados Unidos, alinhamento com a União Soviética, ou neutralidade 
diante de ambas as superpotências). Isso mostra que, apesar do elevado nível de analfabetismo na 
época e da pouca informação disponível em várias localidades do país, não se pode dizer que a 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
2 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
opinião pública brasileira do período teria sido, de forma generalizada, indiferente à política externa do 
governo Goulart. 
Política Externa e Opinião Pública 
A política externa constitui-se em instrumento através do qual os governos mantêm a paz ou fazem a 
guerra, desencadeiam conflitos ou estabelecem cooperações, com resultados de crescimento e 
desenvolvimento ou de atraso e dependência para seus países. 
 
Sob o signo da globalização, tornou-se mais explícito o fato de que as decisões de política externa de 
um país carregam o potencial de afetar diretamente a vida de seus cidadãos. No entanto, 
tradicionalmente a concepção e execução da política externa é tarefa restrita a um seleto grupo de 
funcionários do Estado, que constituem, em sua maioria, uma burocracia especializada. 
 
Voltando-nos à história, a defesa da política externa como prerrogativa exclusiva do Príncipe, dada a 
importância dessa para a integridade do Estado, encontra no Cardeal de Richelieu – tornado Primeiro-
Ministro da França sob o reinado de Luiz XIII – seu mais eminente propositor. É de Richelieu a própria 
definição de raison d’Etat, orientadora da política externa de um país. O cálculo nas ações de Richelieu 
(considerado gênio político) pode ser apreciado, exemplarmente, na decisão estratégica de, em plena 
Guerra dos Trinta Anos, reprimir os huguenotes na França, através de auxílio ao protestantismo no 
exterior. Tal ação, aparentemente contraditória, expôs o cardeal católico aos apressados julgamentos 
da opinião pública de seu país, mas com o tempo revelou seu acerto. 
 
Embora não reconhecesse na opinião pública fonte para as decisões de política externa, no 
Testamento Político de Richelieu pode ser encontrado o seguinte princípio: “Toda a escolha do rei deve 
ser seguida de uma aprovação pública”. 
 
No Brasil, desde a Independência, questões de política externa constitucionalmente é atribuição do 
Poder Executivo, sendo submetidas ao Legislativo (representante do povo) apenas questões 
fronteiriças e que envolvam cessões de território. Na linha de defesa desse modo de ser, alinha-se a 
questão do tempo, ou melhor, da urgência característica das questões de política externa. Invoca-se a 
ideia de que, a decisão de ir à guerra ou fazer a paz não pode estar submetida ao tempo requerido 
para as deliberações congressuais, nem tampouco aos humores partidários e de seus parlamentares. 
Na contramão desse argumento vem à acusação de ter essa prática um caráter autoritário e elitista. 
 
Da história da política externa do Brasil alguns importantes momentos servem de objeto para a reflexão 
sobre o modo como é feita a política externa e, em particular, sobre sua relação com a sociedade. É 
predominante entre os analistas um balanço com resultado positivo acerca das ações de política 
externa empreendidas pelo governo brasileiro durante a 2ª Guerra Mundial, quando Vargas conduziu 
uma política de barganhas e “jogo duplo” para realizar um projeto nacional desenhado logo nos 
primeiros anos de seu governo. 
Considerar o fato dessa política externa (articulada com as metas da política doméstica) ter sido 
conduzida sob a excepcionalidade da ditadura do Estado-Novo, ajuda a entendê-la. E observar a forma 
da comunicação estabelecida entre o governante e a sociedade, através da criação do Departamento 
de Imprensa e Propaganda (DIP), lança importantes questões para se pensar o papelda opinião 
pública na condução e legitimação da política de um Estado. 
 
Os anos que se seguiram ao fim da 2ª Guerra Mundial inauguraram uma nova fase da política 
internacional, onde o caráter ideológico da Guerra Fria configurou-se em elemento inescapável das 
concepções de política externa. Se por um lado a forte componente ideológica presente nesses anos 
instigou parcelas da opinião pública a posicionar-se, fez também aumentar a recusa de setores 
dirigentes à participação ou pressão popular em questões de política externa, reafirmando a ideia de 
que a complexidade dessas decisões lhe escapa, e que a opinião pública se orienta pela bílis e não 
pela razão. 
 
Em nossos dias, muito por conta dos avanços tecnológicos, tem-se observado uma crescente 
sensibilização da opinião pública para as implicações da política externa na vida nacional. Nesses 
primeiros anos do ainda imberbe século XXI, os acontecimentos internacionais ampliaram os espaços 
que até então os meios de comunicação lhes conferiam. A gigantesca cobertura midiática dada aos 
atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA, estabeleceu um novo marco na percepção 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
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das relações entre o interno e o externo. O país central do capitalismo global viu-se atacado por um 
inimigo localizado na periferia do sistema e, desde então, a periferia tornou-se elemento inescapável na 
política externa dos países centrais. 
 
As duas guerras que se seguiram aos atentados de 11 de setembro também se constituem em marcos 
da manifestação popular em questões de relações internacionais. Se o ataque dos EUA ao Afeganistão 
(Estado que dava guarida a terroristas) contou com o apoio de um número expressivo de governos e 
de suas populações, o ataque ao Iraque teve o repúdio de imensas multidões nas ruas de Washington, 
Nova York, Londres, Paris, Roma, Tóquio e em diversos cantos do mundo, superando as dimensões 
de manifestações desse gênero na 2ª Guerra Mundial. 
 
Mas a guerra ao Iraque foi feita a despeito da opinião pública (norte-americana e mundial), estribando-
se mais uma vez no argumento da razão de Estado. 
 
Ao completar um ano da invasão do Iraque, novas multidões saíram às ruas em várias cidades do 
mundo e, em especial, nas principais cidades dos EUA, protestando contra a guerra e o número 
crescente de mortos. Dessa vez não se viu repetir (como alguns esperavam) o que se deu na Guerra 
do Vietnã, quando a opinião pública norte-americana fez o governo mudar sua política e encerrar o 
conflito. 
 
Acontecimentos como os recentes atentados terroristas em Madri e Londres tem evidenciado os 
impactos da política externa sobre o nacional, e feito das populações civis alvos preferenciais. 
 
