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EMBRIOLOGIA: PATOLOGIAS DE CABEÇA E PESCOÇO Cistos branquiais, seios cervicais, fístula cervical, fístula do seio piriforme, vestígios cervicais, síndrome do primeiro arco faríngeo e síndrome de Digeorge. Curso de Medicina Sulcos: As regiões da cabeça e do pescoço do embrião exibem quatro sulcos (fendas branquiais), em cada lado, durante a quarta e quinta semanas. Esses sulcos separam os arcos externamente. Os outros sulcos situam-se em uma depressão do tipo fenda (seios cervicais) e são normalmente obliterados com o seio conforme o pescoço se desenvolve. Os cistos braquias são remanescentes de partes do seio cervical e/ou do segundo sulco que podem persistir. Anomalias congênitas do segundo sulco são relativamente comuns. EMBRIOLOGIA Remanescentes de partes do seio cervical e/ou do segundo sulco podem persistir e formar um cisto esférico ou alongado. Embora eles possam estar associados aos seios cervicais e drenar através deles, os cistos frequentemente se situam livres no pescoço, imediatamente inferior ao ângulo da mandíbula. Entretanto, eles podem se desenvolver em qualquer lugar ao longo da borda anterior do músculo esternocleidomastóideo. CISTOS CERVICAIS (branquiais) músculo esternocleidomastóideo Os cistos cervicais, geralmente, não se tornam aparentes até o final da infância ou o início da idade adulta, quando produzem uma tumefação de crescimento lento e indolor no pescoço. Os cistos aumentam devido ao acúmulo de líquido e debris celulares derivados da descamação de seus revestimentos epiteliais. CISTOS CERVICAIS (branquiais) O inchaço no pescoço de um menino foi produzido por um cisto cervical. Frequentemente esses grandes cistos situam-se livremente no pescoço, logo abaixo do ângulo da mandíbula, mas podem se desenvolver em qualquer lugar ao longo do bordo anterior do músculo esternocleidomastóideo, como neste caso. Tomografia computadorizada da região do pescoço de uma mulher de 24 anos de idade, com história de 2 meses de um nódulo no pescoço mostra um cisto cervical de baixa densidade (C) que é anterior ao músculo esternocleidomastóideo (S). É possível observar a artéria carótida externa (seta) e a veia jugular externa (seta tracejada). Tratamento: O tratamento de seios e cistos branquiais é eminentemente cirúrgico. Feito após a remissão da resposta inflamatória, deve extirpar completamente o cisto e suas comunicações, seja com a orofaringe ou a pele. CISTOS CERVICAIS (branquiais) Os seios cervicais externos são raros, e muitos resultam da falha na obliteração do segundo sulco e do seio cervical. Tipicamente, o seio abre-se ao longo da borda anterior do músculo esternocleidomastóideo no terço inferior do pescoço. As anomalias de outros sulcos faríngeos ocorrem em aproximadamente 5% dos neonatos. SEIOS CERVICAIS (branquiais) Figura: base embriológica de vários tipos de seios cervicais. Os seios cervicais internos se abrem nos seios tonsilares ou próximo ao arco palatofaríngeo Esses seios são raros. A maioria resulta da persistência da parte proximal da segunda bolsa. Essa bolsa geralmente desaparece conforme a tonsila palatina se desenvolve; seu remanescente normal é o seio tonsilar. Seios externos são geralmente detectados durante a infância em consequência da descarga de muco a partir deles. Os seios cervicais externos são bilaterais em aproximadamente 10% dos neonatos afetados e normalmente estão associados aos seios auriculares. SEIOS CERVICAIS (branquiais) Uma fístula cervical é um canal anormal que geralmente se abre internamente no seio tonsilar e externamente na lateral do pescoço. O canal resulta da persistência de partes do segundo sulco e da segunda bolsa. A fístula ascende de sua abertura no pescoço através do tecido subcutâneo e do músculo platisma para alcançar a bainha da carótida. A fístula, em seguida, passa entre as artérias carótidas interna e externa e se abre no seio tonsilar. FÍSTULA CERVICAL (branquial) Bolsas faríngeos são divertículos semelhantes a balões; cada uma das quatro bolsas se desenvolve do endoderma. Segunda bolsa: o endoderma forma o epitélio superficial e o revestimento das criptas tonsilares; Embriologia revisão Acredita-se que a fístula do seio piriforme resulte da persistência de remanescentes do corpo ultimofaríngeo ao longo de seu trajeto para a glândula tireoide. FÍSTULA DO SEIO PIRIFORME As cartilagens faríngeas normalmente desaparecem, exceto as partes que formam ligamentos ou ossos. Entretanto, em casos raros, remanescentes cartilaginosos ou ósseos das cartilagens dos arcos faríngeos aparecem sob a pele na lateral