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Farmacologia_Geral

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FARMACOLOGIA GERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos 
reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 
79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 
0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo 
Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na 
Publicação - Brasil Triagem 
Organização LTDA ME 
Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 
 
 
Portal Educação 
 
P842f Farmacologia geral / Portal Educação. - Campo Grande: 
Portal Educação, 2012. 
246p. : il. 
 
Inclui bibliografia 
ISBN 978-85-66104-38-7 
 
1. Farmacologia. 2. Medicamentos. I. Portal Educação. II. 
Título. 
 
CDD 615.3 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 HISTÓRICO DA FARMACOLOGIA 
2 CONCEITOS BÁSICOS EM FARMACOLOGIA 
2.1 A NATUREZA DAS DROGAS 
2.2 RELAÇÕES ENTRE FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
2.3 FARMACOLOGIA CLÍNICA 
2.4 BIODISPONIBILIDADE DE DROGAS 
2.5 AVALIAÇÃO DE BIODISPONIBILIDADE E BIOEQUIVALÊNCIA 
2.5.1 Relativa à mesma dose e via de administraçã 
3 NOÇÕES GERAIS DE TOXICOLOGIA 
3.1 ÁREAS DA TOXICOLOGIA 
3.2 AGENTE TÓXICO (AT) 
3.2.1 Classificação dos agentes tóxicos (AT) 
3.3 TOXICIDAD 
3.3.1 Fatores que influem na toxicidade 
3.4 RISCO E SEGURANÇA 
4 INTOXICAÇÃO 
4.1 DISTINÇÃO ENTRE EFEITOS ADVERSOS E NÃO ADVERSOS 
4.2 EFEITOS TÓXICOS 
4.2.1 Classificação dos efeitos tóxico 
5 VIAS E SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS 
5.1 FORMAS FARMACÊUTICAS 
5.2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS 
5.3 ADMINISTRAÇÃO ENTERAL (ORAL) 
5.3.1 Via Sublingual 
5.4 ADMINISTRAÇÃO RETAL 
5.5 ADMINISTRAÇÃO PARENTERAL 
5.5.1 Intravenosa 3 
5.5.2 Subcutânea 
5.5.3 Injeção Intramuscular 
 
 
5.5.4 Via Intra-arterial 
5.5.5 Intratecal 
5.5.6 Anestesia Peridural ou Epidural 
5.5.7 Anestesia Intra-aracnóidiana 
5.5.8 Intraperitoneal 
5.6 ABSORÇÃO PULMONAR 
5.7 APLICAÇÃO TÓPICA 
5.7.1 Fatores que influem na absorção cutânea 
5.8 CARACTERÍSTICAS DAS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS 
6 FARMACOCINÉTICA 
6.1 ABSORÇÃO DE DROGAS 
6.1.1 Membranas Biológicas 
6.1.2 Propriedades físico-químicas das drogas que interferem na absorção 
6.1.3 Características dos mecanismos de Transporte através de membranas 
6.1.4 Difusão por meio dos Lipídios 
6.1.5 pH e Ionização 
6.2 DISTRIBUIÇÃO DE DROGAS 
6.2.1 Competição entre drogas pela ligação a proteínas plasmáticas 
6.2.2 Volume de Distribuição Aparente (Vd) 
6.3 METABOLIZAÇÃO OU BIOTRANSFORMAÇÃO DE DROGAS 
6.3.1 Reações de Fase I do Metabolismo 
6.3.2 Reações de Fase II do Metabolismo 
6.3.3 Inibição Enzimática 
6.3.4 Indução Enzimática 
6.3.5 Cinética do Metabolismo 
6.4 EXCREÇÃO DE DROGAS 
6.4.1 Excreção Renal 
6.4.2 Depuração (“Clearance”) 
6.4.3 Meia-vida de drogas (T1/2) 
6.5 ÍNDICE TERAPÊUTICO 
7 FARMACOLOGIA 
7.1 EFEITOS DAS DROGAS NOS SISTEMAS BIOLÓGICOS 
 
 
7.2 ESPECIFICIDADE DAS DROGAS 
7.3 PROTEÍNAS-ALVOS PARA A LIGAÇÃO DE DROGAS 
7.4 ENZIMAS COMO ALVOS PRIMÁRIOS PARA A AÇÃO DE DROGAS 
7.5 CANAIS IÔNICOS COMO ALVOS PRIMÁRIOS PARA A AÇÃO DE DROGAS 
7.6 MOLÉCULAS TRANSPORTADORAS COMO ALVOS PRIMÁRIOS PARA A 
AÇÃO DE DROGAS 
7.7 RECEPTORES COMO ALVOS PRIMÁRIOS PARA A AÇÃO DE DROGAS 
7.7.1 Propriedades dos Receptores 
7.8 RELAÇÃO LINEAR ENTRE OCUPAÇÃO DO RECEPTOR E RESPOSTA MÁXIMA 
7.9 CURVA DOSE-REPOSTA 
7.10 AGONISTAS PARCIAIS 
7.11 RELAÇÃO NÃO LINEAR ENTRE A OCUPAÇÃO DO RECEPTOR E A RESPOSTA. 5 
7.12 AGONISTAS INVERSOS 
7.13 ANTAGONISMO ENTRE DROGAS 
7.14 DESSENSIBILIZAÇÃO E TAQUIFILAXIA 
7.15 EFEITOS RESULTANTES DA INTERAÇÃO DE AGENTES QUÍMICOS 
7.16 ASPECTOS MOLECULARES DA AÇÃO DAS DROGAS 
7.17 TIPOS DE RECEPTORES 
7.18 MECANISMOS DE TRANSDUÇÃO DE SINAIS EM RECEPTORES 
ACOPLADOS À PROTEÍNA G 
7.19 O SISTEMA ADENILATO CICLASE / AMPC 
7.20 O SISTEMA DE FOSFOLIPASE C/FOSFATO DE INOSITOL 
7.21 DESSENSIBILIZAÇÃO DOS RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNAS G 
7.22 MECANISMO DE FOSFORILAÇÃO DE PROTEÍNAS E CASCATA DAS QUINASES 
8 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
8.1 CLASSIFICAÇÃO E MECANISMOS DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
8.2 INTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS 
8.3 INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS 
8.4 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ENVOLVENDO A ABSORÇÃO DA DROGA 
8.6 O ESTUDO DAS INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS ENVOLVENDO A ABSORÇÃO 
8.7 MECANISMOS DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS NA ABSORÇÃO 
8.8 INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS 
 
 
9 ALIMENTOS, MEDICAMENTOS E SUAS INTERAÇÕES 
9.1 TIPOS DE INTERAÇÕES E FATORES DE RISCO 
10 INTERAÇÕES DO ÁLCOOL COM OUTRAS DROGAS 
10.1 METABOLISMO DO ÁLCOOL 
10.2 INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS 
10.3 INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS NO SISTEMA HEPÁTICO MICROSSOMAL 
10.4 INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS 
10.5 EXEMPLOS DE INTERAÇÕES ÁLCOOL-DROGA 
ANEXOS 
REFERÊNCIAS
 
 
1 HISTÓRICO DA FARMACOLOGIA 
 
A palavra Farmacologia vem do grego pharmakon e pode ser definida 
como o estudo do mecanismo pelo qual a função dos sistemas vivos é afetada 
por agentes químicos. É uma ciência muito jovem, tendo pela primeira vez obtido 
o reconhecimento independente no final do século XIX, na Alemanha. Porém, 
existem registros mostrando que o homem pré-histórico já conhecia os efeitos 
benéficos ou tóxicos de materiais de origem vegetal e animal, descritos na China 
e no Egito. Porém, pouco se sabia e boa parte dos remédios tornava-se inútil na 
cura de algumas doenças, outros até eram prejudiciais. 
Muitos medicamentos baseados em ervas eram amplamente usados ou 
mesmo estratégias terapêuticas bizarras eram indicadas, como mistura de 
elementos como vermes, esterco, urina, entre outros. Somente no final do século 
XVII, o recurso da observação e do experimento começou a substituir a teoria da 
medicina, colocando em prática esta experiência, iniciou-se, então, o 
desenvolvimento da Farmacologia. Foi Virchow o primeiro a motivar estas 
condutas, com a posição de que a terapêutica deveria ser abordada por meio de 
uma associação entre prática clínica e a fisiologia e ser elevada a uma ciência. 
Naquela época, o conhecimento do funcionamento normal e anormal do 
corpo humano era precário demais para fornecer mesmo uma base grosseira 
para a compreensão dos efeitos das drogas.Havia também uma forte crença de 
que doença e morte eram temas semissagrados, apropriadamente tratados por 
doutrinas autoritárias e não científicas. Os avanços da Química e da Fisiologia, 
por volta do fim do século XVIII e início do século XX, proporcionaram a base 
necessária para compreender os mecanismos de atuação das drogas nos 
tecidos e órgãos. 
A concepção científica da ação farmacológica é o tipo de compreensão 
que nos possibilita prever quais os efeitos farmacológicos que uma nova 
substância química tende a produzir. Para compreender o mecanismo pelo qual 
a administração de uma substância química específica afeta o funcionamento de 
qualquer célula ou órgão é necessário um conhecimento detalhado do 
mecanismo bioquímico e fisiológico normal. Deve ser lembrado que a fisiologia 
 
 
só começou a ser estudada intensivamente há pouco mais de cem anos, e a 
bioquímica há aproximadamente cinquenta anos. 
Há cerca de cinquenta anos, iniciaram-se os esforços no campo de 
pesquisa por parte da indústria Farmacêutica, foi quando os remédios mais 
confiáveis começaram a surgir, com novos conceitos e novas técnicas. 
 
FIGURA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://hilltopresort.com.au/oakville-family-rudolf-virchows/>. Acesso em: 13 dez. 2011. 
 