O hiato existente entre a lógica operante na concepção e condução da política externa e a opinião dos 
cidadãos a respeito do conteúdo e das razões dessa política configura-se hoje um importante problema 
para a reflexão sobre os rumos da democracia nas sociedades modernas. Entre os termos desse 
problema destacam-se as excepcionais condições tecnológicas de que as sociedades hoje dispõem 
para acesso a informação e mobilização, e as tradicionais formas de concepção e condução da política 
externa, lastreadas numa raison d’Etat impermeável aos reclames da sociedade. 
 
Ainda que difícil, o melhor caminho a ser trilhado parece ser aquele que vise o estabelecimento de 
canais de comunicação entre os formuladores de política externa (incluso nessa categoria o Poder 
Executivo e a burocracia diplomática) e entidades da sociedade civil, para a definição, atualização e 
adequação da política externa aos genuínos interesses nacionais, atentos aos riscos do predomínio de 
interesses setoriais de grupos com maior força e organização, e da sobreposição de valores partidários 
próprios do grupo que ocupa circunstancialmente o poder sobre os valores permanentes da sociedade. 
A Política Externa dos EUA e a Opinião Pública Americana 
Os mesmos que dizem que as intervenções dos EUA foram um erro, ainda não estão preparados para 
aceitar a ideia de que o país não deveria continuar a manter, e mesmo a expandir, as suas forças 
militares. 
À medida que se aproximam as eleições nos Estados Unidos, a política externa do país está 
lentamente a tornar-se uma das questões mais importantes. Não é segredo que no último meio século 
houve uma certa consistência de longo prazo na política externa dos EUA. As divergências internas 
mais agudas ocorreram quando George W. Bush assumiu a Presidência e desencadeou uma tentativa 
deliberadamente unilateral e superviril de restaurar o domínio dos Estados Unidos no mundo através 
das invasões do Afeganistão e do Iraque. 
Bush e os neoconservadores esperavam intimidar toda a gente pelo mundo, usando a força militar para 
mudar regimes considerados hostis pelo governo dos EUA. Como parece hoje claro, a política 
neoconservadora falhou o seu próprio objetivo. Em vez de intimidar todos, esta política transformou um 
lento declínio do poderio dos EUA num declínio abrupto. Em 2008, Obama candidatou-se com uma 
plataforma de reversão desta política, e em 2012 está a afirmar que cumpriu a promessa e assim 
desfez os danos causados pelos neocons. 
Mas será que desfez realmente os danos? Poderia tê-lo feito? Duvido. Mas a minha intenção aqui não 
é discutir quão bem-sucedida é ou não neste momento a política externa dos EUA. O que sim quero 
discutir é o que pensa dela o povo americano. 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
4 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
O elemento mais importante na atual opinião pública norte-americana acerca da política externa do seu 
país é a incerteza e a falta de clareza. Sondagens recentes mostram que pela primeira vez uma 
maioria de cidadãos dos EUA pensa que as intervenções militares que Bush empreendeu no Médio 
Oriente foram um erro. O que estas pessoas parecem ver é que houve um enorme gasto de vidas 
americanas e de dinheiro que obtiveram resultados que lhes parecem negativos. 
Apercebem-se de que o governo iraquiano está mais próximo em sentimento e politicamente do 
governo iraniano que de Washington. Apercebem-se de que o governo afegão está a pisar terrenos 
movediços – com um exército infiltrado por simpatizantes taliban suficientes para matar soldados dos 
EUA com quem trabalham. Querem a retirada das tropas dos EUA em 2014, como foi prometido. Mas 
não acreditam que, assim que estas tropas saírem, fique no poder um governo estável, um governo de 
certa forma amigo dos Estados Unidos. 
É significativo que, no debate entre os dois candidatos à vice-presidência, o democrata Joe Biden 
tenha afirmado com vigor que as tropas americanas não seriam enviadas para o Irão. E o republicano 
Paul Tyan disse que ninguém do seu lado estava a pensar mandar tropas para lá. Ambos podem ou 
não ter dito a verdade acerca das suas posições. O importante a notar é que ambos pareciam pensar 
que qualquer ameaça de enviar tropas terrestres prejudicaria as hipóteses dos seus partidos diante dos 
eleitores. 
E então? Essa é precisamente a questão. As mesmas pessoas que dizem que as intervenções dos 
EUA foram um erro, ainda não estão de forma alguma preparadas para aceitar a ideia de que os 
Estados Unidos não deveriam continuar a manter, e mesmo a expandir, o âmbito das suas forças 
militares. O Congresso dos EUA continua a votar orçamentos para o Pentágono maiores que o pedido 
pelo próprio Pentágono. Em parte, isto é o resultado do desejo dos legisladores de manter postos de 
trabalho em distritos onde há empregos relacionados com as forças armadas. Mas também porque o 
mito da superforça americana ainda é um forte compromisso emocional em virtualmente todo o lado. 
A perspetiva é de um isolacionismo assustador? Até certo ponto, sem dúvida. Há na verdade eleitores 
na extrema esquerda e na extrema direita que começam a defender mais fortemente a necessidade de 
reduzir o compromisso militar dos EUA no resto do mundo. Mas acredito que, de momento, ainda não 
têmmuita força. 
Em vez disso, podemos esperar uma lenta e silenciosa, mas nem por isso menos importante, revisão 
do que pensam os americanos acerca de certos grupos de aliados. O afastamento da Europa, seja 
como for que a Europa seja definida, está a ocorrer há muito tempo. A Europa é vista como “ingrata” de 
certa forma, por tudo o que os Estados Unidos fizeram por ela nos últimos setenta anos, militar e 
economicamente. Para muitos cidadãos dos EUA, a Europa parece ter pouca vontade de apoiar as 
políticas dos EUA. As tropas americanas estão atualmente a retirar da Alemanha e de outros lugares. 
Evidentemente que a Europa é uma grande categoria. Será que o cidadão americano comum tem 
pontos de vista diferentes acerca da Europa do Leste (os ex-satélites soviéticos)? Ou acerca da Grã-
Bretanha, com quem é suposto os Estados Unidos terem uma “relação especial”? A “relação especial” 
é mais um mantra dos britânicos que dos americanos. Os Estados Unidos premeiam a Grã-Bretanha 
quando esta segue a linha, e não quando esta se desvia dela. Um cidadão americano comum 
dificilmente tem conhecimento deste compromisso geopolítico. 
A Europa do Leste é diferente. Houve pressões reais de ambos os lados para manter uma relação 
próxima. Do lado dos EUA, houve interesse por parte do governo em usar a ligação europeia oriental 
como forma de conter as tendências europeias ocidentais de agir independentemente. E houve 
pressões dos descendentes dos imigrantes destes países para que as ligações se expandissem. Mas a 
Europa do Leste começa a sentir que o compromisso militar dos EUA está a emagrecer e por isso é 
pouco confiável. Também começa a sentir que as ligações económicas com a Europa ocidental, e com 
a Alemanha em particular, são mais cruciais para eles. 
O antagonismo com o México, devido aos migrantes indocumentados, veio desempenhar um papel 
importante na política dos EUA e tem vindo a minar as relações, em teoria muito próximas, com o 
México. Quanto ao resto da América Latina, o crescimento da sua postura geopolítica independente 
tem sido uma fonte de frustração para o governo dos EUA e uma fonte de impaciência para o povo dos 
Estados Unidos. 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
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Na Ásia, o chamado “China-bashing” (retórica anti-chinesa) é um jogo crescentemente popular, apesar 
de todos os esforços do governo dos EUA de refreá-lo. As empresas chinesas são impedidas de fazer 
