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Bioquímica Metabolismo Aeróbio II – Mecanismos de Regulação Regulação do ciclo de Krebs O fluxo de C do piruvato gerado pela via glicolítica é estreitamente regulado em 2 níveis. A conversão de piruvato em Acetil-CoA é uma estratégia de regulação pelo complexo PDH e a segunda estratégia é a entrada de Acetil-CoA no ciclo. A Acetil-CoA é uma molécula de 2 carbonos ativada pela coenzima A justamente na reação catalisada pela PDH. A molécula de Acetil-Coa é um dos substratos do ciclo de Krebs, portanto, é fator limitante para o fluxo da via. O pool de Acetil-CoA é crucial para movimentar o ciclo de Krebs e, consequentemente, a cadeia transportadora de elétrons no ambiente mitocondrial. É tão importante essa etapa de disponibilidade de Acetil-CoA que entra na linha de raciocínio de que esse pool de Acetil-CoA ocorre de forma convergente no que diz respeito à oxidação de nutrientes em diversos tecidos. Vale ressaltar que no estágio 1, ainda no ambiente citosólico, é gerado o pool de NADH na 6ª enzima da glicólise e, já na mitocôndria, logo após da metabolização do Acetil- CoA, há um pool de NADH, gerado seja pela PDH seja por reações enzimáticas do ciclo de Krebs. Logo, o ambiente mitocondrial dispõe esse pool de NADH. Essa coenzima é importante devido aos seus níveis mais elevados no ambiente celular e pelo fato de ser gerado tanto na mitocôndria quanto no citosol. O NADH, então, atua como um efetor alostérico de muitas enzimas do ciclo de Krebs. Devido a isso, há a menção as oscilações dos níveis desse pool de NADH e com uma propensão, uma vez que a cadeia transportadora de elétrons está perfeitamente funcional, ao pool de NAD+ no ambiente mitocondrial e esse pool faz com que impulsione aquelas enzimas desidrogenases do ciclo de Krebs. O vínculo desse sistema redox ao sistema de lançadeiras justifica ainda mais o fato de chamar a atenção para o pool de NAD+, também gerado no ambiente citosólico. Vimos que por um sistema de lançadeiras há a comunicação entre os ambientes celulares de tal modo que os equivalentes redutores da coenzima citosólica sejam transferidos para os complexos da cadeia transportadora de elétrons, caracterizando as etapas principais de bombeamento de prótons e fluxo de elétrons. Estágio 1: Produção de Acetil-CoA Considerando que a disponibilidade de substrato é indispensável para a regulação da velocidade e do fluxo de carbono pelo fluxo de Krebs, é importante que consideremos a reação que antecede o ciclo, catalisada pelo PDH, que é a reação de conversão de piruvato a Acetil-CoA. Essa reação é bastante complexa porque necessita da funcionalidade em conjunto de três enzimas desse complexo, e de cofatores que funcionem como grupo prostéticos dessas enzimas para que o mecanismo da reação aconteça e seja gerada a Acetil-CoA. Destaca-se a importância da suplementação vitamínica, pois essas vitaminas são precursores dessas formas coenzimicas ativas que observamos, que são 5 necessárias para que o complexo PDH ocorra de maneira organizada e haja a formação de Acetil-CoA e o ciclo de Krebs. O nosso foco é justamente os moduladores, sendo os vermelhos os moduladores alostéricos negativos. Podemos observar que quando se acumula ATP há uma carga energética favorável, sendo a PDH um ponto de controle e é um ponto crucial para o controle metabólico e o ATP, momentaneamente, atua como modulador negativo para desacelerar a produção de mais ATP. O mesmo ocorre com o NADH, sendo que o balanço redox favorecendo o aumento dos níveis de NADH mitocondrial de tal modo que ocorra uma desaceleração por meio dessa coenzima que atuará como modulador alostérico no sítio regulador do complexo PDH. Também há modulação pelo próprio produto da reação, o Acetil-CoA, sendo que essa substância pode ser gerada por outras moléculas nutrientes, e essa Acetil-CoA servirá como modulador da reação. Esse nível de relevância de regulação metabólica é justamente para otimizar o destino dos produtos formados e o aporte energético da célula, evitando desperdício tanto de substrato gerado pelas reações quando de energia de ATP. Por outro lado, as moléculas em verde sinalizam uma baixa carga