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Fisiologia – Marcelo Sistema Vestibular – Vias Vestibulares Pt. 1 Sensações Vestibulares e a Manutenção do Equilíbrio O sistema vestibular é o responsável por nos dar o sentido de equilíbrio e também a informação sobre a posição do corpo, permitindo qualquer tipo de movimento que possamos fazer, sendo que esses movimentos podem ser rápidos, compensatórios, etc., para nos ajudar na manutenção do equilíbrio tanto em resposta a forças externas quanto àquelas que podem ser geradas durante o movimento voluntário. Sistema Vestibular A informação sensorial proveniente do sistema vestibular é usada para promover uma imagem visual estável na retina (enquanto a cabeça se move) e fazer ajustes na postura, para manter o equilíbrio. Apesar de estarmos normalmente inconscientes sobre o funcionamento do sistema vestibular, podemos considera-lo como um componente chave de nossos reflexos posturais e dos nossos movimentos oculares. Caso esse sistema fosse lesionado, tanto equilíbrio quanto movimento dos olhos, principalmente com a cabeça em movimento, seriam afetados de forma negativa, ou seja, a integridade desse sistema é muito preciosa para que possamos manter a atividade motora da forma mais adequada possível. Há outras estruturas no tronco encefálico que participam da mesma função, atuando em conjunto com o sistema vestibular e sendo chave para a movimentação de nosso corpo. Para que o controle motor trabalhe com excelência e permita uma movimentação e postura ótima, é necessário que as regiões do encéfalo sejam ativadas para que possam exercer um controle sobre o movimento. O sistema vestibular, portanto, controla a postura e movimentos do corpo e dos olhos em relação ao ambiente. Para que isso possa ocorrer é necessário que exista um receptor periférico participando do controle motor por meio das vias aferentes, sendo responsável pela transdução dos movimentos e da posição da cabeça em informação neural. Para essa transdução ocorrer é necessário que os receptores enviem essas informações para os núcleos vestibulares centrais, que são conjuntos de neurônios no tronco encefálico responsáveis pelo processamento de informações que controlam a atividade motora com os movimentos oculares e da cabeça, reflexos posturais dependentes da gravidade e da orientação espacial. Para que sejam executadas todas essas ações é necessário a ação de alguns sistemas, como por exemplo o sistema vestíbulo-ocular, em que os neurônios presentes nos núcleos vestibulares estarão associados ao controle dos movimentos oculares. O segundo sistema é o vestíbulo-espinal, em que os neurônios dos núcleos vestibulares estão associados ao controle dos movimentos da cabeça, da musculatura axial e dos reflexos posturais. Há ainda a ação do sistema vestíbulo- tálamo-cortical, responsável pela percepção consciente do movimento e pela orientação espacial (sistema sensitivo e de aferência). Aparato Vestibular Desde aulas anteriores quando falamos dos núcleos no tronco encefálico, falamos bastante do aparato vestibular. Na porção petrosa do osso temporal encontramos um sistema de tubos ósseos que são conhecidos como labirinto ósseo. Essa estrutura óssea possui uma porção interna que também possui tubos, formando um labirinto membranoso idêntico ao ósseo. Justamente esse labirinto membranoso que dará a ação do nosso aparato vestibular, sendo composto por uma região de cóclea (audição) e um sistema composto por três canais semicirculares e duas câmaras que chamamos de Utrículo e Sáculo, sendo esses os órgãos otolíticos. Dos canais semicirculares existe o canal anterior, o canal posterior e o canal conhecido como lateral ou horizontal. Além desses canais semicirculares temos os órgãos otolíticos, aqui conhecidos como sáculo e utrículo. Esse labirinto vestibular membranoso está presente interiormente no labirinto ósseo, que por sua vez se localiza na porção petrosa do osso temporal. As informações acerca da audição e do equilíbrio são encaminhadas ao sistema nervoso central por meio do nervo vestibulococlear. Órgãos receptores do equilíbrio Como órgãos receptores do equilíbrio temos os órgãos otolíticos (sáculo e utrículo), responsáveis pela detecção da posição estática em relação à gravidade de nossa cabeça e também pela aceleração linear (frontal, lateral, etc.). Quando pensamos na aceleração rotacional da cabeça, temos a ação dos canais semicirculares. Ao final de cada um dos canais semicirculares há uma dilatação bulbar, chamada de ampola, em que se faz presente o sistema que faz parte da percepção da aceleração rotacional da cabeça. Para cada um dos sistemas, tanto para os órgãos otolíticos quanto para os canais semicirculares, há nervos específicos que levam essas informações. Observamos que o gânglio está presente um pouco depois do aparato vestibular, ou seja, são neurônios que possuem axônios provenientes do aparato vestibular e que levam essa informação diretamente para os núcleos vestibulares, onde, posteriormente, serão direcionadas para o sistema visual, sistema tálamo-cortical e sistema espinhal. Os nervos que compõem o nervo vestibular são: Nervo Ampular Anterior, Nervo Ampular Posterior e Nervo Ampular Lateral, além do Nervo Utricular e o Nervo Sacular, todos responsáveis por enviar as informações obtidas das células especializadas que estão presentes em cada uma dessas ampolas, no utrículo e no sáculo. A transdução de sinal é feita por meio de células específicas que possuem mecanismo de ação específico e, a partir da despolarização dessas células, os nervos encaminham as informações pelos gânglios vestibulares em direção aos núcleos vestibulares. Receptores Sensoriais Vestibulares É necessária a presença de receptores especializados para enviar informações por meio de potenciais de ação. Esse sistema do aparato vestibular de despolarização das células é o mesmo que ocorre em nossa função coclear. É interessante perceber que no esquema temos células de sustentação em ambos os lados da célula ciliada específica, sendo ligadas por junções oclusivas. A região dos cílios da célula especializada é banhada pela Endolinfa, enquanto a região basal da célula e dos axônios dos neurônios são banhados pela Perilinfa. A perilinfa possui uma composição semelhante ao líquido cefalorraquidiano. Já a endolinfa não apresenta a mesma composição, e, analisando seu potencial elétrico observamos um valor aproximado de +80mV, enquanto a perilinfa possui cerca de 0mV. No interior da célula ciliada, o potencial elétrico é de cerca de -60mV. Por que será que o potencial elétrico da endolinfa é tão diferente do meio intracelular e da perilinfa? Veremos que por meio da endolinfa é que ocorrem os potenciais de ação gerados na célula ciliada. Mecanismos de transdução Vimos que a endolinfa banha as regiões dos cílios das células especializadas e possui uma voltagem próxima a +80mV. Isso ocorre devido a uma concentração muito grande de potássio, um íon de valência positiva, levando a uma voltagem positiva. O interior da célula ciliada possui uma voltagem negativa em tono de -60mV. O cílio maior é chamado de Sinocílio e os menores são chamados de estereocílios. Em cada região do topo dos estereocílios estão presentes canais específicos para potássio (é um canal catiônico, entrando também cálcio) e existe uma proteína que liga cada canal de potássio ao estereocílio seguinte até chegar no sinocílio. O movimento dos cílios será responsável pela despolarização nas células, logo, quando os estereocílios se movem em direção ao sinocílio há a promoção da despolarização da célula ciliada. As proteínas que ligam os canais de potássio são chamadas de Tiplink e permitem a abertura desses canais. No repouso os tiplinks não estão tensionados e a comporta do canal permanece fechada. Quando ocorre o movimento da endolinfa, os estereocílios vão rumo aos sinocílios,