alguns tipos de investimentos nos Estados Unidos que até a Grã-Bretanha acolhe. 
E finalmente, há o Médio Oriente, uma área de preocupação central para os EUA. Atualmente, o foco é 
posto no Irão, Tal como na América Latina, o governo parece frustrado devido às suas limitadas 
opções. Foi constantemente pressionado por Israel para fazer mais, apesar de ninguém estar muito 
certo do que significa “mais”. 
O apoio a Israel de todas as formas possíveis tem sido uma peça central da política externa dos EUA 
desde 1967, pelo menos, senão antes. Poucos se atrevem a desafiá-lo. Mas os “poucos” estão a 
começar a ter mais apoio aberto de personalidades militares, que sugerem que as políticas de Israel 
são perigosas em termos de interesses militares norte-americanos. 
Será que o disseminado apoio a Israel vai continuar sem contestação nas próximas décadas? Duvido. 
Israel pode ser o último compromisso emocional dos EUA a desfalecer. Mas é quase certo que é isso o 
que vai acontecer. 
Por volta de 2020, provavelmente, e certamente em 2030, a política externa norte-americana terá 
começado a digerir a realidade de os Estados Unidos não serem a única superpotência todo-
poderosa., mas simplesmente uma das poucas sedes do poder geoestratégico. A mudança de 
perspetiva terá sido imposta pela evolução da opinião dos americanos comuns, que continua a 
preocupar-se mais com o seu bem-estar social do que com os problemas além-fronteiras. À medida 
que o “sonho americano” atrai cada vez menos não-americanos, volta-se para o interior dos Estados 
Unidos. 
Política Externa como Política Pública: primeiras aproximações a partir do caso brasileiro 
Ao longo do século XX, as Relações Internacionais se firmaram como disciplina e campo de estudos e 
análises sobre os eventos internacionais. Contribuiu muito para isto a tradição do Realismo político, 
que teve grande influência sobre o desenvolvimento do campo de estudos e logo conseguiu firmar-se 
como mainstream. Grosso modo, o Realismo entende o sistema internacional como um ambiente 
anárquico, no qual os atores eram os Estados que agiam racionalmente para garantir sua 
sobrevivência e maximizar seus benefícios. Os Estados, para o Realismo, eram tal qual uma bola de 
bilhar, hermética e sólida, portanto, sem que importasse sua política doméstica. Estabeleceu-se, então, 
logo de início, uma clara separação entre política externa (também considerada “alta política”) – a ação 
dos Estados no sistema internacional – e política pública (“baixa política”), que, segundo Jobert e 
Muller [1987], pode ser entendida como “o Estado em ação” no plano doméstico. Embora esta 
dicotomia tenha sobrevivido por muito tempo – está presente, inclusive, em estudos atuais –, recentes 
análises têm adotado uma perspectiva diferente. 
Encontrado na justificativa da maioria dos estudos contemporâneos a este respeito está o fato de que a 
globalização teve grande impacto sobre a condução da política externa, trazendo novos temas e atores 
para o debate e borrando a linha divisória entre o doméstico e o internacional. Em 1988, Robert 
Putnam produziu um artigo que se tornou seminal, no qual defendia que todo negociador internacional 
operava simultaneamente nos níveis doméstico e internacional, levando sempre em consideração as 
pressões, limites e interesses de cada um e como acomodá-los. No mesmo ano, Ingram e Fiederlein 
[1988] defenderam explicitamente “cruzar a fronteira” e abordar política externa como política pública. A 
proposta das autoras incluía utilizar o modelo clássico de análise de política pública (o ciclo das 
políticas) para estudar a política externa, além de ver como cada uma das duas apresentava uma 
dimensão mais próxima da outra. 
É interessante notar como este tema tem sido tratado no Brasil. Celso Lafer [2001], por exemplo, em 
estudo que não tem esta colocação como objetivo último, defende que política externa é “uma 
importante política pública” ao apresentar Estados e governos como “indispensáveis instâncias 
públicas de intermediação” interna e externa [pp. 18-19]. Segundo este raciocínio, a política externa 
tem por objetivo “traduzir necessidades internas em possibilidades externas para ampliar o poder de 
controle de uma sociedade sobre o seu destino” [p. 16]. 
Já o trabalho de Michelle Sanchez et. al [2006] tem como objetivo primordial defender a posição de que 
política externa é política pública. Para isto, as autoras, defendendo haver um “continuum do processo 
decisório” (doméstico-externo-internacional), apresentam uma perspectiva constitucional, segundo a 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
6 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
qual “as Constituições de 1967 e 1988 não designam literalmente o poder competente para a 
formulação da política externa brasileira, embora possuam mecanismos que distribuem a competência 
para sua condução entre os três poderes” [p. 129]. Embora demonstrem que a política externa é 
atribuída a diversos atores, as autoras relembram o Decreto n. 5.032/2004, segundo o qual “cabe ao 
Ministério [das Relações Exteriores] auxiliar o presidente da República na formulação da política 
exterior do Brasil, assegurar sua execução e manter relações com estados estrangeiros, organismos e 
organizações internacionais”. 
O papel do Itamaraty é fundamental quando se discute política externa brasileira e, neste sentido, o 
trabalho de Cheibub [1990] é referência inescapável. O argumento principal é o de que tanto o 
Ministério das Relações Exteriores (MRE) quanto os diplomatas obtiveram um fortalecimento crescente 
ao longo da formação do Estado nacionalbrasileiro, o que aumentou sua capacidade de controle na 
condução e formulação da política externa. Cheibub denomina este processo de “autonomia crescente” 
e “lenta e gradual racionalização e burocratização do Itamaraty e da carreira diplomática no Brasil” [p. 
114]. É interessante notarmos que, embora este trabalho seja amplamente citado para justificar o 
insulamento e a relativa autonomia do MRE, em sua conclusão, o autor, escrevendo no fim da década 
de 1980, aponta um fato então novo, e importante para nossa visão sobre a política externa: um 
processo de “expansão do Itamaraty, isto é, a existência de um amplo movimento externo de 
diplomatas para outras agências governamentais” [p. 130]. 
Este “êxodo” de diplomatas, por sua vez, é mencionado por Milani e Pinheiro [2013] como um dos 
elementos que os fazem entender política externa como política pública. Ao se espalharem pela 
administração pública, diplomatas brasileiros impulsionaram a internacionalização das agendas de 
outras pastas. Somado a estes dois processos há também o aumento da participação da sociedade 
civil, como, por exemplo, durante as conferências da ONU na década de 1990 e com relação ao 
Mercosul, e o surgimento de novos temas e novos atores. Milani e Pinheiro, portanto, defendem que se 
considere política externa como política pública, mas afirmam que ainda falta “construir um arranjo 
político e jurídico que reflita essa realidade empírica e que assegure o caminho institucional mais 
democrático (sujeito, inclusive, a controles pela própria sociedade)” [p. 22]. Uma observação 
semelhante é feita por Lafer [2001, p. 17] que, ao apresentar esta visão, defende que ela “pressupõe 
processos de consulta e mecanismos de representação”. 
É justamente neste sentido que o Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI) vem 
propondo a criação de um “Conselho permanente de consulta, participação e diálogo da sociedade 
com o poder Executivo sobre a política externa” (CONPEB). Esta deve ser uma preocupação constante 
de todos aqueles que se interessam pelos rumos do Brasil, de forma a aperfeiçoar a política externa 
como um instrumento para o desenvolvimento nacional. 
Opinião Pública - Conceito, o que é Significado 
 