energética (AMP) e uma baixa carga redox (predominância de NAD+). O fato dessas moléculas estarem em alta concentração sinaliza o fato da necessidade da retomada da via, tornando claro que essas substâncias estão promovendo um ajuste conformacional na molécula da enzima PDH de tal modo que favoreça a retomada de processamento do substrato. Há outra estratégia de modulação de PDH através por modificação covalente reversível. Nesse caso, temos que no fígado é possível essa ação e na imagem observamos no ciclo a transição de conformação do complexo piruvato-desidrogenase ativa desfosforilada e, na direita, o piruvato desidrogenase inativa através da fosforilação. A insulina, que é o hormônio circulante no estado alimentado, sinaliza o aporte nutricional e resulta em uma resposta intracelular, nesse caso, envolvendo PDH, que é a desfosforilação. Hora retira-se o fosfato por ação de fosfatases, hora pela PDK, que irá fosforilar. Se a insulina está circulante, haverá ativação da PDH e, se estiver ausente, haverá desativação. O cálcio destacado em verde é um importante modulador alostérico da PDH no músculo esquelético, que sinalizará que a fibra muscular necessita de um aporte energético. Dando continuidade à essa linha de raciocínio, observando a imagem do ciclo de Krebs, vemos que a continuidade das reações nos permite observar os principais pontos de modulação. A primeira enzima do ciclo é a citrato sintase e já se presume que a Acetil-CoA, juntamente com Oxaloacetato, são substratos que estão movimentando essa rota cíclica. A citrato sintase é uma enzima alostérica, sendo modulada pela carga energética, sendo que os níveis de ADP sinalizam que são necessários o ciclo e a presença de NADH sinaliza que há níveis elevados da coenzima reduzida, desacelerando o processo. Observamos também uma regulação das demais enzimas, como a isocitrato desidrogenase, a alfacetolutarato desidrogenase tanto pela carga energética quanto pelo balanço redox, além de ligantes, como o cálcio. O cálcio é modulador principalmente nas fibras musculares. Regulação do ciclo de Krebs As enzimas do ciclo de Krebs são extremamente importantes para o perfil metabólico e mecânico da fibra muscular esquelética. A inibição da piruvato desidrogenase no jejum ou na atividade física (condições de falta de nutrientes) seleciona o substrato a ser preferencialmente consumido, a glicose ou ácido graxos. Isso ocorre porque, eu uma situação de depleção de açúcar, o principal combustível será o ácido graxo, não sendo produzido piruvato, apenas o Acetil-CoA direto. Sendo assim, o complexo enzimático PDH é importante e bastante ativado desde que a molécula nutriente não seja ácido graxo, mas sim açúcar ou alguns tipos de aminoácidos. Essa estratégia é crucial para a economia de glicose para o cérebro e para as hemácias. Papel do ciclo TCA nas reações anapleróticas Sombreados em azul, há os principais componentes que são derivados a partir dos derivados gerados durante o ciclo de Krebs. A partir dessa imagem, vamos observar esse ciclo como uma via anfibólica, sendo claro a necessidade de desvio de alguns intermediários do ciclo. Em condições metabólicas normais, ocorrem desvios desses intermediários para a síntese das outras moléculas em azul. É importante ressaltar é que reações anapleróticas literalmente significam reações de preenchimento, sendo que as setas em vermelhos há a exemplificação dessas reações e nos humanos há a importância da reação da conversão de piruvato em oxaloacetato, sendo uma reação de reposição, sendo catalisada pela enzima piruvato carboxilase. Temos, então, que se o Oxaloacetato for desviado para a síntese de outros componentes, como aminoácidos e glicose,caracteriza a necessidade de um controle de níveis glicêmicos, então, dependendo do nível de energia, há a necessidade de ativação de ciclo de Krebs, por meio do desvio de oxaloacetato, que é um dos substratos fundamentais juntamente com Acetil-CoA para a ativação de ciclo de Krebs. Sendo assim, em ambientes críticos de desvio de oxaloacetato, há reposição por conversão de piruvato. Outra coisa muito importante é que o Acetil-CoA, quando em excesso, inibe a ação de PDH, porém, ativa a