Rudolf Ludwing Karl Virchow (1821 - 1902) é considerado o pai da 
Patologia Moderna. Foi o primeiro a publicar um trabalho científico sobre 
leucemia. Em 1858, estabeleceu o conceito de Teoria Celular, pelo qual todas 
as formas de lesão orgânica começam, com alterações moleculares ou 
estruturais das células. Em 1874, padronizou a técnica de necropsia, cuja base 
é utilizadaaté os dias atuais. Fundou as disciplinas de Patologia Celular e 
Patologia Comparativa. 
O sucesso terapêutico do tratamento de doenças em humanos depende 
de bases farmacológicas que permitam a escolha do medicamento correto, de 
 
 
forma científica e racional. Mais do que escolher o fármaco adequado (“certo”) 
pretendendo reverter, atenuar ou prevenir um determinado processo patológico; o 
clínico, ao prescrever, também, precisa selecionar o mais adequado às 
características fisiopatológicas (idade, sexo, peso corporal e raça do paciente). 
Como a intensidade dos efeitos, terapêuticos ou tóxicos, dos 
medicamentos depende da concentração alcançada em seu sítio de ação, é 
necessário garantir que o medicamento escolhido atinja, em concentrações 
adequadas, o órgão ou sistema suscetível ao efeito benéfico requerido. Para tal 
é necessário escolher doses que garantam a chegada e a manutenção das 
concentrações terapêuticas junto aos sítios moleculares de reconhecimento 
no organismo, também denominados sítios receptores. 
Se quantidades insuficientes estão presentes no sítio receptor, o 
medicamento pode parecer ser ineficaz mesmo sendo o “certo”, falseando, assim, a eficácia 
do fármaco escolhido; em uma situação como esta, o fármaco pode ser descartado 
erroneamente, sendo que o sucesso terapêutico poderia ser alcançado se a dose 
e/ou o intervalo de administração (posologia) correta fossem prescritos. 
Do mesmo modo, esquemas posológicos inapropriados podem produzir 
concentrações excessivas no sítio receptor, o que acarretaria a produção de 
toxicidade e, mais uma vez, o medicamento “certo” pode erroneamente ser 
descartado, por apresentar excessivas concentrações no organismo. 
 
 
2 CONCEITOS BÁSICOS EM FARMACOLOGIA 
 
• Droga: qualquer substância química, exceto alimentos, capaz de 
produzir efeitos farmacológicos, ou seja, provocar alterações em um 
sistema biológico. 
• Fármaco: sinônimo de droga. 
• Forma Farmacêutica: forma de apresentação do medicamento: comprimido, 10 
drágea, pílula, xarope, colírio, entre outros. 
• Remédio: palavra usada pelo leigo como sinônimo de medicamento 
e especialidade farmacêutica. Remédio refere-se a qualquer 
procedimento que possa ser usado para tratamento de patologias. 
• Medicamento: droga ou preparação com drogas usadas terapeuticamente. 
• Nome químico: diz respeito à constituição da droga. 
• Farmacopéia: livro que oficializa as drogas/medicamentos de uso 
corrente e consagradas como eficazes. 
• Dose: é a quantidade a ser administrada de uma vez a fim de produzir 
efeitos terapêuticos. 
• Dose letal: leva o organismo a falência (morte) generalizada. 
• Dose máxima: é a maior quantidade de uma droga capaz de produzir 
efeitos terapêuticos.Dose mínima: é a menor quantidade de uma 
droga capaz de produzir efeitos terapêuticos. 
• Dose tóxica: é a maior quantidade de uma droga que causa efeitos adversos. 
• Posologia: é o estudo das doses. 
• Pró-droga: substância química que precisa transformar-se no 
organismo a fim de tornar-se uma droga ativa. 
• Latrogenia: problemas ou complicações resultantes de tratamentos 
clínicos ou cirúrgicos. 
• Placebo: palavra derivada do latim que significa “vou agradar”. Em 
farmacologia significa uma substância inativa administrada para 
satisfazer a necessidade psicológica do paciente. 
 
 
2.1 A NATUREZA DAS DROGAS 
 
Uma droga pode ser definida como qualquer substância capaz de 
produzir uma alteração em determinada função biológica por suas ações 
químicas. Na maioria dos casos, a molécula da droga interage com uma 
molécula específica no sistema biológico, que desempenha um papel regulador, 
isto é, faz o papel de uma molécula receptora. 
 
FIGURA 2 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://dc112.4shared.com/doc/kvP9tH6t/preview.html>. Acesso em: 13 dez. 2011. 
 
A fim de tornar cada vez mais previsíveis os efeitos das drogas, os 
farmacologistas tentam quantificar todas as fases da interação droga-organismo. 
Apesar da dificuldade inerente ao problema, pois talvez a variação biológica 
jamais possa ser totalmente enquadrada nos métodos matemáticos atuais, 
alguns resultados interessantes têm sido obtidos, determinando os efeitos 
benéficos e efeitos adversos das drogas. 
 
DROGA 
Efeito benéfico Efeito adverso 
 
 
FARMACOLOGIA TOXICOLOGIA 
 
 
 
 
2.2 RELAÇÕES ENTRE FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
 
Em 1953, Dost propôs o termo farmacocinética para descrever o 
movimento da droga pelo organismo. Até essa época, mesmo depois, 
empregava-se a palavra farmacodinâmica para indicar não só o movimento da 
droga no organismo, mas também seu mecanismo de ação e seus efeitos 
terapêuticos e tóxicos. Atualmente, os campos da farmacocinética e 
farmacodinâmica estão mais bem definidos didaticamente. 
Farmacocinética é o caminho que a droga faz no organismo. Note que 
não é o estudo do seu mecanismo de ação, mas sim as etapas que a droga 
percorre desde a administração até a excreção, são elas: absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção. Uma vez que a droga encontra-se no organismo, 
essas etapas ocorrem de forma simultânea sendo essa divisão apenas de 
caráter didático. 
Farmacodinâmica é a área da farmacolgia que estuda o efeito de uma 
determinada droga (ou fármaco, ou medicamento) em seu tecido-alvo, ou 
simplesmente estuda como uma droga age no tecido-alvo. Entende-se tecido-
alvo como o orgão ou sítio onde uma determinada droga tem efeito. 
FIGURA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na interação droga-organismo, a farmacocinética estuda a ação do 
organismo sobre a droga, e, na farmacodinâmica, observa-se a ação da droga 
sobre o organismo (PENILDON, 2006). 
O estabelecimento de esquemas posológicos padrão e de seus ajustes 
na presença de situações fisiológicas (idade, sexo, peso, gestação), hábitos do 
paciente (tabagismo, ingestão de álcool) e algumas doenças (insuficiência renal 
e hepática) é orientado por informações provenientes de uma importante 
subdivisão da farmacologia, a FARMACOCINÉTICA. 
O termo CINÉTICA refere-se a um objeto em movimentação. 
Farmacocinética é a disciplina que usa modelos matemáticos para descrever e 
prever a quantidade dos medicamentos e suas concentrações em vários fluidos 
do organismo e as mudanças nestas quantidades com o tempo. Para fins 
didáticos e conceituais, o comportamento das substâncias ativas, após 
administração, dentro do corpo humano é usualmente dividido, de uma maneira 
arbitrária, em processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. 
Devemos ter clara a ocorrência simultânea destes processos no organismo vivo, 
apesar de que, muitas vezes, assumimos a independência de cada um destes 
processos em relação aos outros; as variações nas concentrações dos fármacos 
em alguns fluidos corporais são sempre o resultado da simultaneidade da 
ocorrência destes processos, o que ocasiona taxas que estão continuamente 
sendo alteradas. 
A farmacocinética é definida como o estudo quantitativo do 
desenvolvimento temporal dos processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção dos fármacos. Nestes estudos, os teores dos 
fármacos e seus metabólitos (produtos da biotransformação) no organismo são 
determinados, permitindo a obtenção de importantes dados sobre estas 
substâncias, tais como: 
 Condições para seu uso adequado, pela determinação da via de 
administração, posologia (doses e intervalo entre as doses) e 
variações correlatas em função de patologias como insuficiência 
 
 
renal, alterações hepáticas e outras.
 Previsão de outros efeitos em potencial, como os colaterais, por 
exemplo, no caso de acúmulo do fármaco em determinado 
compartimento (organotropismo); ou ainda os oriundos de interações 
medicamentosas dos processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção.
 Determinação dos principais sítios de biotransformação.
 Determinaçãodas vias de excreção.
 
Assim, podemos afirmar que a compreensão e a aplicação cuidadosa 
dos princípios farmacocinéticos podem frequentemente auxiliar no 
estabelecimento e manutenção de quantidades terapêuticas e não tóxicas dos 
medicamentos no organismo; isto por permitir uma escolha racional da dose, 
frequência e via de administração. Além disso, como referido, em muitos casos 
as características dos pacientes são reconhecidamente responsáveis por 
alterações do movimento do fármaco naquele organismo, ou seja, das 
propriedades farmacocinéticas desta substância em particular. Ajustes 
apropriados na dose ou frequência de administração podem ser realizados, para 
compensar estas mudanças, evitando, assim, os problemas potenciais da 
ineficácia terapêutica ou toxicidade. Em uma ampla visão, a compreensão da 
farmacocinética pode favorecer as chances de segurança e eficácia da 
terapêutica medicamentosa. 
A farmacocinética estabelece estreita relação com duas outras 
importantes áreas do estudo farmacológico: a biofarmácia e a farmacodinâmica. 
O efeito ou resposta terapêutica é o dependem, por sua vez, das características 
do fármaco, das características do indivíduo e, o mais importante, da interação 
entre estes dois fatores: fármaco e indivíduo. Didaticamente, podemos dividir o 
estudo da resposta terapêutica em três fases: 
1. Fase Farmacêutica. 
2. Fase farmacocinética. 
3. Fase farmacodinâmica. 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 4 - POSSÍVEIS INTERFERENTES DA FARMACOCINÉTICA 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_02/cap_008.html>. Acesso 
em: 13 dez. 2011. 
 
 
A. Características do Paciente 
 Idade; 
 Sexo; 
 Peso corporal total; 
 Tabagismo; 
 Consumo de álcool; 
 Obesidade; 
 
 
 Outros medicamentos em uso. 
 
