Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maquiavel (1469-1527) Nasceu em Florença, na Itália pai era advogado. A Itália estava dividida em pequenos principados, enquanto outros países como Espanha, Inglaterra e França eram nações unificadas. Estava com o poder fragmentado; instabilidade; milícias particulares; mercenários; conflitos políticos entre as repúblicas – Florença, Milão, Veneza, Nápoles. Imperava tirania em pequenos principados. Os principados eram governados despoticamente por famílias sem tradição e altamente contestáveis. Para resolver o problema de governos assim só a astúcia e a ação rápida e contra os adversários são capazes de manter o príncipe. Atuar com força internamente e fazer acordos com outros Estados para garantir o poder do príncipe. O problema era que a ausência de um Estado central e a grande quantidade de poderás não dá segurança a ninguém. Politicamente e militarmente a Itália era fraca, apesar de seus grandes alcances culturais que marcavam o Renascimento Cultural. A Igreja tinha um poder muito grande – os valores religiosos e morais eram fundamentais para manter o controle da sociedade na época. A preocupação das pessoas é presa ao dinheiro “o homem se esquece mais rápido de quem matou seu pais do que de quem lhe roubou a terra”. Nos outros países houve a centralização de poder e a burguesia evoluiu muito. A produção manufatureira, instalada nos territórios dos antigos clientes italianos causando prejuízos a estes. Tal prejuízo ficou mais patente especialmente depois da queda de Constantinopla, em 1453, e da descoberta do caminho marítimo para as Índias em 1494, acontecimento que deu primazia aos portugueses e espanhóis no comércio com o Oriente. Isso tudo gerou o enfraquecimento da Itália. Maquiavel mostra que a história se repete dando exemplos do passado que se repetem naquele momento. O Príncipe (1513) é dirigido a alguém que governa um Estado e o aconselha sobre como manter seu governo da forma mais eficiente possível. Essa eficiência é a ciência política de Maquiavel. É um guia de conselhos para governantes. De certa forma defende o absolutismo e o imoralismo do príncipe para se manter no poder. Ele tem que ser mau, e deve ser obedecido pelo temor e não pelo amor, suas virtudes fundamentais devem ser a energia, a brutalidade e a força onde os fins justificam os meios. A ele tudo é permitido, tudo até a infâmia, a hipocrisia, a ignorância, a mentira, o que importa é que atinja seus objetivos que são os de organizar um Estado diferente do que já existe. Para permanecer no poder, o líder deve estar disposto a desrespeitar qualquer consideração moral, e recorrer inteiramente à força e ao poder da decepção. Maquiavel escreveu que um país deve ser militarmente forte e que um exército pode confiar somente nos cidadãos de seu país – um exército que dependia de mercenários estrangeiros era fraco e vulnerável. Um líder deve buscar o apoio de seu povo. Para a surpresa de muitos, o autor explicou que ao assumir o poder “deve-se cometer todas as crueldades de uma só vez, para não ter que voltar a elas todos os dias...Os benefícios devem ser oferecidos gradualmente, para que possam ser melhor apreciados.” Também ensinou que para obter sucesso, um líder deve estar cercado por ministros leais, competentes e confiáveis. Maquiavel começa falando dos diferentes tipos de Estado e como cada tipo afeta a forma de governo do príncipe. Além disso, mostra o que um príncipe deve fazer para conquistar um Estado e se manter no poder. Os inimigos do príncipe são todas as pessoas que se sentiram ofendidas com a ocupação do principado. Maquiavel apresenta os problemas e as dificuldades, e isso tudo é demonstrado de uma forma que parece não haver solução, logo em seguida ele apresenta a solução para os problemas e dá conselhos, os quais o governante deve seguir se quiser ser bem sucedido. Ao anexar um Estado príncipe deve extinguir o sangue do antigo governante e não alterar as leis nem os impostos. Agindo dessa forma, em pouco tempo está