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DIRETORIA DA FEBRASGO 2016 / 2019 Alex Bortotto Garcia Vice-Presidente Região Centro-Oeste Flavio Lucio Pontes Ibiapina Vice-Presidente Região Nordeste Hilka Flávia Barra do E. Santo Vice-Presidente Região Norte Agnaldo Lopes da Silva Filho Vice-Presidente Região Sudeste Maria Celeste Osório Wender Vice-Presidente Região Sul César Eduardo Fernandes Presidente Corintio Mariani Neto Diretor Administrativo/Financeiro Marcos Felipe Silva de Sá Diretor Científico Juvenal Barreto B. de Andrade Diretor de Defesa e Valorização Profissional Imagem de capa e miolo: foxie/Shutterstock.com COMISSÃO NACIONAL ESPECIALIZADA EM GINECOLOGIA INFANTO PUBERAL - 2016 / 2019 Presidente Marta Francis Benevides Rehme Vice-Presidente Zuleide Aparecida Felix Cabral Secretária Denise Leite Maia Monteiro Membros Cláudia Lúcia Barbosa Salomão Elaine da Silva Pires Araujo José Alcione Macedo Almeida Liliane Diefenthaeler Herter Márcia Sacramento Cunha Machado Maria Virginia Furquim Werneck Marinho Ricardo Cristiano Leal da Rocha Romualda Castro do Rego Barros Rosana Maria dos Reis Puberdade normal, precoce e tardia Cezar Noboru Matsuzaki1 Ivy Narde1 José Alcione Macedo Almeida1 Descritores Puberdade normal; Puberdade precoce; Puberdade precoce central; Puberdade precoce periférica; Puberdade tardia CID E30 (transtornos da puberdade); E30.1 (puberdade precoce); E30.0 (puberdade tardia) Como citar? Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA. Puberdade normal, precoce e tardia. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Ginecologia, nº 20/Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal). Introdução A puberdade é o período de transição da infância à idade adulta, em que as meninas crescem (estirão do crescimento) e adquirem a ca- pacidade de reprodução. Quando se dá a ativação eixo hipotálamo -hipófise-ovariano (HHO) com produção hormonal pelos ovários, levando ao aparecimento dos caracteres sexuais secundários, que são a telarca (desenvolvimento de mamas) e a pubarca (desenvolvi- mento dos pelos pubianos).(1) Essas mudanças que ocorrem na puberdade seguem uma se- quência de eventos que acontecem em determinado período de 1Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. *Este protocolo foi validado pelos membros da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal e referendado pela Diretoria Executiva como Documento Oficial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de Ginecologia nº 20, acesse: https://www.febrasgo.org.br/protocolos 4 Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 tempo. Na maioria, em 85% das meninas, a sequência habitual do desenvolvimento inicia com a telarca, seguida pela pubarca e me- narca (primeira menstruação).(2) A menarca ocorre geralmente em 2 a 2,5 anos após o início da telarca.(3,4) Para avaliar o grau de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, utilizam-se os critérios de Marshall e Tanner, que con- sistem em cinco estágios, sendo que o estágio 1 representa o estado pré-puberal; e o estágio 5, o desenvolvimento adulto completo.(3) Telarca: M1: ausência de desenvolvimento mamário, estágio infantil. M2: aparecimento do broto mamário. M3: crescimento de mama e aréola, sem separação de contornos. M4: projeção da papila e aréola acima do contorno da mama. M5: projeção apenas da papila e retorno da aréola ao contorno da mama. Pubarca: P1: ausência de pelos pubianos. P2: pelos finos e lisos na borda dos grandes lábios. P3: aumento na quantidade de pelos nos grandes lábios e na sínfise púbica, pelos mais escuros e crespos. P4: pelos escuros, crespos e grossos nos grandes lábios, na sín- fise púbica e no períneo. P5: pelos terminais abundantes na sínfise, no períneo e na raiz das coxas. O determinismo da puberdade depende de muitos fatores as- sociados, como os genéticos, a saúde geral, a obesidade e os fatores ambientais, incluindo os disruptores endócrinos.(5-8) O tempo em que a puberdade acontece influencia diretamente na estatura final do indivíduo. No período do estirão de crescimen- 5 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 to, ocorre o ganho de 17% a 18% da estatura final.