 
B. Estados Patológicos 
 Disfunção hepática (cirrose, hepatite); 
 Insuficiência cardíaca; 
 Infecção; 
 Queimaduras severas; 
 Febre anemias. 
As três fases da reposta terapêutica: 
1. Fase farmacêutica: estuda a liberação do fármaco a partir do produto 
farmacêutico. É constituída pelo conjunto de fenômenos compreendidos entre a 
administração do medicamento e a absorção propriamente dita, os quais 
determinam a intensidade e velocidade com que ocorre a entrada da substância 
ativa no organismo. Estes fenômenos compreendem basicamente a liberação e 
a dissolução do fármaco contido no produto farmacêutico. 
 Liberação: ao ser administrado, o fármaco encontra-se em uma 
forma farmacêutica (F.F.) a partir da qual deve ser liberado. Dependendo da F.F. 
empregada (comprimido, cápsula, suspensão, xarope, supositório, etc.) e da via 
de administração utilizada, esta etapa pode ser mais ou menos complexa, rápida 
ou completa. A liberação ocorrerá sob influência do meio biológico de aplicação 
(por exemplo: pH e peristaltismo do trato gastrintestinal – TGI nas vias enterais 
– oral e retal), principalmente para formas farmacêuticas sólidas, que necessitam
dispersão no estado sólido do fármaco, no meio aquoso de administração, o que 
permitirá o cumprimento da etapa posterior de dissolução. 
 Dissolução: esta etapa, por sua vez, compreende a formação de uma 
dispersão molecular na fase aquosa, ou seja, a dissolução progressiva do 
fármaco, essencial para sua posterior absorção, desde que seja requerida uma 
ação sistêmica e não local. A dissolução, muitas vezes, é a etapa determinante 
da velocidade do processo de absorção.
A fase farmacêutica, importante etapa do estudo da resposta 
 
 
terapêutica, é um dos objetos de estudo da Biofarmácia, disciplina que vem 
despontando como um ramo importantíssimo da investigação de fármacos. Além 
de estudar esta fase de liberação e dissolução da substância ativa, a biofarmácia 
compreende também a avaliação das interações, entre o fármaco e o organismo 
(local de administração), que determinam sua biodisponibilidade. Este último 
termo define uma característica biofarmacêutica de um medicamento 
administrado a um organismo vivo intacto e que expressa, simultaneamente, a 
quantidade e velocidade na qual o princípio ativo (fármaco) alcança a circulação 
sanguínea geral, a partir de seu local de administração. 
Em virtude de sua extrema importância e, principalmente, tendo em vista 
a regulamentação de medicamentos genéricos em nosso país (Lei n0 9787 de 
10/02/99 e Resolução n0 16 de 02/02/07), a biodisponibilidade de fármacos será 
estudada em um tópico em separado, logo à frente nesta apostila. 
2. Fase Farmacocinética: como já foi dito, esta etapa corresponde ao 
estudo da evolução temporal do movimento do fármaco in vivo, que 
esquematicamente pode resumir-se nos processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção de fármacos. Esta fase consiste, portanto, na 
identificação e quantificação da passagem do fármaco pelo organismo. 
3. Fase Farmacodinâmica: estuda a interação de um fármaco 
específico com seu receptor, ou seja, a ação do fármaco em seu sítio receptor 
com as alterações moleculares e celulares correspondentes (efeito 
farmacológico), o que culmina no aparecimento do efeito terapêutico requerido. 
habitual na terapia com diferentes classes de fármacos, visando ao 
estabelecimento de regimes de dosagem apropriados para determinados 
pacientes. Isto porque as concentrações de um fármaco no plasma 
correlacionam-se melhor com a resposta farmacológica que a dose 
administrada, uma vez que esta relação não é afetada pelas variações 
individuais dos processos farmacocinéticos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção que, como sabemos, influi na resposta do paciente. 
 
2.3 FARMACOLOGIA CLÍNICA 
 
 
 
A aplicação generalizada desta importante ferramenta na terapia clínica 
tem sido possível graças ao desenvolvimento de métodos analíticos que 
permitem o doseamento de substâncias ativas com precisão em diferentes 
líquidos biológicos e à possibilidade de expressar em termos quantitativos os 
processos que experimentam os fármacos após sua administração; isto permite 
a determinação de regimes de dosagem que se ajustam às necessidades dos 
pacientes. A utilidade clínica da farmacocinética reside fundamentalmente 
nestes aspectos, ou seja, a aplicação dos princípios farmacocinéticos no manejo, 
ajuste da terapêutica em diferentes pacientes, e isto é o que constitui a disciplina 
de Farmacocinética Clínica. 
O princípio básico da farmacocinética clínica é que a magnitude tanto da 
resposta desejada quanto da toxicidade são funções da concentração do 
fármaco em seu sítio de ação. No entanto, sabemos que raramente podemos 
dosar diretamente a concentração do fármaco neste local; por isso, as 
concentrações são normalmente medidas em um sítio alternativo e mais 
acessível, o plasma. 
Desta forma, podemos dizer que a hipótese fundamental em 
farmacocinética clínica é a relação existente entre os efeitos farmacológicos ou 
tóxicos de um medicamento e a concentração dele neste sítio facilmente 
acessível do organismo. Esta hipótese tem sido documentada para inúmeros 
fármacos, embora para alguns não exista esta clara relação entre os efeitos 
farmacológicos e as concentrações sanguíneas. Na maioria dos casos a 
concentração precisa avaliar o potencial tóxico de uma determinada dose e a 
sua eficácia clínica para determinar a utilidade do agente em uma situação 
clínica específica. 
A farmacocinética exerce um papel importantíssimo na promoção 
da eficácia dos fármacos ao fornecer relações quantitativas entre a eficácia e a 
dose utilizada. Pelas avaliações das concentrações nos fluidos biológicos, 
conseguimos reduzir a toxicidade relacionada com os níveis sanguíneos 
aumentando a segurança da utilização dos medicamentos. O conhecimento da 
relação entre a eficácia e as concentrações dos medicamentos nos fluidos 
biológicos permite ao clínico levar em consideração as características 
 
 
fisiológicasou patológicas de um paciente, o que o torna diferente dos indivíduos 
normais na resposta a uma determinada dose de um fármaco. 
 
A consciência dos benefícios da compreensão da farmacocinética e das 
relações entre concentração-resposta do fármaco tem levado, principalmente 
nesta última década, à aplicação destas informações pela indústria farmacêutica 
no planejamento, seleção e desenvolvimento de novos fármacos. A 
farmacocinética é ferramenta básica nas diferentes fases da investigação 
farmacológica de um novo fármaco: 
 Fase pré-clínica, na qual os estudos são realizados em animais. Esta 
fase permite a seleção não somente do composto terapeuticamente mais 
promissor, mas também a previsão de uma faixa de doses seguras para uma 
primeira aplicação em humanos.
 Fase clínica, com estudos em humanos, compreende o estudo de 
Fase I, usualmente realizada em voluntários sadios, na qual a farmacocinética, 
aliada à avaliação de alguns efeitos colaterais produzidos, ajuda a definir formas 
e regimes de dosagem para avaliação na Fase II. Nesta fase, os estudos são 
conduzidos em um pequeno número de pacientes e os trabalhos são dirigidos 
para a definição do regime de dosagem mais seguro e eficaz, o qual será usado 
na Fase III, de triagem clínica, que frequentemente envolve centenas de 
pacientes. Finalmente, o fármaco que demonstrar eficácia terapêutica e 
segurança será aprovado para uma determinada indicação clínica, por 
autoridades que regulamentam o uso de fármacos naquele país.
 Vigilância pós-comercialização – Farmacovigilância, após a 
liberação para comercialização, o medicamento deve ser continuamente 
avaliado.

2.4 BIODISPONIBILIDADE DE DROGAS 
 
A Biodisponibilidade refere-se à fração de uma dose ingerida de uma 
substância que tem acesso à circulação sistêmica na forma quimicamente 
inalterada. A Biodisponibilidade é calculada comparando os níveis plasmáticos 
 
 
da droga, após ser usada uma determinada via de administração (VO, IM, SC), 
com os níveis dessa droga atingidos no plasma após injeção IV, na qual a 
totalidade do agente entra na circulação. 
Fatores que interferem na biodisponibilidade da droga: 
 Efeito de primeira passagem;
 Solubilidade da droga;
 Instabilidade química;
 Fórmula farmacêutica;
 Características individuais do paciente.
 
O tema biodisponibilidade de fármacos merece destaque, tendo em vista 
que, segundo a Lei n0 9.787 de 10/02/99 e a Resolução n0 16 de 02/03/07, a 
implantação do uso de medicamentos genéricos em nosso país é “prioridade política de 
medicamentos do Ministério da Saúde” e, tendo também em conta, a necessidade de 
assegurar a qualidade, eficácia e segurança destes medicamentos, garantindo sua 
intercambialidade com o medicamento referência. 
A biofarmácia, como já exposto, é uma disciplina voltada à determinação 
da variabilidade da ação farmacológica como consequência dos aspectos 
ligados à formulação e processo tecnológico dos medicamentos; ela não se 
ocupa da atividade do fármaco em si, mas do modo com que ele é introduzido 
no organismo. Seu objetivo final é escolher as condições de administração em 
função da disponibilidade fisiológica da substância ativa,. 
Em suma, a principal função da biofarmácia é a determinação, 
interpretação e modulação da disponibilidade biológica (biodisponibilidade) dos 
medicamentos, objetivando a melhor forma farmacêutica para efeito terapêutico 
máximo.A biodisponibilidade é uma característica do medicamento administrado 
a um sistema biológico intacto e indica, simultaneamente, segundo que cinética 
e que proporção um fármaco alcança a circulação geral a partir da dose contida 
no medicamento administrado. A partir deste conceito, podemos observar que a 
biodisponibilidade compreende dois aspectos distintos e importantíssimos: 
velocidade e intensidade. O estudo da biodisponibilidade, portanto, consiste em 
 
 
uma avaliação das características quantitativas e cinéticas de um medicamento 
administrado a um organismo concreto, excluindo a utilização de estudos in vitro. 
A noção de disponibilidade da substância ativa a partir de um 
medicamento nasceu da observação de não equivalência terapêutica entre 
formulações contendo o mesmo fármaco, em um mesmo teor e forma 
farmacêutica, até então consideradas substituíveis. Vários incidentes (ineficácia) 
ou acidentes (toxicidade) foram a origem desta observação. 
Em 1968-69, apareceram vários comunicados a respeito de uma 
epidemia de intoxicação por anticonvulsivantes em epilépticos australianos. O 
surto foi investigado em Brisbane, onde todos os pacientes afetados estavam 
tomando medicamentos à base de fenitoína, a redução da dose aboliu os 
sintomas. Observou-se que o excipiente nas cápsulas de fenitoína implicadas 
havia sido mudado de sulfato de cálcio para lactose alguns meses antes do surto, 
e que tal mudança podia resultar em uma biodisponibilidade alterada do fármaco 
e, consequentemente, em toxicidade. 
Em 1971, pesquisadores finlandeses mostraram que os níveis 
sanguíneos de digoxina, resultantes da administração contínua de dois 
preparados comerciais eram pronunciadamente diferentes, com as disparidades 
sendo suficiente para intoxicar alguns pacientes, supostamente recebendo uma 
quantidade da preparação com maior biodisponibilidade, equivalente a uma dose 
anteriormente demonstrada como suficiente para a manutenção. 
Aproximadamente na mesma época, uma mudança aparentemente 
pequena no processo de fabricação do Lanoxin® (preparação de digoxina feita 
na Inglaterra pela Wellcome) resultou em perda de potência consequente à baixa 
biodisponibilidade. Essas alterações chamaram a atenção para a não 
equivalência dos comprimidos de digoxina disponíveis no Reino Unido e 
alertaram os médicos para a toxicidade potencial do tratamento com diferentes 
formulações de digoxina. Sabe-se hoje que as marcas de digoxina variam 
pronunciadamente entre si e, até mesmo, de um lote para outro, quando da 
mesma fabricação. 
 
