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Internacional_público_-_Fontes_do_Direito_Internacional

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1 
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL 
Referência: 
Livro do Portela (material base) 
André de Carvalho Ramos 
Livro Hidelbrando Aciolly 
Malcolm Shaw 
Valério Mazzuoli 
1. INTRODUÇÃO 
 
Fontes são os modos de produção das normas jurídicas internacionais. A maior parte das normas 
internacionais são formadas pela expressão de vontade direta (dos Estados) indireta (das 
Organizações Internacionais). Ocorre que os estados não se preocuparam em enumerar as fontes 
reconhecidas do Direito internacional, entretanto, a prática dos estados reconhece que o art. 38 do 
Estatuto da Corte Internacional De Justiça representa o rol autentico das fontes do Direito 
internacional. 
Artigo 38 
A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem 
submetidas, aplicará: 
a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; 
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; 
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias1 e a doutrina dos juristas mais 
qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 
A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et 
bono, se as partes com isto concordarem. 
 
O rol é taxativo? 
 
1 Artigo 59. A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão. 
 
 
 
 
 
2 
NÃO. O rol não é taxativo. É a prática dos estados que reconhece esse rol como sendo fontes do 
Direito internacional. Ele, entretanto, não é exaustivo, mas meramente exemplificativo. Há fontes 
que não constam nesse rol. 
 
Existe hierarquia entre as fontes? 
NÃO. Tem-se que não há hierarquia entre as fontes do direito internacional. 
Como caiu em prova: 
CESPE: No que concerne às fontes de direito internacional, julgue os itens seguintes. 
1 - Costumes podem revogar tratados e tratados podem revogar costumes. 
Comentário: Quando a Corte Internacional de Justiça enumera, no artigo 38 de seu estatuto, o tratado, o 
costume e os princípios gerais de direito como fontes de direito internacional, não se estabelece hierarquia 
entre essas fontes. Um costume é tão fonte do Direito Internacional Público (DIP) quanto um tratado. Por 
isso, tratados podem revogar costumes assim como costumes podem revogar tratados. Nesse último caso, 
costuma-se afirmar que o tratado caiu em desuso. Da mesma forma, nada impede que um costume seja 
codificado em um tratado ou que as disposições de um tratado, com o tempo, adquiram natureza 
consuetudinária. Gabarito: certa. 
 
Câmara dos Deputados 2014 (CESPE): A prática reiterada e uniforme adotada com convicção jurídica, 
denominada direito costumeiro, possui no direito internacional hierarquia inferior às normas de direito 
escrito. Logo, no direito das gentes, tratados não podem ser revogados por direito consuetudinário. 
Errado. 
 
Fontes do art. 38: 
Fontes primárias: Tratados, costumes internacionais, princípios gerais do direito das nações 
civilizadas. 
Fontes secundárias: são aquelas que explicitam e não criam regras de DI. São as doutrinas e 
decisões judiciais (que a princípio não vinculam), auxiliam na aplicação das normas primárias. 
Obs.: O art. 38 ainda fala em equidade, que é tão somente justiça ao caso concreto, ou seja, não 
cria norma jurídica. 
Tem-se, ainda, 2 fontes que não constam no art. 38: 
• Ato unilateral e resoluções vinculantes de Organizações Internacionais. 
 
 
 
 
 
3 
FONTE CONVENCIONAL FONTES NÃO CONVÊNCIONAL 
 
 
TRATADOS INTERNACIONAIS 
COSTUMES INTERNACIONAIS, 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO, 
JURISPRUDÊNCIA, 
 DOUTRINA, 
 EQUIDADE, 
 ATOS JURÍDICOS UNILATERAIS DAS PESSOAS DE DI 
 
Como caiu em prova: 
CESPE: Os costumes internacionais e os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações 
civilizadas não são considerados como fontes extraconvencionais de expressão do direito 
internacional. 
Errado. 
 
1.1 COSTUME INTERNACIONAL 
 
Consiste na prática reiterada de uma conduta com a convicção de obrigatoriedade. 
 
Resumindo: 2 elementos: 
1º - objetivo: prática reiterada (consuetudo). 
2º - subjetivo: convicção de obrigatoriedade (opinio iures civis necessitatis). 
 
Segundo Hidelbrando Accioly, “a Corte Internacional de Justiça teve oportunidade de exprimir seu 
entendimento a respeito do COSTUME, ao afirmar ser a base deste a prática reiterada, 
acompanhada da convicção quanto a ser obrigatória essa prática, em razão da existência de 
norma jurídica, em que ‘os estados devem ter consciência de se conformarem ao que equivale a 
uma obrigação jurídica’ no julgamento do CASO DA PLATAFORMA CONTINENTAL DO MAR DO 
NORTE (1969), quando também decidiu que a passagem de apenas um curto período não é óbice à 
criação de novas regras de direito internacional”. 
 
 
 
 
 
 
4 
Existe costume instantâneo? 
A doutrina começa a falar em costume instantâneo. “Com o progresso da ciência e da tecnologia, as 
modificações verificam-se mais rapidamente, com repercussão no conceito de costume. Em outras 
palavras, o fator tempo, antes exigido para a sua formação, perdeu importância, cedendo à opinio 
juris, a tal ponto que surge a expressão, antes inusitada, de DIREITO INTERNACIONAL 
CONSUETUDINÁRIO INSTANTÂNEO ou COSTUME INSTANTÂNEO (instant customary international 
law). É lícito dizer que, desde que se comprove que determinada prática é CONSEQUENTE e 
GENERALIZADA, nenhuma duração é requerida (...) uma prática prolongada não é necessária, como 
admite Ian BROWNLIE. (ACCIOLY, 2012) 
 
Criação do Costume internacional: 
Cria a partir de atos OMISSIVOS e COMISSIVOS. 
Então, é possível que os estados reconheçam o costume internacional a partir de omissões. Um 
costume internacional que se tornou norma prevista em tratado é a chamada “passagem inocente” 
de navios, inclusive militares, no mar territorial de um Estado. A passagem inocente, então, era um 
costume internacional e obviamente exige uma postura de omissão do Estado costeiro. É uma 
passagem contínua, rápida, sem causar turbação à costa e não precisa de autorização. No máximo 
tem que se comunicar à Costa, tem sempre que manter as bases costeiras informadas, e nada mais 
do que isso. Essa é uma conduta omissiva do Estado costeiro. 
 
