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Prótese Total - Resumo das aulas guiado pelos livros: Fundamentos de PT – Turano, 2010; e PT Convencional e sobre implante – Telles, 2009, Dentaduras Completas - Tadachi Tamaky, 1988. Temas das aulas 1. Anamnese (Prof. Alexandre Elias) 2. Exame Clínico (Prof. Humberto) 3. Moldagem associada a PT (Prof. Carlos Alexandre) 4. Relações Intermaxilares (DV) e Oclusão (Prof. Humberto) 5. Seleção e Montagem de Dentes (Prof. Humberto) 6. Acrilização e Material Soft 7. PT imediata 8. Overdenture 1. ANAMNESE Segundo Telles, 2009: “A obtenção de todas as informações não é completada na primeira visita do paciente. Nesta, obtém-se uma impressão clínica geral e o diagnóstico vai sendo complementado no decorrer do tratamento, principalmente nos casos mais complexos. Alguns procedimentos diagnósticos são concomitantes com os procedimentos clínicos, com cada sessão terapêutica ensinando mais coisas a respeito do paciente. Desta forma, pode-se modificar a impressão inicial obtida durante os procedimentos diagnósticos.” Questões a serem pesquisadas na primeira consulta: a) Saúde geral do paciente – Nos permite tomar cuidados especiais exigidos para cada paciente, considerando-se as condições físicas, emocionais e a idade do paciente. b) Queixa principal do paciente c) Pesquisa de hábitos para-funcionais dos pacientes – Apertamento e bruxismo, os quais provavelmente vão se repetir após a reabilitação concluída. Telles ressalta também a grande importância da saliva como auxiliar na retenção das próteses totais: “A saliva é o principal componente mediador das funções orgânicas que se desenvolvem no interior da cav. Bucal, constituindo-se em um importante fator de coexistência, em íntimo contato, de tecidos moles, dentes naturais e próteses, sem que os mesmos se agridam.” “As principais funções da saliva são: (1) remover resíduos dos alimentos e metabólitos microbianos, (2) ação antibacteriana, antifúngica e antiviral, (3) iniciar a digestão, (4) lubrificar e proteger as mucosas.” “Além dessas funções, a saliva é o principal agente a promover a retenção das PTs à mucosa subjacente, enquanto existir uma película de saliva interposta entre as mesmas. Uma saliva mais fluida gera uma película bem fina (cerca de 0,1 mm de espessura), o que aumenta o efeito de capilaridade (tensão de superfície entre as moléculas de um líquido e um sólido) entre a base da prótese e a mucosa e, consequentemente, a retenção da prótese. Já uma saliva mais viscosa tende a formar uma película mais espessa entre a base da prótese e a mucosa. Esse tipo de película é mais fácil de ser rompida, o que torna o comportamento mecânico da prótese mais instável.” A saliva é composta por dois tipos de secreção: (1) uma secreção serosa, que é fina e aquosa, contendo uma enzima – ptialina, (2) uma secreção mucosa, mais viscosa, responsável pela lubrificação dos tecidos intra-orais. O grau de viscosidade da saliva é determinado pelo tipo de secreção predominante. A secreção diária de saliva atinge, normalmente, entre 800 a 1500mL. Um aumento ou, principalmente uma redução nesses níveis pode trazer sérias dificuldades para a execução e o uso das próteses. Além da perda de retenção a falta de saliva pode facilitar a formação de ulcerações traumáticas na mucosa pelo contato direto da prótese com a mesma. Pacientes submetidos à radioterapia e portadores de síndrome Sjörgren geralmente apresentam problemas para a utilização das PT, devido à diminuição do fluxo salivar. Em relação à saúde geral do paciente, história médica e uso de medicamentos, Telles ressalta alguns fármacos associados à modificação do fluxo salivar, são eles: Segundo Turano, 2010: “O paciente deve ser examinado como um todo; seu tipo emocional, seus temores e esperanças, seus gostos e suas antipatias. De nada vale um exame detalhado, um diagnóstico acurado e uma habilidade técnica consumada, se o paciente recusa o tratamento. Faremos bem em estudar os princípios da medicina psicossomática e considerar suas aplicações na prática. A boca, além de ser um órgão através do qual o recém-nascido recebe sua nutrição, representa muito no ajustamento psicológico durante esse período, tornando-se um símbolo de prazer, medo e frustrações.” “O exame será sempre baseado no perfeito conhecimento das condições normais de modo a capacitar o reconhecimento dos estados iniciais das doenças.” “O diagnóstico nos tratamentos de prótese total é um procedimento contínuo e não é realizado em pouco tempo. Em muitos pacientes, a maioria dos detalhes encontrados engana o dentista até que o tratamento planejado esteja terminado.“ “O plano de tratamento é uma consideração de todos os detalhes sistêmicos e locais que influenciam a preparação da boca, como: moldagens, registro das relações maxilomandibulares, a oclusão que deve ser criada, a forma e o material dos dentes, o material da base da prótese com as instruções no uso e cuidados com as PTs.” Os fatores devem ser orientados por: a) Atitude mental do paciente (fator psicológico) – Histérico, Exigente, Equilibrado, Indiferente. b) Estado sistêmico do paciente c) Condição bucal (Cap. 6 – Turano, 2010) Durante a Anamnese deve ser considerada a existência de algumas moléstias sistêmicas e locais mais comuns aos pacientes de PT associadas ou não a alterações do fluxo salivar, são elas: A) Anemia Perniciosa - Sinais clínicos e sintomas: xerostomia, e distúrbios nas sensações de paladar; - Alterações nas mucosas: maior susceptibilidade aos traumas causados pelas próteses; - Considerações protéticas: haverá necessidade de um constante controle de estabilidade quanto à oclusão, para minimizar as áreas de pressão. Devida à falta de saliva, a retenção das próteses ficará muito a desejar. B) Deficiência vitamínica ou Nutricional -Sinais clínicos e sintomas: xerostomia, perda de apetite, declínio na sensibilidade gustativa, fragilidade capilar, perda de peso e debilidade geral. - Alterações nas mucosas: não se regeneram facilmente, susceptibilidade a trauma gerado pelo uso de prótese. A mucosa torna-se delgada e facilmente escoriada. Reduzida resistência à infecção. - Alterações ósseas: severa destruição