O termo opinião pública se refere a um conjunto de considerações próprias da população. Geralmente, 
esta expressão se refere às opiniões generalizadas sobre política, economia e todos os assuntos de 
interesse público que se apresentam em uma determinada comunidade. A opinião pública é estudada 
principalmente na área da política como um meio de conhecer as tendências do eleitorado. Em boa 
parte, ela é refletida nos meios de comunicação, embora haja pesquisas constantes para conhecê-la. 
Dada a importância adquirida na tomada de decisões de um país, não se deve estranhar a 
manipulação fraudulenta realizada nas pesquisas. 
Dentro da sociedade existe um debate constante sobre as principais questões de seu desenvolvimento. 
Esta circunstância não é nova e pode ser rastreada desde a Grécia Antiga, onde era comum o debate 
de temas relevantes por parte dos cidadãos. No caso atual, estes debates estão longe de ser 
centralizados e podem ser registrados em uma infinidade de situações. Assim, uma série de opiniões 
vai solidificando e tornando-se comum. A este respeito, a imprensa tem um papel importante para as 
opiniões, mas que de certa forma podem ser dirigidas. A opinião pública se desenvolve da mesma 
forma que um acervo de conhecimentos em assuntos que são importantes para os moradores de uma 
sociedade. 
 
Em certas ocasiões, dada a sua importância, a opinião tenta ser dirigida. Assim, por exemplo, nos 
regimes totalitários, existem certas posturas e opiniões que são perseguidas de forma sistemática e por 
onde se evita sua publicação. Neste contexto, o objetivo é que algumas ideias sobre o funcionamento 
da sociedade não circulem para evitar que outros possam adotar. Seguindo o mesmo critério, o que se 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
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pretende é circular algumas ideias específicas, geralmente complacentes no que se diz respeito à 
ordem das coisas. No entanto, esta tentativa tem demonstrado ser ineficiente em longo prazo, mas que 
com o tempo, as opiniões generalizadas são filtradas, especialmente se os resultados não condizem 
com a realidade. 
Como citado acima, dada a importância que a opinião pública exerce sobre as decisões de um 
determinado grupo, existe a sondagem frequente dos pesquisadores contratados pelos partidos 
políticos. Na verdade, estes resultados e conhecimentos servem para chamar a atenção dos eleitores e 
assim ganhar votos. 
 