(9) Portanto, a maturação puberal mais cedo está relacionada à estatura final um pouco menor.(10,11) O estímulo constante do E2 leva ao fechamento da cartilagem de crescimento e, portanto, a menarca coincide com a fase descendente do estirão de crescimento, sendo que o ritmo de crescimento diminui significantemente até parar. Definição A definição de puberdade precoce é o início da puberdade antes dos 8 anos de idade em meninas. Classificação • Puberdade precoce central (PPC) ou verdadeira, gonadotrofi- na-dependente, é quando ocorre um amadurecimento precoce do eixo HHO. O padrão de desenvolvimento dos eventos pu- berais, baseado no período de tempo de evolução, costuma ser normal. • Puberdade precoce periférica (PPP) ou gonadotrofina-inde- pendente, causada pelo excesso de secreção de hormônios pe- los ovários ou adrenais ou pela presença de hormônios exóge- nos. Nesses casos, a sequência dos eventos puberais pode não seguir o habitual, ocorrendo, por exemplo, um sangramento vaginal que precede o desenvolvimento das mamas.(12) • Variações consideradas benignas ou não progressivas incluem a telarca precoce isolada e a pubarca precoce isolada. A telarca precoce isolada: geralmente, idiopática, autolimitada, não leva a uma progressão da idade óssea. Não necessita de tratamento, mas requer seguimento, pois, em 10% a 20% dos casos, pode evoluir para uma puberdade pre- coce completa. 6 Puberdade normal, precoce e tardia Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 Etiologia Puberdade precoce central: • Idiopática: o diagnóstico de exclusão representa cerca de 80% a 90% dos casos em meninas.(13) • Lesão de sistema nervoso central (SNC) - Hamartomas: o tipo mais frequente de tumor de SNC e que leva a quadro de puberdade precoce em crianças mais jovens. - Outros tumores de SNC: astrocitomas, ependimomas, pine- alomas e gliomas. - Irradiação de SNC: nesses casos, estão, comumente, asso- ciados à deficiência de hormônio do crescimento (GH). - Outras lesões de SNC: hidrocefalia, cistos de SNC, trauma, doenças inflamatórias e deficiências congênitas como a hi- poplasia do nervo óptico. • Genéticas: alterações genéticas específicas estão associadas à PPC, mas são identificadas apenas na minoria dos casos. - Mutação do gene que codifica a Kisspeptina 1 (KISS1) e o seu receptor KISS1R acoplado à proteína G (estes genes es- timulam o eixo HHO). - Mutação do gene MKRN3 (makorin ring finger protein 3) (este gene inibe o eixo HHO). - Mutação do gene DLK1 (Delta-like 1 homolog) (este gene ini- be o eixo HHO). • Exposição prévia a hormônios, levando à ativação precoce do eixo HHO, como, por exemplo, nos casos de Síndrome de McCune Albright, causa de puberdade precoce periférica que pode evoluir para uma PPC. Puberdade precoce periférica: 7 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 • Cistos ovarianos funcionais são a principal causa de PPP. • Tumores ovarianos são causas raras de PPP, destacando-se o tumor de células da granulosa. • Hipotireoidismo primário. • Hormônios exógenos: como exposição de crianças a gel de es- trogênio para terapia hormonal na pós-menopausa ou alimen- tos contaminados com estrogênio, fitoestrogênios (soja), etc. • Tumores adrenais ou hiperplasia adrenal congênita com au- mento de androgênios que pode levar a casos de PPP heteros- sexual (levando à virilização das meninas). • Síndrome de McCune Albright (SMA), composta por PPP, manchas café com leite na pele e displasia fibrosa poliostótica. Ocorre a formação de cistos ovarianos funcionantes que levam à secreção de estradiol e sangramento vaginal intermitente. Diagnóstico O diagnóstico da puberdade precoce é clínico, início do desenvol- vimento puberalantes de 8 anos nas meninas. Mas a avaliação e o acompanhamento em consultas sequenciais são importantes para definir as pacientes que necessitam de tratamento. Inicialmente, recomenda-se consultas mensais ou, no máximo, trimestrais. A anamnese deve avaliar o início e a evolução dos caracteres sexuais e do estirão de crescimento e correlacionar com a idade da