FIGURA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com os exemplos supracitados, percebemos que a origem dos estudos 
de biodisponibilidade deu-se a partir de relatos de problemas de ineficácia ou 
toxicidade com o uso de determinados medicamentos que, até então, eram tidos 
como substituíveis. Desde então, estudos no sentido de garantir ao paciente 
eficácia terapêutica vêm sendo amplamente realizados mundialmente. Em nosso 
país, nos últimos dois anos, trabalhos têm sido efetivamente realizados pelo 
Governo Federal neste sentido, por meio de seus órgãos competentes, como a 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), bem como no sentido de 
garantir ao paciente um menor custo do medicamento. 
Alguns conceitos básicos, importantes para compreensão dos estudos 
de biodisponibilidade, são frequentemente confundidos ou trocados e, por isso, 
devem aqui ser esclarecidos; segundo a Resolução n0 16 de 02/03/07: 
 Equivalentes farmacêuticos - são medicamentos que contêm o mesmo 
fármaco, isto é, mesmo sal ou éster da mesma molécula terapeuticamente ativa, 
na mesma quantidade e forma farmacêutica, podendo ou não conter excipientes 
idênticos. Devem cumprir com as mesmas especificações atualizadas da 
Farmacopéia Brasileira e, na ausência destas, com as de outros códigos 
autorizados pela legislação vigente ou, ainda, com outros padrões aplicáveis 
de qualidade, relacionados à identidade, dosagem, pureza, potência, 
uniformidade de conteúdo, tempo de desintegração e velocidade de dissolução, 
quando for o caso. 
 Medicamentos bioequivalentes - Medicamentos equivalentes 
 
 
farmacêuticos ou alternativos farmacêuticos, que ao serem administrados na 
mesma dose molar e condições experimentais, não demonstram diferenças 
estatisticamente significativas em relação à 
biodisponibilidade. 
 Medicamento similar - aquele que contém o mesmo ou os mesmos 
princípios ativos, apresenta a mesmaconcentração, forma farmacêutica, via de 
administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao 
medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, 
podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do 
produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, 
devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. 
 Medicamento inovador - Medicamento apresentando em sua 
composição ao menos um fármaco ativo que tenha sido objeto de patente, 
mesmo já extinta, por parte da empresa responsável pelo seu desenvolvimento 
e introdução no mercado no país de origem e disponível no mercado nacional. 
 Medicamento de referência - Medicamento inovador registrado no órgão 
federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja 
eficácia, segurança e qualidade foram comprovados cientificamente junto ao 
órgão federal competente, por ocasião do registro. 
 Medicamento genérico - Medicamento similar a um produto de 
referência ou inovador, que pretende ser com este intercambiável, geralmente 
produzido após a expiração ou renúncia da proteção de patentes ou de outros 
direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade e 
designado pela Denominação Comum Brasileira (DCB) – denominação do 
fármaco aprovada pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária. 
 
Existe hoje, prova indubitável de que a biodisponibilidade de diferentes 
produtos farmacêuticos varia de maneira significativa e a lista de medicamentos 
para as quais isso vem sendo demonstrado aumenta a cada ano. É importante 
distinguir entre bioinequivalência, uma diferença estatisticamente significativa na 
biodisponibilidade, e inequivalência terapêutica, uma diferença clinicamente 
significativa na biodisponibilidade. A frequência com que ocorre a 
 
 
bioinequivalência, apesar de não conhecida, provavelmente é muito comum. 
A inequivalência terapêutica, por sua vez, é nitidamente menos comum e o grau 
de diferença na biodisponibilidade, que precisa existir para que se manifestem 
consequências terapêuticas, irá variar com o fármaco. Grandes diferenças de 
biodisponibilidade serão sempre significativas. Diferenças pequenas 
provavelmente terão consequências para o fármaco com uma curva de dose e 
resposta íngreme ou um índice terapêutico pequeno. 
Problemas de bioinequivalências têm sido observados entre vários 
produtos, o que justifica a importância dos estudos comparativos de diferentes 
preparações quanto à biodisponibilidade, denominados estudos de 
bioequivalência, no intuito de garantir ao paciente equivalência terapêutica entre 
os diferentes medicamentos comercializados principalmente, em terapias de 
risco, em que as substituições entre formulações podem resultar em falhas 
graves. 
Em geral, os estudos de biodisponibilidade atendem a diferentes objetivos: 
1. Realizar estudos de bioequivalência; 
2. Avaliar medicamentos que contêm novas substâncias ativas em terapêutica; 
3. Avaliar novas formulações contendo substâncias ativas já conhecidas; 
4. Determinar as alterações no perfil de absorção causadas por formas 
farmacêuticas de liberação controlada, em relação às formulações 
normais; 
5. Avaliar medicamentos com vários fármacos; 
6. Avaliar mudanças na formulação; 
7. Orientar mudanças de posologia /esquema terapêutico. 
 
2.5 AVALIAÇÃO DE BIODISPONIBILIDADE E BIOEQUIVALÊNCIA 
 
Os estudos de biodisponibilidade e bioequivalência devem ser realizados 
em humanos, voluntários, adultos, sadios e em condições padronizadas. O 
emprego de pacientes poderia acarretar variações na biodisponibilidade e 
eliminação em função das doenças, bem como risco de interações 
medicamentosas, nos casos de administrações concomitantes. Em geral, 
 
 
doses únicas dos produtos são analisadas, com o objetivo de avaliar o 
desempenho das mesmas nas condições padronizadas; raramente a 
biodisponibilidade é avaliada em esquemas de doses múltiplas. 
Os sujeitos devem ser selecionados com base em exame médico 
satisfatório, tendo funções hepáticas e renais normais. A idade deve ser mantida 
na faixa de dezoito a cinquenta anos, reduzindo, assim, respostas anômalas 
idade-dependente. Mesmo assim, variações intra e intersujeitos comumente 
ocorrem. 
O número de voluntários para os estudos de biodisponibilidade, segundo 
a Resolução n0 1.170 de 19/04/06 é de, no mínimo, doze do sexo masculino 
(exceto para os casos em que o medicamento seja indicado apenas para 
mulheres); já para os estudos de bioequivalência o número mínimo de 
voluntários sadios previsto é de 24, não sendo feita exigência de sexo, porém, 
quando ambos são usados, o número de homens e mulheres deve ser igual. Em 
qualquer dos casos, os voluntários devem dar seu consentimento à realização 
do trabalho, após terem sido conscientizados ou informados das reais condições 
do mesmo. 
O peso dos voluntários deverá estar em um limite de aproximadamente 
10% do peso considerado normal para homens e mulheres, levando-se em 
consideração a altura e a estrutura física. Não fumantes são preferidos e a 
ingestão de álcool deve ser proibida. 
A padronização das atividades dos voluntários durante o período de 
realização dos experimentos também é de crucial importância. Jejum de dez a 
doze horas deve ser feito antes da administração do produto e as refeições, após 
a administração e durante o período de coleta das amostras, devem ser 
padronizadas. Outros fármacos não devem ser administrados paralelamente e, 
preferencialmente, o voluntário não deve ter tomado outra medicação no do tipo 
indução enzimática, competição por proteínas plasmáticas, entre outras. 
O plano experimental inclui, necessariamente, o desenho do 
experimento, que deve identificar e isolar as fontes de variação dos dados em 
estudo que podem ser: variações entre sujeitos e intrassujeitos, em diferentes 
períodos do trabalho; efeito dos períodos de administração, causado pela ação 
 
 
residual dos tratamentos; variabilidade do tratamento ou do próprio produto por 
diferentes doses ou formulações; erro residual ou experimental, que inclui 
qualquer fonte de variação que não tenha sido identificada, tal como erro no 
método de análise. 
O estudo de bioequivalência é do tipo aberto, aleatório, cruzado, no qual 
os voluntários recebem os medicamentos teste e referência em ocasiões 
separadas (períodos); o número de períodos e de sequências do estudo será 
determinado em função do número de medicamentos em análise, de forma a 
assegurar a validade estatística. O intervalo entre os períodos deve ser de, no 
mínimo, cinco meias-vidas de eliminação do fármaco ou seu metabólito, quando 
o mesmo for ativo. O desenho experimental mais comumente utilizado e citado 
como apropriado para avaliação de bioequivalência entre formulações é o tipo 
cross-over. Delineamentos, nos quais todos os sujeitos recebem cada produto, 
denomina-se cross-over completo, sendo seu objetivo o de que cada indivíduo 
funcione como seu próprio controle, com base no fato de que a variação 
intrassujeitos é bem menor que a intersujeitos. 
Em estudos de biodisponibilidade, após o planejamento e delineamento 
do experimento, os indivíduos recebem as formulações em horário e condições 
predeterminadas e é submetido a coletas de sangue, fluido biológico 
normalmente utilizado para quantificação das concentrações das substâncias 
ativas em questão. 
O cronograma de coleta das amostras deverá contemplar um tempo 
igual ou superior a 3-5 vezes a meia-vida de eliminação do fármaco ou do 
metabólito quando este for ativo. Em estudos de doses simples, um número 
suficiente de amostras deve ser coletado para descrever, adequadamente, as 
fases críticas da curva de concentração versus tempo: absorção, permitindo, 
assim, comparação qualitativa da velocidade da disponibilidade; tempo em que 
ocorre o pico de concentraçãomáxima; declínio da concentração na fase de 
eliminação. Para evitar problemas de interação entre as próprias formulações 
testadas, em geral, intervalos de uma semana são respeitados entre uma 
administração e outra.Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do 
Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (MS). 
 