alveolar com baixo teor de Ca, e desequilíbrio de Ca/PO4. Osteoporose com queda de proteína e deficiência vitamínica; -Alterações do SNC e muscular: depressão. Os músculos ficam estirados e debilitados. -Considerações protéticas: nos pacientes edêntulos, recomenda-se tratamento sistêmico e protético, para prevenir reabsorção óssea, nesses casos mais se carece de uma correta extensão basal e também da estabilidade das próteses, para não causar irritação na mucosa. Aconselha-se uma dieta suplementar, quando os hábitos alimentares não podem ser mudados. C) Hipertensão -Sinais clínicos e sintomas: falta de ar após exercícios, angina por esforços, palpitação, epistaxe, dor de cabeça e tonturas. -Considerações protéticas: às vezes é necessária uma pré-medicação. Deve-se evitar episódios hipertensivos. D) Diabetes -Sinais clínicos e sintomas: Xerostomia, tendência à obesidade, sede e fome aumentadas, produção de urina debilitada e perda de peso. -Alterações nas mucosas: suscetibilidade ao trauma, redução da tolerância dos tecidos às próteses, hiperemia mucosa, dilatação (edema) e palatopirrose. -Considerações protéticas: deve-se dar toda atenção à extensão da área basal, principalmente quanto ao tratamento das bordas da prótese, para evitar ulcerações provocadas pelas mesmas; facilmente as feridas tornam-se infectadas, posteriormente. Aconselha-se manter boa higienização dos tecidos e frequente retorno, para corrigir a oclusão e melhorar a estabilidade óssea. E) Osteoporose - Sinais clínicos e sintomas: decréscimo na massa esquelética, densidade óssea diminuída radiograficamente. As mulheres têm o iníciodesses males mais cedo que os homens. -Alterações ósseas: severa reabsorção óssea alveolar com o avanço da idade. Generalizada osteoporose da maxila e mandíbula a partir da sexta década. - Considerações protéticas: tendência ao estreitamento da crista óssea maxilar e alargamento da crista mandibular, direcionando a mordida cruzada para posterior, evitar a redução da distância interoclusal. Há possibilidade de fratura óssea fisiológica. A oclusão deve ser bem balanceada e a cobertura da área basal aproveitada ao máximo. F) Doenças dermatológicas Lichen Planus - Sinais clínicos: hiperceratose e inflamação da mucosa; - Alterações nas mucosas: erosão epitelial, ulcerações e formação de placa mucosa; - Considerações protéticas: casos severos de líquen plano erosivo ou pênfigo podem ser prevenidos com o uso de próteses totais “confortáveis”. G) Infecção por fungos -Sinais clínicos e sintomas: lesão hemorrágica (sangue coagulado) facilmente removida; - Alterações nas mucosas: inflamação, lesões de sangue coagulado e papilomatose; - Considerações protéticas: antes de iniciar o tratamento protético erradicar as lesões por fungos com antibioticoterapia? e antimicótico. H) Terapia por radiação (Câncer) -Sinais clínicos e sintomas: xerostomia, osteomielite, necrose, trismo. -Alterações nas mucosas: susceptibilidade aos traumas das próteses totais. A necrose pela radiação induz à mudança vascular; -Alterações ósseas: necrose do osso que, devido à radiação, induz a mudanças vasculares; -Alterações do SNC e muscular: trismo -Considerações protéticas: o uso de PT fica limitado devido à redução da DVO por causa do trismo muscular, de xerostomia, da impossibilidade de sobre-extensão da área basal, para evitar ulcerações de borda e também de osteorradionecroses. I) Climatério -Sinais clínicos e sintomas: tendência a náuseas, sensação de queimação, xerostomia, áreas vagas de sensação de calor e paladar alterado. -Alterações nas mucosas: brilhante, avermelhada e edematosa; -Susceptibilidade ao trauma protético: sensação de queimadura manifestada na língua e palato. Séria formação de pústulas, e perda de queratina da mucosa. -Alterações ósseas: osteoporose generalizada; -Alterações do SNC e muscular: mudanças psicológicas e instabilidade emocional. -Considerações protéticas: longa fase de ajustes das PTs, devido à mucosa e às mudanças psicológicas. J) Doença pulmonar crônica (Efisema, Bronquite crônica) -Sinais clínicos e sintomas: abreviação da respiração, chiado, aumento da taxa respiratória e tosse persistente. -Alterações no SNC e muscular: decréscimo do tônus muscular, baixa suscetibilidade ao estimulo e baixo reflexo da tosse. -Considerações protéticas: pequena reserva pulmonar, reação baixa ao estresse, ordem de manutenção pequena, dificuldade no registro que da DVO devido à tendência para a abertura de boca. K) Desordens de gl. Salivares -Sinais clínicos e sintomas: xerostomia, sensação dolorida e queimação na mucosa; -Alterações na mucosa: maior sensibilidade, facilidade de escoriações e ulcerações provocadas pela prótese; -Considerações protéticas: o uso da prótese torna-se intolerável devido à dor, queimação e escoriação friccional na membrana mucosa, proveniente do ferimento do tecido e do polimento das superfícies da prótese. L) Desordens neurológicas e Paralisia de Bell -Sinais clínicos e sintomas: paralisia facial, a boca desloca-se para cima e para o lado oposto e a saliva corre para este ângulo; -Alterações nas mucosas: o lado afetado fica dormente e o paciente é incapaz de sentir o bolo alimentar no sulco bucal do lado afetado; -Alterações do SNC e muscular: incapacidade de retrair o canto da boca e assobiar; -Considerações protéticas: não distende o ângulo da boca: adicionar volume suficiente no contorno da superfície da prótese maxilar para suportar a flacidez muscular. M) Parkinsonismo -Sinais clínicos e sintomas: há uma lentidão que limita os movimentos e estes ficam prejudicados pela rigidez muscular, hipersalivação. -Alterações nas mucosas: hipoceratose, mucosa flácida e facilidade de estomatites provocadas pela prótese. -Alterações do SNC e muscular: fala difícil, salivação aumentada, mastigação difícil devido aos tremores musculares. -Considerações protéticas: ensinar cuidados higiene oral, usar condicionadores de tecido (?), balanceio oclusal, dentes não anatômicos, retenção prejudicada pelo aumento na salivação, máximo de extensão periférica, carência de coordenação muscular em relação às próteses, obtenção e manutenção da DVO difícil devido ao tremor e à hipertonicidade