puberda- de das parentes mais próximas. As presenças de cefaleia, alteração visual, trauma ou doença prévia de SNC devem ser questionadas. A possibilidade de exposição a hormônios não deve ser esquecida. No exame físico, deve ser avaliado o peso, a altura, o cálculo da veloci- dade de crescimento (cm/ano). O exame dermatológico para afas- tar manchas na pele e o exame de campo visual também são im- 8 Puberdade normal, precoce e tardia Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 portantes. O exame físico abdominal e de órgãos genitais deve ser realizado. A avaliação do desenvolvimento mamário e a dos pelos pubianos mediante os critérios de Tanner também são utilizadas para acompanhar a eficácia do tratamento. No exame ginecológico, avaliam-se os sinais de atividade estrogênica como aumento do de- pósito de gordura no monte pubiano e grandes lábios, a coloração rósea do vestíbulo vulvar e o espessamento da membrana himenal e do trofismo vaginal (Figura 1). Puberdade precoce - Diagnóstico Anamnese Exame físico geral Peso e estatura Manchas café com leite na pele Campo visual e fundo de olho Palpação da tireóide Galactorréia Estágio de Tanner Estágio de Tanner Massa tumoral Hipotireoidismo Alterações de SNC McCune Albrigth Curva de crescimento Palpação Pelos Coloração mucosa do vestíbulo Espessamento do hímen Tro�smo vaginal Mamas Abdome OGE • Sequência dos eventos puberais • Tempo entre telarca, pubarca e menarca • Antecedentes de doenças ou trauma do SNC • Exposição à hormônios, cefaléia, convulsões, galactorréia, dor abdominal Estrogenização Figura 1. Diagnóstico da puberdade precoce 9 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 Exames de raios X de mãos e punhos para avaliar a idade óssea é muito importante para determinar a maturação óssea e também programar a necessidade de tratamento. Uma idade óssea avança- da maior que dois desvios padrão com relação à idade cronológica é bastante indicativa de puberdade precoce completa e que, por con- seguinte, necessita de tratamento. Os exames laboratoriais servem para diferenciar os casos de PPC e da PPP. Inicialmente, realiza-se a dosagem sérica basal de LH, FSH e Estradiol. A dosagem de LH ba- sal avaliada pelo método imunofluorométrico (IFMA) possui valor de corte 0,6 U/L. Portanto, níveis acima de 0,6 U/L mostram ati- vação do eixo HHO, com isso, caracterizando a puberdade precoce como central. Quando a avaliação do nível sérico de LH é realizada pelo método de imunoquimioluminescência (ICMA), a sensibili- dade é maior e o valor de corte menor ou igual a 0,3 U/L.(14) (A) Portanto, concentrações pré-puberais (<0,3 U/L), provavelmente, estão relacionadas com a PPP ou a variante benigna da puberdade precoce. Concentrações de LH basal >0,3 U/L mostram a ativação do eixo HHO e, logo, de PPC. A dosagem de FSH basal revela-se um exame limitado para avaliar a ativação do eixo HHO, pois apresenta uma sobreposição muito grande dos níveis pré-puberais/puberais. O teste de estímu- lo com GnRH consiste na dosagem seriada de LH (tempos 0,15 min, 30 min, 45 min), após estímulo com 100 mcg de GnRH en- dovenoso. Esse exame é realizado nas situações em que a suspeita de puberdade precoce seja de origem central, mas que a dosagem de LH basal tenha indicado níveis pré-puberais. Nas pacientes com PPC, o nível sérico de LH será >6,9 U/L (IFMA) e >5 (ICMA) após o estímulo com GnRH.(15) Nesses casos, também, pode-se realizar a dosagem de LH 2 horas após a utilização do análogo de GnRH 10 Puberdade normal, precoce e tardia Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 (Leuprolide). Nas pacientes com PPC, a dosagem de LH 2 horas após a aplicação da primeira dose de análogo de GnRH será >10 U/L (IFMA). A dosagem de LH 2 horas após a utilização das doses subsequentes do análogo de GnRH, também, serve para acompa- nhar a eficácia da medicação no bloqueio de eixo gonadal com ní- veis séricos <4 U/L (IFMA), mostrando adequado tratamento.