 
O sangue, plasma ou soro, como já mencionado, é o fluido biológico de 
escolha para quantificação do fármaco ou metabólito ativo nos estudos 
de biodisponibilidade e bioequivalência. Dados urinários também podem ser 
utilizados, no entanto, os métodos de avaliação, por dados de excreção 
urinária, estão sujeitos à maior variação e erro em relação aos que empregam 
técnicas de análise no sangue; devem ser utilizados para estudos de fármacos 
extensamente eliminados pela urina na forma não metabolizada e o período 
aconselhado de coleta de amostras é de, pelo menos, sete meias-vidas 
biológicas do fármaco. 
Assim, o melhor caminho para avaliar a biodisponibilidade de um 
fármaco é a medida de seus níveis sanguíneos. Nestes estudos, sempre que 
possível faz-se referência aos níveis plasmáticos resultantes da administração 
intravenosa do fármaco, já que esta via apresenta biodisponibilidade de 100%. 
Caso a administração não seja possível, a preparação referencial pode ser uma 
solução administrada por via oral ou outra preparação do fármaco de 
comprovada eficiência. 
Uma vez obtidos os dados dos teores do fármaco na circulação, curvas 
de concentração sanguínea versus tempo são traçadas e parâmetros 
farmacocinéticos extraídos para determinação da biodisponibilidade e/ou 
bioequivalência. Três parâmetros que descrevem a curva de nível sanguíneo são 
considerados importantes nestes estudos. 
 
 Concentração plasmática máxima (Cmáx)
Este parâmetro representa a maior concentração sanguínea alcançada 
pelo fármaco após administração oral, sendo, por isso, diretamente proporcional 
à absorção. Desta forma, depende diretamente da extensão e velocidade de 
absorção, porém, também da velocidade de eliminação, uma vez que esta se 
inicia assim que o fármaco é introduzido no organismo. Esta medida não deve 
ser avaliada por si só, pois pode conduzir a conclusões errôneas. Para efeito 
terapêutico ótimo e seguro, este parâmetro deve estar posicionado, na curva de 
concentração. 
 
 
 
 Tempo para alcançar a concentração máxima no plasma (Tmáx)
Este parâmetro tem íntima relação com a velocidade de absorção do fármaco e 
pode ser usado como simples medida desta. É alcançado quando a velocidade 
de entrada do fármaco na circulação excede as velocidades de eliminação e 
distribuição; a absorção não pode, portanto, ser considerada completa neste 
estágio. 
 
 Área sob a curva de concentração plasmática versus tempo (ASC)
Representa a quantidade total de fármaco absorvido. Para fármacos 
administrados cronicamente, é um parâmetro mais crítico que a velocidade de 
absorção. É considerado o mais importante parâmetro na avaliação da 
biodisponibilidade, sendo expresso em quantidade/volume versus tempo 
(mg/mLversus h) e pode ser considerado representativo da quantidade total de 
fármaco absorvido após administração de uma só dose desta substância ativa. 
ASC é proporcional à quantidade de fármaco que entra na circulação sistêmica 
e independe da velocidade. Matematicamente, é obtida por cálculo pelo método 
da regra trapezoidal. 
Duas formulações são consideradas bioequivalentes quando liberam 
a substância ativa e esta alcança a circulação geral com a mesma extensão e 
velocidade relativa, ou seja, os perfis de níveis sanguíneos do fármaco, obtidos destas 
formulações, são “superponíveis” dentro de limites razoáveis; normalmente 20% é o 
valor de diferença aceito na comparação dos três parâmetros farmacocinéticos. 
A Resolução n0 1.170 de 19/04/06 determina que além dos três 
parâmetros acima descritos também devem ser determinados: a depuração, o 
volume aparente de distribuição e a meia-vida de eliminação. Na avaliação de 
biodisponibilidade de um fármaco, também o parâmetro 
biodisponibilidade absoluta deverá ser determinado, o qual corresponde à 
fração da dose obtida após administração do medicamento de referência, por 
via intravenosa. Caso a administração intravenosa não seja possível, pode-se 
empregar uma solução contendo o fármaco administrado por via oral. 
 
2.5.1 Relativa à mesma dose e via de administração 
 
 
 
Como já referido, a biodisponibilidade é consequência precípua da 
formulação farmacêutica utilizada e, consequentemente, da fase farmacêutica 
do estudo da resposta terapêutica. No entanto, além dela, diferentes 
circunstâncias como patologias, a presença de alimentos para fármacos 
administrados por via oral ou outros medicamentos administrados 
concomitantemente, são fatores que podem interferir diretamente na absorção 
de fármacos (como anteriormente descrito) e, consequentemente, em sua 
biodisponibilidade. Didaticamente podem-se classificar os fatores que influem 
na biodisponibilidade de medicamentos em: farmacêuticos, fisiopatológicos e 
genéticos. 
Os fatores farmacêuticos, objeto de estudo da biofarmácia, estão 
particularmente relacionados com as formas farmacêuticas de administração, 
dentre os quais merecem destaque as características das matérias-primas 
(ativas ou não), as formulações e os processos tecnológicos. 
 
Os fatores fisiológicos estão relacionados com o peso corpóreo, idade, 
velocidade de esvaziamento gástrico, velocidade de fluxo sanguíneo, estado de 
nutrição, gravidez e outros; muitos deles discutidos no tópico sobre absorção de 
fármacos. Alterações biológicas derivadas de estados patológicos podem 
também interferir de forma significativa na biodisponibilidade de medicamentos, 
muito particularmente daqueles relacionados com doenças cardíacas e 
hepáticas. 
Já os fatores genéticos estão relacionados com diferenças bioquímicas 
características de grupos étnicos, que se distinguem de estados patológicos, as 
quais, no entanto, podem promover significativas alterações na 
biodisponibilidade de medicamentos. 
 
 
3 NOÇÕES GERAIS DE TOXICOLOGIA 
 
FIGURA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://dizqueeumaespeciedecsi.blogspot.com/2009/01/toxicologia.html>. Acesso em: 13 
dez. 2011. 
 
A toxicologia se ocupa da natureza e dos mecanismos das lesões tóxicas 
e da avaliação quantitativa do espectro das alterações biológicas produzidas 
pela exposição aos agentes químicos. 
É a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de 
substâncias químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de 
prevenir o aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas 
substâncias químicas. 
A toxicologia se apoia, então, em três elementos básicos: 
1. O Agente Químico (AQ) capaz de produzir um efeito; 
2. O Sistema Biológico (SB) com o qual o AQ irá interagir para produzir o efeito; 
3. O efeito resultante que deverá ser adverso (ou tóxico) para o SB. 
 
3.1 ÁREAS DA TOXICOLOGIA 
 
A toxicologia é uma ciência multidisciplinar, que abrange uma vasta área 
de conhecimento, relacionando-se estritamente com diversas outras ciências, 
 
 
pois, sem os conhecimentos inter-relacionados, dificilmente poderá atingir seus 
objetivos: prevenir, diagnosticar e tratar. 
A toxicologia é desenvolvida por especialistas com diferentes formações 
profissionais, oferecendo cada um, contribuições específicas em uma ou mais 
áreas de atividade, permitindo assim, o aperfeiçoamento dos conhecimentos e o 
desenvolvimento das áreas de atuação. 
No âmbito da toxicologia, distinguem-se várias áreas, de acordo com a 
natureza do agente ou a maneira como este alcança o organismo. Destacam-se 
entre outras: 
 Toxicologia ambiental: estuda os efeitos nocivos produzidos pela 
interação dos contaminantes químicos ambientais com os organismos 
humanos. Toxicologia ocupacional: estuda os efeitos nocivos produzidos pela 
interação dos contaminantes do ambiente de trabalho, com o 
indivíduo exposto e o impacto sobre sua saúde. 
 Toxicologia de alimentos: estuda os efeitos adversos produzidos 
por agentes químicos presentes nos alimentos sejam estes 
contaminantes ou de origem natural. É a área da toxicologia que 
estabelece as condições nas quais os alimentos podem ser ingeridos 
sem causar danos à saúde. 
 Toxicologia de medicamentos: estuda os efeitos nocivos 
produzidos pela interação dos medicamentos com o organismo, 
decorrentes do uso inadequado ou da suscetibilidade individual. 
 Toxicologia social: estuda os efeitos nocivos dos agentes químicos 
usados pelo homem em sua vida de sociedade, seja sob o aspecto 
individual, social (de relação) ou legal. 
 
 
FIGURA 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.ccs.saude.gov.br/visa/humordown.html>. Acesso em: 13 dez. 2011. 
 
3.2 AGENTE TÓXICO (AT) 
 
É qualquer substância química que, interagindo com o 
organismo, é capaz de produzir um efeito tóxico, seja este uma 
alteração funcional ou morte. A maioria das substâncias 
químicas, consideradas como agentes tóxicos são substâncias 
exógenas conhecidas como xenobióticos. 
 
3.2.1 Classificação dos agentes tóxicos (AT) 
 
Os AT podem ser classificados de diversas maneiras dependendo dos 
critérios utilizados. A seguir, são apresentadas classificações quanto às 
características físicas e químicas, e quanto ao tipo de ação tóxica. 
 
 Quanto às características físicas 
 Gases: são fluidos sem forma, que permanecem no estado gasoso 
em condições normais de pressão e temperatura. Ex.: CO, NO e NO2, O3, 
 
 
etc. 
 Vapores: são as formas gasosas de substâncias normalmente sólidas 
ou líquidas nas condições ambientais. Ex.: vapores resultantes da 
volatilização de solventes orgânicos como benzeno, tolueno, xileno, etc. 
 Partículas ou aerodispersoides: partículas de tamanho microscópico, 
em estado sólido ou líquido. Ex.: poeiras e fumos; neblinas e névoas. 
 
