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PlanoDeAula_331056P aula 11 Apelação

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Plano de Aula: Recurso contra sentença. Direito processual Civil. 
PRÁTICA SIMULADA IV (CÍVEL) - CCJ0150 
Título 
Recurso contra sentença. Direito processual Civil. 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
11 
Tema 
Recurso de Apelação 
Objetivos 
O aluno deverá ser capaz de: 
 Conhecer Teoria Geral dos Recursos; 
 Reconhecer qual o recurso a ser elaborado; 
 Identificar os legitimados para interpor o recurso; 
 Aplicar a regra de competência; 
 Redigir a peça com especial atenção à fundamentação de fato e de direito; 
 Articular fato, valor e norma; 
 Fundamentar com os dispositivos legais pertinentes ao caso. 
Estrutura do Conteúdo 
1.Recurso de Apelação: 
 
1.1. Prazo de interposição. 
 
1.2.Competência. 
 
1.3. Peça de Interposição. 
 
1.4. Requisitos de admissibilidade. 
 
1.5. Efeitos. 
 
1.6. Peça das Razões. 
 
1.7. Exposição de fato e de direito. 
 
1.8. Pedido de nova decisão. 
Aplicação Prática Teórica 
Caso 
XIX Exame da OAB – Direito Civil. 
Antônio Augusto, ao se mudar para seu novo apartamento, recém -comprado, adquiriu, em 20/10/2015, 
diversos eletrodomésticos de última geração, dentre os quais uma TV de LED com sessenta polegadas, 
acesso à Internet e outras facilidades, pelo preço de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Depois de funcionar 
perfeitamente por trinta dias, a TV apresentou superaquecimento que levou à explosão da fonte de 
energia do equipamento, provocando danos irreparáveis a todos os aparelhos eletrônicos que estavam 
conectados ao televisor. Não obstante a reclamação que lhes foi apresentada em 25/11/2015, tanto o 
fabricante (MaxTV S.A.) quanto o comerciante de quem o produto fora adquirido (Lojas de 
Eletrodomésticos Ltda.) permaneceram inertes, deixando de oferecer qualquer solução. Diante disso, em 
10/03/2016, Antônio Augusto propôs ação perante Vara Cível em face tanto da fábrica do aparelho quanto 
da loja em que o adquiriu, requerendo: (i) a substituição do televisor por outro do mesmo modelo ou 
superior, em perfeito estado; (ii) indenização de aproximadamente trinta e cinco mil reais, correspondente 
ao valor dos demais aparelhos danificados; e (iii) indenização por danos morais, em virtude de a situação 
não ter sido solucionada em tempo razoável, motivo pelo qual a família ficou, durante algum tempo, sem 
usar a TV. O juiz, porém, acolheu preliminar de ilegitimidade passiva arguída, em contestação, pela loja 
que havia alienado a televisão ao autor, excluindo-a do polo passivo, com fundamento nos artigos 12 e 13 
do Código de Defesa do Consumidor. Além disso, reconheceu a decadência do direito do autor, alegada 
em contestação pela fabricante do produto, com fundamento no Art. 26, inciso II, do CDC, considerando 
que decorreram mais de noventa dias entre a data do surgimento do defeito e a do ajuizamento da ação. 
A sentença não transitou em julgado. Na qualidade de advogado(a) do autor da ação, indique o meio 
processual adequado à tutela do seu direito, elaborando a peça processual cabível no caso, excluindo -se 
a hipótese de embargos de declaração, indicando os seus requisitos e fundamentos nos termos da 
legislação vigente. 
Procedimentos de Ensino 
 Iniciar o debate oral sobre os fatos, valores e normas de direito, materiais e processuais 
necessárias à análise do caso concreto objeto da aula. 
 Estimular a participação de todos os alunos, provocando o debate sobre os temas e clarificando 
conceitos; 
 Manter interação permanente entre o grupo para a construção de uma base conceitual que 
servirá de referência para a elaboração da peça; 
 Construir no quadro o roteiro da peça processual, identificando os pontos principais da narrativa 
lógica dos fatos, do direito material e processual, elaborando uma síntese final; 
 Manter-se disponível para os alunos durante o trabalho de redação das peças, orientando 
individualmente, de acordo com as solicitações. 
Recursos Físicos 
 Novo Código de Processo Civil; 
 Constituição Federal; 
 Quadro branco; 
 Data show (opcional) 
Avaliação 
Peça processual: RECURSO DE APELAÇÃO (art. 1.009 do CPC). 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
Recurso de Apelação a ser elaborado nos moldes do artigo 1.010 do NCPC, in verb is: 
NCPC, art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 
I - os nomes e a qualificação das partes; 
II - a exposição do fato e do direito; 
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; 
IV - o pedido de nova decisão. 
 