O costume precisa de algum processo formal de internalização? 
O costume não requer um processo formal internalização, basta que os requisitos objetivos e 
subjetivos sejam atendidos, em outras palavras, o costume possui aplicabilidade direta. 
AÇÃO 4646 - O STF invoca os costumes de maneira direta, é o “comon law of the land” (lei da 
terra). Vale dizer, enquanto os tratados exigem incorporação, os costumes possuem aplicabilidade 
imediata, não necessitando de tal procedimento formal. 
 
Como caiu em prova: 
 
 
 
 
 
5 
AGU 2015 (CESPE): Diferentemente dos tratados, os costumes internacionais reconhecidos pelo 
Estado brasileiro dispensam, para serem aplicados no país, qualquer mecanismo ou rito de 
internalização ao sistema jurídico pátrio. 
Certo. 
 
Como que se prova a prática reiterada com a convicção de obrigatoriedade? 
Por todos os meios de prova admitidos. Elementos de provas que constam na jurisprudência da 
Corte Internacional de Justiça: Nota diplomática, manifestações de um determinado Estado nas 
suas relações diplomáticas. 
Uma deliberação judicial interna também pode ser prova da anuência a um costume internacional, 
por exemplo, na imunidade de jurisdição, estuda-se a apelação cível 9696 do STF, que é o ato pelo 
qual o Brasil manifestou a sua vontade de aderir ao costume internacional da imunidade de 
jurisdição relativa. 
Temos um caso interessante de costume internacional,que é fruto da manifestação dos estados 
que aprovam resoluções da Assembleia Geral da ONU, que em geral NÃO são vinculantes, mas que 
podem servir de espelho do costume internacional que rege a matéria. 
Quanto à declaração universal dos Direitos humanos: Hoje se reconhece que PARTE dos direitos 
previstos na Declaração Universal de Direitos humanos é norma consuetudinária. A declaração foi 
aprovada como uma resolução NÃO vinculante e hoje parte dela é espelho do costume 
internacional de proteção de Direitos humanos. 
Caso de costumes internacionais: Segundo André de Carvalho Ramos, somente parte dos direitos 
constantes na Declaração Universal dos Direitos Humanos são normas consuetudinárias (costume), 
pois ela foi aprovada como Resolução não vinculante. 
Quais são os direitos da Declaração internacional de Direitos humanos que hoje são parte das 
normas consuetudinárias? 
Devido processo legal, igualdade, liberdade são normas consuetudinárias previstas na declaração. 
 
Pode-se ter um costume regional? 
SIM. Costumes regionais são costumes que se restringem a uma continente ou a certo conjunto de 
Estados. Segundo Malcolm Shaw, é possível que se desenvolvam normas que só vinculem um 
 
 
 
 
 
6 
determinado grupo de Estados, como os Estados latino-americanos, ou mesmo somente dois 
Estados. Essa realidade pode ser encarada como um elemento da necessidade de se “respeitarem as 
tradições jurídicas regionais”. 
 
Quais são as expressões que se opõem ao costume internacional? 
O Estado pode agir por cortesia ou comitas gentium. Isso quer dizer que o Estado atua em um 
sentido, mas ao mesmo tempo afirma que aquilo para ele não é costume, que apenas está assim 
atuando por cortesia. Essa é uma prática muito comum dos estados, quando não querem que a sua 
conduta seja tida como anuência a um costume internacional. 
Como caiu em prova: 
Diplomata 2012 (CESPE): A expressão não escrita do direito das gentes conforma o costume 
internacional como prática reiterada e uniforme de conduta, que, incorporada com convicção 
jurídica, distingue-se de meros usos ou mesmo de práticas de cortesia internacional. 
Certo. 
 
Alteração de costume internacional: 
A alteração dá-se com a prática de atos contrários ao costume SEM QUE HAJA SANÇÃO POR 
OUTROS ESTADOS (os estados ficam inertes), que além disso, aderem a essa prática. Ex. Imunidade 
de jurisdição, que era um costume muito forte, que a partir do tempo começou a ser relativizado, 
primeiramente oposição pelos EUA (cria uma lei que nega imunidade de jurisdição em atos 
negociais). Não houve sanção por outros Estados, o Brasil mesmo depois adota a imunidade de 
jurisdição relativa. 
Resumindo: 
A norma costumeira só é alterada a partir de uma violação inicial? Sim, mas não basta isso. É 
necessário outro elemento. Qual? A não reação dos demais estados. 
Quando um Estado viola uma norma consuetudinária, considerando que uma norma 
consuetudinária, vinculante que é, caso seja descumprida, os estados lesados podem exigir 
reparação dos danos. E se não recebem a reparação dos danos podem sancionar o Estado faltoso. 
Mas pode acontecer de um Estado violar um costume internacional não ser sancionado, não ser 
responsabilizado, e mais, os demais estados aderirem a essa mudança. O costume internacional 
 
 
 
 
 
7 
advém de um processo que pode levar à sua própria alteração. Então, no caso acima, vamos 
imaginar que os demais estados não apenas não questionaram a mudança do costume, mas 
também começaram a se comportar da mesma maneira. 
Como caiu em prova: 
QUESTÃO CESPE (Diplomata): O costume, fonte do direito internacional público, extingue-se 
pelo desuso, pela adoção de um novo costume ou por sua substituição por tratado 
internacional. 
Comentários: De fato, os três elementos apresentados (desuso - MAIS AUSÊNCIA DE SANÇÃO-, 
adoção de novo costume e substituição por tratado internacional) figuram como forma de extinção 
de um costume para parte da doutrina. Entretanto, é importante destacar que há autores, como 
Mazzuoli, que defendem que o costume não se extingue com a sua positivação em tratado. Dessa 
forma, mesmo que um costume seja codificado, ele não deixaria de existir enquanto costume 
internacional. Ressalta-se que o posicionamento adotado pela banca, nesta questão, foi o de que a 
superveniência de tratado extingue o costume que foi codificado. Gabarito: Certo. 
 
