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Teoria e Métodos em Geografia Espaço e Território: Algumas Concepções Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Vivian Fiori. Revisão Textual: Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone. 5 • Espaço e Território: Algumas Concepções • As Várias Dimensões e Escalas Geográficas Como na Unidade anterior, a leitura do texto teórico e o desenvolvimento das atividades são fundamentais para o acompanhamento do conteúdo a ser desenvolvido. Para que os exemplos e discussões teóricas fiquem mais claros, é fundamental perceber que há diferentes formas de conceber a categoria espaço e território e que estes podem ser relacionados com várias temáticas geográficas, relacionando teoria e prática. Há pesquisadores que são mais críticos e dão ênfase à apropriação social, política e econômica do território, destacando as desigualdades espaciais e outros, que evidenciam mais a dimensão cultural ou social de uma forma mais simbólica. Seja como for, observe que há estudos de território em várias escalas geográficas e estas podem ser analisadas em escala local, regional, nacional e global. · Nesta unidade, daremos continuidade a nossos estudos na Disciplina de Teoria e Métodos em Geografia – Fundamentos teórico-metodológicos, aprofundando as discussões sobre espaço e território. Veremos alguns autores e abordagens sobre estas categorias fundamentais da Geografia. Espaço e Território: Algumas Concepções 6 Unidade: Espaço e Território: Algumas Concepções Contextualização As definições sobre o que é espaço e território na Geografia podem ser variadas, mas é fundamental usar esta categoria geográfica não como o faz o senso comum ou mesmo como uma metáfora. Muitas vezes ouvimos expressões tais como: “o território foi ocupado”, “invadiram o território”, o “território indígena”. Então fica uma noção vaga do que seria território. Contudo, noção não é conceito. Para conceituar é necessário ter uma definição. Veja a seguir uma definição do geógrafo Marcelo Lopes de Souza: A palavra território normalmente evoca o “território nacional” e faz pensar no Estado gestor por excelência do território nacional, em grandes espaços em sentimentos patrióticos (...), em governos, em dominação, em “defesa do território pátrio”, em guerras... A bem da verdade, o território pode ser estendido também à escala nacional e em associação com o Estado como grande gestor (se bem que, na era da globalização, um gestor cada vez menos privilegiado). No entanto, ele não precisa e nem deve ser reduzido a essa escala ou a associação com a figura do Estado. Territórios existem e são construídos e (desconstruídos) nas mais diversas escalas, da mais acanhada (p. ex., uma rua) à internacional (p. ex., a área formada pelo conjunto dos territórios dos países membros da ONU); territórios são construídos e desconstruídos dentro de escalas temporais mais diferentes: séculos, décadas, anos, meses ou dias; territórios podem ter caráter permanente, mas também podem ter existência periódica, cíclica. Não obstante essa riqueza de situações, não apenas o senso comum, mas também a maior parte da literatura científica, tradicionalmente restringiu o conceito de território à sua forma mais grandiloquente e carregada de carga ideológica: o “território nacional” (SOUZA, Marcelo José Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, Iná Elias; GOMES, Paulo César da Costa; Corrêa, Roberto Lobato (Orgs.). Geografia conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006, p. 81). O autor evidencia sua posição em relação ao que é território. Para ele, o território não é apenas o do Estado-Nação, do país, da escala nacional. Pode ser a apropriação do espaço numa rua, numa comunidade, num movimento que pode ser o de construção de um território, na medida em que um grupo se apropria do espaço até de desconstrução dele. Para o autor, o território se constrói para além da escala nacional e, portanto, não é apenas uma apropriação formal, legal e permanente. Este é um conceito de território, mas há outros. Leia o texto na íntegra e conheça algumas outras definições. 7 Espaço e Território: Algumas Concepções Para conceituar uma categoria, é fundamental considerar a definição para o termo, levar em conta que podem existir diferentes conceitos para o mesmo termo e, ao mesmo tempo, que os conceitos são temporais, e que podem mudar ao longo da História. Considere-se a afirmação de Rogério Haesbaert, que diz: [...] todo conceito tem validade temporal, ou seja, deve ser delimitado historicamente (por exemplo, há quem defenda uma abordagem sobre território válida para qualquer período da história, outros a localizam apenas na era moderna) (HAESBAERT 2002, p. 134). É fundamental, também, perceber que as categorias e seus conceitos não servem apenas para tratar de teoria, mas deve ser um jogo entre a “realidade” e a teoria (HAESBAERT, 2002). O conceito deve ajudar a explicar o mundo. Logo, é um recurso