(16) Deve-se, ainda, realizar a avaliação do perfil androgênico (testos- terona total e livre, androstenediona e S-DHEA). As dosagens de 17 OH-pregnenolona, 17 OH-progesterona e 11 desoxicortisol em condição basal ou após estímulo com ACTH são importantes para o diagnóstico da hiperplasia adrenal congênita por deficiência de 3 beta HSD, 21-hidroxilase ou 11-hidroxilase, respectivamente. Em crianças com a suspeita de hiperplasia adrenal congênita por de- ficiência da 21 hidroxilase, a dosagem de 17 OH-progesterona no início da manhã, com resultado entre 82 ng/dL e 200 ng/dL, indica a necessidade da realização do teste de estímulo de ACTH. Um va- lor de 17 OH-progesterona >200 ng/dL tem uma alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de hiperplasia adrenal congê- nita.(17) Se existe a suspeita de que um quadro de hipotireoidismo primário seja a causa da puberdade precoce, a dosagem de TSH e T4 livre torna-se necessária. A realização de um exame de ressonância magnética de crâ- nio com contraste é recomendada para a avaliação do SNC. A baixa prevalência de lesões de SNC em meninas que iniciaram a puber- dade precoce entre 6 a 8 anos de idade põe em questão a neces- sidade deste exame em meninas acima de 6 anos.(18) O exame de ultrassonografia pélvica é importante para a avaliação do útero e dos ovários, afastando a presença de cistos ou tumores. Nos casos suspeitos de tumor do córtex da suprarrenal, a tomografia compu- 11 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 tadorizada e a ressonância magnética são os exames de primeira linha para investigação (Figura 2). Puberdade precoce - Diagnóstico Raio X de mãos para idade óssea Dosagens hormonais USG pélvico e CT ou RM de abdome Ressonância magnética de crânio LH basal LH após estímulo LH após estímulo com análogo de GnRH Per�l androgênico, TSH e T4l Cistos foliculares e tumores de ovário e adrenal Hiperplasia adrenal congênita Hipotiroidismo > 10UI/L (IFMA) • < 6,9UI/L (IFMA) ou < 5UI/L (ICMA) • < 0,6 UI/L (IFMA) ou < 0,3 UI/L (ICMA) • DP > 2 anos Lesões do SNC Figura 2. Diagnóstico da puberdade precoce Tratamento O principal objetivo do tratamento é permitir que a criança atinja a altura mais próxima do seu potencial de estatura geneticamente de- terminado. Além da estatura final, tem-se como objetivo do tratamen- to evitar as consequências psicológicas da PP, incluindo riscos para distúrbios emocionais e problemas de comportamento, bem como a ansiedade dos pais dessas meninas.(19) Uma avaliação criteriosa deve ser realizada para definir os casos que necessitam de tratamento. A decisão de tratar ou não depende da idade da criança, da idade ós- sea, da velocidade de progressão dos eventos puberais e da previsão de estatura final. Assim, a progressão do desenvolvimento puberal e 12 Puberdade normal, precoce e tardia Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 a velocidade de crescimento, geralmente, devem ser acompanhadas durante 3 a 6 meses antes de se tomar uma decisão sobre o trata- mento.(19) Quando não ocorre a progressão do estágio de Tanner do desenvolvimento mamário e dos pelos pubianos num período de 3 a 6 meses, considera-se a forma não progressiva da PP, que não requer tratamento.(20) No período da puberdade, as meninas têm um ganho total de 20 a 25 cm na altura. Portanto, a altura com a qual se inicia a puberdade deve ser considerada, pois, avaliando a previsão de altura final, pode-se saber se a menina terá potencial para atingir seu alvo es- tatural. Crianças que iniciam a PP muito jovens e têm um rápido pro- gresso do desenvolvimento terãofusão epifisária precoce, com menor estatura final e, portanto, são as que mais se beneficiam da terapia. As meninas que iniciam o tratamento antes dos 6 anos de idade ganham uma média de 9 a 10 cm na estatura final, enquanto que aquelas que iniciam entre 6 e 8 anos de idade ganham de 4,5 a 7,2 cm no final.(19) As meninas com idade óssea muito avançada no momento do diagnósti- co beneficiam-se menos do tratamento, pois o ganho de estatura final é pouco significativo.(21) Crianças com PPC e que já estejam perto da idade da puberdade normal ou que tenham uma variante lentamente progressiva da PP não se beneficiam do tratamento.