DPU 2015 (CESPE) - Opinio juris é um dos elementos constitutivos da norma costumeira 
internacional. 
Certo. 
 
O que é objetor persistente? 
Consiste no Estado que se manifesta sempre contrário a formação de um costume internacional, e 
esse costume a ele não se aplica. 
Como caiu em prova: 
Questão AGU 2010 (CESPE): O princípio do objetor persistente refere-se a não vinculação de um 
Estado para com determinado costume internacional. 
Certo. 
 
 
2.2 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DAS NAÇÕES CIVILIZADAS 
 
 
 
 
 
 
8 
O dispositivo dos “princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas” foi inserido no 
artigo 38 como fonte do direito: para preencher as lacunas que poderiam formar-se no direito 
internacional e resolver este problema, que em linguagem jurídica se chama non liquet. (SHOW) 
Definiram os “princípios gerais do direito” como reiterações dos preceitos fundamentais do direito 
internacional, dos quais seria exemplo a lei de coexistência pacífica, dever de reparar um prejuízo 
causado, a soberania dos Estados, o direito adquirido, o pacta sunt servanda, etc. 
No caso da Fábrica de Chorzów, de 1928, que se seguiu ao confisco, pela Polônia, de uma fábrica de 
nitrato na Alta Silésia, o Tribunal Permanente de Justiça Internacional declarou “a ideia de que toda 
violação de um compromisso envolve a OBRIGAÇÃO DE REPARAR é uma concepção geral do 
direito”. 
Outro princípio seria o da Pacta sunt servanda, a ideia de que os acordos internacionais são 
vinculantes, é um princípio geral importantíssimo do direito internacional. O direito dos tratados 
baseia-se inexoravelmente nesse princípio, uma vez que todo o conceito de acordos internacionais 
vinculantes não pode ter por fundamento outra coisa senão o pressuposto de que as partes 
aceitam que esses instrumentos possuem tal qualidade. 
Como caiu em prova: 
Diplomata 2009 (CESPE): Pacta sunt servanda e res iudicata são princípios gerais de direito 
aceitos pela CIJ e discutidos em casos a ela submetidos. 
Certo. 
 
Talvez o princípio geral mais importante, que está por detrás de muitas normas de direito 
internacional, seja o da boa-fé. Esse princípio foi consignado na Carta das Nações Unidas que, em 
seu artigo 2º (2), estipula que “todos os membros, a fim de assegurar para todos em geral os 
direitos e vantagens resultantes de sua qualidade de membros, deverão cumprir de boa-fé as 
obrigações por eles assumidas de acordo coma presente Carta”. 
A Corte Internacional de Justiça, como fizera anteriormente a sua predecessora - a Corte 
Permanente de Justiça Internacional, tem agido com muita cautela a respeito. Podem ser 
mencionadas decisões ou pareceres em que, evitando mencionar o artigo 38, e sem utilizar a 
expressão princípios gerais de direito, a Corte preferiu falar em princípios gerais, bem 
 
 
 
 
 
9 
estabelecidos, ou geralmente reconhecidos. Seja como for, uma vez aceitos pela “opinio juris”, os 
princípios gerais de direito assumem as características de costume. (ACCIOLY, 2012) 
Como caiu em prova: 
Diplomata 2017 (CESPE): O Estatuto da Corte Internacional de Justiça reconhece os princípios 
gerais de direito como fontes auxiliares do direito internacional. 
Errado. São fontes primárias. 
 
Que expressão é essa: “princípios gerais do Direito das nações civilizadas”? 
Segundo explica André de Carvalho Ramos, o termo parte de duas acepções: 
Primeira acepção - Essa expressão é ainda fruto do direito internacional clássico. Por quê? O art. 38 
do estatutoda corte internacional de justiça é de 1946, porém, não houve consenso entre os 
estados na época e eles utilizaram o mesmo estatuto da Corte permanente de justiça internacional, 
que por sua vez é de 1920 e com forte influência da visão colonialista e da superioridade europeia. 
Então, não foi difícil utilizarmos a mesma expressão de 1920, em que pese hoje se reconhecer que 
todos os estados são civilizados. 
Tem-se, ainda, uma 2ª acepção: Princípios gerais do Direito Internacional: são os princípios gerais 
extraídos do próprio DI, são enunciados que por sua generalidade e abstração auxiliam a 
interpretação e integração das normas do próprio DI. 
Ex.: Boa-fé, responsabilidade, igualdade soberana e etc. 
 
Dica sobre a nomenclatura utilizada no Estatuto da Corte Internacional de Justiça: 
Muitas bancas de concurso, sobretudo a banca CESPE, cobram o nome expresso no Estatuto, qual 
seja, “princípios gerais do Direito das nações civilizadas” para determinar como correta assertiva 
imposta. Exemplo: 
“ANAC 2012 (CESPE): Conforme o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, os princípios gerais do 
direito internacional são fonte do direito internacional público.” 
O gabarito foi dado como incorreto, justamente por ter utilizado o termo “princípios gerais do 
direito internacional” e não “princípios gerais do Direito das nações civilizadas. 
 