de análise sobre a realidade, entre uma dimensão mais abstrata e outra mais concreta. Os conceitos podem e devem ser operacionalizados em pesquisas sobre Geografia na Educação Superior, bem como no nível escolar. O espaço geográfico e o território são importantes categorias de análise para a compreensão dos fenômenos geográficos no Brasil ou no mundo, mediante viés de análise espacial. Em outras ciências, a expressão “território” também é usada, como é o caso da Ciência Política, quando se refere aos estudos sobre Estado-nação ou na Antropologia Cultural, comumente com temáticas sobre os povos tradicionais ou mais recentemente com identidades urbanas ou minorias. Alguns autores relatam que o termo “território” era usado originalmente nas Ciências Biológicas para se referir à ideia de que os animais são territoriais e delimitam seu território. Etimologicamente a palavra vem de “torium” e “terra”, termos latinos para designar a porção da superfície terrestre considerada de posse de alguém. Historicamente, com a existência e a criação do Estado Moderno, muitas vezes o termo território passa a ser usado quase como sinônimo de Estado-nação. Rogério Haesbaert explica a origem do termo: Desde a origem, o território nasce com uma dupla conotação, material e simbólica, pois etimologicamente aparece tão próximo de terra-territorium quanto de terreo-territor (terror, aterrorizar), ou seja, tem a ver com dominação (jurídico- política) da terra e com a inspiração do terror, do medo – especialmente para aqueles que, com esta dominação, ficam alijados da terra, ou no “territorium” são impedidos de entrar. Ao mesmo tempo, por extensão, podemos dizer que, para aqueles que têm o privilégio de usufruí-lo, o território inspira a identificação (positiva) e a efetiva “apropriação” (HAESBAERT, 2005, p. 6774). Desse modo, o termo território e suas definições variam conforme as concepções geográficas e os autores (MORAES, 2005b; SANTOS, 2001; RAFFESTIN, 1993; HAESBAERT, 2002; 2005; SOUZA, 2006; CORRÊA, 1996). 8 Unidade: Espaço e Território: Algumas Concepções Para Claude Raffestin (1993), há uma diferença entre espaço e território, já que o espaço precede o território e este último só existe a partir de um agente social, denominado por ele de ator sintagmático. O ator transforma o espaço em território, na medida em que se apropria do espaço. Já para Antonio Carlos Robert Moraes, o território é uma apropriação social. Assim explica o autor: Cabem algumas palavras sobre o próprio conceito de território e sua utilização (...) Sua escolha recai no atributo de ser o uso social o seu elemento definidor. Em outros termos, é a própria apropriação que qualifica uma porção da Terra como um território. Logo, esse conceito é impossível de ser formulado sem o recurso a um grupo social que ocupa e explora aquele espaço, o território- nesse sentido – inexistindo apenas enquanto realidade apenas natural (MORAES, 2005b, p. 45). Importante destacar a ideiade que apesar de existir uma dimensão natural no espaço, se todos os homens morressem, ainda teríamos o planeta Terra e suas características naturais, mas não teríamos mais o território, porque este depende da ação humana, da apropriação social. Para Milton Santos (2006, 2001), o uso do território se faz por atores sociais; seu uso é humano, portanto é espaço social, humanizado, dialético, contraditório, ou seja, espaço geográfico. Assim sendo, os usos do território são providos de contradições, já que há usos corporativos, transnacionalizados e normatizados. Dessa forma, o uso do território pelos atores sociais se dá de forma desigual. Milton Santos denomina atores hegemônicos aqueles que têm maior poder, que usam o território de forma corporativa, como é o caso das grandes empresas transnacionais, por exemplo. O autor propõe que o território usado ou espaço banal seja para o uso de todos e afirma: “Trata-se do espaço de todos os homens, não importa suas diferenças; o espaço de todas as instituições, não importa a sua força; o espaço de todas as empresas, não importa o seu poder” (SANTOS, 2001, p. 104). v Pense Pense e levante quem são os principais atores sociais do território onde você vive e trabalha. Há atores sociais muitos distintos? Há grandes empresas comerciais? Há agronegócio? Há movimentos sociais? Quais? E o Estado? Procure observar o papel social destes agentes sociais no espaço e como atuam. Mas há também os diversos usos do território pelas populações mais pobres, que vivem em favelas, cortiços, conjuntos habitacionais populares, entre outras formas de existência que evidenciam o quanto há desigualdade espacial. Estas diferenças são medidas pela condição social e econômica, mas também pelas diferenças socioculturais. 