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Prática de Patologia – Resumo - Samuel Pessoa, Maria de Fátima, Mateus Félix – MED91 Patologia Geral – Aula Prática 11 Aula 11 – Alterações Não-Neoplásicas de Desenvolvimento e Crescimento Celular Lâminas: 175, 29, 17, 219. Peças: Corações com insuficiência. Antes de começar, gostaria de lembrar a todos, como na prova passada: foco na MICROSCOPIA para estudar a prova PRÁTICA! Definição: Alterações de Desenvolvimento e Crescimento Celular podem ser do tipo embrionário, em forma de adaptações celulares reversíveis e neoplasias. São alterações devidas a estímulos diversos que influenciam no ritmo de crescimento e/ou desenvolvimento celular, seja por afetar estruturas iniciais (células indiferenciadas) de tecidos, seja por privá-los de componentes metabólicos, seja por alterações genéticas, etc. São ligadas a fatores diversos, especialmente ambientais, genéticos, patológicos e de hábitos. Sobre as adaptações celulares reversíveis (não-neoplásicas), vejamos... Tipos: as principais adaptações celulares reversíveis são: Atrofia: redução no tamanho e na funcionalidade da célula (e tecido). Hipertrofia: aumento no tamanho e na funcionalidade da célula. Hiperplasia: aumento no número de células do tecido. Metaplasia: diferenciação das células em diferentes tipos celulares (no mesmo tecido). Displasia: distúrbio no crescimento celular, proliferação desordenada, perda da uniformidade e arquitetura tecidual originais (mais relacionada, na prática, com as neoplasias, nas próximas aulas). Causas: são diversas, de acordo com o tipo celular, órgão atingido, extensão da adaptação, continuidade e intensidade do estímulo, etc. Principalmente deve ser compreendido que tais estímulos podem ser de natureza fisiológica ou patológica (como veremos nas lâminas). Consequências/Evolução: alteração no volume e na funcionalidade do órgão. A partir do momento em que o estímulo se torna crônico, as células podem evoluir para morte celular (ou alterações neoplásicas, como veremos nas próximas aulas). Normalmente, as alterações celulares são reversíveis, passando com a descontinuidade do estímulo. Vejamos as lâminas, focando na microscopia... Esquema geral de estudo: Definição Tipos Causas Consequências Evolução MICROSCOPIA Macroscopia Localização Prática de Patologia – Resumo - Samuel Pessoa, Maria de Fátima, Mateus Félix – MED91 Lâmina 175: Temos uma lâmina de tecido cardíaco, em que vemos a transição da área normal para a área de Hipertrofia do Músculo Cardíaco. As células têm seu citoplasma bem expandido; o estroma (tecido conjuntivo associado) também sofre aumento relativo, sendo visíveis áreas de fibrose relacionadas à hiperplasia. Microscopia: Não confundir o músculo esquelético com a musculatura lisa! Como vemos na imagem, as células do músculo liso são fusiformes, em forma uma rede. Vendo agora os campos da lâmina abaixo, temos a região normal (esquerda, já com transição para hipertrófica mais em baixo) em contraste com a região hipertrófica (direita). Na região hipertrófica, observam-se miocardiócitos alargados, com aumento do volume citoplasmático e nuclear. Nas setas, regiões de fibrose. Evolução: quando os estímulos são retirados, geralmente o tecido volta ao normal. No caso de continuação do estímulo, a persistência da hipertensão arterial sistêmica, por exemplo, o músculo pode perder a capacidade de contração (por exaustão) e o quadro de insuficiência cardíaca se instala (peça). Causas: hipertensão arterial sistêmica, chagas, estenose aórtica. Na hipertensão, o coração aumenta a massa para vencer a resistência (adaptação da sobrecarga). Macroscopia: Peso médio de um coração masculino é de 300g. Parede do ventrículo esquerdo normal: 1 e 1,5cm; Hipertrofia do ventrículo esquerdo: >2cm, com aumento significativo do peso. Insuficiência é vista na peça a seguir. Prática de Patologia – Resumo - Samuel Pessoa, Maria de Fátima, Mateus Félix – MED91 Localização: Pode ocorrer em qualquer célula ( nas células capazes de se multiplicar, ocorrerá hipertrofia e hiperplasia). Peças: Corações com insuficiência pós-hipertrofia de ventrículo esquerdo. Lâmina 29: Temos uma lâmina de pele, com regiões na extremidade que apresentam características normais de tecido epitelial (imagem). Ao avançar na lâmina, vemos uma região “bizarra”, com alterações bem evidentes. Reconhecimento das camadas normais : Córnea, granulosa, espinhosa, basal e a lúcida. Abaixo, as alterações começam a ficar visíveis... Aumento de todas as camadas (hipertrofia e hiperplasia). Observa-se papilomatose (grande número de papilas na interface derme-epiderme), infiltrado inflamatório (relacionado à causa). Granulações grosseiras típicas do HPV. Prática de Patologia – Resumo - Samuel Pessoa, Maria de Fátima, Mateus Félix – MED91 Causas: Calo, verruga, HPV, medicamentos, processos inflamatórios (psoríase), doença auto-imune, infecção viral (a causa mais provável neste caso) - no entanto, não é possível ver na célula o efeito do vírus*. No máximo é possível identificar a produção de grânulos querato- hialinos grosseiros na camada granulosa espessa. *Obs: a célula com efeito do vírus chama-se coilócito (imagem a direita). Este se caracteriza pelo halo em volta do núcleo e não é visto com frequência em lesões antigas. Evolução: Após a retirada do estimulo, as camadas tendem retornar ao normal. Lâmina 17: Temos uma lâmina de próstata, com regiões normais sendo comprimidas por regiões de estroma mais grosseiro – hiperplasia. Tal hiperplasia é chamada Hiperplasia Nodular da Próstata, como podemos ver no aspecto histológico panorâmico na imagem abaixo. Prática de Patologia – Resumo - Samuel Pessoa, Maria de Fátima, Mateus Félix – MED91 Os “círculos” (setas) são as regiões de parênquima normal glandular, que são “espremidas” pelas regiões hiperplásicas mais grossas, que acabam delimitando esses “círculos”. Podemos ver, nas imagens, as regiões normais (dentro dos “nódulos”) e a transição para a parte hiperplásica, respectivamente, com posterior “zoom” no aspecto hiperplásico da transição. Microscopia: Diferenciar a região normal da região alterada. Região normal: Estroma, músculo liso, glândulas e células epiteliais com altura normal. Região alterada: Múltiplos nódulos (contendo: hiperplasia das glândulas e do estroma = HIPERPLASIA MIOFIBROGLANDULAR); As células epiteliais que vão compor a glândula apresentam-se hipertrofiadas (além da ocorrência de hiperplasia local) e com aumento de sua altura. Glândulas: Células luminais (eosinofílicas) e células basais ( basofílicas) Células luminais = hiperplasia e hipertrofia Células do estroma e musculares = hipertrofia Prática de Patologia – Resumo - Samuel Pessoa, Maria de Fátima, Mateus Félix – MED91 Causas: Todos os homens vão ter hiperplasia prostática se viverem o suficiente (ou será que isso é apenas invenção dos proctologistas? Pense nisso...). A teoria para a hiperplasia prostática em homens idosos é a alteração da quantidade de hormônios (diminuição da testosterona e manutenção da dihidrotestosterona (DHT)). Observação: Enquanto a hiperplasia da próstata ocorre principalmente nas zonas central e de transição, o câncer surge na região periférica do órgão. Fora do nódulo, as glândulas ficam hipotróficas ou atróficas por causa da compressão. Questionamentos: Qual seria o problema de uma hiperplasia central da próstata? R: Obstrução da uretra com o consequente prostatismo (retenção urinária). O que explicaria o fato de algumas glândulas sofrerem hiperplasia e outras não? R: A resposta diferenciada das glândulas aos hormônios. Tratamento: Bloqueadores enzimáticos. Lâmina 219:Temos, por último, uma lâmina de colo de útero, com uma das possíveis e comuníssimas metaplasias fisiológicas. À medida que a mulher passa pelo período da menarca, estímulos hormonais fazem com que ocorra um aumento do colo. Este crescimento determina a eversão do colo, com a exposição da endocérvice à flora vaginal e ao pH vaginal. A resistência a essas agressões ocorre por meio da metaplasia: o epitélio da endocérvice, que era simples, torna-se estratificado. Além disso, a mucosa do colo pode apresentar infiltrado inflamatório como resposta à exposição do endocérvice à flora normal de lactobacilos. Microscopia: Observa-se parte do epitélio vaginal, escamoso estratificado não queratinizado. Este padrão epitelial também compõe a parte do colo uterino chamada ectocérvice. A outra parte do colo uterino, a endocérvice, é formada por epitélio simples cubóide a colunar (sendo que a altura da célula vai depender de estimulação hormonal). Nesta região existem glândulas, o que não Prática de Patologia – Resumo - Samuel Pessoa, Maria de Fátima, Mateus Félix – MED91 ocorre na ectocérvice. A junção entre ectocérvice e endocérvice chama-se Junção Escamo Colunar (JEC), indicada nas setas das figuras acima (fácil identificar com a mudança do padrão epitelial). Como inferir que ocorreu metaplasia? A ocorrência desta é confirmada quando se encontram glândulas subjacentes ao epitélio estratificado, “abaixo” da JEC (no caso da nossa lâmina). Essas glândulas podem ser vistas abaixo (à esquerda, em comparação com as glândulas da endocérvice, secretoras de muco, à direita). Cisto de Naboth Quando o epitélio estratificado prolifera e se estende até a abertura do ducto da glândula na superfície, obstruindo-a, forma-se o cisto de Naboth (imagem). Este é formado pelo acúmulo de secreção na glândula cervical, o que pode causar até atrofia das células glandulares. (Imagem:http://www.misodor.com/clip_image012_0004.gif) Boas provas a todos – qualquer correção ou dúvida, avise-nos! http://www.misodor.com/clip_image012_0004.gif
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