3.3 FONTES SECUNDÁRIAS 
 
 
 
 
 
10 
3.3.1 JURISPRUDÊNCIA 
 
Não vincula e sim ORIENTA. Temos jurisdição consultiva e contenciosa. 
Quanto a jurisdição consultiva o nome diz tudo. Os tribunais internacionais em geral (corte 
interamericana, corte europeia, corte internacional de justiça, etc.) têm a possibilidade de emitir 
pareceres consultivos. É a chamada coisa julgada interpretada. 
Os pareceres consultivos têm uma importância grande, porque eles atestam o real alcance e 
sentido da norma internacional. É dizer, a importância dos precedentes internacionais e dos 
pareceres consultivos vai muito além de soluções de controvérsias, eles são importantes porque 
nos fornecem marcos da interpretação internacionalista e combatendo o não cumprimento 
disfarçado de normas internacionais voluntariamente aceitas como obrigatória. 
Para André de Carvalho Ramos, a jurisprudência é a única maneira de entendermos e 
interpretarmos o real direito internacional. Por que? Porque, por exemplo, quando uma corte 
internacional de justiça analisa uma controvérsia, ela soluciona o litígio para os estados envolvidos, 
mas ela faz mais, porque ela interpreta internacionalmente, ela dá o real alcance das normas. Isso 
é capaz então de influenciar a conduta de todos os demais estados, de todas as demais 
organizações internacionais. 
A tendência da Corte Internacional de Justiça (CIJ) tem sido cada vez mais no sentido de se guiar 
pela sua própria jurisprudência, evitando em seus julgamentos afastar-se de decisões anteriores, a 
ponto de levar as partes a recorrerem cada vez mais aos precedentes. Nesse sentido, 
desempenharia a Corte a sua missão de aplicar o direito internacional, na medida em que confere 
estabilidade e previsibilidade ao conteúdo de sua própria jurisprudência. (ACCIOLY, 2012) 
“Com efeito, a teor do artigo 38 do Estatuto da CIJ, as decisões judiciais são consideradas apenas 
como fontes auxiliares do Direito das Gentes, meramente contribuindo para a aplicação das 
normas jurídicas ou, nos termos precisos do Estatuto da CIJ, como “meio auxiliar para a 
determinação das regras de direito”. (PORTELA, 2016) 
Em qualquer caso, as decisões judiciais também criam direito, ainda que apenas entre as partes em 
litígio. Nesse sentido, enfatiza-se que o artigo 59 do Estatuto da CIJ determina que “A decisão da 
Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão”. (Portela, 
2016) 
 
 
 
 
 
11 
3.3.2 DOUTRINA 
 
 O artigo 38 do Estatuto da CIJ inclui a “Doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes 
nações como fonte, ainda que auxiliar, do Direito Internacional. 
A doutrina internacionalista não cria norma, mas apenas a esclarece. Contribui para a interpretação 
e aplicação da norma internacional. 
Como caiu em prova: 
DPF 2013 (CESPE): É fonte de direito internacional reconhecida a doutrina dos juristas mais 
qualificados das diferentes nações. 
Certo. 
 
3.3.3 ATO UNILATERAL 
 
Consiste em manifestação de vontade vinculante de um Estado ou Organização Internacional sobre 
a sua esfera jurídica de disponibilidade. 
Então, o ato unilateral é uma manifestação do próprio Estado ou da organização internacional, é 
vinculante, ou seja, o teor da manifestação indica que o Estado é seguro, não há condicional, não 
fala em cortesia e está na esfera de disponibilidade do Estado. 
Segundo Portela (2016), os atos unilaterais podem ser EXPRESSOS e TÁCITOS. Os atos expressos 
aperfeiçoam-se por meio de declaração que adote a forma escrita ou oral. Os Tácitos configuram-se 
quando os Estados implicitamente aceitam determinada situação normalmente pelo silêncio ou 
pela prática de ações incompatíveis com seu objeto. 
Exemplo de atos unilaterais: RENÚNCIA, RECONHECIMENTO e PROMESSA (OU ESTIPULAÇÃO EM 
FAVOR DE TERCEIRO). 
ATENÇÃO! Ato unilateral como fonte não está expresso no Estatuto da Corte Internacional de 
Justiça 
Como caiu em prova: 
QUESTÃO CESPE: Os atos unilaterais dos Estados, como as leis e os decretos em que se 
determinam, observados os limites próprios, a extensão do mar territorial, da sua zona 
 
 
 
 
 
12 
econômica exclusiva ou o regime de portos, são considerados fontes do direito internacional 
público, sobre as quais dispõe expressamente o Estatuto da Corte Internacional de Justiça. 
Comentários: O Estatuto da CIJ NÃO prevê expressamente que os atos unilaterais são fonte de DIP. 
Em seu artigo 38, estão enumeradas como fontes os tratados, costumes e princípios gerais de 
direito reconhecidos pela comunidade internacional. Como meios auxiliares, estão elencadas a 
doutrina e a jurisprudência. Gabarito: errado. 
 
Espécies de atos unilaterais: 
 
Renúncia: É a desistência de um direito. A bem da segurança jurídica, deve ser sempre expressa, 
nunca tácita ou presumida. 
Um litígio envolvendo o Brasil e a Inglaterra foi muito importante para a nossa história por que 
gerou a afirmação da soberania brasileira sobre a Ilha de Trindade. A Ilha de Trindade foi ocupada 
inicialmente pelos portugueses, que depois teriam abandonado a Ilha. Ela é uma Ilha no Atlântico e 
hoje pertence ao Brasil. Na época do império, o Brasil imperial teve que defender a sua posição de 
sucessor da Coroa Portuguesa e teve que enfrentar a Inglaterra, que defendia que Portugal teria 
abandonado a Ilha de Trindade e por isso ela teria o título da chamada descoberta da ocupação em 
razão do abandono de Portugal. Depois de muita diplomacia, a Inglaterra renunciou a qualquer 
pretensão soberana sobre a Ilha. 
 
Reconhecimento: Ato expresso ou tácito de constatação e admissão da existência de certa situação 
que acarrete consequências jurídicas. Ex.: reconhecimento de Estado e de governo. 
O reconhecimento é muito utilizado no Direito internacional. Por exemplo, a chamada Declaração 
de Ihlen aceita a soberania da Dinamarca sobre a Groelândia oriental. Era um litígio entre a 
Dinamarca e a Noruega perante a Corte Permanente de Justiça Internacional e por meio do 
reconhecimento a Dinamarca estendeu a sua soberania sobre esse território disputado. 
O reconhecimento também é muito comum em tribunais internacionais de Direitos humanos. Por 
exemplo, o Suriname, no Caso Aloeboetoe, reconheceu sua responsabilidade pela violação a 
direitos humanos. 
 
Promessa: Compromisso jurídico de adoção de certa conduta. 
 