feita a união ao antigo Estado. Uma questão séria tratada no Príncipe é a questão se “é preferível que um líder seja amado ou temido?” A resposta é que é importante ser amado e temido, porém, é melhor ser temido que amado porque o amor é um sentimento volúvel e inconstante, já que as pessoas são naturalmente egoístas e podem freqüentemente mudar sua lealdade. Porém, o medo de ser punido é um sentimento que não pode ser modificado ou ignorado tão facilmente. É melhor líder caluniar do que agir de acordo com suas promessas, se estas forem resultar em conseqüências adversas para sua administração e seus interesses. Assim acreditava que os líderes deveriam ser falsos quando preciso, ele os aconselhava a ficarem atentos em relação às promessas de outros: eles também podem estar mentindo caso seja de interesse deles. Preocupa-se com alguns elementos básicos que determinam o seu método: Utilitarismo – "Escrever coisa útil para quem, a entenda; Empirismo – "Procurar a verdade efetiva das coisas"; Antiutopismo – "Muitos imaginaram repúblicas e principados que jamais foram vistos"; Realismo – "Aquele que abandona aquilo que se faz por aquilo que se deveria fazer, conhece antes a ruína do que a própria preservação". Maquiavel foi muito criticado pelas idéias que ele defendeu em “O Príncipe”. Contudo, é importante ressaltar que ele preferia uma república à ditadura. Foi condenado por muitos seu nome virou sinônimo, inclusive na língua portuguesa, de duplicidade e manipulação: “maquiavélico”. Isso por que muitos líderes usaram seus conselhos para governar e acabaram causando grandes problemas históricos. Ex.: Benito Mussolini, o líder fascista italiano durante a Segunda Guerra Mundial, um homem que trouxe muita destruição para seu país, elogiou publicamente o livro; o próprio Napoleão Bonaparte usava O Príncipe como motivo para governar. Nicolau Maquiavel faleceu em 1527, aos 58 anos de idade. Suas idéias continuam sendo amplamente lidas e discutidas e ele é considerado um dos principais filósofos políticos de todos os tempos. Se a teoria política moderna é discutida hoje com tamanho realismo, grande parte disso deve-se ao autor de “O Príncipe”. O autor é italiano natural de Florença o mais alto funcionário da Segunda Chancelaria de Florença teve oportunidade de fazer várias viagens diplomáticas, onde pode conhecer grandes personagens da época. Como escritor publicou entre outras obras como “A Mandrágora”, “A arte da Guerra”, “Comentário sobre a Primeira Década de Tito Lívio”. A presente obra é um livro de orientação prática de algumas ações políticas que o príncipe deve fazer para conquistar e se manter no poder. O escrito se desdobra em 26 capítulos. No primeiro capítulo, “Os vários tipos de Estado, e como são instituídos” (p.29), apresenta dois tipos de principados o hereditário e o adquirido, e aponta quais são as duas formas de como o governante chega ao poder uma pela virtude e outra pela fortuna. No segundo, “As monarquias hereditárias” (p.30-31), afirma que o principado hereditário é o mais difícil de ser conquistado, e mais fácil de manter o poder, pois o povo esta acostumado a ser dominado pelos seus governantes. O terceiro, “As monarquias mistas” (p. 32-42), o autor apresenta qual o método que o soberano deve fazer para conquistar o Estado. A primeira ação que o príncipe deve tomar é eliminar a linhagem do principado anterior, e a segunda não mudar o costume do povo conquistado e a terceira ação o soberano deve fixar sua resistência no local conquistado, além do conquistador deve se afastar dos poderosos, pois estes podem conspirar futuramente contra o governante. No quarto, “Porque razão o Reino de Dário, que Alexandre havia ocupado, não se rebelou contra seus sucessores após a morte de Alexandre” (p.43-48) Maquiavel responde esse questionamento mostrandoduas formas de como o principado é governado: o príncipe com o seu ministro tem maior poder para governa, e a outra forma de governo é o príncipe governando junto com nobres com títulos não dado pelo soberano, mas