piruvato carboxilase, sendo assim caracterizada como um modulador versátil. Regulação da cadeia transportadora de elétrons A ação de inibidores e a ação de desacopladores influenciam na formação de gradiente de prótons (síntese de ATP) e na redução do oxigênio para formar a água. Na tabela estão destacados os principais compostos que interferem nos eventos da cadeia transportadora de elétrons. Temos a apresentação dos principais pontos em que os inibidores atuam, destacados a rotenona, antimicina A e o cianeto e monóxido de carbono, impedindo a redução do oxigênio molecular. Essa inibição coloca em risco a vida celular, uma vez que o oxigênio é um importante agente oxidante, que gera espécies reativas de oxigênio, portanto, a inibição por esses compostos é prejudicial à célula. Inibição do Citocromo C oxidase Uma outra estratégia de controle da cadeia transportadora de elétrons é pela inibição do citocromo c oxidase (complexo 4). Dois importantes inibidores tóxicos para esse complexo 4 são o gás cianeto e o monóxido de carbono. O cianeto possui afinidade pelo ferro presente na estrutura da enzima no estado férrico e, ao se ligar ao estado do ferro, bloqueia a principal função do complexo 4 que é justamente de finalizar a transferência de elétrons para reduzir o oxigênio molecular em água. O monóxido de carbono também é um inibidor da passagem de elétrons para o oxigênio. O cianeto, além de inibir o complexo 4 da cadeia transportadora de elétrons, inibe também a ligação do oxigênio ao grupo Heme da hemoglobina, impedindo o carreamento e a disponibilidade de oxigênio para os tecidos. O monóxido de carbono, por sua vez, também exerce efeito competitivo pela ligação com a hemoglobina, gerando alterações conformacionais da proteína, alterando a curva de saturação e consequentemente prejudicando a liberação de oxigênio para os tecidos periféricos. O nosso foco, portanto, é a ação desses gases na cadeia transportadora de elétrons. Ação da Metformina como inibidora da cadeia transportadora de elétrons A Metformina é um fármaco que atua como inibidor sobre o complexo 1 da cadeia. Esse fármaco apresenta um efeito desejado hipoglicemiante. Ao inibir o complexo 1 da cadeia transportadora de elétrons, desacelerara a produção de ATP e os níveis de AMP irão se acumular, ativando outras enzimas que melhorarão a sensibilidade dos tecidos pela ação da insulina. Esse baixo nível energético, se por um lado é ruim da célula, por outro é melhor para a ação da insulina e para a captação de glicose. O complexo 4, que é a citocromo c oxidase, é sensível pela modulação tanto pela carga energética quanto pelo balanço redox. Portanto, se houver níveis elevados NADH a enzima estará na sua conformação ativa e cumprindo seu papel de redução de oxigênio para formar água. Por outro lado, se houver uma depleção da carga energética com prevalência de ADP, o complexo também estará ativo, favorecendo a ocorrência natural da cadeia. Isso é importante pois o complexo 4 é um dos bombeadores de prótons para o espaço intermembranas, que é justamente o que gerará o gradiente de concentração de prótons nesse espaço, impulsionando a força próton-motriz, fazendo com que o processo de ATPase seja ativado para síntese de ATP. Outro ponto de controle é a ATP sintase (complexo 5) e, quando a célula está em hipóxia, como em um ataque cardíaco, a transferência de elétrons e o bombeamento de prótons fica mais lenta, gerando menor carga energética. Dessa forma, a força próton-motriz se desforma e para evitar uma queda catastrófica dos níveis de ATP ocorre a modulação da ATPase por uma proteína chamada de IF1, que é um inibidor da ATPase, e impede que ocorra a hidrólise de ATP. Essa proteína é ativa nas condições de pH abaixo de 6,5 justamente devido ao acionamento de um alto consumo de glicose por fermentação, que gera acúmulo de ácido, reduzindo o pH. Espécies reativas de oxigênio são geradas durante a fosforilação oxidativa O descontrole entre a taxa de entrada de elétrons na cadeia respiratória e a taxa de transferência de elétrons ao longo da cadeia. Em mitocôndrias que respiram ativamente, de 0,1 a 4% do oxigênio utilizado na respiração formam ânions superóxido