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Bioterápicos Profª Amanda Karine Farmacêutica pela Faculdade Integral Diferencial- FACID Especialização em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica. Introdução • Ao longo da história da medicina homeopática, por diversas vezes deparamos com os conceitos hahnemannianos. Hahnemann, porém, como mestre, permitiu que sua obra fosse amplamente discutida, ensaiada e ensinada. Seus discípulos ouviram e disseminaram a homeopatia aos "quatro cantos" do mundo proporcionando, mediante seus estudos e trabalhos, outras fontes para o preparo do medicamento e o tratamento do paciente, derivando assim para novos medicamentos e conceitos. • Este capítulo aborda o que evoluiu para o termo bioterápicos e sua trajetória histórica dentro da homeopatia. O QUE SÃO BIOTERÁPICOS? • Atualmente nosódios, autoisoterápicos e isoterápicos foram incorporados ao conceito de bioterápicos, mais abrangente, definido e enquadrado em 1965 na farmacopeia francesa. • Bioterápicos são medicamentos preparados de acordo com a farmacotécnica homeopática a partir de produtos biológicos, quimicamente indefinidos, como secreções, excreções, tecidos e órgãos patológicos ou não, bem como produtos de origem microbiana, alérgenos e outros insumos relacionados com a enfermidade/doença do paciente. As substâncias que dão origem aos bioterápicos são identificadas como "fontes para bioterápicos". • Os bioterápicos podem ou não apresentar patogenesias. Os nosódios de Hering, por exemplo, são bioterápicos que apresentam patogenesias. A experimentação no homem sadio permite que esses medicamentos sejam empregados em outros pacientes que não aqueles de quem foi extraído o produto patológico, baseando-se na identidade sintomática, de acordo com a lei dos semelhantes. Outros nosódios foram incorporados à terapêutica homeopática por meio da observação clínica em pacientes intoxicados pelo seu emprego abusivo. • A tuberculina de Koch, por exemplo, fonte do bioterápico conhecido como Tuberculinum, apresenta uma rica patogenesia obtida a partir da observação de sintomas apresentados por pacientes submetidos a uma intensiva terapia com essa tuberculina. Além disso, muitos medicamentos foram incluídos na literatura homeopática após a cura sistemática de sintomas obtida sob a influência de nosódios, sarcódios, alérgenos e outros. A utilização de fontes para bioterápicos sem patogenesias definidas nas matérias médicas justifica-se pelo fato de essas substâncias dinamizadas estimularem a reação secundária orgânica. Os bioterápicos são utilizados, principalmente, nas seguintes situações: • Nos quadros doentios que se identificam com a totalidade sintomática obtida durante o experimento no homem sadio (Psorinum, Luesinum, Medorrhinum etc.). • Nos quadros infecciosos de etiologia conhecida, atuando como coadjuvantes terapêuticos (Staphylococcinum, Streptococcinum, Colibacillinum etc.). • Nas reações de hipersensibilidade, atuando como dessensibilizantes (poeira, pólen, alimentos etc.). • Nos quadros provocados por um agente tóxico, atuando como estimulante de sua eliminação (Staphylotoxinum, Arsenicum, Plumbum etc). • Nos quadros sintomáticos provocados por substâncias biológicas, atuando como inibidor de sua formação e/ou estimulante de sua eliminação (cálculos renais e biliares etc.). • Enquanto o bioterápico experimentado no homem sadio pode ser usado conforme a forma reacional particular de cada doente, o bioterápico destituído de patogenesia prioriza o microrganismo, seus produtos e a doença correspondente, bem como o alérgeno e as substâncias biológicas diversas que causam sintomas. • O microrganismo e as causas mais imediatas das doenças não devem ser negligenciados. Contudo, a individualidade nunca deve ser colocada em segundo plano, pois vai além da ação do microrganismo na causa real e profunda das doenças. • Os bioterápicos são divididos em duas grandes categorias: bioterápicos de estoque e isoterápicos. BIOTERÁPICOS DE ESTOQUE São produtos cujo insumo ativo é constituído por amostras preparadas e fornecidas por laboratórios industriais especializados. Os bioterápicos de estoque são classificados em codex, simples, complexos, ingleses e vivos (Roberto Costa). • Bioterápicos codex são obtidos a partir de vacinas, soros, toxinas e anatoxinas, inscritos na Farmacopeia francesa. • Bioterápicos simples são obtidos a partir de culturas microbianas puras, lisadas e atenuadas. • Bioterápicos complexos são obtidos a partir de órgãos doentes, secreções ou excreções patológicas. • Bioterápicos ingleses, também chamados de nosódios intestinais de Bach-Paterson, são obtidos a partir de microrganismos da flora intestinal que não fermentam a lactose, presentes nas fezes de doentes crônicos. • Bioterápicos Roberto Costa são obtidos a partir de microrganismos vivos, conforme técnica desenvolvida pelo pesquisador brasileiro Roberto de Andrade Costa. • Os bioterápicos preparados de microrganismos vivos recebem o nome do microrganismo correspondente. Eles são preparados na escala decimal. O médico e pesquisador Roberto Costa justificou seu uso mediante o conhecimento de que a doença é produzida por meio de bactérias, vírus, protozoários vivos etc. "O que produz a doença é que deve ser dinamizado para, por meio da manipulação, desenvolver propriedade medicamentosa antagônica, ação secundária que se opõe à ação primária do agente causal.“ • De maneira geral, sua técnica consiste basicamente nos seguintes procedimentos: 1. Acrescentar à cultura 10 mL de cloreto de sódio a 0,9% (soro fisiológico). 2. Após 48 horas, decantar a suspensão. 3. Proceder à contagem dos microrganismos, conforme a tabela de Mac-Farland. 4. Diluir a solução de maneira a obter um milhão de bactérias para cada 1 mL. 5. Dinamizar na escala decimal até a 12DH, usando como veículo o soro fisiológico. 6. De 13DH em diante, utilizar etanol a 77% (v/v). Isoterápicos • São preparações medicamentosas feitas de acordo com a farmacotécnica homeopática a partir de insumos relacionados com a enfermidade/ doença do paciente. Os isoterápicos são divididos em autoisoterápicos e heteroisoterápicos. • Autoisoterápicos são isoterápicos cujos insumos ativos são obtidos do próprio paciente (origem endógena), como cálculos, fezes, sangue, secreções, urina etc., e só a ele destinados. • Heteroisoterápicos são isoterápicos cujos insumos ativos são externos ao paciente ( origem exógena), que de alguma forma o sensibilizam/ intoxicam, como alérgenos, poeira, pólen, solventes, medicamentos, toxinas etc. Preparo de lsoterápicos • Enquanto os bioterápicos de estoque são matrizes homeopáticas normalmente adquiridas de laboratórios homeopáticos na potência SCH ou acima, os isoterápicos são preparações homeopáticas cuja técnica de preparo é realizada na própria farmácia homeopática. A preparação de heteroisoterápicos a partir de substâncias/especialidades farmacêuticas sujeitas a controle especial deve ocorrer de acordo com a legislação em vigor.
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