pela nobreza de sangue, já é mais difícil de se governar. No quinto, “O modo de governar as cidades ou Estado que antes conquistas tinham a sua próprias leis” (p. 49-50), o autor aponta três caminhos que o governante deve tomar nessa situação: a primeira é destruí-los; a segunda transferir a residência do soberano para o local conquistado, e a terceira é deixar o povo viver na sua antiga lei cobrando somente impostos. No sexto, “Os novos principados conquistados pelo valor e as próprias artes” (p.51- 53), apresenta alguns exemplos de alguns conquistadores que chegaram ao poder pelo valor, e não pela fortuna. Citando o exemplo de Moíses, Ciro, Rômulo e Teseu. No sétimo, “Os novos principados conquistados pela fortuna” (p. 54-63), diz que aqueles que conseguem o poder pela fortuna (sorte) devem fazer de tudo para adquirir o valor, pois caso esse governante vai se destituído do poder e coloca o exemplo de César Borgia para demonstrar sua teoria. O Oitavo,“Os que com atos criminosos chegaram ao governo de um Estado” (p. 64- 69), Maquiavel cita alguns exemplos de como algumas pessoas chegaram ao poder pelos crimes, e afirma que se o soberano que se manter no poder deve sempre moderar a sua forma bruta usando-a de maneira racional. Nono, “O principado Civil” (p.70-74), apresenta um exemplo de um cidadão que chega ao poder, ou por ajuda do povo ou pela aristocracia e afirma que é mais fácil deste príncipe se manter no poder apoiado pelo povo do que pelos ricos, por esse motivo o monarca deve sempre encontrar uma maneira para que os seus súditos sempre permaneçam fieis. No décimo, “Como avaliar a força do Estado” (p.75-77), para que o soberano possa se manter no poder é necessário pensar em montar um bom exército para a proteção da cidade e ter apoio do povo. Décimo primeiro, “Principado Eclesial” (p.78-80), o autor diz que esse tipo de principado tem mais facilidade de se manter no poder, pois a Igreja tem um poder temporal, por isso que sua estrutura é sólida não correndo o risco de ser disposto. Décimo segundo, “Os diferentes tipos de milícias e de tropas mercenárias” (p. 81- 86), Maquiavel descreve o sistema de defesa usado pelos monarcas para se manter no poder que são boas leis e bons exércitos, no entanto, o escritor dá um conselho para que os governantes tenham um bom exército composto pelos seus cidadãos, pois estes vão ser sempre fieis as suas ordens, diferente dos exércitos mistos e mercenários. Décimo terceiro, “Forças auxiliares, mistas e nacionais” (p.87-91), afirma que nenhum príncipe pode ter segurança sem o seu próprio exército, pois caso esteja sem ele dependera inteiramente da sorte, porque não terá meios confiáveis de defesa. Décimo quarto, “Os deveres do príncipe para com sua milícia” (p.92-95), o soberano prudente deve sempre está treinando a sua o seu exército para a guerra, pois acontecendo qualquer imprevisto o Rei vai sempre resistir os golpes dos seus adversários. Décimo quinto, “As razões pelas quais os homens, especialmente os príncipes são louvados pela vituperados” (p. 96-97), Maquiavel aconselha aqueles pessoas que desejam o poder, para que saibam conduzir os súditos e os aliados. É necessário que o governante não provoque escândalos, pois isso ajudará manter no poder. Décimo sexto, “A liberdade e a parcimônia” (p.98-99), diz que é necessário para o governante manter-se no poder é necessário ostentar um pouco a sua riqueza, pois o povo gosta de ver, mas Maquiavel adverte que não deve explorar muito o povo, pois se não estes podem se revoltar contra o seu soberano. Décimo sétimo, “A crueldade e a clemência. Se preferível ser amado ou temido”,(p.100-105),coloca que o ideal que o soberano tivesse as duas características ser amado e temido, como não é possível possuir essas duas qualidades é preferível que seja temido do que ser amado, no entanto não se pode exagerar muito na maldade. Décimo oitavo, “A conduta dos príncipes e a boa fé” (p.106-109), afirma que um príncipe pretende conquistar e manter o poder, não importa os meios