Do latim opinĭo, uma opinião é um juízo de valor que se emite sobre algo questionável. A opinião 
também é aquilo que se acha relativamente a algo ou alguém, é o parecer (podendo ser favorável ou 
não) que se dá. Por exemplo: “Na minha opinião, trata-se de um grande jogador”, “A Paula tem uma 
opinião pouco positiva dos meus amigos”, “O Manuel deu a opinião dele em relação ao problema, e eu 
acho que ele tem razão”. 
Entende-se por opinião pública o conjunto de ideias de que partilha um grupo social (a população, por 
exemplo) acerca de um assunto determinado (questões políticas, económicas ou sociais). A opinião 
pública é abstracta, tendo em conta que só se recolhe através de questionários, inquéritos ou trabalhos 
semelhantes. Os meios de comunicação são um dos principais emissores de opinião pública, já que o 
tratamento que realizam da actualidade incide precisamente no pensamento da sociedade: “O 
presidente não deu ouvidos à opinião pública”, “A opinião pública exige respostas relativamente aos 
problemas de insegurança”. 
O que é Opinião: 
Opinião é um substantivo feminino que significa a manifestação de uma forma de ver, representando 
o estado de espírito e a atitude de um indivíduo ou de um grupo em relação a um determinado 
parâmetro ou realidade. 
A opinião de uma pessoa é aquilo que ela acredita ser verdadeiro. As opiniões manifestam o caráter de 
uma pessoa, porque são moldadas pelo sistema de valores que regem as atitudes do indivíduo. As 
opiniões também dependem das aspirações pessoais e do nível de maturidade psicológica de cada 
pessoa. 
Muitas vezes as opiniões são divergentes, ou seja, pessoas não têm a mesma opinião sobre o mesmo 
assunto. Isto porque a opinião é um juízo subjetivo, que tem como fundamento o conhecimento vago 
da realidade, e muitas vezes não está baseada em fatos concretos e nem mesmo no bom senso. Uma 
opinião pode ser discriminatória e ofensiva para muitas outras pessoas. 
Muitas pessoas têm dúvidas na grafia da palavra opinião, mais concretamente entre as formas opinião 
e opnião. A alternativa opnião está errada e não consta no dicionário da língua portuguesa. 
Opinião pública 
Opinião pública é a opinião geral dos cidadãos em relação ao Estado, à sociedade e a outros temas ou 
questões. 
A opinião pública muitas vezes é revelada através de iniciativas privadas ou de meios de comunicação. 
Em várias ocasiões os órgãos que expressam a opinião pública se transformaram em órgãos que 
exercem manipulação através de propaganda, através de governos ou empresas. 
Mito e Realidade da Opinião Pública 
PRIMEIRAS DISCUSSÕES SÔBRE OPINIÃO PÚBLICA 
A origem da expressão "opinião pública" encontra-se, aparentemente, na Antiguidade. Os gregos e os 
romanos empregavam palavras semelhantes, falando estes últimos em consensus populi, numa 
acepção exclusivamente jurídica. 
Na realidade, o termo "opinião pública", no seu sentido atual, não esteve presente na Antiguidade. O 
mesmo aconteceu na Idade Média, ainda que nesse período fosse comum o ditado vox populi vox 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
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Dei, criado por Albino Flaco, abade de Tours, numa carta ao imperador Carlos Magno. Em sua 
obra Discursos, Nicolau Maquiavel também repetiu o mesmo anexim, quando disse que se podia 
comparar a voz do povo à voz de Deus. No início do século XVIII o poeta inglês AlexandrePope 
escreveu: "É estranha a voz do povo: ela é e não é a voz de Deus". 
O têrmo "opinião pública", com o significado de participação popular nas coisas de interesse público, 
apareceu realmente com Jean Jaques Rousseau, na metade do século XVIII, quando o autor de O 
Contrato Social escreveu que a vontade do povo é a única origem da soberania e das leis. Em igual 
direção e na mesma época, dizia David Hume, em seu célebre Ensaio sôbre o Entendimento 
Humano, que a soberania da opinião pública, longe de ser uma aspiração utópica, é o que pesa e 
pesará sempre, em todas as horas, nas sociedades humanas. 
Com a crescente penetração da filosofia democrática, no século XIX, a expressão "opinião pública" 
começou a ganhar em significado, desde a ideia romântica de Napoleão Bonaparte de que "a opinião 
pública é uma potência invisível",2 até aqueles que discordavam da possibilidade de alguns milhares de 
pessoas alcançarem um consensus, formando opinião pública sôbre assuntos diversos de real 
importância. 
Nas primeiras décadas do século atual alguns pressupostos acerca da teoria da opinião pública eram 
aceitos e defendidos por destacados valores da intelectualidade, não só européia, mas, também, 
americana. Assim, acreditava-se que o povo se interessava pelas diretrizes políticas, era bem 
informado, era capaz de deliberar e de chegar a conclusões lógicas, racionais, e que sempre tinha 
possibilidade de tornar conhecida sua decisão e de impor sua vontade na elaboração das leis. Surge 
nesse período a famosa obra de José Ortega y Gasset, Rebelião das Massas. Escrevia o filósofo social 
espanhol: "O mando é o exercício normal da autoridade, o qual se baseia sempre na opinião pública - 
sempre, hoje como há dez mil anos, entre os ingleses como entre os botocudos".3 Na mesma trilha 
achava-se o grande presidente norte-americano Woodrow Wilson quando disse que "a opinião pública 
governa o mundo". 
Em situação contrária àquelas ideias, o jornalista ianque Walter Lippmann lançava o seu livro The 
Phantom Public, fazendo severa crítica às teorias de uma opinião pública esclarecida e global, dizendo 
que aqueles pressupostos de racionalidade e de soberania popular eram admitidos por cientistas 
sociais que partiam da conjetura de que "toda a humanidade está ao alcance das palavras; ouvindo-as, 
responderá homogeneamente, pois que tem uma só alma. (...) O apelo à intuição cosmopolita, 
universal e desinteressada, existente em todos, equivale a um apelo a ninguém".5 Mais tarde, em uma 
conferência realizada em Chicago, em novembro de 1955, Lippmann modificava, parcialmente, o seu 
pensamento, aceitando a presunção de que, numa sociedade livre, todos os seus membros debatem 
os problemas de modo sincero e racional. 
A OPINIÃO PÚBLICA COMO DISCUSSÃO RACIONAL 
O conceito de que a opinião pública faz supor a discussão racional de controvérsias de interesse geral, 
implicando, também, a procura do entendimento entre os membros da sociedade, parece estar, em 
nossos dias, universalmente aceito. Enquanto Gabriel Tarde não chega a considerar o debate público 
como fautor de opinião pública, o seu mais destacado seguidor nos Estados Unidos da América, o 