9 Usamos o termo psicosfera, conceito definido por Milton Santos (2006), para designar estas ações do reino das ideias, dos discursos, das crenças que implicam ações no espaço. Um exemplo pode ser quando George Bush define a invasão do Iraque e diz que o fundamento desta ocupação deve-se ao interesse norte-americano de “incutir” no Iraque a democracia. Neste caso, é de discurso e de psicosfera que estamos tratando. E este discurso produz uma ação militar, que transforma o território do Iraque e também cria um evento geográfico mundial. Assim, pensar em espaço e em território é tratar de materialidade, de formas espaciais, de sistema de objetos, mas também de ações, de políticas, de normas, de representações sobre formas de poder, de relações internacionais. Para citar outro exemplo, em relação à geografia política do uso da água (RIBEIRO, 2008), para além das normas oriundas do Estado-nação, ou dentro dele (nível estadual/municipal), é necessário pensar a escala geográfica da bacia hidrográfica que não está circunscrita necessariamente dentro dos limites políticos referidos. Ou seja, a expressão do fenômeno não pode ser compreendida somente na escala da política nacional, nem tampouco deve ser analisada como algo inerente apenas à dimensão natural. Logo, o uso do território onde se localiza a água, o petróleo, o petróleo do pré-sal é da alçada de atores políticos, econômicos, científicos, sociais etc. Como diz Bruno Latour (2000), ao tratar do petróleo, há nexos entre Geofísica, Geologia, Engenharia, Geografia, Economia, Política etc. Antonio Carlos Robert Moraes (2005b) lembra que é importante não desconsiderar o papel do Estado como agente fundamental na construção e normatização do território. Assim, por si, o Estado é territorial, conforme enfatiza o autor: Estado e território, dois conceitos profundamente entrelaçados no mundo moderno, em que o Estado é de imediato definido como um Estado dotado de um território. (...) está o fato de ele possuir um espaço demarcado de exercício de poder, o qual pode estar integralmente sob seu efetivo controle ou conter partes que constituem seu apetite territorial. De todo modo, a modernidade fornece uma referência espacial clara para o exercício do poder estatal: uma jurisdição. Trata-se, pois, de um Estado territorial (MORAES, 2005b, p. 51). As palavras do autor são claras e a partir delas podemos definir o território brasileiro como um território soberano, com leis e normas próprias que são específicas do Brasil. Mas quando tratamos de território brasileiro, estamos falando do que? De um espaço apropriado pelos diversos agentes que atuam no Brasil, com um marco jurídico próprio, tanto na terra quanto no ar ou no mar. Lembre-se que território não é apenas um terreno, um espaço na terra ou no chão. Podemos tratar do mar territorial brasileiro, assim como do espaço aéreo brasileiro. Assim, o entendimento do território e da formação territorial brasileira é importante para a compreensão da existência, por exemplo, da agricultura e da indústria no Brasil, tanto porque há normas técnicas e políticas específicas para ambos no Brasil, no marco jurídico brasileiro, quanto porque se levam em conta as características dos lugares e a dinâmica do território para a compreensão de suas especificidades. 10 Unidade: Espaço e Território: Algumas Concepções O território, portanto, é dinâmico, muda ao longo do tempo e, dependendo das ações existentes, estas mudanças podem alternar bastante a dinâmica territorial local. O que dizer, por exemplo, da construção de uma hidrelétrica numa região brasileira? Há mudanças na dimensão natural do território, com a construção de represas e outros objetos, que alteram a dinâmica dos rios, da hidrologia, da vegetação e da fauna, que serão modificados em virtude da construção da barragem, mas também se alteram as relações sociais, as formas espaciais, as moradias etc. Dessa forma, o território vai se transformando ao longo do tempo, é dinâmico, tanto porque mudam as formas espaciais (construções, infraestruturas etc.), quanto porque mudam as pessoas, as relações sociais, as políticas etc. Neste ínterim, cabe ao Estado, no território, as ações vinculadas às normas e às políticas, às obras, às leis etc., seja no nível federal, estadual ou municipal. Participando do processo, há também diferentes agentes, tais como proprietários de terras, empresários da indústria, movimentos sociais de diversos tipos, organizações não governamentais, moradores e sociedade civil em diferentes condições socioeconômicas, entre outros. Assim, o espaço pode ser visto também como campo de lutas, disputas de diversos interesses e intencionalidades destes agentes sociais. Apesar de reafirmar a existência dos fenômenos geográficos na escala nacional, ou do território no nível nacional do Estado-nação, compartilha-se com Rogério Haesbaert (2002) a ideia de que a existência do mundo nos coloca numa multiplicidade de escalas, de eventos e de vivências do território que não estão apenas na escala nacional. Podemos, assim, tratar o território em diversas escalas geográficas (nacional, regional, local, global etc.). Iná Elias de Castro define escala: [...] a escala é a escolha e uma forma de