do pescoço. Eles são geralmente encontrados em posição anterior no terço inferior do músculo esternocleidomastóideo. VESTÍGIOS CERVICAIS Os arcos faríngeos consistem em um centro de mesênquima recoberto externamente por ectoderma e internamente por endoderma; Durante a 3ª semana o mesênquima deriva do mesoderma; Embriologia revisão Um vestígio branquial cartilaginoso (seta) em um pescoço de uma criança Apresenta aurícula deformada da orelha externa, o apêndice pré- auricular, defeito na bochecha entre a aurícula e a boca, hipoplasia (subdesenvolvimento) da mandíbula e macrostomia (boca grande). O desenvolvimento anormal dos componentes do primeiro arco resulta em várias anomalias congênitas dos olhos, das orelhas, da mandíbula e do palato, que juntos constituem a síndrome do primeiro arco. Acredita-se que esse defeito congênito seja resultado de migração insuficiente de células da crista neural para o primeiro arco durante a quarta semana. SÍNDROME DO PRIMEIRO ARCO FARÍNGEO Separa-se nas proeminências maxilar e mandibular; forma a maxila, osso zigomático e uma porção do osso vômer; origina os músculos da mastigação. Embriologia revisão 1º arco: A síndrome de Treacher Collins (disostose mandibulofacial): é um distúrbio autossômico dominante caracterizado por hipoplasia malar (subdesenvolvimento dos ossos zigomáticos da face) com fissuras palpebrais com inclinação para baixo, defeitos das pálpebras inferiores, orelhas externas deformadas e alguns defeitos das orelhas média e interna. A sequência de Pierre Robin: normalmente ocorre de novo na maioria dos pacientes e está associada à hipoplasia (subdesenvolvimento) da mandíbula, fenda palatina e defeito dos olhos e das orelhas. Raramente, ela é herdada em um padrão dominante autossômico. No complexo morfogenético de Robin, o defeito inicial é uma mandíbula pequena (micrognatia), que resulta em deslocamento posterior da língua e obstrução ao fechamento total dos processos palatinos, resultando em uma fenda palatina bilateral. Existem duas manifestações principais da síndrome do primeiro arco: 1. 2. SÍNDROME DO PRIMEIRO ARCO FARÍNGEO Anomalias congênitas do lábio e do palato. A, Criança com fenda labial unilateral esquerda e fenda palatina. B, Criança com uma fenda labial bilateral e fenda palatina. SÍNDROME DE DIGEORGE Timo e as paratireóides são originados pelo revestimento epitelial endodérmico das bolsas faríngeas. O timo é o primeiro órgão linfoide a se desenvolver durante a ontogênese. No ser humano, os primórdios de tecido tímico surgem no final da quinta semana da vida embrionária. 3ª Bolsa - Timo e superfície ventral da paratireoide. 4ª Bolsa – Superfície dorsal da paratireoide. Embriologia revisão Crianças com síndrome de DiGeorge nascem sem o timo e as glândulas paratireoides e apresentam defeitos no débito cardíaco. Em alguns casos, tecido glandular ectópico pode ser encontrado. Vista anterior da glândula tireoide, timo e das glândulas paratireoides ilustrando defeitos de nascimento. que podem ocorrer. SÍNDROME DE DIGEORGE As anormalidades faciais resultam, principalmente, do desenvolvimento anormal dos componentes do primeiro arco, pois as células da crista neural são interrompidas, e as anomalias cardíacas surgem em locais normalmente ocupados pelas células da crista neural. A maioria dos casos de síndrome de DiGeorge apresenta uma microdeleção na região q11,2 docromossomo 22 (inativação dos genes TBX1, HIRA e UFDIL) e tem defeitos das células da crista neural. A síndrome de DiGeorge ocorre em consequência da terceira e quarta bolsas faringeas não se diferenciarem em timo e glândula paratireoide. Isto é o resultado de um colapso na sinalização entre o endoderma faríngeo e as células da crista neural adjacente. SÍNDROME DE DIGEORGE Apenas 1,5% das crianças apresenta a forma completa de deficiência de células T; Aproximadamente 30% apresentam apenas uma deficiência parcial. A doença é caracterizada por hipoparatireoidismo congênito, suscetibilidade aumentada às infecções (a partir de deficiência imune, especificamente função defeituosa das células T), defeitos congênitos da boca (filtro do lábio superior encurtado), orelhas chanfradas e com implantação baixa, fendas nasais, hipoplasia da tireoide e anormalidades cardíacas (defeitos do arco aórtico e do coração). As características dessa síndrome variam muito, mas a maioria das crianças apresenta algumas das características clássicas anteriormente descritas. Moore, K.L.; Persaud, T.V.N.; Torchia, M.G. 2013. Embriologia clínica. 9. ed. Editora Elsevier. REFERÊNCIAS
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