Professor Edward Alsworth Ross, em sua obra Psicologia Social, observava que a opinião pública 
poderia ser considerada como uma "discussão que atrai a atenção geral".6 Interessante, também, notar 
que o pioneiro da Psicologia Social em terra americana estabelece uma diferença entre opinião pública 
e opinião preponderante; esta é a opinião que não admite mais discussões (casamento monogâmico 
no mundo ocidental, por exemplo). Tudo que é passível de discussão, de controvérsia, é terreno 
propício à formação de opinião pública. 
"Não existe opinião pública onde não haja um acordo substancial. Mas, não existe opinião pública onde 
não haja desacordo. Opinião pública pressupõe discussão pública", escreveram Robert E. Park e 
Ernest W. Burgess, emIntroduction to the Scienôe of Sociotogy.7 Portanto, segundo esses autores, é 
indispensável para a formação da opinião pública a existência de pontos de vista divergentes e comuns 
que possam ser debatidos amplamente. 
Empregando a expressão "discussão pública racional", James T. Young, citado por W. B. Graves, 
em Readings in Public Opinion, disse: "Opinião pública é o julgamento social de uma comunidade 
consciente de si mesma, numa controvérsia de significação geral, após a discussão pública 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
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racional".8 O conceito de J. Young, portanto, coloca em destaque a racionalidade como fator 
determinante da opinião pública. 
John Dewey, em sua obra The Public and Its Problems, anota: "Opinião pública é o julgamento formado 
e levado em consideração por aqueles que constituem o público e diz respeito a negócios públicos".9 A 
acepção do filósofo social e educador ianque implica uma boa dose de racionalidade, desde que a 
criação da opinião pública está intimamente relacionada com a existência de um julgamento do público. 
O seu conceito envolve, também, um aspecto restritivo de que a opinião pública se refira, 
exclusivamente, a negócios públicos, o que não nos parece exato. As controvérsias não são 
unicamente políticas e não existe um só tipo de público. 
Podemos dizer que o processo da opinião pública é um processo intelectual total: começa com algum 
problema, seguindo-se uma série lógica de passos até à solução da questão levantada. Inicia-se o 
processo com uma controvérsia que, não podendo ser solucionada pelos padrões tradicionais, exige a 
reunião de várias pessoas para discuti-la, racional e amplamente, em busca de uma decisão 
inteligente. É evidente que outros fatores, além da racionalidade, estarão presentes nas discussões 
públicas, mas, para que haja opinião pública, é preciso que predominem as considerações de ordem 
racional. Frequentemente, a discussão pública proporciona a interação dos componentes do grupo em 
debate, em bases antes racionais do que emocionais, porque o desacordo estimula a habilidade de 
crítica. Prevalecem, assim, as considerações racionais, exigidas em face dos argumentos e contra-
argumentos oferecidos pelos elementos em discussão. Não há aí o apoio mútuo e a unanimidade que 
assinalam a multidão e a massa. 
LIMITAÇÕES À RACIONALIDADE 
Na verdade, o antigo ideal do homem inteligente e bem informado, que recorre à crítica e à reflexão 
para chegar a conclusões racionais a respeito das controvérsias levantadas, não constitui uma 
realidade em todos os sentidos. A hereditariedade, o meio cultural, a personalidade, a impossibilidade 
de obter todas as informações, os estereótipos e tantos outros determinantes impedem a formação de 
uma opinião pública racional e pura. Porém, não se pode negar que a discussão pública obriga a certa 
racionalidade, porquanto os argumentos e contra-argumentos expostos têm de ser justificados e 
criticados, envolvendo assim avaliação, reflexão e julgamento. 
É importante lembrar que na discussão pública as opiniões individuais expostas podem ser resultantes, 
em grande parte, do grau de acatamento que os membros que discutem tenham pelos orientadores do 
debate. Os indivíduos, muitas vezes, concordam para evitar conflitos de ideias, sentimentos de 
ansiedade e, principalmente, porque acreditam não estar à altura dos oponentes. Portanto, não se 
pode dizer que essas opiniões sejam, totalmente, racionais e ló gicas, pois elas estão ligadas aos 
sentimentos e às emoções. Todavia, essa espécie de tolerância e mesmo a incapacidade inicial de 
debater os argumentos e contra-argumentos apresentados oferecem um lado positivo: permitem, o 
começo da interação social entre os integrantes da discussão. 
Nesse mesmo sentido opina Robert E. Park: "Sempre que alguns indivíduos estejam juntos, ainda que 
de modo informal, sem importar quão estranhos possam ser uns em relação aos outros, nem a 
magnitude das distâncias sociais que os separem, o mero fato de que permaneçam reservados ante a 
presença dos outrosestabelece, imediatamente, um vivo intercâmbio de influências: o principal efeito 
desse intercâmbio consiste em criar uma disposição de ânimo, um Stimmung...".10 
É exato não só que todas as pessoas participam, direta ou indiretamente, das decisões e das 
manifestações de nossos semelhantes, como, também, que há verdadeira ansiedade por essa 
manifestação. Essa ansiedade é uma das características fundamentais da natureza humana. 
Deve-se recordar, outrossim, que não pode haver uma discussão pública racional sem que haja, 
anteriormente, um entendimento, ou seja, o estabelecimento de um "universo de comunicações". 
Somente dessa maneira será possível chegar ao consenso. 
Donald Pierson, em seu livro Teoria e Pesquisa em Sociologia, observa: "A 'opinião pública' forma-se 
pelo debate e, na realidade, é o seu 'precipitado'. É geral ao grupo; uma espécie de média das opiniões 
dos seus vários membros. Assim, talvez não se encontre na opinião de nenhum membro do grupo, 
considerado sozinho. Nasce do jôgo de diferenças de interesse, de motivos, de julgamentos 
individuais, que colidem, entram em conflito e se manifestam por meio de notícias".11 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
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O FAUTOR IRRACIONALIDADE 
O grande perigo na formação da opinião pública reside na influência, cada vez mais considerável, que 
os grupos de pressão vêm exercendo em todo o mundo. As informações e as notícias são dispostas 
habilmente, persuadindo, intimidando ou coagindo as pessoas a aceitar os pontos de vista ou 
propósitos autoritários desses grupos. Minorias bem organizadas e capacitadas para divulgar sua 
posição (controle dos veículos de comunicação, propaganda, bons argumentadores etc.) exercem, não 