 
 
 
 
13 
Como caiu em prova: 
Diplomata 2009 (CESPE): Atos unilaterais dos Estados, tais como o protesto e o reconhecimento 
de Estado, apesar de serem frequentes nas relações internacionais e de criarem efeitosjurídicos, 
não são considerados pela CIJ na decisão de controvérsias, já que não constam da lista do artigo 
38 do referido estatuto. 
Errado. 
 
3.3.4 Resoluções emanadas das organizações internacionais como fonte do direito internacional 
 
As resoluções não figuram expressamente na enumeração do artigo 38 do Estatuto da Corte, mas 
de longa data se reconhece que podem ser invocadas como eventual manifestação do costume. A 
importância das resoluções e declarações tem sido analisada pela doutrina, mas, na prática, é difícil 
estabelecer regras genéricas, capazes de abranger todas as hipóteses. (ACCIOLY, 2012) 
Podem ser INTERNAS (aplicáveis apenas ao funcionamento da organização) ou EXTERNAS 
(voltados a tutelar direitos e obrigações de outros sujeitos de Direito Internacional). 
Os organismos internacionais podem praticar os mesmos atos unilaterais que os Estados. Contudo, 
há decisões típicas de organizações internacionais, como os atos preparatórios da negociação de 
tratados, a convocação de reuniões internacionais, as recomendações e resoluções. As Resoluções 
podem ser COGENTES (impositivas, pois vinculam os sujeitos de Direito Internacional. Ex.: 
resoluções do Conselho de Segurança da ONU - CSONU) ou FACULTATIVAS (não possuem força 
jurídica, são cumpridas voluntariamente pelos Estados por força moral ou política – “Power of 
shame” - Ex.: Resoluções da Assembleia Geral da ONU, OMS, OMC, OIT, etc.). 
OBS: As resoluções deverão ser executadas no Brasil por meio de Decreto presidencial, exemplo 
disso é a Resolução 1373/2001, do Conselho de Segurança da ONU, que visa a estabelecer medidas 
para o combate ao terrorismo e que foi objeto do DECRETO 3.976/2001. 
 
3.3.4.1 Resoluções vinculantes: 
 
 
 
 
 
 
14 
Em homenagem a importância cada vez maior das organizações internacionais na vida 
internacional, as chamadas resoluções vinculantes são consideradas fontes do Direito 
internacional. 
Parte da doutrina estranha porque, se, por exemplo, a ONU edita por meio do seu Conselho de 
segurança uma resolução vinculante e obriga o Brasil, é porque a Carta da ONU estabelece que o 
Conselho de segurança, agindo de acordo com o capitulo 7º da Carta, pode emitir resoluções 
vinculantes, inclusive em relação aos divergentes. 
CAPÍTULO VII 
AÇÃO RELATIVA A AMEAÇAS À PAZ, RUPTURA DA PAZ E ATOS DE AGRESSÃO 
Artigo 39. O Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou 
ato de agressão, e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas de acordo com os 
Artigos 41 e 42, a fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. 
 
Artigo 40. A fim de evitar que a situação se agrave, o Conselho de Segurança poderá, antes de fazer as 
recomendações ou decidir a respeito das medidas previstas no Artigo 39, convidar as partes interessadas a 
que aceitem as medidas provisórias que lhe pareçam necessárias ou aconselháveis. Tais medidas provisórias 
não prejudicarão os direitos ou pretensões, nem a situação das partes interessadas. O Conselho de 
Segurança tomará devida nota do não cumprimento dessas medidas. 
Artigo 41. O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que, sem envolver o emprego de forças 
armadas, deverão ser tomadas para tornar efetivas suas decisões e poderá convidar os Membros das Nações 
Unidas a aplicarem tais medidas. Estas poderão incluir a interrupção completa ou parcial das relações 
econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos, radiofônicos, 
ou de outra qualquer espécie e o rompimento das relações diplomáticas. 
(...) 
 
Portanto, em razão da importância das organizações internacionais, consideram-se as resoluções 
vinculantes das organizações internacionais como fontes autônomas. 
 
3.4. JUS COGENS 
 
Conceito: 
Jus cogens consiste em um 
 
 
 
 
 
15 
- conjunto de normas internacionais 
- que contém valores essenciais da comunidade internacional como um todo, 
- dotado de SUPERIORIDADE normativa (IMPERATIVIDADE). 
 
A norma jus cogens é preceito ao qual a sociedade internacional atribui importância maior e que, 
por isso, adquire primazia dentro da ordem jurídica internacional, conferindo maior proteção a 
certos valores entendidos como essenciais para a convivência coletiva. (Portela, 2016) 
 
Qual a principal característica do jus cogens? 
É a IMPERATIVIDADE de seus preceitos, ou seja, a impossibilidade de que suas normas sejam 
confrontadas ou derrogadas por qualquer outra norma internacional, inclusive aquelas que tenham 
emergido de acordos de vontade entre sujeitos de Direito Internacional. O jus cogens configura, 
portanto, restrição direta da soberania em nome da defesa de certos valores vitais (Lembrar, 4ª 
fase do DI). (Portela, 2016) 
Como caiu em prova: 
Diplomata 2009 (CESPE): Uma vez que a existência de um costume internacional é reconhecida 
mediante a comprovação de uma "prática geral aceita como sendo o direito", um Estado pode 
lograr obstar a aplicação de um costume por meio de atos que manifestem sua "objeção 
persistente" à formação da regra costumeira, a menos que esta tenha caráter imperativo (ius 
cogens). 
Certo. 
 
No Direito interno, as normas de direitos humanos são, em geral, de estatura constitucional, o que 
as coloca como sendo de hierarquia superior às demais normas do ordenamento jurídico. No 
Brasil, por exemplo, as normas definidoras de direitos e garantias individuais estão inseridas na 
Constituição e ainda consideradas cláusulas pétreas, ou seja, imutáveis, pois não são passíveis de 
modificação sequer pela ação do Poder Constituinte Derivado. 
No Direito Internacional, a norma imperativa em sentido estrito (também denominadas norma 
cogente ou norma de jus cogens) é aquela que contém valores considerados essenciais para a 
 
 
 
 
 
16 
comunidade internacional como um todo, e que, por isso, possui SUPERIORIDADE normativa no 
choque com outras normas de Direito Internacional. 
Assim, pertencer ao jus cogens não significa ser considerado norma obrigatória, pois todas as 
normas internacionais o são: significa que, além de obrigatória, a norma cogente NÃO pode ser 
alterada pela vontade de um Estado. 
 