muscular. N) Distúrbios da ATM -Sinais clínicos e sintomas: dor e tensão na articulação, com crepitação no movimento, aplanamento da superfície articular, esclerose, redução da distância entre a eminência da articulação e a cabeça do côndilo. -Alteração do SNC e muscular: limitação dos movimentos da mandíbula em todas as dimensões; -Considerações protéticas: perigo de subluxação durante o processo mastigatório. Os movimentos de excursão da mandíbula são dolorosos. Há uma redução da capacidade de abertura de boca, o que requer ajuda especial. Dificuldade para registrar a relação maxilo-mandibular e reproduzi-la. Ajustes oclusais são necessários. O paciente deve ter uma boa destreza para a inserção da prótese e para higiene, o que se torna difícil devido às mudanças da artrite óssea nas articulações dos dedos. O) Doença de Paget -Sinais clínicos e sintomas: doença não inflamatória, remodelação óssea aumentada e de forma irregular e desorganizada; 2. EXAME CLÍNICO (AULA) Exames a) Físico (extraoral e intraoral), b) Imagem (TC, RX), c) Modelos de estudo. Segundo Tadachi Tamaky, 1988: “O exame clínico deve ser feito sistemática e ordenadamente. O preenchimento de uma ficha clínica adequada servirá de orientação para a realização do exame clínico completo, evitando omitir dados importantes. Quando o paciente já é portador de uma prótese completa, a sua história protética, isto é, suas opiniões e experiências anteriores devem ser ouvidas e levadas em consideração.“ “O exame clínico da boca dos edêntulos completos, segundo Barone, deve-se iniciar da parte externa da área bucal passando depois para a parte interna da cavidade oral. O exame clínico da boca compreende: exame da boca, da bochecha, da área chapeável, do espaço intermaxilar e da língua.” O que avaliar? (AULA) Exame extraoral Exame intraoral Aspecto facial Frontal: Triangular, Ovóide, Quadrangular. Perfil: Normal, Retrognático, Prognático. Tecidos Moles – Língua: posição, mobilidade e consistência (interfere na estabilidade da prótese - Tadachi Tamaky); Lábios: tensão e inserção dos mm orbiculares, freios e bridas; Amplitude de abertura; Lesões pré- existentes; Tipos de mucosa – Rígida, Resiliente e Flácida podem ser Combinadas. Saliva – Fluida, Espessa, Abundante e Escassa. Tipos de inserção muscular – Freios labiais e inserção dos bucinadores (culminam na região do fecho periférico, e podem influenciar a retenção da PT – Tadachi Tamaky) ATM Relação Central e Sons Articulares Tipos de Rebordo – Estrangulado, Paralelo, Lâmina de Faca. Forma do rebordo – Ovóide, Quadrangular e Triangular. Proporcionalidade dos Arcos Demais estruturas Palpação das cadeias linfonodais Mm faciais e mastigatórios Lábios e vestíbulo bucal Olhos – Observar assimetrias faciais Relação Intermaxilar Medição da DV - DVR= DVO + 2 mm; Avaliação do Espaço Protético - a proximidade entre as tuberosidades da maxila e as papilas piriformes pode impedir o posicionamento, entre essas duas estruturas anatômicas, das bases das estruturas superior e inferior. Tipos de Palatos – 1. Abóboda plana; 2. Abóboda em V; 3. Abóboda em U Delimitações da área basal (Pendleton) – 1. Zona de suporte principal, 2. Zona desup. Secundária, 3. Zona de selamento periférico, 4. Zona de Alívio – Realizada através da obtenção dos modelos de gesso. Segundo Telles, 2009: Existem três estratégias para a coleta de dados do paciente: (1) questionamentos sobre o estado de saúde do paciente; (2) exames clínicos intra e extraorais; e (3) exames complementares. O que deve ser perguntado? o O pct está insatisfeito com sua prótese atual? o O pct compreendeu as possíveis limitações estéticas e funcionais do seu caso? o O paciente está informado dos custos? o O paciente foi avisado de que serão necessários ajustes subsequentes à entrega da PT? o O paciente foi avisado que o sucesso depende do estabelecimento e cumprimento de um programa de manutenção após a instalação da prótese? Exame extraoral Inicia-se durante a anamnese, enquanto o paciente relata sua história, observa-se o seu aspecto facial, procurando verificar características tais como dimensão vertical, suporte labial, linha de sorriso e altura incisal. As próteses que o pct porventura já utilize contam a história do relacionamento desse paciente com próteses dentárias, e a observação das mesmas pode revelar as seguintes características: a) Grau de higiene e cuidados; b) Espaço protético, pois a presença de PT que não recubra a papila piriforme pode ser um indicador de falta de espaço nessa região; c) Área chapeável, pela extensão da base das próteses; d) Tolerância relatada pelo pct ao uso de próteses ou a uma característica especifica de sua prótese; e) Características estéticas; f) Características dos dentes artificiais; g) Hábitos parafuncionais, pela presença de desgastes acentuados e/ou próteses danificadas; h) Relações intermaxilares; i) Palpação dos músculos mastigatórios e ausculta da ATM. É importante avaliar se o pct apresenta limitação funcional imposta pela presença prévia de DTM ou dor orofacial. Deve ser feita avaliação da musculatura e da ATM. Exame intraoral “Nesta fase inspecionam-se tecidos moles, mm e rebordo remanescente. A possibilidade de se atender à queixa principal do paciente deve ser reavaliada neste momento, todavia um exame sistemático de toda a cavidade bucal deve ser feito. Esta avaliação deve começar pelos tecidos moles. Mucosas, língua e tecidos de revestimento do rebordo devem ser inspecionados e palpados, uma vez que a prioridade de tratamento pode ser drasticamente alterada na presença de algum tipo de lesão como, por exemplo, um processo neoplásico.” “Além disso, condições presentes, oriundas do processo de invalidez iniciado com a extração dos dentes, tais como hipertrofias ou atrofias do rebordo ou das glândulas salivares, tecidos moles hiperplásicos e pontos sensíveis à palpação, podem interferir na execução do caso, devendo ser corrigidas no início do tratamento.” “As patologias associadas ao uso de PTs são: (1) Reabsorção do rebordo residual – responsável pelos seguintes fatores – a) a diminuição dos rebordos, que dificulta a obtenção de próteses convencionais funcionais; b) a eventual falta de