raro, muito maior influência sobre o processo de formação da opinião pública do que seria de esperar. 
Sôbre a atuação dos grupos de pressão nos Estados Unidos da América assim se referiu Leda 
Boechat Rodrigues em artigo publicado na Revista Brasileira de Estudos Políticos, "À espantosa 
proliferação dos grupos de pressão nos últimos 30 anos correspondeu acentuada mudança em suas 
táticas. De início, o lobby (cabala nos corredores do Congresso) consistia, sobretudo, na influência 
direta, e recorria, com frequência, ao suborno. Depois, grande ênfase passou a ser dada à propaganda 
e à criação de atitude; públicas favoráveis às pretensões de determinados grupos Daí falarem uns e 
outros em old lobby e new lobby. Segundo conclusão da comissão parlamentar encarregada de 
investigar o lobbying em 1950 (nos EUA), OS grupos de pressão, atualmente, 'em vez de tentarem 
influenciar diretamente a feitura das leis, procuram criar uma aparência de apoio público a suas 
pretensões'. Isso é facilitado pela prática corrente, até nos melhores jornais, de dar à propaganda 
inspirada pelos grupos econômicos o mesmo tratamento dispensado às notícias".12 
Em seu livro Public Opitúon, Walter Lippmann focaliza outro aspecto da formação da opinião pública: 
"Os clichês dentro das cabeças de seres humanos, os clichês deles próprios, de outros, de suas 
necessidades, propósitos e afinidades são suas opiniões públicas".13 Na verdade, o jornalista nova-
iorquino encara uma faceta da criação da opinião pública que merece ser estudada. Quando as 
pessoas procuram, racionalmente, emitir suas opiniões deve-se levar em conta que possuem em sua 
mente uma ampla série de lembranças, ideias e principalmente imagens estereotipadas que fazem 
brotar um aspecto de irracionalidade que precisa ser levado em consideração. 
O fautor irracionalidade - estereótipos, slogans, apelos emocionais - pode, às vezes, provocar o 
aparecimento de um comportamento, por parte do público, muito semelhante ao de u'a multidão ou 
massa, não surgindo, na realidade, a opinião pública, mas somente um sentimento coletivo, porquanto, 
segundo nosso conceito, a opinião pública se forma através da comunicação e da interação social, o 
que difere bastante desse sentimento coletivo produzido pelas massas, em consequência da 
comunicação apenas unilateral. 
Já Gustave Le Bon, em sua famosa obra As Opiniões e as. Crenças, considerava esse aspecto 
irracional da opinião pública, quando escreveu: "O meio social exerce nas nossas opiniões e na nossa 
maneira de proceder uma ação intensa. A despeito de nossa vontade, ele determina interferências 
inconscientes que sempre nos dominam".14Ainda no mesmo livro, o psicólogo social francês já havia 
afirmado que "os homens, na sua imensa maioria, somente possuem opiniões coletivas e que os mais 
independentes professam, em geral, as opiniões dos grupos sociais a que pertencem".15 Certo é, 
entretanto, que essas acepções levariam ao conceito de massa, onde prevalecem as reações 
emocionais às considerações racionais. 
Gabriel Tarde, citado por Arthur Ramos, em Introdução à Psicologia Social, também entendia a opinião 
pública como "um grupo momentâneo e mais ou menos lógico de julgamentos que, respondendo a 
problemas propostos, em dado momento, se acham reproduzidos, em numerosos exemplares, em 
pessoas do mesmo país, do mesmo tempo, da mesma sociedade".16 Esse julgamento individual, 
reproduzido em diversas pessoas, as quais, apresentando pontos de vista semelhantes, não se 
interessam pela discussão pública dos assuntos, constitui característica típica da massa. Nao se pode, 
pois, falar em opinião pública. 
Todos esses fautores, complexos e profundos, que dificultam a criação da opinião pública, precisam 
ser estudados. Os integrantes do público estão na dependência das fontes de informação e de 
interpretação, uma vez que não podem cobrir, pessoalmente, todas as áreas. Ademais, a propaganda, 
através dos veículos de comunicação em massa, pode conduzi-los a um comportamento similar ao da 
multidão ou massa. Também não se deve olvidar que na atual sociedade de massas está presente o 
sentido de insegurança e isolamento de seus componentes, o que facilita a tarefa dos grupos de 
pressão, fazendo assim desaparecer, em grande parte, a possibilidade do debate racional e amplo. É 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
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importante lembrar, igualmente, que muitas vezes ocorre que algumas pessoas não têm interesse 
naquilo que outras consideram controvérsias públicas de grande valor. 
Na presente sociedade de massas o escopo da opinião pública tem mudado. Na sociedade primária os 
cidadãos estavam mais preocupados com os problemas locais e as controvérsias giravam, 
principalmente, em torno de questões de moral. Hoje, na sociedade de massas, os problemas têm 
dimensões amplas, envolvendo controvérsias de caráter regional e internacional, não se restringindo, 
apenas, às comunidades locais ou a interesses peculiares. 
FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA OPINIÃO PÚBLICA 
A formação e o desenvolvimento da opinião pública compreendem várias fases. Na primeira etapa há, 
frequentemente, um mal-estar em consequência do número, da novidade e da complexidade dos 
problemas que se levantam nas comunidades por fôrça do crescimento rápido do mundo em nossos 
dias. Por sua vez, a impossibilidade de resolver essas situações através dos padrões e normas 
culturais exige que as pessoas interessadas passem a agir abandonando as tradições e a herança 
social que demonstraram ser incompatíveis com as soluções necessárias. Provoca-se, assim, o 
aparecimento da segunda fase, ou seja, a da controvérsia, em busca de resultados objetivos e 
imediatos. Num terceiro passo procura-se delimitar a controvérsia levantada, assinalando-se, então, o 
início da discussão pública. Nesse estágio o debate se generaliza, provocando, às vezes, um 
descontentamento maior do que o surgido na primeira fase. Não raro o problema é colocado de 
maneira dramática, onde se misturam razão e emoção, mito e realidade. Porém, pouco a pouco, os 
argumentos racionais começam a preponderar e a demarcar linhas nítidas em torno da questão 
controvertida, aparecendo, então, já na última etapa, um consensus, que não é a opinião da maioria ou 
da minoria, masa opinião mesclada de todas as opiniões individuais ou grupais presentes na 
discussão pública. 
O importante é que a controvérsia seja apresentada, imparcial e claramente, de modo a permitir sua 
discussão, da maneira mais ampla e racional. Ela não deve ser colocada em debate público já estando 