Então quer dizer que uma norma jus cogens pode ser revogada? 
SIM. Contudo, a derrogação da norma imperativa só pode ser feita por norma de IGUAL QUILATE, 
ou seja, por norma também aprovada pela comunidade internacional como um todo. A vontade 
isolada de um Estado ou de um grupo de Estados, então, não pode ofender uma norma cogente 
internacional. 
Como caiu em prova: 
DPU 2015 (CESPE): Normas jus cogens não podem ser revogadas por normas positivas de direito 
internacional. 
Errado. 
 
Jus cogens e a Convenção internacional sobre o Direito dos Tratados de Viena (CVDT, 1969): 
Coube à Convenção internacional sobre o Direito dos Tratados de Viena (CVDT, 1969) o papel de 
explicitar o conceito de jus cogens ou norma imperativa no Direito Internacional, em seus artigos 
53, 64 e 71. Para os fins da Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma 
norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional como norma da qual nenhuma 
derrogação é permitida e que só pode ser modificada por nova norma de direito internacional geral 
da mesma natureza. 
O artigo 53 da citada Convenção dispõe que é nulo o tratado que, no momento de sua conclusão, 
conflita com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. 
Já o artigo 64 dispõe que o tratado existente que estiver em conflito com uma norma imperativa 
superveniente de Direito Internacional geral torna-se nulo e extingue-se. 
Por fim, o artigo 71 estabelece as consequências da nulidade de um tratado em conflito com uma 
norma imperativa. 
 
 
 
 
 
17 
Quais são as normas jus cogens? E como reconhecer? 
Não precisa de unanimidade, a norma jus cogens é apenas fruto de um consenso qualificado dos 
elementos representativoda comunidade internacional. Não podemos interpretar elementos 
representativos como sendo algo discriminatório ou fruto de uma visão Europa-EUA, uma visão 
eurocêntrica do mundo internacional. A comunidade internacional como um todo deve 
obrigatoriamente abarcar os elementos representativos de toda a sociedade internacional 
(representantes dos países desenvolvidos, árabes, latinos, países em desenvolvimento, etc.). Então, 
é difícil aceitar uma norma como sendo jus cogens, porque precisa desse consenso qualificado. Mas 
exigir unanimidade transformaria a norma jus cogens em norma de costume geral, o que ela não é 
e nem pretende ser. Assim, NÃO exige unanimidade. Ela rompe o consenso/voluntarismo 
(CONCEITO TRADICIONAL). 
 
Exemplos de normas jus cogens apontados pela doutrina: 
 
• Algumas normas de Direitos Humanos 
A convenção de Viena foi omissa, mas temos precedentes internacionais. Algumas normas de 
direitos humanos são reconhecidas como jus cogens pelos tribunais internacionais. Por exemplo, o 
devido processo legal foi reconhecido pela corte interamericana de direitos humanos, também a 
igualdade, o combate à discriminação, a integridade física, o combate a tortura, etc. O tribunal 
penal da ex-Iugoslávia foi vigoroso quanto ao repudio à tortura, que é a violação da integridade 
física e psíquica por meio de atos bárbaros. 
Importante! Até um país recém independente que assume o direito internacional sem dar anuência 
a nada, sem celebrar tratado, é obrigado a observar o jus cogens. Esse país tem que respeitar a 
liberdade, a igualdade, a integridade física, o devido processo legal, etc. 
E a vida? 
O regime jurídico de proteção a vida no direito internacional é tormentoso. Sabemos que em 
virtude do uso da pena de morte pelos EUA não avançamos tanto quanto deveríamos avançar. Os 
EUA é um país central no Direito internacional, é muito influente e é preciso reconhecer que 
enquanto ele estiver nessa postura, o desenvolvimento é muito lento. Hoje temos três regimes 
 
 
 
 
 
18 
jurídicos da vida no Direito internacional que impede que a violação do direito à vida seja 
considerada violação a norma jus cogens em sentido estrito: 
Temos o primeiro regramento, chamado regramento disciplinado da pena de morte. Admite-se a 
pena de morte, especialmente para os crimes graves. 
Temos o segundo regramento, no sentido de se proibir a pena de morte, excetuando-se os crimes 
em contexto de guerra declarada (que é o regramento adotado pelo Brasil). 
E o terceiro regramento é o banimento da pena de morte. 
 
• Autodeterminação dos povos 
 
Conceito: Consiste no direito de emancipação política de comunidades humanas submetidas a jugo 
colonial ou dominação estrangeira. Direito de Emancipação, inclusive, pegando em armas. 
Recentemente há discussões sobre uma terceira hipótese permissiva, em que cabe à 
autodeterminação dos povos no caso de existência de VIOLAÇÕES MACIÇAS E GRAVES DE 
DIREITOS HUMANOS. É o voto do juiz Cansado Trindade no parecer consultivo sobre a 
independência do Kosovo. O caso do Kosovo também tem muita bobagem escrita. A corte 
internacional de justiça NÃO RECONHECEU essa terceira hipótese. O professor e juiz Cansado 
Trindade, no seu voto, é que reconheceu. Ele é o nosso grande internacionalista. A corte preferiu 
uma saída muito formal, alegando que a resolução que tratava da situação do Kosovo não havia 
proibido expressamente a independência. É uma grande bobagem, porque há o direito da Servia à 
integridade territorial. Ocorre que houve lá uma limpeza étnica e grandes massacres contra os 
kosovares (André de Carvalho Ramos). 
Portanto, a autodeterminação dos povos é tradicionalmente restrita em nome da integridade 
territorial, mas há um caminho aberto para a luta contra a discriminação, luta contra a opressão e a 
violações a direitos humanos. Por que? O caso do Kosovo não é dominação estrangeira e não é 
regime colonial. E essa terceira hipótese permite que se olhe com outros olhos a situação, por 
exemplo, na Criméia e em outros países. 
 