(22,23) Tratamento da PPC O tratamento da PPC idiopática é realizado com a utilização do análogo de GnRH, substância que leva à estimulação contínua das células hipo- fisárias responsáveis pela secreção de gonadotrofinas. Ao contrário da secreção pulsátil fisiológica do GnRH hipotalâmico, essa estimulação contínua promove a dessensibilização dos gonadotrofos e a inibição de secreção do FSH e LH, com o bloqueio do eixo HHO.(24) Apesar das diferentes vias de administração, dosagem e duração da ação, todos os 13 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 análogos são eficazes.(25,26) A escolha de determinado agente depende da preferência do paciente e do médico, além da aprovação de comer- cialização local.(19) Na prática clínica, utiliza-se o Acetato de Leuprolide em suspensão de depósito (3,75 mg a cada 28 dias ou 11,25 mg a cada 84 dias), intramuscular.(27) Além da utilização do análogo de GnRH, deve-se realizar o tratamento específico nos casos em que se identi- fique lesão de SNC. Os hamartomas hipotalâmicos, muitas vezes, são acompanhados por meio da RNM de crânio sem a necessidade de tra- tamento cirúrgico, exceto em casos sintomáticos (convulsões, etc.).(28) O seguimento dessas pacientes em tratamento deve ser realizado me- diante consultas a cada 3 a 6 meses. Deve-se acompanhar a evolução dos caracteres sexuais, sendo que o desenvolvimento das mamas pre- cisa estacionar ou até regredir, enquanto que o desenvolvimento dos pelos pubianos pode evoluir por causa da adrenarca. A velocidade de crescimento e o avanço da idade óssea (solicitada a cada 6 a 12 meses) devem diminuir.(29) Níveis basais de LH <0,6 U/L (IFMA), LH <2,3 U/L após o teste de estímulo com GnRH e LH <6,6 U/L 2 horas após a apli- cação do análogo sugerem uma boa supressão do eixo.(30) Em relação à interrupção do tratamento, não há evidência suficiente para confiar em qualquer parâmetro clínico isolado (idade cronológica, duração da terapia, idade óssea, altura, altura-alvo, velocidade de crescimento) para tomar a decisão de descontinuar o tratamento. Portanto, é ra- zoável considerar esses parâmetros em conformidade com a opinião dos pais e da paciente, com o objetivo de a menarca ocorrer próximo à média da população.(19) Nos estudos, a média etária da suspensão do tratamento variou de 10,6 a 11,6 anos, com idade óssea entre 12,1 e 13,9 anos e a idade da menarca 12,3 anos. A suspensão ao redor de 12 a 12,5 anos de idade óssea tem sido associada à estatura final máxima. (31) Quando o tratamento é interrompido, a puberdade normal retor- 14 Puberdade normal, precoce e tardia Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 na, em média, dentro de 12 a 18 meses. Os estudos com seguimento em longo prazo dessas pacientes tratadas mostraram que a taxa de ciclos menstruais regulares e a fertilidade não eram diferentes da po- pulação geral.(32) O tratamento da PPC com análogo de GnRH não leva ao ganho de peso nem altera a densidade mineral óssea que essas me- ninas atingem após seguimento por longo período (Figura 3).(33) Puberdade precoce central Tratamento Critérios considerados para o tratamento Medicação Monitorização do tratamento Suspensão do tratamento • Avaliar a progressão do desenvolvimento puberal e a velocidade de crescimento antes de iniciar o tratamento (acompanhar de 3 a 6 meses) • Quanto menor a idade cronológica e óssea no início de tratamento, maior o benefício em relação à estatura final • O tratamento também influencia os aspectos psicológicos da paciente Análogo de GnRH - Acetato de Leuprolide de depósito IM (3,75 mg a cada 28 dias ou 11,25 mg a cada 84 dias) • Desenvolvimento puberal • Níveis hormonais • Velocidade de crescimento (a cada 3-6 meses) • Idade óssea (anual ou semestral) 12 a 12,5 anos de idade óssea (levar em consideração o aspecto psicológico de cada paciente) Figura 3. Tratamento da puberdade precoce central Tratamento da PPP A PPP não responde ao tratamento com análogo de GnRH. Assim, é preciso tratar cada uma das alterações de base que levam a esse quadro removendo ou bloqueando a produção e/ou diminuindo a resposta ao excesso de esteroides sexuais, dependendo da causa específica. Nos casos de exposição a hormônios exógenos, a fon- te deve ser identificada e removida. Após a remoção, os caracte- 15 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 res sexuais regridem. Os cistos ovarianos funcionais, geralmente, são apenas acompanhados clinicamente.