 Quanto às características químicas 
Esta classificação se baseia na estrutura química das substâncias que 
mais se destacam quanto ao interesse toxicológico. Ex.: Halogêneos; 
produtos alcalinos; hidrocarbonetos alifáticos; hidrocarbonetos 
aromáticos; metais; outros. 
 
 Quanto ao tipo de ação tóxica (onde atuam ou órgão): 
Nefrotóxico,Neurotóxico,Hepatotóxico, e outros. 
 
3.3 TOXICIDADE 
 
É a capacidade, inerente a um agente químico, de produzir danos aos 
organismos vivos, em condições padronizadas de uso. Uma substância muito 
tóxica causará dano a um organismo se for administrada em quantidades muito 
pequenas, enquanto que uma substância de baixa toxicidade somente produzirá 
efeito quando a quantidade administrada for muito grande. 
O conhecimento da toxicidade das substâncias químicas se obtém por 
meio de experimentos em laboratório utilizando animais. Os métodos são 
empregados com todo rigor científico com a finalidade de fornecer informações 
relativas aos efeitos tóxicos e principalmente para avaliar riscos que podem ser 
extrapolados ao homem. 
Os agentes químicos podem ser classificados em seis classes de 
toxicidade, de acordo com os valores de DL50 (Tabela 1). Esta classificação é 
utilizada para consultas rápidas, qualitativas, com finalidade de obter 
informações relativas à toxicidade intrínseca das substâncias. 
 
 
A falha desta classificação está no fato de ela se basear apenas na 
toxicidade intrínseca da substância que é um parâmetro extremamente variável, 
sendo influenciado por uma série de fatores, relacionados principalmente com o 
agente químico, o organismo e a exposição. 
Em situações práticas não se deve conhecer somente a toxicidade das 
substâncias, representadas geralmente pela DL50, pois tão importante como 
conhecer a toxicidade dos agentes químicos, é conhecer e saber avaliar o risco 
tóxico de uma substância química. 
 
TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO GRAU DE TOXICIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3.1 Fatores que influem na toxicidade 
 
 Fatores ligados ao agente químico 
 Propriedade físico-química (solubilidade, grau de ionização, 
coeficiente de partição óleo/água, pka, tamanho molecular, estado 
físico, etc.); 
 Impurezas e contaminantes; 
 
 
Categoria de 
Toxicidade 
 
 
DL50 – Rata (via 
Oral) 
 
 
Extremamente tóxico 
 
 
< 1mg/kg 
Altamente tóxico 1-50 mg/kg 
Moderadamente tóxico 50-500 
mg/kg 
Ligeiramente tóxico 0,5-5 g/kg 
Praticamente não tóxico 5-15 g/kg 
Relativamente atóxico > 15 g/kg 
 
 
 Fatores envolvidos na formulação (veículo, adjuvantes). 
 
 
 Fatores relacionados com o organismo 
 Espécie, linhagem, fatores genéticos; 
 Fatores imunológicos, estado nutricional, dieta; 
 Sexo, estado hormonal, idade, peso corpóreo; 
 Estado emocional, estado patológico. 
 
 Fatores relacionados com a exposição 
 Via de introdução; 
 Dose ou concentração; 
 Frequência. 
 
 Fatores relacionados com o ambiente 
 Temperatura, pressão; 
 Radiações; 
 Outros (luz, umidade, etc.). 
 
3.4 RISCO E SEGURANÇA 
 
O risco associado a uma substância química se define como a 
probabilidade de uma substância produzir um efeito adverso, um dano, sob 
condições específicas de uso. 
Nem sempre a substância de maior toxicidade é a de maior risco, ou 
seja, de maior “perigo” para o homem. Dependendo das condições de uso, uma 
substância classificada como muito tóxica (elevada toxicidade intrínseca) pode ser menos 
“perigosa” do que uma pouco tóxica. Existindo um risco associado ao uso de uma 
substância química, há a necessidade de estabelecer condições de segurança. 
Portanto, define-se como segurança, a certeza prática de que não resultarão 
efeitos adversos para um indivíduo exposto a uma determinada substância em 
quantidade e forma recomendada de uso. Ou seja, quando se fala em risco e 
 
 
segurança, significa a possibilidade ou não da ocorrência de uma situação 
adversa. 
 
Um problema sério, no entanto, é estabelecer o que é um risco aceitável 
no uso de substância química. Esta decisão é bastante complexa e envolve o 
binômio risco-benefício, ou seja, altos riscos podem ser aceitáveis no uso das 
chamadas life saving drugs, ou seja, os fármacos essenciais à vida e não serem 
aceitáveis no uso de aditivos de alimentos, por exemplo. 
Na utilização das substâncias químicas para diversos fins, alguns 
fatores devem ser considerados na determinação de um risco aceitável: 
 Necessidade do uso da substância; 
 Disponibilidade e adequação de outras substâncias alternativas para 
o uso correspondente; 
 Efeitos sobre a qualidade do ambiente e conservação dos recursos naturais; 
 Considerações sobre o trabalho (no caso de ser usada no nível ocupacional); 
 Avaliação antecipada de seu uso público (ou seja, o que ela poderá 
causar sobre a população em geral, onde existe, por exemplo, 
crianças, velhos, doentes, etc.); 
 Considerações econômicas. 
 
 
4 INTOXICAÇÃO 
 
É um conjunto de efeitos nocivos representado pelos sinais e sintomas 
que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação do agente 
químico com o sistema biológico. Corresponde ao estado patológico provocado 
pelo agente tóxico, em decorrência de sua interação com o organismo. 
Logicamente, o efeito tóxico só será produzido se a interação com o 
receptor biológico apropriado ocorrer em dose e tempo suficientes para quebrar 
a homeostasia do organismo. Existe, então, na maioria das vezes, uma série de 
processos envolvidos, desde o contato do agente tóxico com o organismo, até o 
sintoma clínico que revela esta interação. Isto permite dividir a intoxicação em 
quatro fases distintas, a saber: 
Fase de Exposição: corresponde ao contato do agente tóxico com o 
organismo. Representa a disponibilidade química das substânciasquímicas e 
passíveis de serem introduzidas no organismo. 
Fase Toxicocinética: consiste no movimento do AT dentro do 
organismo. É formada pelos processos de absorção, distribuição, 
armazenamento e eliminação (biotransformação e excreção). Todos esses 
processos envolvem reações mútuas entre o agente tóxico e o organismo, 
conduzindo à disponibilidade biológica. 
Fase Toxicodinâmica: corresponde à ação do AT no organismo. 
Atingindo o alvo, o agente químico ou seu produto de biotransformação interage 
biologicamente causando alterações morfológicas e funcionais, produzindo 
danos. 
Fase Clínica: corresponde à manifestação clínica dos efeitos resultantes 
da ação tóxica. É o aparecimento de sinais e sintomas que caracterizam o efeito 
tóxico e evidenciam a presença do fenômeno da intoxicação. 
 
4.1 DISTINÇÃO ENTRE EFEITOS ADVERSOS E NÃO ADVERSOS 
 
O efeito adverso ou “anormal” com frequência é definido em relação à medição 
que está fora da amplitude “normal”. A amplitude “normal”, por sua vez, se define com base 
 
 
nos valores médios que se têm observado em um grupo de indivíduos 
presumivelmente sãos. No entanto, é praticamente impossível, em uma população 
geral, definir valores “normais”, onde se inclui grupos que podem ser especialmente 
sensíveis aos fatores ambientais, em especial as pessoas muito jovens e muito 
idosas, as afetadas por alguma enfermidade e as expostas a outros agentes 
tóxicos e tensões. 
Por isso, têm-se procurado formular critérios para determinar efeitos 
adversos baseados em considerações biológicas e não somente em diferenças 
estatisticamente significativas em relação a uma população controle. 
Sendo assim, o efeito não adverso é aquele que não reduz a capacidade 
funcional nem a capacidade para compensar tensões adicionais. São reversíveis 
logo após cessar a exposição, sem diminuição detectável da capacidade do 
organismo para manter a homeostase, e não realçam a suscetibilidade aos 
efeitos de outras influências ambientais. 
Por outro lado, se pode deduzir que os efeitos adversos são alterações 
biológicas que: 
 Ocorrem com uma exposição intermitente ou continuada e que dão 
lugar à diminuição da capacidade funcional (determinada por 
parâmetros anatômicos, fisiológicos e bioquímicos ou de 
comportamento) ou a uma diminuição da capacidade para compensar 
tensões adicionais. 
 É reversível durante a exposição ou logo que cessada esta, quando 
tais alterações causam diminuições detectáveis da capacidade do 
organismo para manter a homeostase. 
 Realçam a suscetibilidade do organismo aos fatores nocivos de outras 
influências ambientais. 
 
4.2 EFEITOS TÓXICOS 
 
São os efeitos adversos causados por substâncias químicas. Assim, 
todo o efeito tóxico é indesejável e nocivo, mas nem todos os efeitos indesejáveis 
são tóxicos. 
 
 
 
4.2.1 Classificação dos efeitos tóxicos 
 
 Efeito idiossincrático 
As reações idiossincráticas correspondem às respostas 
quantitativamente anormais a certos agentes tóxicos, provocados por alterações 
genéticas. O indivíduo pode ter uma resposta adversa com doses baixas (não 
tóxicas) ou então ter uma resposta extremamente intensa com doses mais 
elevadas. Exemplo: sensibilidade anormal aos nitritos e outros agentes 
formadores de meta-hemoglobina, em virtude da deficiência, de origem genética, 
na NADH-meta- hemoglobinaredutase. 
 
 Efeito alérgico 
Reações alérgicas ou alergia química são reações adversas que 
ocorrem somente após uma prévia sensibilização do organismo ao AT, ou a um 
produto quimicamente semelhante. Na primeira exposição, a substância age 
como um hapteno, promovendo a formação dos anticorpos, que em duas ou três 
semanas estão em concentrações suficientes para produzir reações alérgicas 
em exposições subsequentes. 
Alguns autores não concordam que as alergias químicas sejam efeitos 
tóxicos, já que elas não obedecem ou apresentam uma relação dose-resposta 
(elas não são doses dependentes). Entretanto, como a alergia química é um 
efeito indesejável e adverso ao organismo, pode ser reconhecido como efeito 
tóxico. 
 