dividir o espaço, definindo uma realidade percebida/concebida, é uma forma de dar-lhe uma figuração, uma representação, um ponto de vista (...) e, finalmente, um conjunto de representações coerentes e lógicas [...] (CASTRO, 2006, p. 136). Pensar a escala geográfica é observar como o fenômeno que você está analisando está expresso no espaço, que ele não tem um tamanho específico, não tem uma medida, como na escala cartográfica. Muitas vezes, algumas escalas se imbricam. Quando afirmamos que as escalas se imbricam, primeiramente estamos nos referindo ao fato de que um fenômeno pode ser global e, ao mesmo tempo, local. Exemplificando: há uma crise econômica mundial e isto atinge uma cidade brasileira do interior que produz e exporta frango. Logo, se formos analisar e explicar o problema local de desemprego relacionado às empresas que produzem frango para o abate, será necessário nos remetermos à situação da crise mundial, cujaescala tornou-se global. Então, este problema é local, mas tem relação com uma situação global. 11 Trocando Ideias Importante destacar que escala geográfica não é a mesma coisa de escala cartográfica. Na Cartografia, a escala refere-se a dimensões e proporções na representação de um mapa ou carta, podendo ser numérica ou gráfica. Já a escala geográfica refere-se ao fato de como os fenômenos geográficos se realizam no espaço. Por exemplo, quando a lei do Código Florestal brasileiro cria uma definição de como as áreas próximas a matas ciliares devem ser manejadas, esta norma serve para todo o território nacional, porque é uma lei federal. Então, a escala deste fenômeno por lei é nacional, embora isto possa ser ou não cumprido no nível local. Se eu estiver estudando a Floresta Amazônica, ela não está na escala nacional, nem global, mas sim regional. É um fenômeno geográfico que se expressa numa escala regional. Assim, é fundamental sempre observar a dinâmica do território dos fenômenos geográficos e suas relações interescalares, assim como os níveis de competência de cada nível de governo na estruturação do território. A dimensão política é importante para explicar o território. Exemplificando: se ocorre uma inundação em sua moradia, proveniente de um córrego ou rio que corta sua cidade, de quem é a competência de cuidar deste rio? Depende. Se o rio, como é o caso do Rio São Francisco, cortar vários estados, ele será nacional e de competência do Governo Federal. Se for como o Rio Tietê, que só passa pelo Estado de São Paulo, ele será de competência estadual, e se for um rio que corta um único município, ele será considerado municipal. Neste caso, a gestão dele é da prefeitura. Dessa forma, a gestão do território no nível político cria competências aos diversos níveis de governo. Para Pensar Observe o espaço e a dinâmica territorial de seu município. Quem é o responsável pela questão dos resíduos sólidos? Há parques e áreas verdes? A que nível de governo compete cuidar destas áreas verdes? Há unidades de conservação em seu município (caso de grandes parques, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental etc.)? E os rios, há rios em seu município? Quem é o responsável pelas obras neste rio? Milton Santos (2008b) nos lembra de que o espaço se constitui de elementos. Sejam eles as empresas, a indústria, o comércio, as propriedades rurais, as propriedades urbanas, as usinas eólicas, os parques, as habitações, as pessoas, entre outros elementos constitutivos do território. Estes produzem diferentes formas espaciais, que devem ser entendidas na dinâmica do território, seja como formas naturais, sejam socialmente produzidas, já que os usos do território ocorrem num movimento histórico, desigual, que subordina as condições do território e, ao mesmo tempo, num processo de circularidade dialética, torna o território ator ou agente. Dessa forma, os territórios que tem maior densidade técnica, com mais vias, rodovias, ferrovias, dutos, cabos de fibras óticas, empresas, indústrias etc., atraem ainda mais pessoas, finanças, outras empresas etc. Há uma densidade que amplia ainda mais a concentração espacial e a produtividade espacial. 12 Unidade: Espaço e Território: Algumas Concepções Para Milton Santos (2006), o espaço geográfico é formado por um indissociável sistema de objetos e de ações. Os objetos, segundo o autor, cada vez mais são formados por sistemas técnicos e, no atual período da História, podem ser tanto micro objetos como algumas miniaturas dos eletro-eletrônicos, quanto os grandes objetos técnicos, como as usinas hidrelétricas, portos e aeroportos. Estes objetos existem devido à sua criação e uso social e humano e são objetos espaciais. Os objetos geográficos podem ser, nesta acepção, uma montanha, um rio, uma ponte, uma indústria, uma rodovia, uma favela e até mesmo uma cidade pode ser um grande objeto geográfico. Mas um rio não é um elemento natural? Numa perspectiva crítica, interessa principalmente a apropriação social do rio. Quem usa o rio? Há