Peça de interposição: Art. 1.010, caput do NCPC, ao juiz que de primeiro grau. 
Endereçamento: Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível ..... 
Apelante: Antônio Augusto, (qualificação completa) 
Apelado: MaxTV S.A. e Lojas de Eletrodomésticos Ltda, (qualificação completa). 
Efeitos: Devolutivo e suspensivo, art. 1.012, caput do NCPC. 
NCPC, art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. 
 Peça das razões: 
Exposição de fato e de direito: Trata-se o caso em tela de relação de consumo, lastreada no Código de 
Defesa do Consumidor artigos 12 e 27 do CDC, uma vez que o caso em tela trata -se de responsabilidade 
civil por fato do produto, não por vício. 
Fundamentação: 1) extinguiu-se o processo, sem resolução do mérito pela ilegitimidade passiva (art. 
465, inciso VI do CPC) 
CPC, art. 465. O juiz não resolverá o mérito quando: 
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
 
2)e com resolução do mérito por reconhecer a decadência (art. 467, inciso II do CPC. 
CPC, art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; 
Preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelo réu em contestação, com fundamento nos artigos 12 e 
13 do Código de Defesa do Consumidor. 
Aqui, deve-se sustentar a solidariedade entre os apelados, na qualidade de litisconsortes passivos. A 
responsabilidade do comerciante, ao menos quanto ao primeiro pedido deduzido da petição inicial 
referente à substituição do produto, encontra fundamento no art. 18 do CDC. 
Magistrado reconheceu a decadência do direito do autor, também alegada em contestação, mas agora 
pela fabricante do produto, com fundamento no art. 26, inciso II, do CDC, considerando que decorreram 
mais de noventa dias entre a data do surgimento do defeito e a do ajuizamento da ação. 
Não há que se falar em decadência, uma vez que no que concerne ao primeiro pedido, referente à 
substituição do produto, a pretensão recursal deve basear-se na existência de reclamação oportuna do 
consumidor, a obstar a decadência, na forma do Art. 26, § 2º, inciso I, do CDC. 
Teoria da causa madura: Explicar para os discentes as hipóteses consagradas no artigo 1.013, §3° do 
CPC. 
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
§ 3
o
 Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde 
logo o mérito quando: 
I - reformar sentença fundada no art. 485; 
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de 
pedir; 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá -lo; 
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 
§ 4
o
 Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se 
possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo 
ao juízo de primeiro grau. 
 
Importante: O caso concreto se enquadra nas hipóteses do art. 1.012, §3°, inciso I e § 4°. 
 
Pedido de nova decisão: Requer que o recurso seja conhecido e ao final dê provimento para reconhecer 
a legitimidade passiva do segundo apelado (Lojas de Eletrodomésticos Ltda), bem como afastar a 
decadência do direito do apelante alegada pelo primeiro apelado (MaxTV S.A), devendo ainda, este 
Tribunal, desde já, julgar o mérito do pedido do apelantepara compelir os apelados a substituirem o 
televisor do apelante por outro do mesmo modelo ou superior, em perfeito estado; condenar os mesmos 
ao pagamento de indenização de aproximadamente trinta e cinco mil reais correspondente ao valor dos 
demais aparelhos danificados e indenização por danos morais. 
 
 
Gabarito OAB (CPC 1973) 
A decisão em questão tem natureza jurídica de sentença, na forma do Art. 162, § 1º, do Art. 267, inciso 
VI, do Art. 269, inciso IV, e do Art. 459, todos do Código de Processo Civil. Com efeito, extinguiu -se o 
processo, sem resolução do mérito, quanto ao comerciante, acolhendo-se a sua ilegitimidade passiva, e 
com resolução do mérito, no tocante ao fabricante, em cujo favor se reconheceu a decadência. Em virtude 
disso, o meio processual adequado à impugnação do provimento judicial, a fim de evitar que faça coisa 
julgada, é o recurso de apelação, de acordo com o Art. 513 do CPC. Deve-se, para buscar a tutela 
integral ao interesse do autor, impugnar cada um dos capítulos da sentença, isto é, tanto a ilegitimidade 
do comerciante quanto a decadência que aproveitou ao fabricante. Quanto ao primeiro ponto, deve -se 
sustentar a solidariedade entre o varejista, que efetuou a venda do produto, e o fabricante em admitir a 
propositura da ação em face de ambos, na qualidade de litisconsortes passivos, conforme a conveniência 
do autor. A responsabilidade do comerciante, ao menos quanto ao primeiro pedido deduzido da petição 
inicial referente à substituição do produto, encontra fundamento no Art. 18 do CDC. Quanto ao segundo 
aspecto, deve-se pretender o afastamento da decadência. No que concerne ao primeiro pedido, referente 
à substituição do produto, a pretensão recursal deve basear-se na existência de reclamação oportuna do 
consumidor, a obstar a decadência, na forma do Art. 26, § 2º, inciso I, do CDC. Além disso, já no tocante 
aos demais pedidos, trata-se de responsabilidade civil por fato do produto, não por vício, haja vista os 
danos sofridos pelo autor da ação, a atrair a incidência dos artigos 12 e 27 do CDC, de modo que a 
pretensão autoral não se submete à decadência, mas ao prazo prescricional de cinco anos, estipulado no 
último dos dispositivos ora mencionados. Nessa linha, deve-se requerer a reforma da sentença para que o 
pedido seja desde logo apreciado, na hipótese de a causa encontrar -se madura para o julgamento, 
segundo o Art. 515, § 3º, do CPC, ou, alternativamente, a sua reforma, mediante o reconhecimento da 
legitimidade passiva do comerciante, e o afastamento da decadência, determinando -se o retorno dos 
autos ao juízo de primeira instância, para prosseguimento do feito. 
Considerações Adicionais

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