 Efeito imediato, crônico e retardado 
 
 Efeitos Imediatos ou agudos 
São aqueles que aparecem imediatamente após uma exposição aguda, 
ou seja, exposição única ou que ocorre, no máximo, em 24 horas. Em geral, são 
efeitos intensamente graves. 
 
 
 
 
 Efeitos crônicos 
São aqueles resultantes de uma exposição crônica, ou seja, exposição 
a pequenas doses, durante vários meses ou anos. O efeito crônico pode advir 
de dois mecanismos: 
a) Somatória ou Acúmulo do Agente Tóxico no Organismo: a velocidade 
de eliminação é menor que a de absorção, assim ao longo da 
exposição o AT vai sendo somado no organismo, até alcançar um 
nível tóxico. 
b) Somatória de Efeitos: ocorre quando o dano causado é irreversível e, 
portanto, vai sendo aumentado a cada exposição, até atingir um nível 
detectável; ou, então, quando o dano é reversível, mas o tempo entre 
cada exposição é insuficiente para que o organismo se recupere 
totalmente. 
 
 Efeitos retardados 
São aqueles que só ocorrem após um período de latência, mesmo 
quando já não mais existe a exposição. Por exemplo: efeitos carcinogênicos que 
têm uma latência a 20-30 anos. 
 
 Efeitos reversíveis e irreversíveis 
A manifestação de um ou outro efeito vai depender, principalmente, da 
capacidade do tecido lesado em se recuperar. Assim, lesões hepáticas são 
geralmente reversíveis, já que este tecido tem grande capacidade de 
regeneração, enquanto as lesões no Sistema Nervoso Central (SNC) são 
geralmente irreversíveis, uma vez que as células nervosas são pouco 
renovadas. 
 
 Efeitos locais e sistêmicos 
O efeito local refere-se àquele que ocorre no local do primeiro contato 
 
 
entre a AT e o organismo. Já o sistêmico exige uma absorção e distribuição da 
substância, de modo a atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor 
biológico. Existem substâncias que apresentam os dois tipos de efeitos (por 
exemplo: Benzeno, chumbo tetraetila, etc.). 
 
 Efeitos resultantes da interação de agentes químicos 
O termo interação entre substâncias químicas é utilizado todas as vezes 
que uma substância altera o efeito de outra. A interação pode ocorrer durante a 
fase de exposição, toxicocinética ou toxicodinâmica. Como consequências 
destas interações podem resultar diferentes tipos de efeitos: 
 Adição: é aquele produzido quando o efeito final de dois ou mais 
agentes é quantitativamente igual à soma dos efeitos produzidos 
individualmente. Ex.: Chumbo e arsênio atuando na biossíntese do heme 
(aumento da excreção urinária da coproporfirina). 
 Sinergismo: ocorre quando o efeito de dois ou mais agentes 
químicos combinados é maior do que a soma dos efeitos individuais. Ex.: A 
hepatotoxicidade, resultante da interação entre tetracloreto de carbono e álcool 
é muito maior do que aquela produzida pela soma das duas ações em separado, 
uma vez que o etanol inibe a biotransformação do solvente clorado. 
 Potenciação: ocorre quando um agente tóxico tem seu efeito aumentado por 
atuar simultaneamente, com um agente “não tóxico”. Ex.: O isopropanol, que não é 
hepatotóxico, aumenta excessivamente a hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono. 
 Antagonismo: ocorre quando dois agentes químicos interferem um 
com a ação do outro, diminuindo o efeito final. É, geralmente, um efeito desejável 
em toxicologia, já que o dano resultante (se houver) é menor que aquele causado 
pelas substâncias separadamente. 
Existem vários tipos de antagonismo: 
a) Antagonismo químico (também chamado neutralização): ocorre 
quando o antagonista reage quimicamente com o agonista, 
inativando-o. Este tipo de antagonismo tem um papel muito importante 
no tratamento das intoxicações. Ex.: Agentes quelantes como o 
EDTA, BAL e penicilamina, que sequestram metais (As, Hg, Pb, etc.), 
 
 
diminuindo suas ações tóxicas.b) Antagonismo funcional: ocorre quando dois agentes produzem efeitos 
contrários em um mesmo sistema biológico atuando em receptores 
diferentes. Ex.: Barbitúricos que diminuem a pressão sanguínea, 
interagindo com a norepinefrina, que produz hipertensão. 
c) Antagonismo não competitivo, metabólico ou farmacocinético: é 
quando um fármaco altera a cinética do outro no organismo, de modo que 
menos AT alcance o sítio de ação ou permaneça menos tempo agindo. 
Ex.: Bicarbonato de sódio que 
4
aumenta a secreção urinária dos 
barbitúricos; fenobarbital que aumenta a biotransformação do tolueno, 
diminuindo sua ação tóxica. 
d) Antagonismo competitivo, não metabólico ou farmacodinâmico: 
ocorre quando os dois fármacos atuam sobre o mesmo receptor 
biológico, um antagonizando o efeito do outro. São os chamados 
bloqueadores e este conceito é usado, com vantagens, no tratamento 
clínico das intoxicações. Ex.: Naloxona, no tratamento da intoxicação 
com opioides. Atropina no tratamento da intoxicação por 
organofosforado ou carbamato. 
 
FIGURA 8 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.ccs.saude.gov.br/visa/humordown.html>. Acesso em: 13 dez. 2011. 
 
 
5 VIAS E SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS 
 
Nos últimos anos, as pesquisas e aplicações de novos sistemas de 
administração de drogas vêm se desenvolvendo em escala exponencial. Foi 
desenvolvida inclusive uma verdadeira especialidade desse tema, que faz parte 
da recém-criada Engenharia Biomédica. Prevê-se que no futuro será possível 
administrar as drogas no momento certo, na posologia certa em qualquer parte 
do corpo com alvo específico e eficiência. 
A escolha de determinada via ou sistema de administração das drogas, 
depende de vários fatores: 
a) efeito local ou sistêmico; 
b) propriedades da droga e da forma farmacêutica administrada; 
c) idade do paciente; 
d) conveniência; 
e) tempo necessário para o início do efeito; 
f) duração do tratamento; 
g) obediência do paciente ao regime terapêutico. 
 
FIGURA 9 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
DE DROGAS 
 
FONTE: Moreno (2007). 
 
 
 Uso Interno: expressão que indica a administração de medicamentos por via oral. 
 Uso Externo: expressão usada para indicar aplicação local ou tópica 
de medicamentos. 
 Uso Parenteral: indica o uso de medicamentos por via que não seja interna ou 
48
 
enteral: intravenosa, intramuscular, subcutânea. 
 
Via Oral: 
 Sólidos: pós, granulados, comprimidos, pílulas, cápsulas, drágeas, pastilhas, bolos. 
 Líquidos: soluções simples e compostas, xaropes, elixires, 
dispersões, emulsões e suspensões. 
 
Via Parenteral: 
 Injeções e implantes (pellets). 
 Intramuscular, intravenoso, subcutâneo, intradérmico, 
intrarraquidiano, intratecal, intraperitoneal, intracardíaco. 
 
Uso Tópico ou Externo: 
 Cutâneo: pomadas, unguento, creme, loção, pós, gel, aerossóis. 
 Retal: supositórios. 
 Vaginal: óvulos, comprimidos, geleias, cremes, bolos. 
 Oftálmicos: soluções, pomadas, gel. 
 
A administração de medicamentos deve ser realizada com eficiência, 
segurança e responsabilidade, a fim de que sejam alcançados os objetivos da 
terapêutica implementada e, dessa forma, haja uma melhora no quadro clínico 
do paciente. Para tanto, deve-se ter 
conhecimento de alguns dados quanto ao processo de administração: informações 
farmacológicas do medicamento (farmacocinética, farmacodinâmica, dose 
máxima e efetiva, além do intervalo entre as doses), bem como métodos, vias e 
técnicas de administração. 
O método de administração dos medicamentos depende da rapidez com 
 
 
que se deseja a ação da droga, da natureza e quantidade da droga a ser 
administrada e das condições do paciente. As condições do paciente 
determinam, muitas vezes, a via de administração de certas drogas. 
Todavia, inúmeros problemas limitam a administração de drogas, por 
isso as vias utilizadas para administração de fármacos apresentam 
contraindicações em alguns casos específicos. A seguir, serão abordadas 
algumas vias de administração com seus prós e contras. 
 
FIGURA 10 
 
 
FONTE: Moreno (2007). 
 
A ingestão é o método mais comum de prescrição de um fármaco. Além 
disso, é o mais seguro, mais conveniente e o mais econômico. Muitas vezes, 
a via oral é contraindicada por: 
 O medicamento irritar a mucosa gástrica; 
 O medicamento interferir na digestão; 
 O paciente não poder deglutir. 
 
Além disso, o paciente pode apresentar algum quadro cujas 
características o impedem de ingerir drogas, como, por exemplo, patologias do 
sistema digestivo. Algumas desvantagens da via oral incluem, portanto, a 
 
 
impossibilidade de absorção de alguns agentes por causa de suas 
características físicas, os vômitos em resposta à irritação da mucosa 
gastrintestinal, destruição de alguns agentes farmacológicos por enzimas 
digestivas ou pelo pH gástrico, irregularidades de absorção ou propulsão na 
presença de alimentos e outros fármacos e necessidade de cooperação por 
parte do paciente. 
Na via oral um evento que deve ser ressaltado é a ocorrência do efeito 
de primeira passagem, em que pode ocorrer perda parcial de droga, por 
metabolização hepática após a absorção, uma vez que a droga absorvida no 
trato gastrintestinal passa primeiramente pelo fígado pela circulação porta-
hepática. 
 
FIGURA 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Moreno (2007). 
 
 
FIGURA 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.hepcentro.com.br/anatomia.htm>. Acesso em: 16 dez. 2011. 
 