tecido ósseo necessário ao posicionamento adequado do implante, c) a necessidade estética de recompor o suporte de tecidos moles do terço inferior da face; (2) Candidíase eritematosa ou atrófica crônica, causada por: a) a presença da própria prótese, b) a má higienização da mesma, c) o uso contínuo da prótese; e (3) hiperplasia fibrosa inflamatória ou epúlide fissurada, causada por sobreextensões das bases protéticas, por pontos de pressão exagerada ou por alguma interferência oclusal grosseira que faça a prótese se movimentar horizontalmente durante a mastigação.” Segundo Turano, 2010: No cap. De Exame da Cavidade Bucal (Cap. 7), Turano aborda as regiões anatômicas com envolvimento protético e adjacentes ao mesmo: Classificação da Mucosa Bucal – Localização: Mucosa mastigatória, Mucosa de Revestimento e Especializada (língua). ÁREA BASAL “O tamanho do arco guarda uma relação direta com o prognóstico. Quanto mais amplo for o arco, maior área superficial poderá ser recoberta e maior a possibilidade de retenção e estabilidade.” “Os rebordos muito reabsorvidos podem gerar problemas na retenção das próteses e por isso devem ser avaliados em relação ao tamanho, forma, localização e consistência da mucosa. Os rebordos rasos, volumosos, agudos ou convexos, apresentam maiores problemas. Muitas vezes será necessário recorrer a uma correção cirúrgica.” “A protrusão maxilar é a circunstância menos favorável, podendo resultar em uma mordida cruzada extrema e uma área de contato oclusal diminuída na região de molares e pré-molares, impedindo os movimentos parafuncionais mais complicados da mandíbula, quando busca espaço para esses movimentos.” TIPOS DE PALATO Abóboda plana – “Resiste ao deslocamento vertical, sendo mais positivas as forças de adesão e coesão, que são a consequência da superfície de contato quase paralela entre a base da prótese e a mucosa nessa condição, mas tem pouca resistência no deslocamento lateral.” Abóboda em V – “Suporta uma relação vertical entre a base da prótese e a mucosa, e, portanto, resiste bem aos esforços laterais, porém, as forças para desalojá-la rompem o vedamento em todos os lugares.” Abóboda em U – “É a que possui melhor prognóstico; suporta os deslocamentos vertical e lateral em graus elevados.” TÓRUS MAXILAR Indicado um alívio na moldeira para a moldagem corretiva, ou remoção cirúrgica. TUBEROSIDADE MAXILAR As grandes tuberosidades oferecem melhor oportunidade de êxito, permitindo uma proteção ampla da área, e proporcionando uma boa superfície de suporte. Entretanto, podem apresentar certo número de problemas, como retentividade, devido a maior saliência no sentido vestibular, e ocasionalmente uma superfície de suporte instável que faz a tuberosidade oscilar. Às vezes, verifica-se também a presença de freio lateral próximo ao rebordo gengival. Ambas as situações requerem intervenção cirúrgica. Considera-se que uma distância menor entre os rebordos aumenta a retenção e estabilidade das próteses. A retenção aumenta por causa da língua, que põe em contato as superfícies palatina e lingual das PTs, preenchendo a prótese completamente, e resultando em melhor vedamento. A estabilidade também será melhor porque as superfícies oclusais dos dentes ficam mais próximas do rebordo, diminuindo a inclinação indesejável e as forças da língua. TÓRUS MANDIBULAR Alívio da prótese nessa zona elimina o vedamento periférico da prótese total mandibular. LINHA MILO-HIÓIDEA O Assoalho da boca na zona do milo-hióideo pode empurrar para cima e anular o rebordo residual. Nos casos em que há dificuldade de manipulação tecidual libera-se cirurgicamente o musculo milo-hióideo, sem sua origem, mudando-se sua inserção para um nível mais baixo. ASSOALHO DE BOCA A proximidade do soalho ao rebordo compromete a retenção e a estabilidade da prótese mandibular. LÍNGUA (citada na tabela) SALIVA (citada em Anamnese) ATM A artrite da ATM pode limitar as áreas de moldagem. EXAME RADIOGRÁFICO O ex. radiog. Deve mostrar as raízes retidas, os dentes impactados, as espículas ósseas, as enfermidades do osso e outras anomalias. 3. MOLDAGEM Objetivos de uma moldagem segundo Telles, 2009: 3.1. MOLDAGEM ANATÔMICA a) Mínima deformação dos tecidos de suporte, através da aplicação da técnica adequada na moldagem anatômica; b) Extensão correta da base da prótese, por meio de ajuste da moldeira individual, de acordo com as características anatomofisiológicas do paciente; c) Vedamento periférico funcional, pela espessura e contorno adequados da borda da prótese; d) Contato adequado da base da prótese com rebordo, através da perfeita reprodução dos tecidos pelo material de moldagem. Um errocomumente observado é a realização da moldagem anatômica apenas com o objetivo de se obter um modelo para a confecção de uma moldeira individual. A mínima deformação dos tecidos deve ser obtida através de uma moldagem com material de baixa compressibilidade, como o alginato, e a moldeira individual deve ser confeccionada ajustada ao modelo anatômico com a finalidade de preservar, durante a moldagem funcional, a arquitetura dos tecidos obtida na moldagem anatômica, especialmente nos casos de mucosa flácida. - Materiais mais utilizados na moldagem anatomofuncional – alginato, godiva e silicone. Etapas da moldagem: ALGINATO - Seleção da moldeira mais adequada, considerando-se a largura, e o tamanho como principais critérios; Individualização da moldeira em sua porção periférica. -Alginato: fácil de manipular e produz menores deformações aos tecidos de revestimento do rebordo e apresenta boa fidelidade de cópia, o alginato (hidrocolóide irreversível) é, na maioria dos casos, o material de escolha para esse tipo de moldagem. -Desinfecção: Hipoclorito de sódio a 1%/ 10 min. GODIVA Material à base de resinas termoplásticas, a qual pode ser especialmente útil para moldar rebordos, pois possui grande capacidade de afastar a musculatura inserida no rebordo; entretanto, tende a comprimir e deformar mais os tecidos que outros materiais. -Seleção da moldeira; -Plastificação da godiva em banho-maria; homogeneização da mesma através de manipulação; inserção na moldeira. -Desinfecção: Solução de glutaraldeído a 2%/10 min SILICONE