O2- , sendo mais que o suficiente para gerar efeitos letais A formação dessas espécies reativas de oxigênio é favorecida quando: • As mitocôndrias não estão produzindo ATP (por falta de ADP ou de O2) e, portanto, tem grande força próton- motriz e elevada razão QH2/Q • Há uma alta razão de NADH/NAD na matriz. Nessas situações, a mitocôndria está sob estresse oxidativo. Produção de ERO e mecanismos de defesa Em destaque, temos os mecanismos de defesa, que são mecanismos enzimáticos, como a superóxido dismutase – SOD1 bem como o ciclo Glutationa Redutase/Peroxidase. Esse ciclo envolve obrigatoriamente uma molécula protagonista que é a Glutationa GSH. Observamos que, durante o fluxo normal de elétrons e o bombeamento de prótons, cerca de 4% desses elétrons escapam desse fluxo e sobretudo da redução da coenzima Q, e, nesse ponto, pode haver uma redução parcial do oxigênio, formando o aníon superóxido que será convertido por meio de uma reação de Phenton na presença de Fe2+ contribuirá para a formação de radical hidroxila. O ânion superóxido, então, é o alvo da SOD1 e o produto da ação da SOD é o peróxido de hidrogênio, que é uma molécula que se difunde pela membrana e é facilmente dispersa no ambiente celular, no entanto, é uma molécula que também pode formar reativos de oxigênio, sendo necessário que o peróxido de hidrogênio também seja neutralizado. Para isso há o segundo mecanismo de defesa, chamado de ciclo metabólico Glutationa redutase/peroxidade, e é metabólica devido ao envolvimento da Glutationa. Por meio desse ciclo ocorrerá a formação de água às custas dos equivalentes redutores do tripeptídeo GSH, que permitirá a liberação de água, com a retirada de cena do peróxido de oxigênio. A GSSG é a glutationa na sua forma oxidada, que precisa ser regenerada. Para que essa regeneração da glutationa ocorra é necessária a disponibilidade da coenzima NADPH. O estresse oxidativo, faz com que muitas proteínas, inclusive enzimas, fique na sua forma inativa, justamente porque quem sofre a ação desse estresse são os grupos tiois de aminoácidos e da cisteína, que faz parte da molécula de proteína. O tripeptídeo, então, é crucial para reativação de muitas enzimas celulares. Efeito de desacopladores na cadeia transportadora de elétrons. Temos em destaque uma proteína que acaba funcionando como ionóforo, chamada de UCP, sendo uma família de proteínas desacopladoras incrustadas na membrana mitocondrial interna de muitos tipos celulares e essas UCPs são conhecidas também como termogênicas e elas formam canais na membrana mitocondrial interna que permite a reentrada de prótons para a matriz mitocondrial sem passar pelo complexo da ATP-sintase. Isso permite a oxidação contínua de combustível, como ácidos graxos nos adipócitos marrons, sem síntese de ATP e dissipando a energia na forma de calor e consumindo as calorias da dieta ou as gorduras armazenadas em grandes quantidades. Em suma, as UCPs bloqueiam o gradiente de prótons, crucial para a ativação do complexo 5. As UCPs que se destacam por mais estudos e detalhes são: UCP1 – Induz uma termogênese adaptativaao frio, sendo muito abundante no tecido adiposo marrom. UCP5 – Proteína desacopladora e já foi atribuída a ela a proteção ao estresse oxidativo. Ao mesmo tempo que a presença dessas UCPs estimulam um consumo muito maior de nutrientes, ocorre dissipação em forma de calor. A função atribuída à UCP5 é minimizar o escape de espécies reativas de oxigênio pelo funcionamento da cadeia transportadora de elétrons. No entanto, vale ressaltar que a UCP5, como todos os outros tipos, exceto a UCP1, ainda estão em estudos. Portanto, a UCP1 é a forma mais estudada das UCPs. Tecido Adiposo Branco X Tecido Adiposo Marrom Ambos os tecidos apresentam metabolismo glicolítico ativo, oxidam piruvato e ácido graxos pelo ciclo do ácido cítrico e ativam a fosforilação oxidativa. No adipócito branco há uma gotícula de gordura grande ocupando a maior parte da célula e poucas mitocôndrias. No adipócito marrom há a presença de muitas mitocôndrias, com gotículas de gotículas menores. A principal função das mitocôndrias no adipócito marrom é a termogênese.
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