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PRÁTICA SIMULADA V (CÍVEL) - CCJ0151 Título Caso Concreto 4 Descrição CASO CONCRETO: OAB 2010.3 - PROVA PRÁTICO - PROFISSIONAL - ÁREA: DIREITO CONSITUTCIONAL. Tício, brasileiro, casado, engenheiro, na década de setenta, participou de movimentos políticos que faziam oposição ao Governo então instituído. Por força de tais atividades, foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações. Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado, organizados por agentes federais. Após longos anos, no ano de 2010, Tício requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo o seu pedido indeferido, em todas as instâncias administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisório, na necessidade de preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos. Tício, inconformado, procura aconselhamentos com seu sobrinho Caio, advogado, que propõe apresentar ação judicial para acessar os dados do seu tio. Na qualidade de advogado contratado por Tício, redija a peça cabível ao tema, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural. EXCELENTÍSSIMO SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA TÍCIO, nacionalidade, estado civil, engenheiro, portador do RG n°... e do CPF n°..., residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa..., com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento nos termos do art. 5º, LXXII da CRFB/88 e da Lei n° 9507/97 vem impetrar o presente HABEAS DATA em face do Ministro de Estado da Defesa, com sede funcional..., aduzindo para tanto o que abaixo se segue. I. DOS FATOS O impetrante, em sua juventude, participou de diversos movimentos políticos que se opunham ao modelo governista imposto no Brasil. Por essa razão foi, por diversas vezes, preso em investigações, ocasiões em que teve seus dados transcritos em fichas de informações pelos órgãos de segurança de Estado. No ano de 2010, o impetrante requereu acesso às suas informações pessoais, obtendo resposta negativa quanto ao seu pedido em todas as instâncias administrativas. O Ministro de Estado da Defesa, a quem por último recorreu o impetrante, ofertou sua negativa alegando a preservação do sigilo das atividades do Estado. Diante das violações da intimidade e dos demais direitos o impetrante propõe o presente Habeas Corpus. II. DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA O impetrante deseja receber informações pessoais, sendo, portanto, legitimo para a propositura da ação. O Ministro de Estado de Defesa é a legitima autoridade coatora, tendo em vista que negou prestar as informações quando poderia reverter as decisões das instâncias inferiores e não o fez. III. DA PROVA DA RECUSA À INFORMAÇÃO O impetrante teve seu pedido negado em todas as instâncias administrativas, conforme documentos anexos, cumprindo assim requisito imposto pelo art. 8º, I, da Lei 9507/97. IV. DOS FUNDAMENTOS A Constituição de 1988 garante ao cidadão o direito a pleitear suas informações pessoais, quando negado administrativamente, por meio do Habeas Data, conforme Art. 5 º, LXXII, “a”. O direito do impetrante está claramente sofrendo violação quando lh e é negado o direito às informações pessoais. A autoridade coatora comete verdadeiro abuso de direito, alegando defesa ao interesse do Estado, voltando contra a Constituição da República. É direito do impetrante ter acesso às informações pessoais, e quando o Estado se nega a efetuar a prestação do serviço há uma clara violação ao direito à intimidade e a vida privada, princípios previstos no Art. 5º, X. Conforme entendimento do Professor Diomar Ackel Filho: "Habeas data é a ação mandamental, sumária e especial, destinada à tutela dos direitos de cidadão a frente dos bancos de dados, a fim de permitir o fornecimento das informações registradas, bem como sua retificação, em caso de não corresponder à verdade" Nesse sentido temos o entendimento sufragado pelo e. Supremo Tribunal Federal, verbis: EMENTA: CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. HABEAS DATA. C.F., ART. 5º, LXIX E LXXII. Lei 9.507/97, art. 7º, I. I. - O habeas data tem finalidade específica: assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, ou para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo (C.F., art. 5º, LXXII, a e b). II. - No caso, visa a segurança ao fornecimento ao impetrante da identidade dos autores de agressões e denúncias que lhe foram feitas. A segurança, em tal caso, é meio adequado. Precedente do STF: MS 24.405/DF, Ministro Carlos Velloso, Plenário, 03.12.2003, "DJ" de 23.4.2004. III. - Recurso provido. (RMS 24617, Relator Min. CARLOS VELLOSO, 2ª Turma, julgado em 17/05/2005, DJ 10-06-2005) (grifei) Diversos direitos fundamentais do impetrante estão sendo violados pela atitude errônea da autoridade coatora e consequentemente do Estado. O direito a informação está previsto no Art. 5º, XIV da CRFB/88, tal princípio assegura ao cidadão o direito de acesso às informações. A dignidade da pessoa humana sofre grave violação no caso concreto, tendo em vista que informações pessoais, de um período importante para o impetrante, lhe são negadas sem nenhuma justificativa legal. Viola-se também o Art. 5º, XXXIII, que versa ser direito a todos receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular. V. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, requer a V. Exa.: a) que seja notificada a autoridade coatora para que preste as informações que julgar necessárias; b) a procedência do pedido de habeas data, para que seja assegurado ao Impetrante o acesso às informações de seu interesse; c) a intimação do Representante do Ministério Público; d) a juntada dos documentos que comprovam a recusa na prestação das informações. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 para efeitos procedimentais. Termos em que, pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB n.º...
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