(33) Os tumores de ovário ou de adrenais necessitam de uma abordagem multidisciplinar, incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia, dependendo do tipo histológico.(34) A hiperplasia adrenal congênita é tratada com o uso de glicocorticoides por via oral. Já o hipotireoidismo primá- rio é tratado com a reposição de Levotiroxina. O tratamento para meninas com SMA inclui estratégias para bloquear a biossíntese de estrogênio com inibidores de aromatase (Letrozol) ou bloquear a ação do estrogênio (Tamoxifeno). Algumas pacientes com SMA poderão ter o quadro evolutivo para PPC, provavelmente, pela ex- posição prolongada ao estrogênio e à ativação do eixo HHO. Tais pacientes podem responder ao tratamento adjuvante com um aná- logo de GnRH (Figura 4).(12) Puberdade precoce central Tratamento Abordagem multidisciplinar (cirurgia, radioterapia, quimioterapia) Glicocorticóide Levotiroxina Tamoxifeno ou Letrozol Se evolução para PPC - análogo de GnRH Tumor ovariano ou adrenal Hiperplasia adrenal congênita Hipotiroidismo Síndrome de McCune-Albright Figura 4. Tratamento da puberdade precoce periférica 16 Puberdade normal, precoce e tardia Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 Puberdade tardia Introdução A puberdade tardia ocorre em meninas quando o aparecimento do broto mamário não acontece até os 13 anos ou as menstru- ações não ocorrem após 5 anos do início da puberdade. Nas pa- cientes que apresentam desenvolvimento de caracteres sexuais secundários, mas ausência de menstruação, é fundamental afas- tar a Síndrome de Rokitansky-Kuster-Hauser (ausência de úte- ro) ou os casos de criptomenorreia (obstrução do trajeto para a menstruação como os casos de hímen imperfurado ou septo va- ginal transverso). O distúrbio de diferenciação sexual (DDS) XY com mutação do receptor androgênico que leva à resistência aos androgênios em diferentes graus também pode ser confundido com um quadro de puberdade tardia. Etiologia Nas pacientes que não apresentam o desenvolvimento puberal, po- de-se classificar os casos como: • Hipogonadismo hipogonadotrófico: deficiência hipotála- mo-hipofisária com dosagem de FSH e LH baixas, que pode ocorrer por uma disfunção hipotalâmica, hipopituitarismo, hipotiroidismo ou hiperprolactinemia. A disfunção hipotalâ- mica pode ser de origem funcional (como no atraso constitu- cional da puberdade, presença de doença crônica, exercício excessivo, desnutrição e estresse) ou relacionada à patologia associada (como ocorre com tumores hipotalâmicos e pitui- tários, especialmente o craniofaringioma) ou, ainda, por cau- sas genéticas: associada à anosmia (Síndrome de Kallmann) (Figura 5). 17 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 Puberdade Tardia Normal Anormal PRL elevada Testes funcionais / exames de imagem / dosagem de prolactina HipogonadismoHipogonadotró�co • Atraso constitucional • Distúrbios nutricionais • Doenças crônicas • Hipopituitarismo • Sínd. de Kallmann • Tumor do SNC • Hiperprolactinemia FSH baixo Figura 5. Puberdade tardia - Hipogonadismo hipogonadotrófico - Parte 1 • Hipogonadismo hipergonadotrófico: deficiência ovariana com dosagem de FSH e LH altas. A etiologia mais importante é a Síndrome de Turner. Outras causas de hipogonadismo hi- pergonadotrófico são: outras disgenesias gonadais, ooforites autoimunes, resistência ovariana à ação das gonadotrofinas (Figura 6). 18 Puberdade normal, precoce e tardia Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 Puberdade Tardia Normal Anormal Cariótipo Hipogonadismo Hipogonadotró�co Disgenesia gonadal (46XX) Insu�ciência ovariana - Causas iatrogênicas (QT / RT) - Distúrbios auto-imunes - Galactosemia - Síndrome de Savage (def. receptores de FSH) • Turner (45X) • Disgenesia gonadal pura • Mosaico - 45X / 46XX - 45X / 47XXX FSH elevado Figura 6. Puberdade tardia - Hipogonadismo hipergonadotrófico – Parte 2 Diagnóstico Na anamnese, é preciso avaliar os hábitos nutricionais, a ativida- de física e sua intensidade, a presença de doença crônica ou o uso de medicações.