dirigida para determinado resultado ou solução, como se a discussão pública tivesse apenas o mérito 
de ratificar alguma coisa preestabelecida. 
O público, geralmente, compõe-se, de um lado, por grupos de interesse e, de outro, por espectadores 
desinteressados e desunidos. A controvérsia, que cria o público, é comumente colocada pelos grupos 
de interesse que, além de estabelecerem as controvérsias, procuram amoldá-las a seus interesses 
egoísticos. Esforçam-se, outrossim, para conquistar o apoio e a aliança dos espectadores aos seus 
propósitos, fixando as opiniões das pessoas desinteressadas. Os esforços feitos pelos grupos de 
interesse, para orientar e moldar a opinião pública, podem tornar-se os primeiros passos no sentido de 
estabelecer atitudes emocionais, através de informações incorretas ou apelos aos sentimentos. 
Daí o fato de alguns psicólogos sociais acreditarem na natureza irracional da opinião pública. Contudo, 
deve-se ter presente que o próprio sistema de controvérsias e discussões públicas obriga a certo 
número de cogitações e silogismos que seguem um processo lógico de raciocínio, muito embora 
possam ter por origem uma premissa não racional; por conseguinte, a conclusão, ou antes, o 
precipitado resultante só poderá ser lógico e, portanto, racional. Não convém esquecer, além disso, 
que os argumentos e contra-argumentos, defendidos e justificados, implicam crítica e reflexão. 
É claro que a qualidade da opinião pública está na dependência da ampla discussão pública. É preciso 
notar, inicialmente, que a discussão pública pressupõe debates preliminares e exploratórios, visando 
não somente a definir, com exatidão, a controvérsia, mas também a chamar a atenção para o 
problema, estimulando assim o aparecimento de considerações várias e propostas divergentes a 
respeito do tema em polêmica. 
Quando a controvérsia estiver realmente definida e diversas alternativas tiverem sido apresentadas, 
ter-se-á atingido, efetivamente, a área da discussão pública. Será, então, quase impossível evitar que 
ulteriores propostas venham a ser apresentadas, muitas vezes com o intuito único de provocar 
confusão, de tumultuar o debate público e de evitar, mediante esse ardil, que as soluções emergentes 
possam vir a contrariar os interesses de grupos. Destarte, as decisões naturais e espontâneas que 
viessem a contar com a referenda do público seriam confundidas, prevalecendo as conclusões 
propostas pelos grupos interessados. 
 OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
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Kimball Young lembra, com muita precisão, que os líderes e agitadores, representando grupos de 
pressão, podem ser os primeiros a definir uma controvérsia. Êles são especialmente importantes 
porque verbalizam e cristalizam os vagos, porém fortes, sentimentos das massas. Diz ainda o autor 
de Handbook of Social Psychology que os líderes e agitadores frequentemente procuram valer-se, para 
ocultar suas nefandas intenções, dos desejos e motivos das massas, e que isso constitui, na atual 
sociedade, uma das mais graves ameaças à democracia.17 
LEIS DE CANTRIL 
Segundo o Professor Hadely Cantril, da Universidade de Princeton, EUA, em seu livro Gauging Public 
Opitúon,18 as duas leis principais que regem a opinião pública são: 1.ª) a opinião pública é muito 
sensível aos acontecimentos importantes; 2.ª) em geral, a opinião pública não precede as 
emergências: apenas reage a elas. 
Consoante a primeira lei do professor Cantril, a sensibilidade da opinião pública diante dos eventos de 
importância é uma realidade. Talvez, fosse mais exato dizer que o público - não, propriamente, a 
opinião pública - seja suscetível aos acontecimentos. Não nos esqueçamos de que a opinião pública é 
produto da discussão dos componentes do público. De qualquer forma, os fatos de grande valor 
influenciam a formação do público e da opinião pública. Ademais, as controvérsias surgidas resultam 
sempre de situações críticas determinadas por eventos poderosos. 
Outro aspecto deve ser considerado em relação à primeira lei de Cantril. É que os acontecimentos, por 
si sós, não provocam, nem tampouco influenciam, o aparecimento da opinião pública. Como escreveu 
Kimball Young, os fatos impressionam a opinião pública, não meramente por sua ocorrência, porém 
pelo modo de como são interpretados. Na verdade, esse ponto de vista é importante, visto que 
interpretar quer dizer traduzir e representar. Entram, assim, vários fatores subjetivos e emocionais que 
podem induzir as atitudes e opiniões do público em face dos eventos. Essas características irracionais 
que entram na interpretação dos acontecimentos, contudo, não oferecem grande gravidade, pois que a 
sugestão presente no público não possui aquela fôrça que conhecemos na multidão e na massa. Sem 
embargo, esse fator precisa ser observado. 
Quanto à segunda lei de Cantril, não se pode negar que a opinião pública é consequência das 
emergências. Quando um problema se levanta e os métodos tradicionais, bem como as soluções de 
rotina, não conseguem encontrar decisões adequadas e oportunas, cria-se a discussão pública em 
torno da questão controvertida e, finalmente, resultante das reações do público em frente das 
emergências, surge a opinião pública. 
LIVRE DIÁLOGO 
Em resumo, quando uma atividade, que envolve interesse, é produto de duas ou mais atividades 
individuais, sua realização está na dependência da comunicação, do debate e do acordo comum. Para 
tanto é preciso: 
• que o promotor dessa atividade se comunique com todos os que tenham interesse ou possam vir a 
ser alcançados por ela, proporcionando, assim, oportunidade para que os interessados formem juízos 
de suas necessidades, vantagens e fins; 
• que as pessoas interessadas deliberem em comum, expondo suas opiniões, fazendo valer suas 
razões, apresentando objeções, procurando, enfim, fazer prevalecer sua convicção pessoal ou, ao 
revés, aceitando a opinião alheia; 
• que haja acordo onde a opinião comum ou a deliberação coletiva seja o resultado da ampla e livre 
discussão, representando, desse modo, o universo de todos os interesses e opiniões levantados 
durante o debate. 
Em igual direção A. Lawrence Lowell, em seu livro Public Opinion and Popular Government anotou: "A 
fim de que a opinião possa ser pública não é suficiente u'a maioria e não é exigida a unanimidade, mas 
ela precisa ser tal que, embora a minoria dela não participe, seus integrantes se sintam obrigados, não 
pelo medo, mas pela convicção, a aceitá-la; e, se a democracia é completa, o acatamento da minoria 
deve ser dado de boa-vontade". 
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