empregados serão honrosos ou não, pois o soberano sempre visa um resultado. Décimo nono, “Como se pode evitar o desprezo e o ódio” (p.110-122), o soberano nunca deve ser odiado pelo povo, pois caso seja será fácil deposto, mas no momento em que o príncipe respeita o patrimônio e as mulheres os súditos lutaram pelo seu governante. Vigésimo, “A utilização da construção de fortaleza, e de outras medidas que os príncipes adotam com freqüência” (p. 123-129), afirma que o monarca não deve desarmar os seus cidadãos, pois isso é prejudicial ao príncipe, mais armado o povo eles vão ser mais fieis. No vigésimo primeiro, “Como deve agir um príncipe para ser estimado” (p.130-135), o monarca para ser estimulado deve fazer grandes empreendimentos, e deve sempre se posicionar em uma guerra. Vigésimo segundo, “Os ministros do Príncipe” (p.136-138), o soberano deve ter muita sabedoria antes de escolher as pessoas que o rodeiam para que estes sempre mantenham a fidelidade. Vigésimo terceiro, “De que modo escapar dos aduladores” (p.137-144), Maquiavel orienta aquelas pessoas que estão no poder ter muito cuidado com os aduladores, uma forma de escapar desse perigo e escolher algumas pessoas para aconselhar, mas somente se o soberano quiser. Vigésimo quarto, “As razões por que os príncipes da Itália perderam seus domínios” (p.142-144), é o resumo do livro de como o Príncipe deve conquistar, no entanto, s príncipes italianos contarão muito com a fortuna e não tinham virtude para governar o seu Estado. Vigésimo quinto, “O poder da sorte sobre o homem e como resistir-lhe” (p.145-149), os governantes devem ter muito cuidado com a fortuna, pois esta pode fazer a cabeça do monarca, mas é preciso ter prudência e audácia só assim vai poder controlá-la. Vigésimo sexto, “Exortação à liberdade da Itália dominada pelos bárbaros” (p.150- 160), Maquiavel clama a Medice, para quem escreveu esse livro quando estava no cárcere, mostre sua validade comandando os italianos para a libertação da Itália. A obra é um subsídio para os políticos empresários, governantes, líder de grupo e principalmente estudantes universitários do curso de Filosofia, história, Antropologia, Ciências Sociais e de um modo particular os estudantes de Ciência Política. No plano estrutural usa o método histórico comparativo de alguns monarcas para fundamentar a sua teoria. A linguagem da obra é simples e acessível, valorosa e atual, apesar do autor tratar o se humano como um ser sem caráter. Em fim, o tratado é na verdade um manual de ação política, onde o autor orienta quais as atitudes que o soberano deve tomar e manter o poder. Questões desafio: È possível aproximar as idéias de Maquiavel com a realidade em que vivemos hoje? Em que pontos? Por quê? Se Maquiavel fosse você, e você fosse escrever “O Príncipe” como desenvolveria as idéias? Sites: http://www.arqnet.pt/portal/teoria/guerras_italia.html http://www.klepsidra.net/klepsidra4/maquiavel.html http://www.brasilescola.com/sociologia/ciencia-politica-maquiavel.htm http://www.culturabrasil.pro.br/nicolaumaquiavel.htm http://www.culturabrasil.org/maquiavel.htm BIBLIOGRAFIA BERLIN, Isaiah. "A Originalidade de Maquiavel". In MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe, São Paulo, Ediouro, 2000. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe, Os Pensadores, Vol. 06, São Paulo, ed. Nova Cultural, 1996. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe, São Paulo, Martins Fontes, 1999. ________ - O Pensamento Vivo de Maquiavel, São Paulo, Martin Clauet Editores, 1986. SKINNER, Quentin. As Fundações do Pensamento Político Moderno, São Paulo, Companhia das Letras,1998. STRATHERN, Paul. Maquiavel (1469 - 1527) em 90 minutos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2000. http://www.arqnet.pt/portal/teoria/guerras_italia.html http://www.klepsidra.net/klepsidra4/maquiavel.html http://www.brasilescola.com/sociologia/ciencia-politica-maquiavel.htm http://www.culturabrasil.pro.br/nicolaumaquiavel.htm http://www.culturabrasil.org/maquiavel.htm
Compartilhar