diversidade de usos? Os ricos e pobres usam o rio da mesma forma? Qual é o uso econômico deste rio? Ele é usado para produzir energia, como via de transporte, para pescar, para irrigar a agricultura, como forma de lazer? Há usos múltiplos? Quem são os atores sociais que usam este rio? Os objetos técnicos são produzidos por técnicas que são cada vez mais universais no mundo atual, sua difusão é bastante desigual e, muitas vezes, ocorre de forma incompleta. Nem todos têm acesso às grandes transformações existentes no mundo, nem as pessoas, nem os territórios. Há os que têm maior acesso às benesses tecnológicas e outros que não. Há diversas temporalidades. Por temporalidade entendemos um tempo específico. Há a temporalidade do agronegócio e outra das comunidades tradicionais; ambas existem no mesmo momento histórico, mas têm temporalidades diferentes. A primeira vive o tempo rápido e racional do Capitalismo, da produtividade, da rapidez. Não é por isso melhor, mas se trata de uma temporalidade diferente. O espaço é constituído não apenas pela materialidade e pelas formas espaciais, mas, também, de maneira articulada, por um sistema de ações que se materializam no território por diferentes agentes sociais. Entre estes, destaca-se o Estado, cujo papel tem sido principalmente o de criar normas e políticas públicas que atuam sobre a totalidade das pessoas e das instituições no território (SANTOS, 2008b). Então, o Estado é um agente fundamental do espaço geográfico. Assim como Milton Santos (2000), entende-se por território o espaço geográfico apropriado por diferentes agentes sociais, com diversos níveis de poder que o transformam em território usado. O autor explicita sua concepção de território usado: Foi por isso que nos propusemos a considerar o espaço geográfico não como sinônimo de território, mas como território usado; e este é tanto o resultado do processo histórico quanto a base material e social das novas ações humanas (SANTOS, 2001, p. 104). Ao mesmo tempo, as formas espaciais e as ações provenientes da existência dos agentes sociais vão transformando o território. A chegada de uma grande indústria, por exemplo, a um determinado território, implica certas transformações espaciais, principalmente nas suas dimensões sociais e econômicas, tais como a valorização dos imóveis urbanos, com aumento de aluguéis, chegada de novos trabalhadores de outras localidades, além de mudanças das condições de acessibilidade para esta indústria. 13 Pense Mas, cabe-nos indagar: os meios de transportes, a criação de estradas, vias e rodovias atendem a população em geral ou mais aos atores hegemônicos? O uso destes objetos no território é para uso de todos? Todos têm os mesmos direitos e acesso? A riqueza produzida por esta indústria fica no próprio local? As mercadorias ali produzidas circulam de qual maneira? Por quais meios de transporte? Outro autor que se utiliza bastante das categorias espaço e território é Roberto Lobato Corrêa, usando expressões como território e territorialidade. Num artigo denominado “Territorialidade e corporação: um exemplo”, o autor define: Território constitui-se, em realidade, em um conceito subordinado a outro mais abrangente, o espaço, isto é, a organização espacial. O território é o espaço revestido da dimensão política, afetiva ou ambas. A territorialidade, por sua vez, refere-se ao conjunto de práticas e suas expressões materiais e simbólicas capazes de garantirem a apropriação e permanência de um dado território por um determinado agente social [...] (CORRÊA, 1996, p. 251-2). Neste artigo, o autor analisa a empresa Souza Cruz e sua territorialidade. Explica que a empresa produtora de cigarros associa-se a agricultores fumageiros localizados nos estados do sul do Brasil, de onde compram sua produção de fumo para a posterior produção dos cigarros e cria, assim, um “território fumicultor”. Torna-se um territóriofumicultor porque a empresa controla o processo produtivo das famílias produtoras, por meio de contratos, bem como envolve outras famílias com o reflorestamento em pequenas propriedades rurais para obter lenha para as estufas onde as folhas de fumos serão secadas. O autor ressalta que todas as práticas, tanto na produção e convencimento dos agricultores e suas famílias, quanto no envolvimento da produção do cigarro na indústria, faz parte da territorialidade da Souza Cruz. Assim, a territorialidade da Souza Cruz tem práticas espaciais, com a produção do fumo e várias estratégias de cooptação e sensibilização das famílias, bem como da outra etapa de produção do cigarro em indústrias, estas já localizadas em outras regiões do Brasil. Nesta perspectiva, usada pelo autor neste caso, a territorialidade é uma expressão da dimensão socioeconômica da empresa. Outra geógrafa que tem desenvolvido pesquisas sobre o espaço é Ana Fani Alessandri Carlos, sobretudo usando conceitos de espaço vivido, sociedade urbana e consumo do espaço. A autora, baseada nas concepções de Henri Lefebvre e de Karl Marx, diz que não se “[...] vendem mais objetos, tijolos ou habitações, mas cidades” (CARLOS, 1999, p. 175). Desse modo, o espaço torna-se mercadoria, um espaço de consumo, no qual o valor de troca é a mediação principal. 