• Paz e proibição do uso da força 
 
 
 
 
 
 
19 
Exceções a proibição do uso da força segunda a Carta da ONU: 
 
◦ Legítima defesa 
◦ Autorização pelo Conselho de Segurança 
◦ Autodeterminação dos povos 
 
 Com essas hipóteses vamos começar a analisar o que eu denomino de “guerra na paz”. 
Depois de 1945 não tivemos uma terceira guerra mundial, mas tivemos várias batalhas regionais da 
Guerra fria, vários problemas envolvendo derramamento de sangue. Temos aqui a Guerra da 
Coreia, a primeira guerra do Golfo (a segunda não foi autorizada pelo conselho de segurança, 
houve uma invasão do Reino Unido) e as guerras de libertação, como a guerra da Argélia, da 
Palestina, etc. Isso aqui abarca terrorismo? Nunca. 
Como caiu em prova: 
QUESTÕES CESPE: 
1. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (l969) enumera as normas imperativas de 
direito internacional (jus cogens), entre as quais, a proibição da escravidão. 
COMENTÁRIO: Embora a escravidão seja incontroversamente considerada norma imperativa de 
direito internacional, nem ela nem outros atos com o mesmo status normativo estão elencados na 
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969. A questão está errada. 
 
2. Na sentença do caso Gomes Lund versus Brasil, a Corte Interamericana de Direitos Humanos 
estabeleceu que o dever de investigar e punir os responsáveis pela prática de desaparecimentos 
forçados possui caráter de jus cogens. 
COMENTÁRIOS: Segundo a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, uma norma de jus 
cogens ou imperativa de direito internacional é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade 
internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e 
que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito internacional geral da mesma natureza. 
Nem todos os princípios relativos aos direitos fundamentais do homem são considerados normas 
imperativas, mas alguns, como a proibição da tortura e de crimes contra a humanidade, que inclui o 
desaparecimento forçado, configuram norma imperativa de direito internacional. 
 
 
 
 
 
20 
No caso apresentado no enunciado, julgou-se o desaparecimento forçado, dentre outros crimes, 
cometidos na região do Araguaia durante a ditadura militar. Isso se encontra corroborado na 
página 41 da sentença do referido caso: “a prática de desaparecimentos forçados implica um crasso 
abandono dos princípios essenciais em que se fundamenta o Sistema Interamericano de Direitos 
Humanos e sua proibição alcançou o caráter de jus cogens”. 
Pela lei a Anistia, de 1979, os culpados por esses crimes e outros durante o regime militar foram 
isentos de punição. Embora a lei tenha sido considerada constitucional pelo STF, ela foi considerada 
inconvencional pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, uma vez que conflitava com as 
convenções sobre o tema ratificadas pelo Brasil. Portanto, a sentença do caso em tela estabeleceu, 
dentre outras obrigações, o dever do governo brasileiro de investigar e punir os culpados pelos 
crimes cometidos no caso Araguaia. Como os crimes cometidos violaram normas de jus cogens, o 
dever de investigar e punir também possui caráter de norma imperativa, pois, se isso não for feito, 
estar-se-á perpetuando a violação dessas normas, ao permitir que tais crimes continuem sem 
investigação e impunes. A questão está certa. 
 
3. A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, define jus cogens como uma 
normativa imperativa de direito internacional geral reconhecida pela comunidade internacional 
dos Estados como um todo. Essa normativa só pode, portanto, ser modificada por norma ulterior 
de direito internacional geral da mesma natureza. 
COMENTÁRIOS: Norma de jus cogens ou imperativa de direito internacional é uma norma aceita e 
reconhecida pela comunidade internacional dos Estados COMO UM TODO, como norma da qualnenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito 
internacional geral da mesma natureza. Gabarito: Certo. 
4. Assinale a opção correta no que se refere aos tratados internacionais de proteção aos direitos 
humanos qualificados como jus cogens. 
a) Esses tratados contêm normas cuja modificação é vedada em termos absolutos. 
b) As normas veiculadas nesses tratados ainda estão em processo de confirmação perante a 
comunidade internacional. 
c) A proteção conferida por esses tratados não pode ser derrogada por meio de acordo entre os 
Estados. 
 
 
 
 
 
21 
d) Esses tratados podem ser revistos por normas de direito internacional posteriores, ainda que 
não imperativas. 
e) Esses tratados integram o sistema convencional de proteção aos direitos humanos das Nações 
Unidas. 
COMENTÁRIOS: 
a) INCORRETA. as normas qualificadas como jus cogens podem ser modificadas por normas de 
mesmo natureza. 
b) INCORRETA. as normas qualificadas como jus cogens têm aplicação imediata, de modo que até 
mesmo tratados posteriores devem respeitá-las sob pena de nulidade. 
c)CORRETA. Tratados/acordos/pactos/protocolos não derrogam normas de qualificadas como jus 
cogens, nos termos dos arts. 53 e 64 da Convenção de Viena de 1969 
d)INCORRETA. não podem ser revistos, salvo mediante outras normas da mesma natureza. 
e) INCORRETA. integram o sistema EXTRACONVENCIONAL de proteção aos direitos humanos. 
 
5. Uma vez que a existência de um costume internacional é reconhecida mediante a 
comprovação de uma "prática geral aceita como sendo o direito", um Estado pode lograr obstar a 
aplicação de um costume por meio de atos que manifestem sua "objeção persistente" à 
formação da regra costumeira, a menos que esta tenha caráter imperativo (ius cogens). 
Certo. 
 
Mapeando CESPE: Gosta de cobrar questões sobre jus cogens abordando os seguintes tópicos: 
É norma IMPERATIVA; 
ACEITA E RECONHECIDA PELA COMUNIDADE INTERNACIONAL COMO UM TODO (SIM É COMO UM 
TODO MESMO) – Cuidado, pois, embora não exija unanimidade, o texto da CVDT consignou 
expressamente que jus cogens é norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional COMO 
UM TODO; 
Norma da qual nenhuma derrogação é permitida; 
Só pode ser alterada por norma ulterior também jus cogens (DO MESMO VALOR). 
 