Além das propriedades físico-químicas das drogas, outros fatores 
poderão influir na absorção: 
a) Administração de EDTA: parece que este quelante altera a 
permeabilidade da membrana, por sequestrar o cálcio presente na sua estrutura, 
facilitando assim, de maneira inespecífica, a absorção de ácidos, bases e 
substâncias neutras. Existe sempre, entretanto, no caso da ingestão de minerais, 
a possibilidade do EDTA quelar o AT, o que resultaria em uma menor absorção 
do mesmo. 
b) Conteúdo estomacal: a absorção será favorecida se o estômago 
estiver vazio, em função do maior contato do AT com a mucosa. 
c) Secreções gastrintestinais, sua concentração enzimática, e sua 
acidez: estes sucos digestivos, seja por sua acidez iônica, seja por ação 
enzimática, podem provocar mudanças na atividade ou na estrutura química do 
agente, alterando, assim, a velocidade de absorção. Por exemplo: sabe-se que 
o pH estomacal das crianças não é tão ácido como o dos adultos. Isto implica 
em um desenvolvimento maior de microrganismos, principalmente Encherichia 
 
 
coli, microrganismo que reduz, no estômago o nitrato a nitrito. Como as 
crianças possuem dietas ricas em nitratos, estes serão reduzidos a nitritos que são 
rapidamente absorvidos pela mucosa estomacal, causando, então, meta-
hemoglobinemia. 
d) Motilidade intestinal: o aumento da mobilidade intestinal diminuirá o 
tempo de contato do agente tóxico com a mucosa e, consequentemente, a 
absorção neste local. 
e) Efeito de primeira passagem pelo fígado: como mencionado 
anteriormente, as substâncias absorvidas no TGI entram na circulação porta e 
passam pelo fígado, podendo ser biotransformadas de maneira mais ou menos 
intensa. Pela secreção biliar serão excretadas no intestino, onde serão 
reabsorvidas ou excretadas pelas fezes. É o também chamado ciclo êntero-
hepático. Este efeito pode ser responsável pela menor biodisponibilidade de 
algumas substâncias, quando estes são administrados por via oral. 
 
TABELA 2 - DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS ENTRE HOMENS E MULHERES QUE PODEM 
AFETAR A ABSORÇÃO DE AGENTES TÓXICOS PELO TGI 
 
Parâmetro Diferença 
fisiológica 
Diferença na 
absorção 
pH Suco Gástrico Gestante>mulher>ho
mem 
Altera absorção oral 
Motilidade intestinal < Nas gestantes > Absorção 
Esvaziamento 
gástrico 
Prolongado nas 
gestantes> Absorção 
 
Alguns dos fatores que influem na absorção pelo TGI podem variar de 
acordo com o sexo e, no sexo feminino, entre as gestantes e não gestantes. Este 
fato é importante na avaliação da intensidade de absorção de drogas por essa 
via. A tabela acima mostra as principais diferenças fisiológicas existentes entre 
homens e mulheres, gestantes e não gestantes que podem influenciar na 
absorção pelo TGI. 
 
 
Alguns medicamentos são colocados debaixo da língua para serem 
absorvidos diretamente pelos pequenos vasos sanguíneos ali situados. A via 
sublingual é especialmente boa para a nitroglicerina, que é utilizada no alívio da 
angina (dor no peito), porque a absorção é rápida e o medicamento ingressa 
diretamente na circulação geral, sem passar por meio da parede intestinal 
pelo fígado. Mas a maioria dos medicamentos não pode ser administrada por 
essa via, porque a absorção é, em geral, incompleta e errática. 
 
5.4 ADMINISTRAÇÃO RETAL 
 
Com frequência, a via retal é utilizada quando a ingestão não é possível 
por causa de vômitos ou porque o paciente se encontra inconsciente. A 
administração de drogas via retal, por supositórios, tem como objetivo deixar o 
fármaco livre do metabolismo de primeira passagem, no fígado, pois a droga 
entra em vasos que a levam direto à veia cava inferior. Entretanto, muitas vezes, 
o supositório penetra um pouco mais, situando-se em uma região drenada por 
veias que drenam ao fígado e, dessa forma, não evitam o efeito de primeira 
passagem. Deve-se ressaltar o desconforto que a via retal pode proporcionar ao 
paciente. Além disso, a absorção retal costuma ser irregular e incompleta e 
muitos fármacos provocam irritação da mucosa retal. 
Todavia, a injeção do fármaco também tem suas desvantagens. Pode 
ocorrer uma injeção intravascular acidental, a injeção pode vir acompanhada de 
forte dor e, às vezes, é difícil para um paciente injetar o fármaco em si mesmo 
se for necessária a automedicação. Os custos desse tipo de intervenção é outra 
consideração importante. Muitas vezes, a droga é impedida de ser administrada 
pela via parenteral, por suas próprias características, ou pelas condições 
apresentadas pelo paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 13 
 
 
 
FONTE:Disponível em: < http://enfermagem-sae.blogspot.com/2010/03/vias-de-administracao.html>. 
Acesso em: 16 dez. 2011. 
 
FIGURA 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.compendiodenfermeria.com/>. Acesso em: 16 
 
 
dez. 2011. 
 
 
 
A concentração desejada de um fármaco no sangue é obtida com uma 
precisão e rapidez que não são possíveis com outros procedimentos. Algumas 
características são essenciais para que uma substância possa ser injetada pela 
via intravenosa: 
 Não ser hemolítica; 
 Não ser cáustica; 
 Não coagular as albuminas; 
 Não produzir embolia ou trombose; 
 Não conter pirogênio. 
 
Em relação às condições do paciente, podemos citar: 
 A dificuldade de se encontrar veias adequadas à picada; 
 A presença de tecidos com muitos hematomas ou mesmo feridos; 
 A intensa dor do paciente à aplicação, em virtude de sua doença ou 
por outro motivo. 
 
Também é provável a ocorrência de reações desfavoráveis, na 
aplicação via venosa. Uma vez injetado um fármaco, não há maneira de 
retirá-lo. Injeções intravenosas repetidas dependem da capacidade em manter 
uma veia permeável. Em geral, a injeção intravenosa deve ser administrada 
lentamente e com monitorização constante das reações do paciente. 
É importante ressaltar que a aplicação de drogas depende, além das 
condições já propostas, do equipamento e do “aplicador”, seja médico, enfermeiro ou 
outro profissional da área de saúde. O equipamento deve ser adequado a cada 
método, devendo ser, entre outras qualidades, descartável. O “aplicador” do método 
deve ser capaz de praticá-lo, já que tem em suas mãos uma grande responsabilidade. 
 
 
 
5.5.2 Subcutânea 
 
Só pode ser usada para administrar substâncias que não são irritantes 
para os tecidos. A absorção costuma ser constante e suficientemente lenta para 
produzir um efeito persistente. A absorção de substâncias implantadas sob a 
pele (sob forma sólida de pellet) ocorre lentamente ao longo de semanas ou 
meses. Alguns hormônios são administrados de forma eficaz dessa maneira. 
 
5.5.3 Injeção Intramuscular 
 
Injeções intramusculares depositam a medicação profundamente no 
tecido muscular, o qual por ser bastante vascularizado pode absorvê-la 
rapidamente. Esta via de administração fornece uma ação sistêmica rápida e 
absorção de doses relativamente grandes (até 5 ml em 
locais adequados). 
Pelo fato de possuir uma ação rápida, esta via é utilizada em quadros de 
Reação Anafilática, por administração intramuscular de Betametasona ou 
Dexametasona, como conduta emergencial. 
As injeções intramusculares são recomendadas para os pacientes não 
cooperativos, pacientes que não podem tomar a medicação via oral, e para as 
medicações que são degradadas pelo suco digestivo. Os tecidos musculares 
possuem poucos nervos sensoriais, permitindo na injeção uma administração 
menos dolorosa de medicações irritantes. O local de uma injeção intramuscular 
deve ser escolhido cuidadosamente, levando em consideração o estado físico 
geral do paciente e a proposta da injeção. 
As injeções intramusculares são contraindicadas em pacientes com 
mecanismo de coagulação prejudicado e em pacientes com doença vascular 
periférica oclusiva, edema e choque, porque estas moléstias prejudicam a 
absorção periférica. Além de não serem administrados em locais inflamados, 
edemaciados ou irritados ou ainda em locais com manchas de nascença, tecido 
cicatrizado ou outras lesões. 
 
 
 
5.5.4 Via Intra-arterial 
 
É raramente empregada, quer seja pelas dificuldades técnicas em 
aplicá-la, quer seja pelos riscos que oferece. A justificativa de uso tem sido obter 
altas concentrações locais de fármacos, antes de ocorrer sua diluição por toda 
circulação. Uma variante dessa é a via intracardíaca, hoje em desuso, desde que 
foi substituída pela punção de grandes vasos venosos para administrar fármacos 
em reanimação cardiorrespiratória. 
 
5.5.5 Intratecal 
 
Empregada quando se deseja efeitos locais e rápidos nas meninges ou 
no eixo cérebro-espinhal, como na anestesia espinhal ou nas infecções agudas 
do SNC. Os fármacos, algumas vezes, são injetados diretamente no espaço 
subaracnóideo espinhal. 
As administrações intrarraquidianas são usadas no processo anestésico 
e podem ser: 
 Peridurais ou Epidurais; 
 Intra-aracnóidiana. 
 
FIGURA 15 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Inje%C3%A7%C3%B5es+Espinhais&la
ng=3>. Acesso em: 16 dez. 2011. 
 
 
A solução anestésica é colocada no conduto vertebral (FORA do espaço 
dural) sem perfuração do folheto dura-máter/aracnoide. O espaço peridural é 
virtual, seu conteúdo é representado por vasos sanguíneos, linfáticos e tecido 
adiposo. 
 
FIGURA 16 
 
 
FONTE: Disponível em: < http://caminhandocomciencia.blogspot.com/2010/05/curiosidades-sobre-anestesias.html>. 
Acesso em: 16 dez. 2011. 
 
5.5.7 Anestesia Intra-aracnóidiana: 
 
A agulha que irá injetar o anestésico passará pelo espaço peridural 
perfura o folheto bilaminar dura-máter/aracnoide e atinge o interior do espaço 
dural – onde se encontra o liquor. 
Por essa via, os fármacos penetram rapidamente na circulação pela veia 
porta. A injeção intraperitoneal é um procedimento laboratorial comum, embora 
raramente seja empregado na prática clínica. 
 
5.6 ABSORÇÃO PULMONAR 
 
Os fármacos gasosos e voláteis podem ser inalados e absorvidos por 
meio do epitélio pulmonar e das mucosas do trato respiratório. As vantagens são 
 
 
a quase instantânea absorção para o sangue, ausência de perda hepática de 
primeira passagem e, no caso das doenças pulmonares, a aplicação

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