Utilizado em casos com grandes alterações ósseas no rebordo remanescente. O uso de silicone trará a vantagem de uma técnica na qual se consegue individualizar a moldeira de estoque, com o silicone pesado, para otimizar a capacidade de cópia do material de moldagem, no caso, o silicone leve. -Seleção da moldeira; - Aplicação do silicone pesado e leve; -Moldagem; - Desinfecção: Hipoclorito de sódio – 1%, ou Glutaraldeído – 2%/10 min 3.2. MOLDAGEM FUNCIONAL A moldagem funciona deve ser dividida em duas fases distintas, mas que se complementam: o vedamento periférico e a moldagem funcional propriamente dita. Pode-se dizer que, para uma moldagem ser considerada funcional, é preciso que o vedamento periférico tenha sido executado de forma apropriada. - Confecção da moldeira individual, para determinação dos limites da área chapeável, de acordo com a fisiologia dos elementos anatômicos aí presentes. Este vedamento promove o confinamento de uma película de saliva, gerando a retenção da prótese à mucosa por ação de forças de coesão, adesão e pressão atmosférica. Além disso, um bom vedamento periférico diminui significativamente o afluxo de alimentos, que podem vir a ficar interpostos entre a base da prótese e a mucosa que reveste o rebordo durante a mastigação. OBS: Alívios – A área de alívio deve ser a menor possível e jamais recobrir toda a área de suporte primário, como preconizam alguns autores, pois nesse caso a zona de maior compressão seria transferida para a zona lateral do rebordo, próximo às inserções musculares, menos propícia a receber cargas. - Os materiais mais utilizados para a confecção das moldeiras são: (1) resina acrílica autopolimerizável; (2) resina acrílica termopolimerizável; (3) resina composta fotopolimerizável; (3) resina composta fotopolimerizável; e (4) placas de poliestireno. Etapas: -Confecção da moldeira individual; -Vedamento periférico – Godiva em bastão (podem ser ceras, resinas termoplásticas e silicones pesados); a godiva em bastão tem propriedades que, na maioria das vezes, representam vantagens em relação aos demais materiais. São elas: (1) fluidez adequada para exercer mínima pressão sobre os tecidos, qnd plastificada; (2) boa adesividade à moldeira; (3) rigidez adequada após resfriada, o que permite a verificação do grau de retenção obtido durante a moldagem; (4) boa estabilidade dimensional à temperatura bucal; (5) resistência suficiente para ser colocada e retirada em rebordos com áreas retentivas em mucosa; (6) facilidade para o operador realizar acréscimos ou subtrações de material, à medida que cada região vai sendo moldada; e (7) rapidez do processo de moldagem. Rebordo superior (componentes impressos na moldagem) – 1. Espaço coronomaxilar; 2. Fundo de vestíbulo labial; 3. Fundo de vestíbulo labial; 4. Freio labial; 5. Término posterior. - O palato mole é classificado de acordo com o ângulo que forma na junção com palato duro, como Classe I, II ou III. Quanto mais agudo for esse ângulo, maior será a atividade muscular necessária para estabelecer o vedamento entre a orofaringe e a nasofaringe. Consequentemente, quanto mais o palato mole se deslocar em sua função, menor será a superfície do mesmo que poderá ser recoberta pela base da prótese, na área utilizada para conseguir o vedamento posterior. Vale ressaltar que o término da PT superior não estará localizado na junção do palato duro com o mole, a qual pode ser visualizada através da manobra de Valsalva. Classe I – Indica um palato mole horizontal, com a porção distal mais próxima da parede posterior da farínge e, por isso, apresentando pouca atividade muscular. Geralmente associado a uma concavidade palatina mais rasa, é o tipo de palato mais favorável, pois o término da prótese fica localizado a mais de 5 mm da junção dos palatos duro e mole, disponibilizando uma área de compressão suficientemente extensa para conseguir um vedamento posterior muito efetivo e uma prótese mais retentiva; Classe II – Indica um palato mole que forma um ângulo com o palato duro de aproximadamente 135º, com a porção distal equidistante das paredes anterior e posterior da faringe. O término da prótese fica localizado de 2 a 5 mm da junção dos palatos duro e mole, disponibilizando ainda uma área de compressão razoavelmente extensa para se conseguir um vedamento efetivo na maioria dos casos. Classe III – Indica um palato mole que forma um ângulo com o palato duro de aproximadamente 110º, com a porção distal mais próxima da parede anterior da faringe e, por isso, exigindo grande elevação da musculatura para obliterar a comunicação da oro com a nasofaringe. Associado a uma concavidade alta, é o tipo de palato menos favorável, pois o término da prótese fica localizado a menos de 1 mm junção dos palatos duro e mole, não havendo área de compressão suficientemente extensa para se conseguir um bom vedamento posterior. REBORDO INFERIOR O critério para determinar se o ajuste da moldeira inferior foi feito de forma adequada é a passividade que a mesma deve manter com as estruturas anatômicas que a circundam. O rebordo pode ser dividido didaticamente em 6 regiões: (1) chanfradura do masseter; (2) fundo de vestíbulo bucal; (3) fundo de vestíbulo labial; (4) fossa distolingual ou retroalveolar; (5) flange sublingual; e (6) freio lingual. -Após o término do vedamento periférico, tendo-se conseguido atingir a estabilidade e a retenção da moldeira esperadas para o bom funcionamento da prótese, procede-se uma moldagem com um material de média a baixa viscosidade, que vai recobrir por completo a área interna da moldeira e a godiva utilizada no vedamento periférico. Materiais para moldagem – os mais utilizados para a execução da moldagem final são as pastas à base de óxido de zinco e eugenol e os elastômeros. PASTAS ZINCOEUGENÓLICAS Por se tratarem de um material anelástico, são particularmente indicadas na moldagem de PTs superiores quando se deseja fazer uma compressão da região de vedamento posterior com cera de moldagem, o que melhora a retenção da prótese. Desinfecção: Glutaraldeído a 2%/ 10 min. -Encaixotamento da moldagem com Cera Utility. -Vazar o gesso (pode ser o tipo III). REQUISITOS DE UMA PT: -MASTIGATÓRIA -COMODIDADE -FONÉTICA-ESTÉTICA Telles, 2009: BASES DE PROVA – RELAÇÕES INTERMAXILARES (ainda na aula de moldagem) Planos de cera/ de orientação: Superior Plano de cera inferior: o 4. RELAÇÕES INTERMAXILARES (DV) E OCLUSÃO Individualização do arco superior 4.1. SUPORTE LABIAL O reposicionamento correto dos músculos orbiculares é essencial para a recuperação estética do paciente edentado. Com esse objetivo, dois fatores igualmente importantes devem ser observados: (1) a compensação para a perda alveolar, na fase de moldagem, com o espessamento do flange labial da prótese; e (2) o contorno adequado do plano de cera para dar suporte à musculatura e facilitar a colocação dos dentes artificiais. Em alguns casos, a base da prótese deve ser engrossada para compensar uma reabsorção acentuada do rebordo remanescente. 