14 Unidade: Espaço e Território: Algumas Concepções Trocando Ideias Os conceitos de valor e mercadoria foram elaborados por Marx. Para o autor, tudo que é fruto do trabalho humano gera valor. Assim, se plantarmos batatas para nossa subsistência, elas terão valor. Mas este valor pode ser de uso e de troca. Se no caso deste exemplo eu só usar a batata para me alimentar, ela será um produto com valor de uso, mas se eu trocá-la por dinheiro, ela se transforma em mercadoria. Ou seja, a mercadoria é um produto com valor de troca. Tudo no mundo atual transforma-se em mercadoria: pagamos pela água que consumimos, para realizar atividades de lazer, por moradia, por serviços de saúde, para nascer etc. Mesmo o que em princípio fazia parte da “natureza” foi apropriado e também virou mercadoria, caso do acesso à água, por exemplo. Mas o espaço também se fragmenta e tudo se transforma em mercadoria, como diz a autora, citando as atividades de lazer e turismo como exemplo: Assim, o próprio lazer e o turismo hoje constituem uma forma nova de mercadoria, que aparece como programa, presa ao universo do consumo do espaço. O turismo e o lazer que se transformam em mercadoria, como consequência da separação do tempo do trabalho/não trabalho, unem-se de modo inexorável pela mercantilização dos espaços (...) o lazer se transforma em atividade geradora de lucro (CARLOS, 1999, p. 180). Com o processo de urbanização, sobretudo nas metrópoles, fica evidente esta mercantilização do espaço. O ato de brincar, por exemplo, que antes era possível de ser feito nas ruas, vai perdendo espaço para carros, reduzindo as possibilidades de lazer das crianças a espaços privados e pagos. A seguir, vamos aprofundar outros estudos sobre espaço e território com outras abordagens de escala para além da escala nacional. As Várias Dimensões e Escalas Geográficas Conforme já afirmamos nesta Unidade, o território pode ser estudado além da escala nacional. Alguns autores optam por estudar também fenômenos no território em escalas que não são nacionais. Um destes autores é Marcelo Lopes de Souza, geógrafo fluminense, estudioso e orientador de pesquisas sobre território e poder, bem como sobre planejamento territorial. O autor assim conceitua: “O território, objeto deste ensaio, é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder” (SOUZA, 2006, p. 78). 15 Baseando-se em teorias de Hannah Arendt, sobre violência e poder, o autor demonstra que existem diversificadas possibilidades de estudos geográficos sobre território em diversas escalas geográficas e que se relacionem a formas de poder, que podem ocorrer em uma rua, num bairro, ou até mesmo entre Estados. A definição da escala de análise dependerá da expressão do fenômeno. Assim, não se trata de medidas e dimensões matemáticas como na escala cartográfica. Nessa perspectiva, ao observar uma grande cidade, por exemplo, verifica-se a existência de diversas territorialidades, seja das minorias, seja dos grupos hegemônicos. Hannah Arendt (1906-1975) foi uma filósofa nascida na Alemanha, de origem judaica que, devido a problemas de perseguição aos judeus, foi viver nos EUA. Foi jornalista, professora e pesquisadora universitária; autora de obras como “As origens do totalitarismo” e “A condição humana”, nas quais aborda a questão de poder. Diz ela (2000, p. 213): “O único fator material indispensável para a geração de poder é a convivência entre os homens. Estes só retêm poder quando vivem tão próximos uns aos outros que as potencialidades da ação estão presentes [...]”. As relações de poder podem ser vistas tanto quando há disputas territoriais entre países, nas quais ocorrem processos que muitas vezes levam à guerra, quanto quando há outras formas de poder não institucionalizadas. Assim, Marcelo Lopes de Souza usa as expressões território e territorialidade com formas, ainda que não sejam formais ou legais, caso, por exemplo, do Comando Vermelho (CV), em algumas favelas do Rio de Janeiro, onde há algumas disputas por grupos de tráfico de drogas, que disputam e se apropriam do espaço e, nesta concepção, criam e demarcam os seus territórios. Dessa forma, não é um território criado formalmente, mas ele existe, como um poder “paralelo” ao do Estado. Ele cria redes para se manter e criar sua territorialidade. Esta territorialidade pode ser um território contínuo ou não. Ou seja, pode ser em uma comunidade e em outra que não tenha contiguidade espacial, porque a ação e poder se estabelecem pelas estratégias usadas por estes grupos, cooptando parte da população local e/ ou estabelecendo normas que devem ser cumpridas pelos moradores locais, caso, por exemplo, do toque de recolher, entre tantas outras. Outra linha comum em estudos em outras escalas geográficas aproxima-se, em geral, da Geografia Cultural ou de uma abordagem mais cultural no espaço. Nestas pesquisas há trabalhos sobre povos tradicionais, minorias, festas e tradições, “tribos urbanas”, identidades urbanas, entre outros. É o caso, por exemplo, de territorialidades que podem ter uma base material, mas em alguns casos são mais efêmeras, flexíveis ou cíclicas. Exemplifica-se: há grupos socioculturais que ocupam e se apropriam do espaço de maneira efêmera, caso da territorialidade do samba, dos blocos de carnaval, dos camelôs nas grandes cidades. 