(35) Sintomas neurológicos como cefaleia, distúrbios visuais, anosmia, convulsões e deficiência mental sugerem um problema no sistema nervoso central. A história de quimioterapia pode estar relacionada a uma falência ovariana, enquanto que a 19 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 radioterapia do SNC, a um quadro de hipogonadismo hipogonado- trófico. Doses maiores que 45 grays estão relacionadas a até 100% de perda da função gonadotrófica, enquanto já existe algum risco com doses de 30 grays.(36) Uma história familiar positiva de atra- so constitucional da puberdade ou deficiência congênita de GnRH pode ser muito útil na avaliação dessas pacientes. De fato, a puber- dade tardia tem uma base genética significativa.(37) (B) No exame físico, deve-se estar atento ao acompanhamento da altura, do peso e dos caracteres sexuais secundários, observando sua evolução por pelo menos 3 a 6 meses. Além disso, a presença de estigmas como pescoço alado, cúbito valgo, excesso de nevus e implantação baixa do cabelo podem estar presentes na Síndrome de Turner. Uma ra- diografia de mãos e punhos para avaliar a idade óssea é solicitada na primeira avaliação e repetida ao longo do tempo quando neces- sário. A ultrassonografia pélvica pode ser realizada para determi- nar a presença ou ausência de útero. A RNM de crânio deve ser soli- citada se os sintomas ou sinais neurológicos associados sugerirem um processo central, ou se a avaliação laboratorial for consistente com doença hipotálamo-hipofisária. Com relação às dosagens hor- monais, inicia-se a avaliação com a dosagem de FSH, LH e estradiol sérico, distinguindo, principalmente, através do FSH, a causa ova- riana da central. As dosagens de prolactina, TSH e T4 livre devem ser realizadas para afastar os casos de hiperprolactinemia e hipoti- reoidismo. O exame de cariótipo é sugerido nos casos de hipogona- dismo hipergonadotrófico para avaliação das disgenesias gonadais. Tratamento A identificação da causa da puberdade tardia permite o tratamento específico. Porém, muitas vezes, o tratamento do hipogonadismo é re- 20 Puberdade normal, precoce e tardia Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 alizado sem um diagnóstico preciso e consiste no tratamento de subs- tituição hormonal que geralmente inicia-se aos 11 a 12 anos de idade cronológica.(38) O estrogênio pode ser administrado por via oral ou transdérmica, inicialmente em doses muito baixas. Pode-se iniciar o tratamento com estrogênios conjugados 0,15 mg por dia, aumentan- do a dosagem conforme a evolução dos caracteres sexuais secundários. Normalmente, após 2 anos do uso de estrogênio isoladamente, pode- se iniciar a utilização de progestagênio cíclico, por exemplo, o Acetato de Medroxiprogesterona na dose de 5 a 10 mg/dia. Um esquema que pode ser utilizado é o de estrogênio do dia 1 até o dia 24 e, progestagê- nio do dia 15 ao 24, todos os meses (Figura 7). Puberdade Tardia - Tratamento Suspeita de puberdade tardia em meninas: Avaliar as principais causas Idiopático ou sindrômico Terapia estroprogestativa e acompanhamento Tratamento especí�co Falha no desenvolvimento Figura 7. Tratamento da puberdade tardia Referências 1. Cutler GB Jr, Loriaux DL. Andrenarche and its relationship to the onset of puberty. Fed Proc. 1980;39(7):2384–90. 21 Matsuzaki CN, Narde I, Almeida JA Protocolos Febrasgo | Nº20 | 2018 2. Susman EJ, Houts RM, Steinberg L, Belsky J, Cauffman E, Dehart G, et al.; Eunice Kennedy Shriver NICHD Early Child Care Research Network. Longitudinal development of secondary sexual characteristics in girls and boys between ages 91/2 and 151/2 years. Arch Pediatr Adolesc Med. 2010;164(2):166–73. 3. Marshall WA, Tanner JM. Variations in pattern of pubertal changes in girls. Arch Dis Child. 1969;44(235):291–303. 4. Taranger J, Engström I, Lichtenstein H, Svennberg- Redegren I. VI. Somatic pubertal development. 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