4.2. ALTURA INCISAL Chama-se de altura incisal à determinação da porção visível dos dentes com o lábio em repouso. É importante saber que, nos indivíduos dentados, o tubérculo do lábio superior pode ficar acima (20%), no nível (43,3%) ou abaixo (36%) da linha imaginária que passa pelas comissuras com os lábios em repouso. O tipo de lábio (arqueado, reto ou caído) pode determinar diferenças no posicionamento e até na escolha do tamanho dos dentes artificiais. Em relação ao sexo, pode-se estimar que os homens apresentem uma média de 1,9 mm de exposição incisal, enquanto para as mulheres esse valor é 3,4 mm 4.3. LINHA DE SORRISO Os dentes naturais formam uma curva suavemente ascendente, que acompanha a borda superior do lábio inferior. Essa curva é chamada de linha de sorriso. OBS: O plano Oclusal é paralelo no plano sagital ao plano de Camper, que é estabelecido em tecido duro pelas linhas que passam bilateralmente pelo (Po) e pela (ENA). No plano frontal, o plano oclusal é paralelo à linha bipupilar, também chamada de linha ou plano de Fox. Independente da utilização do esquadro de Fox, em última análise, após os ajustes, o plano de referência deve estar paralelo ao lábio inferior do paciente quando o mesmo sorrir. 4.4. CORREDOR BUCAL O corredor bucal é o espaço existente entre a superfície vestibular dos dentes posteriores e a mucosa interna da bochecha. É influenciado pela sombra da mesma, que altera progressivamente a iluminação dos dentes, auxiliando na obtenção do efeito de gradação ântero-posterior. A presença do corredor bucal, também chamado de túnel de sombra, é essencial para se criar um sorriso natural. É importante notar que o corredor bucal é influenciado pela posição e a inclinação dos caninos, apesar de só ser visualizado posteriormente a estes. Isso ocorre porque o canino é o dente-chave no estabelecimento do formato da arcada durante a montagem dos dentes artificiais. 4.5. LINHA MÉDIA O crescimento igual dos processos maxilares direito e esquerdo resulta em uma face com linha média reta e um alinhamento mais simétrico dos dentes anteriores superiores. Por outro lado, o crescimento desigual dos processos maxilares direito e esquerdo produz assimetrias nos ossos da face, linhas oblíquas no nariz, linha média defletida, posicionamento irregular dos incisivos e assimétricos dos caninos superiores. Tecnicamente, é importante que a linha média seja traçada sempre vertical em relação ao plano oclusal para orientar o posicionamento dos longos eixos dos incisivos centrais superiores. Individualização do plano inferior Os ajustes no plano de orientação inferior estão essencialmente relacionados ao restabelecimento da posição da mandíbula em relação à maxila nos planos vertical e horizontal. Essa posição era mantida pela oclusão dos dentes naturais, enquanto existiam contatos estáveis, do tipo cúspide em fossa, simultâneos e bilaterais entre eles. A perda progressiva dos dentes e os eventuais desgastes e restaurações que estes possam ter sofrido, foram paulatinamente alterando a relação postural original da mandíbula, levando o indivíduo a um processo contínuo de acomodação postural da mesma. O objetivo alcançável não é o de restabelecer exatamente a posição mandibular original, pois não haverá parâmetros suficientemente precisos para tal. Além disso, mesmo que essa posição pudesse ser objetivamente estabelecida, as alterações ósseas que sucederam as perdas dentárias podem determinar dificuldades importantes para a execução da reabilitação na posição mandibular original. A partir desse ponto, assume-se que a posição mandibular na reabilitação de um indivíduo edentado passa a ser uma questão de conveniência protética, determinada por parâmetros estéticos ou funcionais. 4.6. DIMENSÃO VERTICAL Chama-se de DV à altura do terço inferior da face ou a relação espacial da mandíbula em relação à maxila no plano vertical. O planejamento adequado de uma reabilitação protética não deve imputar o restabelecimento da DVO às próteses novas, no momento final do tratamento, sob risco de o paciente desenvolver uma forte rejeição à essas próteses, uma vez que o paciente necessita para se readaptar a uma DVO diferente de 3 a 4 semanas. Por se tratar de um procedimento eminentemente diagnóstico, o restabelecimento da DVO deve ser obtido de forma gradual e no início do tratamento. Tecnicamente, isso poderá ser feito de 4 maneiras: (1) com acréscimos de resina acrílica na superfície oclusal dos dentes artificiais de uma prótese que o paciente eventualmente faça uso; (2) com o reposicionamento dos dentes sobre a base da prótese; (3) com uma placa de mordida; ou (4) com a confecção de próteses provisórias. -Métodos de determinação da DV Método de Willis – a distancia do canto externo do olho até a comissura labial seria igual à distância do ponto subnasal ao gnátio. Nesta posição o paciente estaria em DV, que inclui o espaço funcional livre. Estas distâncias são registradas através da régua de Willis, que consiste em uma régua com apoio e um cursor ajustável. Registra-se a distância do canto externo do olho até a comissura labial e diminui-se arbitrariamente cerca de 3 a 4 mm, equivalentes ao espaço funcional livre, para se estabelecer a altura na qual o plano de orientação inferior deverá ser ajustado para se chegar à DVO, posição na qual o paciente deverá ser reabilitado. Método fisiológico – O método constitui-se em registrar a altura do terço inferior da face com a mandíbula em repouso, utilizando um compasso de Willis ou um compasso comum, e diminuir de 3 a 4 mm relativos ao EFL para se chegar à DVO por acréscimo ou subtração de cera no plano de orientação. Método estético – O ponto básico de referência para o estabelecimento dessa reconstituição é a obtenção da harmonia do terço inferior da face com as demais partes do rosto. Método fonético – Afere a funcionalidade da DVO previamente estabelecida (complementar). O método consiste em solicitar ao paciente que pronuncie palavras com sons sibilantes, como “Mississipi” e “sessenta e seis”, enquanto se observa o movimento da mandíbula, formando um espaço interoclusal denominado espaço funcional de pronúncia. Utilizado como método de conferência, após a fixação dos dentes na base de prova. 