16 Unidade: Espaço e Território: Algumas Concepções O camelô, por exemplo, apropria-se do espaço das ruas em São Paulo, mas geralmente o faz durante o dia. Assim, na Rua 25 de Março, em São Paulo, há uma territorialidade de venda de materiais diversificados e em parte uma territorialidade dos camelôs também. Nesta perspectiva, a territorialidade é a expressão material e imaterial dos grupos sociais e/ou culturais. No sentido de pertencimento do espaço, de uma apropriação que, embora não seja formal, existe de forma cíclica (caso dos camelôs, por exemplo), já que estes se apropriam do espaço apenas durante o dia. Zeny Rosendahl e Roberto Lobato Corrêa, geógrafos fluminenses, realizaram pesquisas que aproximam mais a dimensão cultural em estudos sobre espaço e território e comumente usam expressões como espacialidade e territorialidade. Neste caso, há uma aproximação com a Geografia Humanista, mais simbólica e/ou das representações culturais no espaço. A autora trata de espaço sagrado, da territorialidade das religiões, da religião como um elemento espacial. Tanto nas formas (igrejas, sinagogas, mesquitas, terreiros de candomblé etc.), quanto nas práticas da religião ou da religiosidade e sua relação com o espaço. Conforme expõe a autora: O sagradoé perceptível na organização do espaço, não somente pelos impactos desencadeados pelos devotos no lugar, mas, também, pela forma essencialmente integrada entre religião e tempo. Os fenômenos religiosos se manifestam num momento histórico e não há fato religioso fora do tempo. Em diferentes contextos sócio-espaciais o fato religioso imprime marcas no espaço. São formas simbólicas, imagens, símbolos e outras portadoras de significados religiosos. O mundo contemporâneo vem exigindo cada vez mais a decodificação desses símbolos materializados no espaço (ROSENDAHL, 2009, p. 1). Estas práticas são as manifestações da religião e da religiosidade, por meio de seus símbolos, signos, formas de representações materiais (igrejas, terreiros de umbanda etc.) e imateriais (cantos, ritos, discursos etc.). Usando-se esta concepção, pode-se tratar, por exemplo, de espacialidade cristã ou territorialidade islâmica. Logo, há estudos geográficos de diversificadas dimensões, sejam mais econômicas, ou socioculturais ou políticas e, muitas vezes, estas dimensões se relacionam e convém não buscarmos analisá-las separadamente. Um conceito mais amplo de território, que busca integrar diversas dimensões na explicação sobre o território foi elaborado por Rogério Haesbaert, que assim define: Podemos, então, sintetizar, afirmando que o território é o produto de uma relação desigual de forças, envolvendo o domínio ou o controle político-econômico do espaço e sua apropriação simbólica, ora conjugados e mutuamente reforçados, ora desconectados e contraditoriamente articulados. Esta relação varia muito, por exemplo, conforme as classes sociais, os grupos culturais e as escalas geográficas que estivermos analisando (HAESBAERT, 2002, p. 121). Dessa forma, é importante observar que o autor reforça a luta pelo território, como desigual, pois tem relação com a questão de poder, ora do poder formal do Estado, por meio das Forças Armadas, leis e normas etc., ora pelas formas de poder dos grupos que não são necessariamente formais ou legais. 17 Mas, para além desta luta pelo território, de cunho mais social e político-econômico, há também as formas de apropriação do território de forma mais simbólica, com apreensão e privilegiamento da dimensão sociocultural. Assim, nesta Unidade, tratamos de diversas formas de abordagens de geógrafos sobre as categorias espaço e território. Estas concepções podem ser utilizadas tanto em pesquisas no nível superior quanto no nível escolar, desde que se considerem as características do nível e faixa etária do aluno, fazendo-se as devidas mediações da produção do conhecimento para o Ensino Escolar. Cabe reiterar que espaço e território são categorias fundamentais para explicação dos fenômenos geográficos. Para discutir temas tais como geopolítica, transportes, produção, uso do território, território e saúde, território e cultura, entre tantos outros. 18 Unidade: Espaço e Território: Algumas Concepções Material Complementar MORAES, Antonio Carlos Robert. Ordenamento territorial: uma conceituação para o planejamento estratégico. In: MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL (MI). Para pensar uma política nacional de ordenamento territorial: anais da oficina sobre a Política Nacional de Ordenamento Territorial. Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional (SDR). Brasília: MI, 2005. Disponível em: <http://www.mi.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=3fc31d16-e5f7- 46fb-b8cc-0fb2ae176171&groupId=24915>. Acesso em 20 abr. 2014. ROSENDAHL, Zeny. Território e territorialidade: uma perspectiva geográfica para o estudo da religião. São Paulo, Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina, Universidade de São Paulo, 2005. Disponível em: <http:// www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Geografiasocioeconomica/ Geografiacultural/38.pdf>. Acesso em 20 abr. 2014. SANTOS, Milton. O dinheiro e o território. Niterói, GEOgraphia, ano. 1, n. 1 , Universidade Federal Fluminense, 1999, p. 7-13. Disponível em: <http://www.uff.br/geographia/ojs/index. php/geographia/article/view/2/2>. Acesso em 20 abr. 2014. Filmes e vídeos Território Restrito (EUA, 2009). Max Brogan (Harrison Ford) é um agente da Imigração e Fiscalização Aduaneira, em Los Angeles. Todo dia ele precisa lidar com diversas pessoas que tentam entrar nos Estados Unidos em busca de uma vida melhor. Juntos eles enfrentam as questões decorrentes do senso de dever e compaixão envolvendo a migração para território norte-americano. A missão (The Mission; 1982, Inglaterra, direção: Roland Joffé) – A respeito da colonização dos jesuítas no sul da América do Sul. Um missionário espanhol vem com a finalidade de construir uma missão e procura defender a região das constantes agressões. Retrata a guerra de portugueses e espanhóis contra jesuítas que catequizavam índios dos Sete Povos da Missão, no século XVIII e a questão do território das missões na América do Sul. http://www.mi.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=3fc31d16-e5f7-46fb-b8cc-0fb2ae176171&groupId=24915 http://www.mi.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=3fc31d16-e5f7-46fb-b8cc-0fb2ae176171&groupId=24915 http://www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Geografiasocioeconomica/Geografiacultural/38.pdf http://www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Geografiasocioeconomica/Geografiacultural/38.pdf http://www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Geografiasocioeconomica/Geografiacultural/38.pdf http://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/article/view/2/2 http://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/article/view/2/2 19 Referências ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000, p. 188-338. CARLOS, Ana Fani Alessandri. O consumo do espaço. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.). Novos caminhos da Geografia. São Paulo: Contexto, 1999, p. 173-86. CASTRO, Iná Elias de. O problema da escala. In: CASTRO, Iná Elias de et alli (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2006, p. 117-40. CORRÊA, Roberto Lobato. Territorialidade e corporação: um exemplo. In: SANTOS, Milton et alli. (Orgs.). Território, globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec, 1996. HAESBAERT, Rogério. Da desterritorialização à multiterritorialidade. Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo, p. 6774-6792. Disponível em http://www.planificacion.geoamerica.org/textos/ haesbaert_multi.pdf. Acesso em 08/05/2014. ______________. Territórios alternativos. São Paulo: Contexto, 2002. MORAES, Antonio Carlos Robert. Ideologias geográficas: espaço, cultura e política no Brasil. São Paulo: Annablume, 2005a. __________. Território e história no Brasil. São Paulo: Annablume, 2005b. RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução Maria Cecília França. São Paulo: Ática, 1993. ROSENDAHL, Zeny. Espaço, simbolismo e religião: resenha do simpósio temático. Anais do II Encontro Nacional do GT História das religiões e das religiosidades, Revista Brasileira de História das Religiões – ANPUH Maringá (PR), v. 1, n. 3, 2009. Disponível em http://www. dhi.uem. br/gtreligiao/rbhr/espaco_simbolismo_e_religiao.pdf. Acesso em: 16 mar. 2014. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2006. ______. A urbanização brasileira. São Paulo: Edusp, 2008a. ______. Espaço e método. São Paulo: Edusp, 2008b. ______. O papel ativo da Geografia: um manifesto. São Paulo, Depto de Geografia, Lapoblan, USP, Impresso, 2001. SOUZA, Marcelo Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, Iná Elias de et alli (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2006, p. 77-116. http://www.planificacion.geoamerica.org/textos/haesbaert_multi.pdf http://www.planificacion.geoamerica.org/textos/haesbaert_multi.pdf http://www.dhi.uem. br/gtreligiao/rbhr/espaco_simbolismo_e_religiao.pdfhttp://www.dhi.uem. br/gtreligiao/rbhr/espaco_simbolismo_e_religiao.pdf 20 Unidade: Espaço e Território: Algumas Concepções Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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