 
 
 
 
 
22 
3.5 TRATADOS 
 
Consistem em acordo escrito de vontades entre 2 ou mais sujeitos internacionais, estipulando 
direitos e deveres vinculantes regidos pelo próprio direito internacional. 
1. No mínimo o DI exige 2 atores na formação dos tratados: O Direito internacional 
entende que NÃO apenas sujeitos do Direito internacional, como os Estados e as 
organizações internacionais, mas TAMBÉM OS ENTES DESPERSONALIZADOS (como os 
governos no exílio e os movimentos de libertação nacional e beligerantes ou insurretos) são 
sujeitos na formação do tratado internacional. 
 
E quanto ao ente federado? O ente federado pode celebrar tratados, desde que autorizados pelo 
seu Estado. Então, por exemplo, Quebec pode celebrar acordos culturais. As regiões linguísticas na 
Bélgica, que têm grandes diferenças culturais, também podem celebrar determinados tipos de 
tratados, desde que o Estado federal assim o autorize. E o Brasil? O Brasil tem um caso interessante 
que vamos denominar de PARADIPLOMACIA, no qual um ente federado foi autorizado a negociar 
no plano internacional. É o caso dos meninos emasculados do Maranhão, que é um caso muito 
importante nos precedentes da comissão interamericana de Direitos humanos, por que é um caso 
em que foi realizada a primeira solução amistosa em relação ao Brasil. O presidente na época 
autorizou por decreto presidencial (decreto 5619) que o Estado do maranhão participasse 
ativamente das negociações perante a comissão interamericana, que é um órgão da OEA. 
 
2. O acordo deve ser ESCRITO: o acordo de vontades deve ser escrito. Há dúvidas 
doutrinarias quanto à possibilidade de acordos verbais, mas eu entendo que perde o 
sentido falarmos de acordo oral, acordo não escrito, por que nos aproximamos do 
denominado “costume internacional”. Sabemos que a visão adotada no Brasil (até por que 
aceitamos a figura do objetor persistente como aquele que repudia o nascimento de 
determinado costume e a ele não se vincula) é de que haja prova da anuência brasileira 
(embora esta não seja uma realidade que se impõe ao Brasil), e se o Brasil for um objetor 
persistente, o Brasil não é obrigado a cumprir um acordo tácito, um costume internacional. 
Então, eu entendo que perde o sentido o acordo oral. A Convenção de Viena sobre os 
 
 
 
 
 
23 
direitos dos tratados, que é a norma regente da matéria, estabeleceu o chamado “acordo 
escrito” como sendo elemento indispensável. 
3. Estipulando direitos e deveres 
4. Regido pelo DI: é uma questão interessante, sofisticada. Pode um Estado se 
submeter ao ordenamento jurídico de outro Estado? Ou seja, é possível, por exemplo, 
celebrar um acordo que dispõe que esse acordo vai ser submetido às leis norte-americanas? 
Pode ser possível, mas isso não é um tratado internacional, por que o tratado tem que ser 
submetido ao direito internacional. Então, pode o Brasil celebrar um acordo no qual se 
submeta a jurisdição de outro Estado, mas isso não é um tratado. 
 
OBS.: O Direito Internacional Fratura o tema dos Tratados em: Tratados e Acordo de Cavalheiros 
(gentlemen's agreement2) - que é um acordo centrado na reputação moral dos representantes dos 
Estados, que NÃO vinculam. 
Valério Mazzuoli detalha elementos desse conceito, extraindo os seguintes elementos essenciais 
configurados no conceito de tratado internacional: 
Acordo internacional. O direito internacional tem por princípio o LIVRE CONSENTIMENTO DAS 
NAÇÕES. Sendo o tratado internacional sua fonte principal, não pode ele expressar senão aquilo 
que as partes soberanas acordam livremente. Sem a convergência de vontades dos Estados, por 
conseguinte, não há acordo internacionalmente válido. 
Celebrado por escrito. Os tratados internacionais são, diferentemente dos costumes, acordos 
essencialmente formais. E nisto repousa seu principal traço característico, o costume, sem embargo 
de ser resultante de um acordo entre sujeitos de direito internacional, com vistas a também 
produzir efeitos jurídicos, é desprovido da mesma formalidade com que se leva a efeito a produção 
do texto convencional. E tal formalidade, implica, por certo, na sua escritura, onde se deixe bem 
consignado o propósito a que as partes chegaram após a negociação. 
 
2 Gentlemen’s agreement: não contém um compromisso entre Estados [A distinção do tratado não se assenta, assim, 
no teor do compromisso e sim na qualidade dos atores], constituindo um pacto pessoal entre estadistas, fundado na 
honra e condicionados, no tempo, à permanência de seus atores no poder. São exemplos: a Carta do Atlântico de 1941 
(firmada pelo presidente americano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Churchill); o acordo de Yalta e a 
Proclamação de Potsdam, ambos de 1945 (ligados ao desfecho da Segunda Guerra, tendo a qualidade de gentlemen’n 
agreement assentada em documentos oficiais). 
 
 
 
 
 
24 
Concluído pelos Estados. Como ato jurídico internacional, os tratados podem ser concluídos por 
entes capazes de assumir direitos e obrigações no âmbito externo. Mas nem só os Estados detêm, 
hoje, essa prerrogativa. As organizações internacionais, a exemplo da ONU e da OEA, a partir de 
1986, com o advento da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados entre Estados e 
Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, passaram também a ter 
capacidade internacional para celebrar tratados. 
Regido pelo direito internacional. Todo acordo externo que não for regido pelo direito 
internacional não será considerado como sendo tratado, mas sim simples contrato internacional. 
Celebradoem instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos. Além do texto 
principal do tratado, podem existir outros que o acompanham, a exemplo dos protocolos adicionais 
e dos anexos que, via de regra são produzidos concomitantemente à produção do texto principal. 
Ausência de denominação particular. A Convenção de 1969 deixa bem claro que a palavra 
“tratado” se refere a um acordo regido pelo direito internacional, "qualquer que seja sua 
denominação particular.”

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