4.7. RELAÇÃO CÊNTRICA O termo RC refere-se à posição mais posterior da mandíbula em relação à maxila no plano horizontal, determinada pelos músculos e ligamentos que atuam sobre o complexo côndilo/disco da ATM, independentemente de contatos dentários, estando os côndilos na posição mais anteriorizada na cavidade glenóide, contra a vertente posterior da eminência articular. A posição mandibular determinada pelo maior número de contatos dentários é chamada de MIH. Quando a MIH ocorre em RC, havendo coincidência nos determinantes dentários e anatômicos do posicionamento mandibular, considera- se que o paciente possui uma oclusão em RC (ORC). A decisão de reabilitar um paciente em ORC ouMIH depende primariamente da avaliação desta última posição mandibular. Os dentes devem apresentar morfologia oclusal adequada e estarem presentes em número suficiente para preservara estabilidade das relações da mandíbula e da maxila nos sentidos horizontal e vertical. Com a perda dos dentes deixa de existir uma MIH, o que obriga a realização da reabilitação em ORC. No tratamento de pacientes com DTM, procura-se atuar em todos os níveis estruturais – oclusal, muscular, neurológico e articular – do sistema estomatognático, optando-se pela posição de ORC para facilitar o reequilíbrio funcional do sistema. No caso dos pacientes edentados, todavia, a RC é a posição de escolha para a reconstrução oclusal, muito mais por se constituir na única alternativa clinicamente reproduzível, do que por suas supostas qualidades terapêuticas outrora apregoadas. -Métodos de obtenção da RC: (1) Métodos de manipulação, (2) Métodos fisiológicos, (3) Métodos mecânicos, (4) Métodos gráficos. (1) Método de manipulação – A manipulação da mandíbula não deve ser forçada; o operador deve guiar a mandíbula para RC e não tentar induzi-la a ir para essa posição. A estabilização da base de prova com uma das mãos enquanto se manipula a mandíbula com a outra é a técnica mais viável. (2) Métodos fisiológicos – Funcionam melhor quando aplicados em associação com outros métodos, como os de manipulação. A técnica de levantamento de língua pode ser usada para direcionar o fechamento da mandíbula durante a manipulação e a técnica da deglutição para manter a posição do registro. (3) Métodos mecânicos – São métodos que utilizam dispositivos como o jig de Lucia ou as tiras de Long, que funcionam como um ponto de apoio na região anterior da mandíbula, impedindo os contatos dentários posteriores e levando-a para uma posição mais retruída. (4) Métodos gráficos – Exigem o uso de dispositivos especiais para determinar a trajetória dos movimentos mandibulares. - Desgaste ou acréscimo de cera nos planos superior ou inferior : São realizados conforme os registros de movimentos em lateralidade e protrusão, a partir daí são determinadas as curvas de compensação – Spee e Wilson. Ambas devem ser estabelecidas ainda em cera, para guiar a montagem dos dentes posteriormente. Métodos de obtenção das curvas de compensação (Turano, 2010): Método mecânico – A curva de compensação é obtida na montagem dos dentes, utilizando os articuladores, ou através da base de cera, também do articulador. Método fisiológico – (Paterson) Curva obtida através do paciente por movimentos fisiológicos, com a cera plastificada, sem abrasivo. OCLUSÃO A estabilidade das PTs depende em sua maior parte do apoio mucoso. Por outro lado, o padrão oclusal das PTs é obtido em articuladores, onde as bases de prova com os dentes artificiais montados permanecem sempre em contato com os modelos, o que na boca representa a característica de retenção das PTs. Como a estabilidade e a retenção das PTs são obtidas em sua maior parte nos procedimentos de moldagem, o CD precisa ter em mente que o funcionamento oclusal da prótese dependerá da qualidade destes procedimentos. Há muito um conceito de padrão oclusal chamado de oclusão balanceada bilateral tem sido preconizado para PTs, supostamente por prover estabilidade às mesmas, sem que tenha havido nos últimos anos a quantidade de debates suficientes para continuar a afirma-lo como correto. Tal conceito baseia-se na existência de contatos simultâneos bilaterais, tanto em RC como nos movimentos excêntricos, de lateralidades e protrusão, dentro dos limites normais da função mandibular. Quais as características de uma oclusão ideal em PT? - Manutenção da estabilidade das próteses e preservação das estruturas que as sustentam. (1) Estabilidade em RC A relação cúspide/fossa dos dentes artificiais deve ser tal que, ao se contatarem, não devem gerar movimentos que não se façam em direção perpendicular ao rebordo remanescente. Caso esse tipo de relação não seja obtido, a repercussão imediata será o traumatismo da base sobre a mucosa que reveste o rebordo ósseo remanescente, em especial nas áreas aonde esta for mais delgada. (2) Dentes com cúspides baixas A eficiência mastigatória melhora à medida que aumenta a altura das cúspides dos dentes posteriores, ao mesmo tempo em que passa a haver uma tendência de a prótese apresentar menos estabilidade. O esquema oclusal ideal deve buscar o equilíbrio entre essas duas características. Isso pode ser obtido de duas maneiras: (1) pelo uso de dentes semi-anatômicos (20º); ou (2) pela combinação de dentes anatômicos (33º), na prótese superior, com dentes não anatômicos (0º), na prótese inferior, para usufruir dos benefícios dos dois tipos de dentes. Esse esquema oclusal é chamado de oclusão lingualizada, uma vez que apenas as cúspides palatinas dos dentes superiores fazem contato com os antagonistas inferiores. Tal disposição dentária é vantajosa pois promove uma capacidade mastigatória efetiva, enquanto direciona perpendicularmente o esforço mastigatório em relação ao rebordo. Além disso, devido à eliminação das pontas de cúspides vestibulares inferiores, as interferências laterais são minimizadas. Finalmente, o reduzido número de contatos oclusais facilitaria a sua distribuição uniforme e diminuiria a possibilidade de contatos em planos inclinados que pudessem gerar forças laterais sobre as próteses. (3) Movimentos excêntricos facilitados Oclusão balanceada unilateral, na qual os dentes contatam-se em um padrão de desoclusão semelhante a uma função de grupo, independentemente da existência ou não de contatos de balanceio no lado oposto da arcada. (4) Dentes posicionados de acordo com o formato do rebordo remanescente Todo esforço deve ser feito para harmonizar o arranjo dos dentes artificiais com o formato do rebordo alveolar residual. -Arcada ovóide: Curva contínua entre os dentes anteriores e posteriores, não se definindo uma divisão clara entre os segmentos anterior e posterior. Perfil reto e rosto ovóide. - Arcada quadrada: Divisão marcante entre os segmentos anterior e posterior definida pelo canino, que, nesse caso, é eventualmente referido como estando na esquina da arcada dentária. Pode estar acompanhado de palato em U, base de nariz larga, face quadrada e perfil côncavo. -Arcada triangular: O canino alinha-se com os dentes posteriores, pertencendo a esse segmento da arcada. É acompanhada por palatos estreitos, e uma face alongada, com perfil que tende ao convexo. (5) Técnica da zona neutra Frequentemente resulta em um posicionamento externo dos dentes artificiais em relação à crista do rebordo remanescente, o que não é desejável do ponto de vista estético, pois pode comprometer o corredor bucal. 5. SELEÇÃO E MONTAGEM DE DENTES ARTIFICIAIS Segundo Telles, 2009: A Seleção dependerá de um conhecimento da dinâmica de reabsorção dos ossos alveolares, do envelhecimento da pele, da fisiologia muscular do terço inferior da face, da língua e até de alguma sensibilidade artística. 5.1. Tipos de dentes Porcelana: são caras e apresentam desvantagens, tais como: frequente deslocamento da prótese, a baixa resistência ao impacto, dificuldade de realização dos procedimentos de desgaste e caracterização na fase de montagem dos dentes, barulho ao ocluir. Resina: Presença de união química entre os dentes e a base da prótese. São resistentes a rachaduras e ao ataque de solventes orgânicos; apresentam mais resistência flexural e ao impacto; transmitem uma sensação de contato dentário agradável e menos trauma ao rebordo residual; são fáceis de serem desgastados e permitem acréscimos e o repolimento, facilitando a realização de ajustes estéticos e oclusais. Desvantagens: baixa tolerância ao meio bucal; demonstram-se pouco resistentes ao desgaste e susceptíveisà absorção de fluidos, o que compromete sua estabilidade físico-química; não possuem estabilidade de cor, e absorvem odores facilmente. 5.2. Tamanho Técnica da dinâmica labial – é de fácil execução, é simples pois não necessita de equipamentos especiais, é uma técnica que busca na própria fisiologia do paciente os parâmetros para a escolha dos dentes artificiais, o que propicia a obtenção de bons resultados clínicos, e a enorme aceitação de CDs e fabricantes. Nessa técnica, o CD deve marcar nos planos de cera a linha de sorriso alto, ou sorriso forçado, as comissuras labiais – distância intercaninos, a linha mediana e linha baixa. As medidas das distâncias irão determinar a altura e largura dos dentes da bateria labial superior e inferior – de canino a canino. Técnica das proporções faciais – As medidas dos elementos podem ser estabelecidas com o auxílio de réguas comuns ou de outros instrumentos de medições, medindo-se a altura e a largura da face nos pontos mais externos das órbitas, em tecido mole, e dividindo-se o valor obtido por 16. 5.3. Formato Formato do rosto do pct – avaliado em posição frontal, a partir da proporcionalidade de três linhas: (1) cabelo; (2) das ATMs; (3) dos ângulos da mandíbula. Se a linha do cabelo for mais longa, será triangular; se a linha das ATMs for mais longa, será ovóide, e se as três forem equivalentes, será quadrado. Biotipo – (1) Leptossômico, longilíneo; (2) Atlético, intermediário; (3) Pícnico, arredondado. Sexo, personalidade e idade 5.4. Cor Quando o paciente possuir dentes remanescentes, a escolha deve se nos basear mesmos. Para melhor escolha da cor, a fonte de luz utilizada deve ser de 5500 a 6500ºK e um índice de rendimento de cor determinado pela aproximação do objeto em relação à luz de 90%. Os incisivos devem ser um tom mais escuro que os caninos. Testar com a escala umedecida, e com luz natural. MONTAGEM Dentes anteriores – Os dentes devem ser posicionados obedecendo a essa conformação (conformação da base de cera com os ajustes pré-determinados) para que os resultados estéticos conseguidos com os planos de cera, relativos à sustentação dos tecidos do terço inferior da face, sejam obtidos também com os dentes montados. Dentes posteriores – Seguem a anatomia definida para os anteriores, e dependendo do caso selecionam-se dentes anatômicos, semi-anatômicos ou não anatômicos. Presença de 2º Molar – Pode facilitar a obtenção de uma oclusão balanceada, entretanto, o posicionamento destes dentes em forma de rampas para obter contatos posteriores geralmente traz mais problemas do que benefícios. Sequência de Montagem TELLES (chance do molar não estar alinhado, e não ter a oclusão de 2/1) TURANO (+ usado, + fisio e estético) Bateria labial superior Bateria labial superior Superiores post até 1º molar Bateria labial inferior Inferiores até 2º molar Superiores post até 1º molar 2º molar superior (Se houver necessidade) 1º molar inferior Gengiva PM e 2º PM inferior 2º molar inferior (se couber) Gengiva
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